quarta-feira, 1 de junho de 2016

FLYING LAPS - MAIO DE 2016



            E já estamos no mês de junho, e quase chegando à metade do ano de 2016. O tempo realmente voa, dando a impressão de competir com a velocidade dos pilotos nas mais diversas categorias de competição do esporte a motor pelo mundo afora. E como sempre acontece a cada início de mês, é hora de relacionar alguns dos acontecimentos ocorridos no mês de maio, que não foram relatados e comentados nas minhas colunas regulares. Por isso, vamos a mais uma sessão da Flying Laps, com algumas notas rápidas destes acontecimentos do mundo da velocidade neste último mês, com os devidos comentários. Portanto, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais. Até breve.


A F-3 Européia viu um pavoroso acidente na primeira corrida do final de semana em Zeltweg, na Áustria, no último dia 21 de maio. Tudo começou com a escapada da pista do piloto americano Ryan Tveter, da equipe Carlin, que acabou voltando para o traçado erguendo bastante poeira da caixa de brita. Isso acabou prejudicando a visão de seu companheiro de equipe, o chinês Zhi Cong Li, que atingiu a traseira do carro de Tveter e decolou de maneira impressionante, chegando a dar uma cambalhota em pleno ar. Pedro Piquet, que vinha logo atrás, nada pôde fazer para evitar de bater no carro de Tveter, e acabou envolvido parcialmente no acidente, e acabou indo parar na caixa de brita. O piloto brasileiro, aliás, teve sorte de não ser atingido pelo carro de Li na aterrissagem de volta ao chão, e Tveter também conseguiu sair do assustador episódio sem ferimentos de monta, além do imenso susto. Já Zhi Cong Li infelizmente, devido ao violento impacto com que acertou o carro de Tveter, teve fraturas no calcanhar e em algumas vértebras, o que obrigou o piloto a passar por cirurgia, sem maiores complicações, mas que demandará algum tempo de recuperação. Levando-se em consideração o choque sofrido entre os dois carros, até que todo mundo teve sorte nesta pancada, inclusive Pedro Piquet, que por questão de poucos metros, não viu o carro de Li despencando em cima de si. A corrida acabou vencida por Callum Ilott, da Van Amersfoort Racing, mesma equipe defendida por Piquet, seguido da dupla da Prema Powerteam, o canadense Lance Stroll e o alemão Maximilian Günther. Sergio Sette Camara foi apenas o 12° colocado. A segunda e terceira corrida do fim de semana austríaco teve vitória de Stroll, que disparou na liderança da competição, com 166 pontos, seguido por Callum Ilott, com 128 pontos. Sergio Camara foi o 8° colocado na segunda prova, e terminou em 4° na terceira corrida. Já Pedro Piquet, refeito do susto da primeira prova, acabou abandonando na segunda corrida, e terminando apenas em 15° lugar na terceira prova. Com o resultado, Camara ocupa a 8ª posição na classificação, com 74 pontos; já Pedro Piquet é apenas o 17°, com 7 pontos. A próxima etapa da competição será nos dias 24 a 26 de junho, na pista de Norisring.


Na semana seguinte, em Oulton Park, na primeira corrida do fim de semana válida pelo campeonato inglês de F-3, quem decolou de maneira impressionante foi o indiano Ameya Vaidyanathan, que saiu da pista, e na grama, seu carro capotou espetacularmente, dando várias voltas no ar, e praticamente se destruindo na aterrissagem. Felizmente, o piloto nada sofreu, mas quem assistiu ao acidente certamente teve um grande susto. Os comissários julgaram que Sisa Ngebulana, o adversário do indiano no momento em que ele tentava fazer a ultrapassagem que resultou na capotagem, foi responsável pelo acidente, e ele foi desclassificado da prova, que foi interrompida no momento do acidente, não sendo reiniciada, e com a vitória ficando com o piloto Ricky Collard, da equipe Carlin. O brasileiro Matheus Leist finalizou a corrida em quarto lugar. Collard lidera o campeonato, com 269 pontos, seguido por Thomas Randle, com 232 pontos. O brasileiro Matheus Leist, competindo pela equipe Double R Racing, ocupa a 3ª posição, com 221 pontos. Leist tem outro brasileiro competindo no mesmo time, Enzo Bortoleto, que ocupa a 8ª colocação na competição, com 146 pontos. A próxima parada da F-3 Inglesa é em Silverstone, nos dias 11 e 12 de junho.


A MotoGP viveu um momento frenético de trocas e anúncios de pilotos neste mês de maio. Na Ducati, a dúvida sobre quem seria o companheiro de Jorge Lorenzo na equipe de Borgo Panigale na temporada de 2017 teve sua resposta: Andrea Dovizioso, que se manterá na escuderia pelas próximas duas temporadas, até 2018, mesmo tempo do contrato de Lorenzo. Seu atual companheiro no time italiano, Andrea Iannone, já se acertou também para a próxima temporada, fechando contrato com a Suzuki para ocupar o lugar de Maverick Viñalez, que está de partida para ser o companheiro de Valentino Rossi no próximo ano no time oficial da Yamaha, e está mais do que empolgado de assumir um lugar num dos times mais fortes da categoria. Antes dos anúncios, chegou-se a cogitar que Dani Pedrosa poderia seguir para o time dos três diapasões, para ocupar o lugar de Lorenzo, mas a Honda mais do que se apressou em confirmar a renovação do contrato do piloto espanhol em seu time até 2018, mantendo assim a sua dupla atual com o também espanhol Marc Márquez. Com isso, os principais nomes do mercado de pilotos da categoria rainha do motociclismo já estão fechados para a temporada de 2017, sobrando agora vagas no segundo escalão e nos times de menor expressão, mas muitas conversas estão rolando nos bastidores da categoria, e poderemos ver ainda várias mudanças nas escuderias para a próxima temporada.


Jorge Lorenzo não teve do que reclamar nas corridas da MotoGp neste mês de maio. O atual campeão da categoria venceu as provas da França, em Le Mans, e da Itália, em Mugello, e assumiu a liderança do campeonato, com 115 pontos, contra 105 de Marc Márquez, com quem o piloto da Yamaha duelou ferozmente na Itália, vencendo a prova praticamente na linha de chegada, com uma diferença de apenas 0s019, arrepiando o público presente em Mugello. Valentino Rossi, por outro lado, fez uma boa corrida de recuperação em Le Mans, saindo da 7ª posição para chegar em 2° lugar. Na Itália, o “Doutor” começou com o pé direito, conquistando a pole-position, e prometendo uma condução aguerrida na prova, que começou com Lorenzo tomando a dianteira logo na primeira curva. Mas Rossi não se deu por vencido e partiu atrás do companheiro de equipe. Infelizmente, Valentino acabou traído pelo motor de sua YZR-M1 após 5 voltas, o que foi uma verdadeira ducha de água fria para seus fãs. Mas o pior ponto negativo da prova em Mugello foi a atitude de parte da torcida, que além de vaiar flagrantemente Lorenzo e Márquez no pódio ao fim da corrida, ainda atiraram tomates em ambos. Lógico que os pilotos não foram atingidos, nem de longe, mas a atitude belicosa de alguns fãs de Rossi, especialmente após o incidente entre o italiano e Márquez em Sepang, no ano passado, e às supostas manobras de que ele estaria ajudando o compatriota Lorenzo a ser campeão para derrotar Rossi, mostra um lado ruim do esporte, onde fãs mais radicais se propõem a defender seus ídolos da pior forma possível. E não adiantou muito o próprio Valentino pedir à torcida por respeito a todos os pilotos na competição. A luta pela vitória entre Márquez e Lorenzo foi um dos momentos mais emocionantes da temporada até aqui, com ambos os pilotos digladiando-se e trocando de posição a todo instante, com uma vitória obtida por Lorenzo na reta de chegada, quando muitos já se prepararam para ver o piloto da Honda como vencedor da prova italiana. Um duelo que certamente só não foi melhor porque Rossi acabou alijado da disputa por problemas mecânicos em sua moto, mas que certamente não merecia o comportamento infantil de retardado por parte daqueles que atiraram tomates nos primeiros colocados. E isso para não falar também do desrespeito no momento de tocar o hino da Espanha, quando os torcedores também começaram a cantar vigorosamente o hino italiano. É preciso respeitar para ser respeitado, e com atitudes como essa, quem perde é o verdadeiro amante do esporte a motor, que curte as disputas e os duelos na pista.


