sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

QUEM VAI GANHAR O PRÊMIO?


Aposentadoria de Nico Rosberg abriu uma vaga na campeoníssima Mercedes. Quem não quer ficar com esse carro?

            O anúncio inesperado da aposentadoria de Nico Rosberg, o atual campeão da Fórmula 1, abriu uma vaga inesperada na mais cobiçada equipe da categoria, a Mercedes. Que até o presente momento, ainda está considerando as opções para ver quem será o novo companheiro de Lewis Hamilton na temporada 2017 da categoria máxima do automobilismo. E tudo indica que o impasse deve durar ainda algum tempo, já que a escuderia alemã comunicou que seu novo piloto só deverá ser anunciado no ano que vem. Em teoria, isso indica que o time campeão terá algumas dificuldades em arrumar seu novo piloto, do contrário, a escolha provavelmente já teria sido feita, e até anunciada, caso fosse fácil preencher essa vaga.
            Isso tira da jogada Pascal Wehrlein, que competiu pela Manor nessa temporada, e por ser piloto ligado à Mercedes, seria a escolha mais fácil de ser feita. Mas o time parece considerar Pascal ainda um pouco “verde” para assumir a responsabilidade de guiar um carro campeão, e a escolha recente de seu companheiro de equipe Esteban Ocon para guiar pela Force India no próximo ano dá a entender que o cartaz de Wehrlein não anda muito positivo pelos lados de Brackley. Do mesmo modo, Ocon teoricamente não é considerado para assumir a vaga de Rosberg, pois seria fácil a Mercedes remanejá-lo para seu time, e por tabela, compensar o time de Vijay Mallya oferecendo Wehrlein no seu lugar. Até Rosberg surpreender todo mundo com sua retirada das pistas, Ocon era tido assegurado na Force India para 2017, enquanto Pascal era um dos pretendentes a piloto da Sauber para o próximo ano. Isso não deve mudar, pelo modo como a Mercedes está se comportando no momento. Claro, pode ser que meu raciocínio esteja errado, e um deles ainda pegue essa vaga que caiu dos céus, mas a lógica aponta em outra direção. Toto Wolf, que comanda a equipe da Mercedes, sabe que tanto Ocon quanto Wehrlein tem potencial, mas prefere que ambos tenha mais experiência, pilotando em times médios. Colocá-los como companheiros de Lewis Hamilton, neste momento, poderia tornar a Mercedes time de apenas um piloto: ambos não teriam, em tese, capacidade para fazerem frente ao tricampeão no time prateado. E a Mercedes quer seguir com força total, o que implica dizer que deseja ter dois pilotos igualmente fortes no grid.
Valtteri Bottas parece ser o nome preferido da Mercedes para a vaga. Mas a Williams não vai liberar o finlandês tão fácil, e ainda precisaria encontrar um substituto ideal para ele.
            O próximo nome da lista é provavelmente o nome mais desejado: Valtteri Bottas. O piloto finlandês já é agenciado por Toto Wolf. O empecilho é que ele já está confirmado pela Williams para a próxima temporada, e é preciso negociar para que o time inglês aceite cedê-lo. Como o time de Frank compete com as unidades motrizes alemãs, um belo desconto no pagamento dos motores seria um argumento e tanto para convencer Frank e Claire a liberar o finlandês. Com quatro temporadas de experiência, e reconhecidamente rápido, Bottas já está “no ponto” para mostrar o que pode fazer ao volante de um carro de ponta, e vale lembrar que em 2014 o finlandês realizou várias boas provas, e seu nome foi até cogitado para substituir Kimi Raikkonem na Ferrari, ants que o time italiano optasse por manter Kimi. Só que a Williams enfrenta um problema mais complicado com Bottas: o companheiro do finlandês no próximo ano será o canadense Lance Stroll, que tem apenas 18 anos, e a escuderia, sem Bottas, perderia um piloto experiente, e referência no comportamento e performance do carro, tarefa que eles não tem como esperar do novato que estreará na F-1. Por esse motivo, oferecer ao time inglês Pascal Wehrlein não é algo atrativo, pelos mesmos motivos que o próprio Wolf não o coloca como titular da Mercedes, além do agravante de não conhecer o carro da Williams.
            Fala-se que Felipe Massa poderia até rever sua aposentadoria, e retornar à própria Williams para seguir no time em 2017, pelo menos. Mas Felipe não foi exatamente dispensado pela escuderia em favor de Stroll: ele decidiu sair, pela falta de perspectivas de um carro competitivo no próximo ano, o que indicava que não tinha muitas expectativas de o novo carro que está sendo projetado lhe desse chance de lutar por vitórias. Claro, isso implicava também na falta de opções no mercado da F-1, onde os melhores times não tinham vagas livres onde o brasileiro pudesse se oferecer. Há quem diga que Massa poderia até ser uma opção para a própria Mercedes, uma vez que o brasileiro, que já competiu com Raikkonem, Schumacher, e Fernando Alonso, e pelo menos, conseguia andar perto deles, e até ocasionalmente na frente. Como não tem contrato, poderia ser até uma boa opção. Resta saber se Toto Wolf tem o mesmo raciocínio e consideração pelo que Felipe ainda poderia render. Só que, nesse caso, se levarmos em consideração a temporada final de Massa este ano, em um carro que não rendia o esperado, a situação se complica, pois em nenhum momento Felipe conseguiu andar mais do que o carro, e a Mercedes exige performance total de seus pilotos, e isso não quer dizer andar a 100%, mas acima disso.
            A escuderia alemã também fala que irá respeitar o contrato que os pilotos tem com seus respectivos times. Atitude que seria até óbvia. Resta saber se será mantida. Pelo sim, pelo não, a Ferrari já se adiantou e declarou que Sebastian Vettel, seu principal piloto, irá cumprir integralmente seu contrato, que só termina no fim de 2017. Portanto, o tetracampeão não irá a lugar nenhum na próxima temporada. Claro que Vettel adoraria pegar essa vaga, mas dificilmente Maranello vai liberar seu piloto, ainda mais para o principal time rival. Ainda mais porque teria problemas para preencher seu lugar, sem nomes disponíveis que pudessem atender aos requisitos. E o ambiente no time italiano já não foi dos melhores nesta temporada, portanto, sofrer um desfalque destes, nem pensar.
Fernando Alonso é o nome preferido dos torcedores, e é o tipo de piloto que a Mercedes deseja. O problema é a guerra interna na equipe que isso poderia causar...
