De
volta com mais um de meus antigos textos, este foi publicado em 05 de dezembro
de 1997, e o assunto era o início dos testes das equipes da Fórmula 1 visando a
temporada de 1998, quando a categoria máxima do automobilismo teria novas
regras técnicas, entre elas, a adoção dos famigerados pneus com sulcos, que
foram utilizados durante pouco mais de uma década, e nunca agradaram a ninguém.
Naqueles tempos, os testes já começavam em dezembro, com os times a utilizarem
versões híbridas de seus carros, que eram basicamente os carros da temporada que
havia se encerrado, mas já com modificações que seriam desenvolvidas para serem
implantadas nos modelos do ano seguinte. Nada muito complicado, levando-se em conta
que o campeonato terminava ainda em outubro, e vez por outra, havia até um
teste ou outro no mês de novembro. Hoje, com o campeonato da F-1 terminando
praticamente no fim de novembro, é uma opção praticamente inviável, visto o
esgotamento das escuderias com os longos calendários que a F-1 passou a
percorrer nos últimos anos.
Nos
tópicos rápidos, o anúncio de que a Tyrrel tinha sido vendida. A escuderia de
velho “tio” Ken, como era chamada, disputaria em 1998 sua última temporada, e
sua estrutura se tornaria a equipe BAR em 1999. Curiosamente, a BAR foi depois
vendida para a Honda, que a transformou em seu time oficial na F-1. E quando a fábrica
japonesa sumiu da F-1 ao fim de 2008, se tornou a Brawn GP em 2009, e em
seguida, a Mercedes, a partir de 2010, sendo hoje o time dominante na F-1.
Quantas voltas, não? Quem também anunciava sua saída era a Goodyear, ao fim de
1998, por não concordar com as novas regras dos pneus com sulcos. A fábrica estadunidense
deixou a categoria máxima do automobilismo para nunca mais voltar, até os dias
atuais... Fiquem com o texto, e bom proveito. Em breve, trago mais colunas
antigas por aqui...
LARGADA PARA 98
Começou
esta semana a corrida rumo ao Mundial de 1998 na Fórmula 1. O palco foi o
circuito de Barcelona, na Espanha, onde inúmeras escuderias estiveram presentes
para os primeiros testes coletivos visando a próxima temporada. Só a Ferrari
não esteve presente, em virtude das “férias” de sua maior estrela, Michael
Schumacher.
Com
as novas regras técnicas impostas pelo novo regulamento em vigor na próxima
temporada, os testes desta vez serão ainda mais trabalhosos e essenciais, bem
diferentes dos testes do ano passado, quando as escuderias apenas evoluíram
seus projetos, conseguindo ganhos de performance extraordinários.
Com
mudanças tão radicais nos carros, algumas equipes já fizeram testes durante a
temporada utilizando carros adaptados ao novo regulamento. Foi o caso de
Williams e Jordan, por exemplo. Contudo, foram apenas testes preliminares, cujo
intuito era apenas dar uma visão de que em partes seria necessário encontrar um
caminho de desenvolvimento.
Agora,
com o fim da temporada, todos os times passam a se concentrar em tempo integral
para 1998. Por enquanto, todas as escuderias usarão chassis híbridos, ou seja,
modelos 97 adaptados às novas regras técnicas, pois os novos carros só estarão
disponíveis no mínimo em meados de janeiro. A aerodinâmica terá de ser muito
trabalhada, pois será necessário encontrar um meio de recuperar o downforce
perdido com as restrições anunciadas. E isso vai ser ainda mais fundamental
levando-se em conta o fato de que os pneus terão muito menos aderência, devido
aos sulcos que deverão apresentar e manter visíveis, mesmo depois da corrida.
Paralelamente
a isso, os motores continuam sua evolução. A TWR-Arrows já está testando em
banco de provas o novo motor concebido por Brian Hart, sob subvenção da Yamaha,
que dará o seu nome ao novo motor que o time usará. Com reputação de primeira
como preparador e construtor de motores, tudo indica que a Arrows poderá ter um
motor muito melhor em 98. Os primeiros testes já indicam parâmetros de
performance bem melhores do que o motor V-10 utilizado pela escuderia este ano.