Sébastian Buemi voltou a dar as cartas no campeonato da F-E na etapa de Berlin. O piloto da e.dams perdeu a pole na capital alemã por míseros 0s16 para Jean-Éric Vergne, da Virgin, e largou na primeira fila, e não demorou muito para o piloto suíço conseguir assumir a liderança, com uma ultrapassagem arrojada sobre Vergne após algumas voltas. Voltando a fazer bom uso do excelente carro que dispõe, Buemi sumiu na frente, enquanto o pessoal atrás disputava posições no circuito apertado. Lucas Di Grassi, que largou em 8°, teve de dar duro para subir o pelotão, e após as trocas de carros no pit stop, e de uma ultrapassagem decidida sobre Nicolas Prost, chegou à 3ª colocação, onde acabou terminando a corrida. Enquanto isso, Vergne acabou atropelando uma zebra, danificando levemente o bico de seu carro e ganhando ordem para ir aos boxes trocar a peça, por questões de segurança, o que o fez perder as hipóteses de chegar ao pódio, terminando em 5° lugar. Quem fez uma excelente prova foi Daniel ABT, que andou sempre na frente do seu colega de equipe brasileiro, inclusive recebendo a bandeirada em 2°, com Di Grassi logo atrás. Com a vitória de Buemi, esperava-se que ABT e Lucas trocassem de posição, visando a luta pelo título entre o brasileiro e o suíço, mas isso não aconteceu. Mesmo com a 3ª posição, Di Grassi ainda lidera a competição, mas agora com apenas 1 ponto de vantagem para Buemi, que parte certamente revigorado para a rodada dupla em Londres, no início de julho, onde tentará conquistar o título da categoria, que lhe escapou no ano passado, no duelo com Nelsinho Piquet. Sobre o fato de não ter havido troca de posição entre ele e seu companheiro Daniel, Lucas foi enfático ao dizer que prefere correr sem receber este tipo de favorecimento, mesmo que os pontos façam falta depois. Daniel ABT disse que cederia a posição, pelo fato de todos serem uma equipe, mas nada aconteceu, e nesse momento, a F-E dá um tapa com luva de pelica nas categorias e/ou times onde isso acabou virando marca registrada – para o bem, e para o mal, como na F-1, com sua costumeira arrogância.


Para os demais brasileiros da F-E, a etapa de Berlim continuou sendo outro fim de semana cheio de problemas. Depois de conseguir uma ótima classificação, com o 4° tempo no grid, a inspeção técnica após o treino detectou pressão irregular nos pneus da equipe Mahindra, e tanto Bruno Senna quanto Nick Heidfeld (6° tempo) foram empurrados para o fundo do grid, perdendo 10 posições cada um. E, logicamente, largando lá atrás, em uma pista onde as ultrapassagens eram complicadas, seria complicado pontuar. Mas Heidfeld conseguiu, terminando a prova germânica em 7° lugar, porém, Bruno Senna, após um toque em outro carro, acabou rodando e perdendo várias posições, terminando a corrida apenas em 15°. Nelsinho Piquet conseguiu sua melhor posição de largada na temporada, em 5° (7°, sem as punições de Senna e Heidfeld), mas na corrida, o ritmo deficiente dos carros da China Racing mais uma vez mostraram que não se devia ter muitas esperanças: ambos foram caindo de posição durante a prova, finalizando em 13° lugar. Oliver Turvey, parceiro de Piquet, largou em 7° e foi o 12°. Claro que complicou para Piquet e Turvey terem tido um toque que danificou seus bicos também, obrigando pararem nos boxes, mas o ano está mesmo perdido para o time chinês, que já pensa no próximo campeonato, que começa no segundo semestre deste ano.
 



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