Para
encerrar as postagens deste ano de 2016, trago novamente um de meus antigos
textos, e esta coluna foi publicada em 21 de novembro de 1997, e o assunto
tratado era um pequeno balanço do campeonato daquele ano da F-Indy original,
chamada à época de F-CART por muitos, já que a IRL, o campeonato paralelo,
havia se apossado do nome “Indy”, e Tony George fazia o que podia para
espezinhar a rival, de onde saiu brigado com muita gente. Nem é preciso dizer
que a Indy original continuou com toda a sua força ainda por várias temporadas,
antes de se enrolar sozinha em alguns problemas. Mas naquele ano de 1997, o
campeonato havia sido muito disputado em boa parte dele, até que o italiano
Alessandro Zanardi, da equipe Ganassi, colocasse todo mundo no seu devido lugar,
e conquistasse o primeiro de seus dois títulos no certame norte-americano. Uma
boa leitura a todos, e nos vemos novamente em 2017...
F-CART 97: VITÓRIA
DO ARROJO E DA DETERMINAÇÃO
A
F-CART em 1997 viu mais uma temporada marcada por uma renhida luta pelo título
entre diversos pilotos. Como não poderia deixar de ser, a luta só se definiu no
final do ano, justamente em Laguna Seca. E
o título continuou com a equipe Ganassi, só que desta vez foi Alessandro
Zanardi a receber o troféu de campeão. Fazendo um retrospecto de 96 e 97, a
Chip Ganassi dá ares de ser a nova superpotência da categoria, impondo domínio
parecido ao da equipe Penske em anos não tão distantes.
Só
que as coisas não andaram assim tão fáceis. A primeira metade da temporada foi
muito mais equilibrada do que todos previam. E isso, ainda por cima, graças às
confusões da própria equipe Ganassi, que com estratégias de corrida
equivocadas, deixou seus dois pilotos meio que à deriva. Eles até pontuavam
bem, mas os rivais estavam começando a desgarrar na liderança da classificação.
Um
exemplo típico foi Paul Tracy. O canadense, depois de vencer 3 corridas
consecutivas, já era dado como o virtual campeão da temporada. Michael Andretti
era mais um forte candidato no páreo, enquanto Greg Moore despontava como nova
força na categoria, ao vencer as provas de Milwaukee e Detroit e era também
cotado para ser o campeão.
A
partir de Cleveland, entretanto, Alessandro Zanardi decidiu colocar as coisas
no seu devido lugar. A corrida do italiano, que chegou a cair para o fim do
pelotão, foi imparável, e resultou em uma vitória esplêndida, digna de um
campeão. Daí em diante, nada mais deteve o italiano, que começava a conseguir
suas primeiras vitórias no ano. Zanardi não se deixou intimidar e foi pontuando
cada vez mais, até assegurar matematicamente o título em Laguna Seca, prova
vencida por seu companheiro de equipe Jimmy Vasser, que tinha conquistado neste
mesmo circuito, um ano antes, o seu título na categoria.
Mostrando
a força da Chip Ganassi, o próprio Jimmy Vasser, que andava meio apagado nas
corridas este ano, conseguiu se recuperar nas etapas finais, terminando o
campeonato ainda na 3ª posição. Pelo segundo ano consecutivo, a combinação
Reynard/Honda/Firestone mostrou ser a ideal, especialmente no campo dos chassis
e pneus, já que o motor Honda não demonstrou o mesmo domínio do ano anterior.
A
Lola demonstrou total fracasso com seu novo chassi T9700, projetado por Bem
Boulby. A Tasman, nova equipe de fábrica da marca inglesa, comeu o pão que o
diabo amassou. O fracasso já era tão contundente que equipes como a Patrick e a
Forsythe decidiram debandar para a Reynard antes mesmo da temporada começar, ao
constatar a péssima performance dos Lola ainda nos testes de pré-temporada.
A
Penske mostrou evolução em relação a 96, mas ficou pelo meio do caminho. Nem
mesmo as vitórias de Paul Tracy serviram de ânimo. Nas etapas finais do
campeonato, o chassi Penske só possibilitou a seus pilotos disputarem posições
no bloco intermediário. Al Unser Jr. teve sua pior temporada na categoria,
passando quase em branco o ano todo. Já Paul Tracy voltou ao velho e
dispendioso hábito de se envolver em acidentes e estragou vários chassis nas
etapas finais. Acabou sendo substituído na equipe para 98.
A
equipe Walker mostrou evolução em relação a 96, mas a fiabilidade do carro
deixou Gil de Ferran meio incapacitado em algumas corridas. Em outras, o time
errou na estratégia, e o resto também sobrou para Gil, que também teve sua dose
de culpa pela falta de resultados em algumas ocasiões.
A
Patrick Racing teve outra temporada mediana. Scott Pruett venceu na Austrália,
e o americano andou bem em várias corridas. Raul Boesel, o outro piloto do
time, também andou bem. O que derrubou a escuderia foi o azar e a falta de
fiabilidade mecânica, que deixou ambos os pilotos fora de combate em diversas
etapas. Mas também faltou melhor performance em algumas corridas.
A
Forsythe ensaiou um vôo mais alto, agora com Greg Moore bem mais prudente e
cuidadoso do que o jovem afoito que se viu arrumando confusões em 96. Só que a
fiabilidade acabou dando uma podada nas pretensões do jovem canadense,
levando-o ao abandono em várias corridas.
A
Newmann-Hass começou o ano muito bem com o novo chassi Swift, que venceu a
prova inaugural em Miami com um show de Michael Andretti. Infelizmente, o novo
chassi mostrou também que precisa de muita evolução nos circuitos mistos, onde
apresentou graves problemas de fiabilidade e falta de performance. Nem mesmo o
arrojo de Michael Andretti salvou o ano. Para piorar, Christian Fittipaldi teve
um sério acidente em Surfer’s Paradise, na Austrália, e seu substituto, Roberto
Moreno, enfrentou diversos azares nas provas em que correu pela escuderia. E
nem Michael Andretti escapou dos azares este ano, especialmente no final do
campeonato, ao abandonar as 4 últimas corridas sucessivamente.
E
a PacWest confirmou ser a nova força da categoria, conseguindo pole-positions e
vitórias, especialmente na segunda metade da temporada, sendo a única equipe a
mostrar poderio para desafiar a Chip Ganassi. Para o cúmulo do azar, a equipe
se viu diversas vezes derrubada pelos mais variados problemas. E, na hora da
reação, já era tarde para brecar os planos da Ganassi.
Mas
a competição no automobilismo é assim mesmo. Vários pilotos tiveram altos e
baixos. Bobby Rahal passou mais um ano sem vencer nenhuma corrida, o que é meio
incômodo para alguém que é tricampeão da categoria. Novas futuras estrelas
surgiram, como Dario Franchiti e Patrick Carpentier.
No
campo dos motores, a Mercedes conseguiu se impor à Honda em número de vitórias.
A Ford, por sua vez, conseguiu vencer apenas 2 provas, mas mostra muita
disposição para voltar ao topo em 98. Pelo seu lado, a Mercedes tentará
alcançar o título da categoria. A Honda, é claro, terá de lutar para manter sua
posição. Já a Toyota continua sendo uma nota de rodapé, precisando ainda de
muito trabalho e melhora de performance.
Nos
chassis, a Reynard continuou dando as cartas. O Swift foi uma agradável
surpresa para o seu primeiro ano na categoria, e a Lola afundou-se
literalmente. Já o chassi Eagle foi tão ruim em 96 que acabou deixado de lado
antes mesmo de se iniciar a temporada 97, o que não deixa dúvidas sobre sua
falta de competitividade.
Uma
temporada de emoções, desafios e disputas. Assim foi a F-CART de 1997. Que em
1998 seja igual, ou até melhor!
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