O
motor Ford V-8 será aposentado em definitivo. As escuderias que o utilizaram este
ano, Tyrrel e Minardi, passarão a utilizar o novo motor Ford Zetec V-10, que
foi utilizado pela Stewart nesta temporada, devidamente aperfeiçoado. Já o time
de Jackie Stewart utilizará novas versões mais avançadas do propulsor V-10, por
ser o time oficial da fábrica na F-1.
Voltando
à pista, os pilotos terão a árdua tarefa de descobrirem os novos limites de
seus carros. Todos os parâmetros anteriores já não servem mais. E uma prova
disso foram algumas rodadas para os mais afoitos que tentaram ir com muita sede
ao pote, buscando os mesmos limites que conseguiam estabelecer com os carros de
97. Além de descobrir estes novos limites dos bólidos, os pilotos terão a
sempre vital tarefa de comunicar as reações dos monopostos aos engenheiros. E
estes, por sua vez, terão de comunicar tudo o que puderem apurar e concluir
para os projetistas. As novas regras estão provocando uma mobilização geral de
todo o pessoal das equipes. Mais do que nunca, a união de todos é necessária
para vencer os novos desafios impostos.
Trabalho,
mas principalmente muita criatividade, serão os componentes essenciais desta
nova guerra na F-1, que vai se desenvolver em todos os níveis: pilotos,
engenheiros, projetistas, motores, pneus, etc. Em toda a sua história, a F-1
sempre deu a volta por cima em torno das mudanças de regulamentos, fossem quais
fossem as regras impostas, e desta vez, podem ter certeza de que não será
diferente, embora tudo indique que os carros de 98 serão bem mais lentos do que
os de 97. A dúvida, eu não pode ser sanada por estes testes, é de quanto será
essa perda de performance. Mas tudo bem, essas incertezas ajudam ainda mais a aumentar
as expectativas para 1998...
Semana passada foi lançado oficialmente no Brasil o novo jogo de
corridas CART PRECISION RACING. Criado pela Microsoft, o jogo impressiona pelo
realismo: telemetria, tática de corrida, ajuste total das asas, câmbio, amortecedores,
etc, sem falar que as pistas virtuais reproduzem até as imperfeições do piso
das verdadeiras. Que o diga André Ribeiro, que em sua primeira tentativa no
jogo, acertou o muro do “autódromo” de Jacarepaguá a cerca de 320 Km/h. Mais
tarde, já “refeito” do “acidente” e mais experiente no jogo, André ainda estava
em 12º na colocação geral de tempos. O jogo, que está à disposição nas melhores
lojas por cerca de R$ 60,00, exige máquina Pentium e permite até 9 jogadores em
rede, via internet...
A Tyrrel disputará em 1998 sua última temporada na F-1. A equipe foi
vendida esta semana por Ken Tyrrel ao grupo British American Racing (BAR), que
nada mais é que uma união do conglomerado British American Tobacco com a
Reynard e com Craig Pollock, empresário de Jacques Villeneuve. O novo time
estreará oficialmente em 1999, e tem pretensões de disputar o título da
categoria. Para tanto, está previsto um cronograma de investimentos de cerca de
US$ 250 milhões em um período de 5 anos.
A Goodyear anunciou há poucos dias que vai abandonar a F-1 ao final de
1998. Tal decisão teve o impacto de uma bomba nos meios esportivos. A Goodyear
alega aumento de gastos sem o devido retorno com a adoção dos novos pneus com
sulcos que o regulamento da F-1 imporá na próxima temporada...
A Goodyear na verdade enfrenta tempos difíceis. Apesar de ter mantido a
sua hegemonia na F-1, a fabricante norte-americana já está sentindo a pressão
da concorrência da Bridgestone na categoria. Enquanto isso, a coisa vai ainda
pior na F-CART, onde a Firestone, pelo segundo ano consecutivo, faturou o
título da categoria. A última baixa da Goodyear foi a equipe Rahal: Bobby Rahal
anunciou que seu time usará pneus Firestone em 98, em substituição aos Goodyear
utilizados nesta temporada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário