Voltando
a publicar um de meus antigos textos, trago hoje a coluna que foi publicada no
dia 28 de novembro de 1997, que trazia um pequeno balanço da atuação dos
pilotos brasileiros nos campeonatos de competição pelo mundo. Alguns nomes, como
Hélio Castro Neves e Tony Kanaan, fizeram uma bela carreira, e estão por aí até
hoje. Outros, infelizmente, sumiram do mapa, ou suas carreiras não decolaram
como se esperava, o que normal no mundo do automobilismo, pois nem sempre as
coisas transcorrem da maneira como se esperava. Dá para ver como nossos pilotos
conseguiam conquistar o mundo na época, disputando vários certames pelo mundo afora,
e mostrando seu talento, em um momento onde nosso automobilismo nacional
produzia uma leva de pilotos que, se não eram gênios como foram Émerson
Fittipaldi, Nélson Piquet, e Ayrton Senna, eram bons o suficiente para
impressionarem europeus, norte-americanos, etc, onde quer que fossem para
competir. Hoje, infelizmente, graças ao declínio das competições nacionais, em
virtude de uma CBA cada vez mais inoperante, vimos nosso número de
representantes minguar a cada ano. O olha que muitos torcedores ainda
reclamavam da falta de resultados, já que não vencíamos nos principais
campeonatos, como a F-CART e a F-1. Mas, comparado com o que temos hoje, éramos
felizes e não sabíamos.
Enquanto
o automobilismo brasileiro não voltar a ser o que era, o destino de nossos
pilotos no exterior se resumirá a alguns poucos que terão a sorte de conseguir
competir lá fora. As levas de profissionais brasileiros que a cada ano
desembarcavam mundo afora para dar seguimento às suas carreiras, infelizmente
hoje são coisa do passado. Um passado que talvez nunca volte, a persistir o
panorama atual. Aproveitem o texto, e em breve trago outros por aqui...
BRASIL REVIEW 1997
Perto
de encerrar mais um ano, é hora de fazer uma retrospectiva dos pilotos
brasileiros presentes nos campeonatos internacionais de automobilismo deste
ano. E a torcida não pode reclamar muito, pois nossas feras da velocidade tiveram
o melhor desempenho dos últimos anos. E a conta não é modesta: nada menos do
que 6 campeonatos e 5 vice-campeonatos conquistados, o que dá uma idéia do
sucesso de nossos pilotos em 1997.
O
último a integrar a lista de títulos foi Bruno Junqueira, que na etapa de
Florianópolis, domingo passado, válida pelo campeonato de F-3 Sul-Americano,
faturou o título por antecipação, deixando o argentino Nestor Furlan com o
vice-campeonato. E Bruno fez a conquista em grande estilo, ao vencer pela 7ª
vez no ano. Não é pouco.
Mas
a categoria onde passamos de novo perto do título foi a da F-CART. Nossos
representantes, apesar de só terem conquistado 1 vitória, marcaram presença
pela regularidade. Gil de Ferran, mesmo sem vencer nenhuma corrida, foi
vice-campeão. Só faltou mais sorte aos nossos pilotos para chegar ao título.
Na
F-1, já era de se esperar um ano de poucos resultados. Rubens Barrichello
voltou à sua melhor fase, e levou a nova equipe Stewart a brilhar em algumas
corridas e classificações, enquanto o carro não quebrava. Já Pedro Paulo Diniz
evoluiu muito em conceito nos bastidores da categoria, e conseguiu até alguns
desempenhos notáveis com a TWR-Arrows, um carro também muito limitado em
diversas provas. Já Tarso Marques, nas poucas ocasiões em que o carro da
Minardi andou a contento, mostrou o seu talento. Quem se deu mal foi Ricardo
Rosset, pela entrada furada da Lola na F-1. Para aqueles que dizem que o Brasil
não tem mais piloto, a afirmação é totalmente furada. Temos piloto sim, mas
eles precisam de equipamento à altura para brilhar.
Não
por coincidência, justamente nas categorias monomarcas, isto é, que utilizam
equipamento igual para todos os pilotos, tivemos os desempenhos mais notáveis.
Vejam o caso da Indy Lights, onde os brasileiros praticamente massacraram a
concorrência. Das 13 corridas do campeonato, 8 foram vencidas por brasileiros.
