quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

ARQUIVO PISTA & BOX – DEZEMBRO DE 1997 – 05.12.1997



            De volta com mais um de meus antigos textos, este foi publicado em 05 de dezembro de 1997, e o assunto era o início dos testes das equipes da Fórmula 1 visando a temporada de 1998, quando a categoria máxima do automobilismo teria novas regras técnicas, entre elas, a adoção dos famigerados pneus com sulcos, que foram utilizados durante pouco mais de uma década, e nunca agradaram a ninguém. Naqueles tempos, os testes já começavam em dezembro, com os times a utilizarem versões híbridas de seus carros, que eram basicamente os carros da temporada que havia se encerrado, mas já com modificações que seriam desenvolvidas para serem implantadas nos modelos do ano seguinte. Nada muito complicado, levando-se em conta que o campeonato terminava ainda em outubro, e vez por outra, havia até um teste ou outro no mês de novembro. Hoje, com o campeonato da F-1 terminando praticamente no fim de novembro, é uma opção praticamente inviável, visto o esgotamento das escuderias com os longos calendários que a F-1 passou a percorrer nos últimos anos.
            Nos tópicos rápidos, o anúncio de que a Tyrrel tinha sido vendida. A escuderia de velho “tio” Ken, como era chamada, disputaria em 1998 sua última temporada, e sua estrutura se tornaria a equipe BAR em 1999. Curiosamente, a BAR foi depois vendida para a Honda, que a transformou em seu time oficial na F-1. E quando a fábrica japonesa sumiu da F-1 ao fim de 2008, se tornou a Brawn GP em 2009, e em seguida, a Mercedes, a partir de 2010, sendo hoje o time dominante na F-1. Quantas voltas, não? Quem também anunciava sua saída era a Goodyear, ao fim de 1998, por não concordar com as novas regras dos pneus com sulcos. A fábrica estadunidense deixou a categoria máxima do automobilismo para nunca mais voltar, até os dias atuais... Fiquem com o texto, e bom proveito. Em breve, trago mais colunas antigas por aqui...


LARGADA PARA 98

            Começou esta semana a corrida rumo ao Mundial de 1998 na Fórmula 1. O palco foi o circuito de Barcelona, na Espanha, onde inúmeras escuderias estiveram presentes para os primeiros testes coletivos visando a próxima temporada. Só a Ferrari não esteve presente, em virtude das “férias” de sua maior estrela, Michael Schumacher.
            Com as novas regras técnicas impostas pelo novo regulamento em vigor na próxima temporada, os testes desta vez serão ainda mais trabalhosos e essenciais, bem diferentes dos testes do ano passado, quando as escuderias apenas evoluíram seus projetos, conseguindo ganhos de performance extraordinários.
            Com mudanças tão radicais nos carros, algumas equipes já fizeram testes durante a temporada utilizando carros adaptados ao novo regulamento. Foi o caso de Williams e Jordan, por exemplo. Contudo, foram apenas testes preliminares, cujo intuito era apenas dar uma visão de que em partes seria necessário encontrar um caminho de desenvolvimento.
            Agora, com o fim da temporada, todos os times passam a se concentrar em tempo integral para 1998. Por enquanto, todas as escuderias usarão chassis híbridos, ou seja, modelos 97 adaptados às novas regras técnicas, pois os novos carros só estarão disponíveis no mínimo em meados de janeiro. A aerodinâmica terá de ser muito trabalhada, pois será necessário encontrar um meio de recuperar o downforce perdido com as restrições anunciadas. E isso vai ser ainda mais fundamental levando-se em conta o fato de que os pneus terão muito menos aderência, devido aos sulcos que deverão apresentar e manter visíveis, mesmo depois da corrida.
            Paralelamente a isso, os motores continuam sua evolução. A TWR-Arrows já está testando em banco de provas o novo motor concebido por Brian Hart, sob subvenção da Yamaha, que dará o seu nome ao novo motor que o time usará. Com reputação de primeira como preparador e construtor de motores, tudo indica que a Arrows poderá ter um motor muito melhor em 98. Os primeiros testes já indicam parâmetros de performance bem melhores do que o motor V-10 utilizado pela escuderia este ano.
            O motor Ford V-8 será aposentado em definitivo. As escuderias que o utilizaram este ano, Tyrrel e Minardi, passarão a utilizar o novo motor Ford Zetec V-10, que foi utilizado pela Stewart nesta temporada, devidamente aperfeiçoado. Já o time de Jackie Stewart utilizará novas versões mais avançadas do propulsor V-10, por ser o time oficial da fábrica na F-1.
            Voltando à pista, os pilotos terão a árdua tarefa de descobrirem os novos limites de seus carros. Todos os parâmetros anteriores já não servem mais. E uma prova disso foram algumas rodadas para os mais afoitos que tentaram ir com muita sede ao pote, buscando os mesmos limites que conseguiam estabelecer com os carros de 97. Além de descobrir estes novos limites dos bólidos, os pilotos terão a sempre vital tarefa de comunicar as reações dos monopostos aos engenheiros. E estes, por sua vez, terão de comunicar tudo o que puderem apurar e concluir para os projetistas. As novas regras estão provocando uma mobilização geral de todo o pessoal das equipes. Mais do que nunca, a união de todos é necessária para vencer os novos desafios impostos.
            Trabalho, mas principalmente muita criatividade, serão os componentes essenciais desta nova guerra na F-1, que vai se desenvolver em todos os níveis: pilotos, engenheiros, projetistas, motores, pneus, etc. Em toda a sua história, a F-1 sempre deu a volta por cima em torno das mudanças de regulamentos, fossem quais fossem as regras impostas, e desta vez, podem ter certeza de que não será diferente, embora tudo indique que os carros de 98 serão bem mais lentos do que os de 97. A dúvida, eu não pode ser sanada por estes testes, é de quanto será essa perda de performance. Mas tudo bem, essas incertezas ajudam ainda mais a aumentar as expectativas para 1998...