            O preferido da maior parte da opinião pública, Fernando Alonso, em tese, também estaria fora do páreo. O asturiano tem contrato válido até o fim do ano que vem com a McLaren, e Flavio Briatore, seu agente, já anunciou que ele será cumprido. Ver Fernando na Mercedes seria garantia de ter um piloto de alto calibre, e que provavelmente faria o time alemão ter a mais poderosa dupla do grid, mais até do que o binômio Hamilton-Rosberg. O problema começa justamente por isso. Se Nico era um piloto tranquilo de trabalhar, mesmo se levarmos em conta as escaramuças que ele e Lewis tiveram nestes três anos de domínio da Mercedes na F-1, colocar Alonso ao lado de Hamilton seria dinamite pura: ambos engoliriam os rivais na pista, mas também poderiam se matar um ao outro na disputa interna do time. Basta lembrar o que ocorreu há 10 anos atrás, na McLaren. Verdade que ambos estão mais velhos, experientes, e quem sabe, mais maduros, aceitando melhor a possibilidade de terem parceiros mais fortes. Mas que garantias há de que o clima no time não vai explodir novamente? Seria o sonho para a Mercedes contar com o talento de ambos, mas será que a escuderia aguenta o tranco de uma guerra dentro do box? Toto Wolf e Niki Lauda conseguiram manter o nível de civilidade entre Hamilton e Rosberg nestes anos, mas como já mencionei, Alonso é jogo muito mais duro do que o alemão, e Lewis não ficaria parado com os dirigentes tentando colocar panos quentes na situação... Aliás, faltaria pano para isso, podem apostar...
            Aventou-se a possibilidade de Max Verstappen ou até de Daniel Ricciardo serem opções, mas alguém em sã consciência acha que a Red Bull aceitaria perder um de seus pilotos para a Mercedes? Daniel Ricciardo, quando chegou ao time principal dos energéticos colocou no chinelo ninguém menos do que Sebastian Vettel. E Verstappen, é a mais nova sensação da F-1, e só um verdadeiro holocausto faria Dietrich Mateschitz aceitar perder o garoto, que é visto por toda a categoria como mais provável campeão a curto prazo na categoria. Ainda mais porque, na fila de esperado moedor de carne que é o programa de pilotos da marca de energéticos, eles praticamente descartaram quase todos os nomes que tinham, por não atenderem ao seu elevado “nível” de exigência de resultados e performances, e agora, não tem quem colocar no lugar, se tiverem necessidade. Tanto que não apenas aceitaram renovar o contrato de Daniil Kvyat, como ainda vetaram a transferência de Carlos Sainz Jr. para outro time, mantendo assim a dupla atual na Toro Rosso. Perder um de seus pilotos, ainda mais para a Mercedes? Seria o cúmulo do absurdo. No ano passado, se fosse oferecido o fornecimento da unidade de potência da Mercedes, talvez até rolasse algo, mas hoje? Podem tirar o cavalinho prateado da chuva...
            Quem mais poderia interessar ao time alemão? Sérgio Perez, que fez sua melhor temporada na F-1, poderia ser interessante. Mas o mexicano já está com contrato renovado para o próximo ano, para não mencionar que sua permanência no time é garantia de contar com o aporte financeiro das empresas do multimilionário Carlos Slim, que supre boa parte da verba publicitária que o time possui. E Toto Wolf já ofereceu um desconto nas unidades de potência da Mercedes que equipam os carros do time indiano, para garantir a vaga d Esteban Ocon. Para perder Perez, o desconto nos motores teria de ser muito maior, e o time ainda se veria sem os patrocínios garantidos pela presença do mexicano. Ganha-se de um lado, mas perde-se do outro. E a perda de Perez não seria compensada se o time tivesse que receber Pascal Wehrlein em seu lugar. Por mais que Vijjay Malya precise de grana para seu time, ele precisa manter pelo menos um piloto de comprovada capacidade, e no momento, Sérgio é esse piloto. A Mercedes teria de engrossar em muito sua oferta para convencer a Force India a aceitar essa parada. E não creio que a escuderia alemã vá querer gastar tanto assim. Se fosse realmente gastar os tubos e arriscar tudo, poderia tentar apostar em Vettel ou Alonso, mesmo com todas as consequências e desgastes que isso traria, além do elevado impacto financeiro.
Sebastian Vettel não gostou do desempenho da Ferrari neste ano. Mas o time italiano nem em sua maior insanidade aceitaria perder o tetracampeão para a Mercedes.
            Logicamente, pela internet, nos fóruns, blogs e sites de notícias, os fãs aproveitaram para sugerir os mais variados nomes. Entre os brasileiros, citaram até Rubens Barrichello, que poderia mostrar que ainda tem lenha para queimar na F-1, pois ainda é piloto ativo na Stock, tendo conquistado o vice-campeonato da categoria nacional este ano, perdendo apenas para Felipe Fraga. Ou Nelsinho Piquet, que está na F-E, mas seu time não vem rendendo muito bem. Lucas Di Grassi até poderia ser um nome, mas como acabou de ser elevado pela Audi como seu principal piloto na categoria de carros elétricos, após a marca de Ingolstadt ter abandonado o Mundial de Endurance, é tudo muito improvável. Fizeram piada até com Pastor Maldonado, entre outros nomes, e por aí vai.
            O mundo da velocidade vai ficar em compasso de espera, aguardando até o próximo ano, para saber quem ganhará o presente de Papai Noel atrasado. Mas é preciso ver se a F-1, que terá novas regras técnicas em 2017, manterá a mesma relação de forças vista nestas últimas temporadas. O panorama poderá sofrer modificações com os novos bólidos, que serão bem mais largos, com muito mais downforce, pneus maiores, além do desenvolvimento liberado das unidades de potência. Não se pode dizer que a Mercedes deixará de ser um time vencedor, mas é provável que a concorrência se aproxime, e talvez até mesmo outro time assuma a posição de domínio que nos últimos três anos pertenceu à escuderia alemã. Por isso, embora as chances possam ser pequenas, nada impede que a tão cobiçada vaga no time alemão não acabe virando um mico para quem for o escolhido. Mas só saberemos a resposta no próximo ano. Neste momento, muita gente está na expectativa, em querer saber quem vai ser escolhido para este lugar. E enquanto não surgir o comunicado oficial com a decisão do time, as possibilidades podem ser inúmeras.
            Vai ser a entressafra de temporada mais agitada dos últimos tempos na F-1...


A vaga deixada por Nico Rosberg na Mercedes pode acabar favorecendo Felipe Nasr na sua luta para permanecer na categoria máxima do automobilismo em 2017. Se Bottas foi o escolhido, as possibilidades de Felipe ser o seu substituto na Williams são possíveis: o brasileiro foi piloto de testes da escuderia inglesa, e deixou excelente impressão no corpo técnico do time. Com dois anos de experiência na F-1, Nasr pelo menos teria bagagem melhor do que Pascal Wehrlein, além de já ter intimidade com a escuderia. Mas Felipe também pode se dar melhor nas outras vagas em disputa, uma vez que Wehrlein é nome cogitado na disputa pela vaga remanescente na Sauber, ou até em permanecer na Manor. Dependendo do nome a ser escolhido pela Mercedes, Pascal pode ser remanejado, e seria um adversário a menos para Felipe na luta por uma vaga, tanto na Sauber, quanto na Manor. Obviamente, a melhor opção seria a Williams, que não está disposta a perder Bottas, o que só aceitará fazer se conseguir um substituto viável e competente. Nasr pode preencher esses requisitos, ainda mais por ser um piloto relativamente barato, que custaria pouco ao time, e poderia até trazer mais alguns patrocínios, com a possibilidade de o Banco do Brasil rever o valor destinado ao piloto, se ele conseguir a vaga na Williams, um time muito mais competitivo e estruturado do que Sauber ou Manor. A aguardar a movimentação das peças deste quebra-cabeças, que pode demorar algumas semanas ainda...


Esta é a última coluna regular do ano. Foi uma temporada cansativa, com muito serviço, e a F-1 teve seu recorde de corridas em uma mesma temporada, que felizmente não se repetirá em 2017 (teremos 20 GPs), mas que continuará sendo extenuante e desgastante. Por isso, nada melhor do que dar um tempo, e aproveitar o período de festas para descansar um pouco, e relaxar. Retomo as colunas no primeiro final de semana de janeiro de 2017. Até lá, boas festas a todos os leitores, e que 2017 seja um ano muito melhor do que 2016 em todos os aspectos. FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO!!

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