Tony Kanaan faturou o título. Hélio Castro Neves foi o vice-campeão, e para
completar o show brasileiro, Cristiano da Matta ainda foi o 3º colocado no
campeonato. Se por um lado Tony e Hélio correram pela Tasman, e Cristiano pela
Brian Stewart, duas equipes de estrutura invejável dentro de sua própria
categoria, o equipamento foi basicamente igual para todos: chassi Lola, motor
Buick atmosférico e pneus Firestone. Não há como negar que o talento de nossos
pilotos não tenha feito nenhuma diferença.
Outra
categoria monomarca internacional é a F-Opel, onde também são utilizados
chassis e motores iguais para todos. E foi nessa categoria que Marcelo
Battistuzzi arrepiou os europeus, faturando os campeonatos europeu e alemão da
categoria, obtendo a incrível marca de 9 vitórias no ano. Mais significativo é
o fato de que, ao iniciar a temporada, Battistuzzi nem era considerado favorito
ao título, especialmente por ocupar a posição de 2º piloto em sua equipe, a
Vergani. Mas Marcelo não se intimidou e botou seu pé direito para trabalhar. O
resultado está aí, e Battistuzzi deve disputar a F-3000 em 1998. Bons convites
não faltam...
Voltando
de novo para este lado do Atlântico, e de volta aos EUA, tivemos Zaqueu Morioka
como vencedor da F-Ford 2000 Americana. Curioso ainda é que Zaqueu não teve
manager nenhum. Morioka praticamente se associou à sua equipe e ainda cuidou
meticulosamente de toda a verba que tinha disponível. Com todo este trabalho
extra-pista, o desempenho de nosso “samurai” tupiniquim deixou os americanos de
queixo caído.
Na
F-3000, último degrau para a F-1, voltamos a faturar o caneco da categoria.
Ricardo Zonta foi imparável no campeonato com 3 vitórias, sem contar o triunfo
do início da temporada, da qual foi desclassificado por irregularidades em seu
carro. Zonta foi impecável e já começou sua ascençao à F-1. Já fez diversos
testes com a Jordan em configuração com as novas regras de 1998 e assombrou a
equipe e outros profissionais da categoria com sua velocidade e capacidade
técnica, dando sempre dados precisos para acertar o carro. Para 1998, o caminho
deverá ser esse, piloto de testes, mas que ninguém se surpreenda se o vir já em
algum grid de largada no próximo ano.
E
na Inglaterra, berço mundial do automobilismo, nossos pilotos também marcaram
presença. Neste caso, foi Luciano Burti, que disputou e venceu o campeonato de
F-Vauxhall. Burti correu pela equipe de Paul Stewart, e derrotou todos os
favoritos do certame, o que incluiu até Justin Wilson, que era seu próprio
companheiro de equipe.
Esses
foram nossos campeões em 1997. Mas, além deles, tivemos inúmeros outros pilotos
que brilharam nas pistas, embora em níveis mais modestos. Antonio Pizzonia, por
exemplo, faturou o Festival de Inverno da F-Vauxhall Jr. Enrique Bernoldi
conseguiu vencer 1 prova na F-3 inglesa. Mário Haberfeld conseguiu 2 vitórias
na mesma categoria. Na F-Ford 2000 americana, Luciano Zanguirolami venceu uma
etapa do certame, assim como Urubatan Helou Jr. Na F-Vauxhall, Wagner Ebrahim
conquistou 4 vitórias no campeonato. A lista de brasileiros que venceram
corridas ainda vai longe, e a lista de nossos representantes pelo mundo afora é
ainda maior. Ficaria difícil relacionar e comentar aqui o desempenho de todos
eles.
Nossos
pilotos disputaram diversas categorias. Das conhecidíssimas F-1, F-CART, Indy
Lights e outras mais, até categorias praticamente desconhecidas por aqui, como
a Vectra Challenge, a Copa Mégane Michelin, o Norte Americano de Turismo, entre
muitos outros. Nossos pilotos estiveram praticamente por quase todo o mundo.
Comparados em número, os títulos podem parecer poucos, mas não são. O
automobilismo, apesar de todos os interesses que o envolvem, ainda é
basicamente o mundo da competição. E o importante, além de vencer, é competir,
mas é claro que os nossos pilotos sempre lutarão pela vitória quando puderem
fazê-lo. Que em 1998 eles consigam ainda mais títulos no automobilismo do que
em 97.
E
viva o Brasil nas pistas!
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