quarta-feira, 15 de junho de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1997 – 05.09.1997



            Cá estou novamente, trazendo mais um antigo texto em minha seção Arquivo. A coluna desta vez foi publicada em 05 de setembro de 1997, e o assunto principal era a vitória conquistada por Mauricio Gugelmim na então F-CART, ao vencer o Grande Prêmio de Vancouver no domingo anterior. Depois de uma passagem fracassada pela F-1, de 1988 a 1992, onde conquistou apenas um pódio, no Grande Prêmio do Brasil de 1989, o brasileiro, que era apontado como nova grande promessa do nosso país na F-1, acabou tragado pelos carros ruins produzidos por seu time, a March, nas temporadas de 1989,  1990, e 1991, e pegando mais um carro ruim em 1992, com a Jordan, o que o deixou desempregado ao fim do ano. O piloto brasileiro reencontrou seu rumo na F-Indy original, e lá ficou, tendo condições muito melhores de competição do que na F-1. Mesmo assim, teve seus percalços, e apesar de andar muito bem em vários momentos, este triunfo na cidade canadense na costa do Pacífico acabou sendo sua única vitória na categoria. Fiquem agora com o texto, e boa leitura a todos...


GUGELMIM, FINALMENTE!

            Depois de muitas tentativas e de enfrentar inúmeros contratempos, finalmente tivemos um brasileiro no topo do pódio da F-CART este ano. Maurício Gugelmim conseguiu finalmente acabar com o jejum de vitórias brasileiras na categoria, que já durava 19 corridas, desde o triunfo de André Ribeiro nas 500 Milhas de Michigan do ano passado.
            Para Gugelmim, entretanto, foi o fim de um jejum ainda mais longo. A última vitória do piloto paranaense em corridas automobilísticas tinha sido em Silverstone, em 1987, quando corria na F-3000 pela equipe Ralt. De lá para cá, Maurício perambulou pela F-1, passou um tempo desempregado, até estrear na então F-Indy em fins de 1993. Gugelmim disputou as últimas provas de 93 pela equipe Dick Simon, correu pela Chip Ganassi em 94, e desde 95, corre pela PacWest, sua atual escuderia. Gugelmim, aliás, foi o grande incentivador do time, sempre lutando pela melhora da equipe e animando entusiasticamente Bruce McCaw, dono da escuderia. E este ano o time é a mais nova força da categoria. Mark Blundell, seu companheiro de equipe, venceu em Portland e Toronto. E em Vancouver, finalmente Gugelmim derrotou o azar e conseguiu sua primeira vitória na F-CART.
            Desde o início do ano, os brasileiros têm enfrentados inúmeros percalços na F-CART. Quase todos cotados para disputar o título da categoria, contando com bons equipamentos e escuderias por trás. Tudo indicava que, finalmente, teríamos um ano amplamente favorável aos brasileiros.
            Infelizmente, tal como em 96, as esperanças foram dando lugar à desilusões, problemas e azares dos mais variados tipos. André Ribeiro padeceu mais de meia temporada com o problemático chassi Lola, recentemente substituído por um Reynard. Os percalços com um chassi que não tinha solução relegou André a uma posição intermediária no grid. Gil de Ferran envolveu-se em alguns acidentes no início do ano, assim como alguns azares, mas ainda luta pelo título, ainda que em condições desfavoráveis. Raul Boesel, tal como seu companheiro de equipe Scott Pruett, não conseguiu fazer a equipe Patrick Racing disputar o título. Christian Fittipaldi teve seu pavoroso acidente em Surfer’s Paradise, ficando de fora em várias etapas e perdendo as hipóteses de lutar pelo campeonato. Já Maurício Gugelmim andou sempre na frente em inúmeras corridas, mas na hora  decisiva, sempre faltou sorte.
            Agora parece que as coisas começam a melhorar. Neste fim de semana a F-CART disputa o GP de Laguna Seca, na Califórnia. Alessandro Zanardi ainda é o líder disparado, com 37 pontos de vantagem sobre Gil de Ferran, mas o brasileiro promete dar tudo o que pode para dificultar a conquista do italiano. Vamos ver quem ganha esta queda de braço...


Na etapa da F-3 Sul-Americana disputada no fim de semana passado em Rafaela, na Argentina, deu vitória brasileira: Bruno Junqueira conseguiu sua 5ª vitória no campeonato e segue firme na liderança da competição rumo ao título, mas ainda há muito chão pela frente nas 5 corridas que ainda restam. Em 2º lugar ficou Pedro Bartelle, depois de uma excelente performance na prova.