Semana passada foi lançado oficialmente no Brasil o novo jogo de corridas CART PRECISION RACING. Criado pela Microsoft, o jogo impressiona pelo realismo: telemetria, tática de corrida, ajuste total das asas, câmbio, amortecedores, etc, sem falar que as pistas virtuais reproduzem até as imperfeições do piso das verdadeiras. Que o diga André Ribeiro, que em sua primeira tentativa no jogo, acertou o muro do “autódromo” de Jacarepaguá a cerca de 320 Km/h. Mais tarde, já “refeito” do “acidente” e mais experiente no jogo, André ainda estava em 12º na colocação geral de tempos. O jogo, que está à disposição nas melhores lojas por cerca de R$ 60,00, exige máquina Pentium e permite até 9 jogadores em rede, via internet...


A Tyrrel disputará em 1998 sua última temporada na F-1. A equipe foi vendida esta semana por Ken Tyrrel ao grupo British American Racing (BAR), que nada mais é que uma união do conglomerado British American Tobacco com a Reynard e com Craig Pollock, empresário de Jacques Villeneuve. O novo time estreará oficialmente em 1999, e tem pretensões de disputar o título da categoria. Para tanto, está previsto um cronograma de investimentos de cerca de US$ 250 milhões em um período de 5 anos.


A Goodyear anunciou há poucos dias que vai abandonar a F-1 ao final de 1998. Tal decisão teve o impacto de uma bomba nos meios esportivos. A Goodyear alega aumento de gastos sem o devido retorno com a adoção dos novos pneus com sulcos que o regulamento da F-1 imporá na próxima temporada...


A Goodyear na verdade enfrenta tempos difíceis. Apesar de ter mantido a sua hegemonia na F-1, a fabricante norte-americana já está sentindo a pressão da concorrência da Bridgestone na categoria. Enquanto isso, a coisa vai ainda pior na F-CART, onde a Firestone, pelo segundo ano consecutivo, faturou o título da categoria. A última baixa da Goodyear foi a equipe Rahal: Bobby Rahal anunciou que seu time usará pneus Firestone em 98, em substituição aos Goodyear utilizados nesta temporada...

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