Chegou a hora do GP mais quente da temporada da F-1. É o GP da Itália, a ser disputado domingo no célebre circuito de Monza, com extensão de 5,77 Km. A prova é feita em 53 voltas, totalizando cerca de 305,81 Km de percurso. Depois da vitória de Michael Schumacher em Spa-Francorchamps, os tiffosi praticamente lotarão o circuito neste final de semana, sendo esperados, só para o domingo, cerca de 190 mil pessoas. Ano passado o público no circuito, também no domingo, foi de cerca de 135 mil pessoas. Este ano, com o piloto alemão da Ferrari liderando o campeonato, os torcedores estarão nas alturas. Semana passada, nos testes coletivos da FOCA aqui neste circuito, chegou a ter até 20 mil torcedores por dia acompanhando os testes. E para hoje, quando começam os treinos livres, são esperados pelo menos 40 mil pessoas, um número que deverá subir para mais de 50 mil amanhã nos treinos livre e de classificação.


A atual geração de fãs do automobilismo pode não saber mas, até a década de 1960, o GP da Itália, em Monza, era disputado também em uma imensa pista oval onde os carros passavam fácil dos 250 Km/h. Esta pista oval ainda existe e fica aqui mesmo neste autódromo. É uma pista impressionante, possuindo uma inclinação que até assusta nas curvas. Para quem quiser saber como os carros corriam aqui naquela época (algo praticamente impensável nos dias de hoje) a melhor referência é o célebre filme Grand Prix, estrelado por James Garner. Basta assistir às cenas de corridas do filme para o fã mais aplicado reconhecer os trechos antigos dos circuitos da F-1 e ver como eram naqueles tempos, especialmente a pista oval de Monza. E o filme vale muito a pena, também...


Na Indy Lights, em Vancouver, também tivemos vitória brasileira: Cristiano da Matta venceu a corrida seguido por Tony Kanaan e do japonês Hideki Noda. Hélio Castro Neves abandonou a corrida. Luiz Garcia Jr. foi o 6º colocado, e Airton Daré o 7º. Com o abandono de Helinho, Tony Kanaan passou a liderar o campeonato, com 135 pontos, ficando Helinho em 2º com 127 pontos; o 3º lugar passou a ser de Cristiano da Matta, com 98 pontos. Faltando 2 etapas para encerrar o campeonato, Laguna Seca e Fontana, só os 3 pilotos brasileiros podem chegar ao título. Resta saber qual brazuca levará a taça...


Alessandro Zanardi foi multado em US$ 25 mil por direção perigosa por causa de suas estripulias durante o GP de Vancouver de F-CART. O italiano chegou até a jogar Bryan Herta no muro em uma ultrapassagem. Durante toda a prova era nítido que, ou os pilotos saíam da frente, ou o italiano passaria por cima, literalmente. As queixas foram gerais pelo modo de condução do piloto italiano. O pai de Herta foi quem quis ir mais longe, quase pegando o piloto italiano na porrada nos boxes, após a corrida...


E por falar em passar por cima, Scott Pruett acabou fazendo isso durante o GP de Vancouver. Na hora de dobrar um retardatário, Adrian Fernandez, Pruett perdeu o ponto de freada e passou com seu Reynard literalmente por cima do Lola do mexicano e indo parar na barreira de pneus. Felizmente, só um susto...


Roberto Moreno, substituindo Patrick Carpentier na equipe Bettenhausen, fez uma boa apresentação em Vancouver. Largou em 20º e já tinha conseguido chegar à 8ª posição. Infelizmente, o carro apresentou problemas e o brasileiro abandonou na 80ª volta...


O Mundial de Motovelocidade 500cc está tão monótono que não tem nem graça: domingo passado, no circuito de Brno, no GP da República Tcheca, deu novamente vitória de Michael Doohan, que com isso atingiu 11 vitórias em 12 etapas disputadas este ano. Doohan já conquistou o título por antecipação, em Donington Park. Alexandre Barros ficou em 8º, posição que também ocupa no campeonato...


Pela performance apresentada aqui em Monza nos testes da semana passada, a Jordan tem boas chances de conseguir sua primeira vitória na F-1. Giancarlo Fisichella é a nova sensação da F-1, e o piloto italiano já pensa até na possibilidade de vitória no GP de seu país...


Só para encerrar a coluna, espero que os organizadores não coloquem de novo aquelas pilhas de pneus nas chicanes, como ano passado. Só a confusão que arrumaram daquela vez já basta...
 


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