Depois
de um longo e tenebroso inverno, é hora de trazer de volta a seção Arquivo, com
mais um de meus antigos textos, aqui no blog. E hoje trago a coluna que foi
publicada no dia 29 de agosto de 1997. O assunto em discussão era a
possibilidade de Alessandro Zanardi decidir na etapa de Vancouver o título da
F-CART, nome que a F-Indy original tinha à época, depois de ser proibida em
disputa judicial movida por Tony George de usar o termo “Indy” em seu
campeonato, que passava a ser exclusivo da IRL (Indy Racing League). Zanardi
vinha dominando a temporada com incrível competência, e deixando os
concorrentes comendo poeira. Mas a decisão não viria no circuito urbano da
metrópole canadense à beira do Oceano Pacífico. Somente na etapa seguinte, em
Laguna Seca, o piloto italiano da Chip Ganassi conquistaria o caneco da
temporada.
Mas
a etapa de Vancouver teve um significado especial para um piloto brasileiro:
Maurício Gugelmim. Foi lá que ele conquistou sua primeira e única vitória na
categoria americana, onde estreou em 1993, após ficar sem vaga na F-1 ao fim do
ano anterior. Maurício foi outro piloto nacional que, sem conseguir espaço nas
equipes da F-1, migrou para os EUA, e não se arrependeu disso, mesmo que tenha
obtido apenas uma única vitória, em suas 147 corridas disputadas no certame estadunidense,
onde permaneceu até o fim da temporada de 2001, quando aposentou o capacete.
Maurício também marcou 4 poles na competição, onde defendeu as equipes Ganassi,
PacWest, e Dick Simon, onde disputou suas primeiras provas, no fim de 1993.
Fiquem agora com o texto, e boa leitura...
MOMENTO DE DECISÃO
A
F-CART está reunida em Vancouver, na costa canadense do Pacífico, e o clima é
de decisão: Alessandro Zanardi, da equipe Chip Ganassi, é o franco favorito ao
título. Seus mais diretos perseguidores são Gil de Ferran, Paul Tracy, Greg
Moore e Michael Andretti. As coisas, porém, não estão nada fáceis para eles.
Com 168 pontos na classificação, o piloto italiano tem ampla vantagem sobre Gil
(que tem apenas 130 pontos). A situação piora em relação ao canadense Tracy
(121 pontos), e Moore (111), e a Andretti (com apenas 108). O resto está
literalmente fora de combate.
Com
3 vitórias consecutivas nas últimas etapas, disputadas todas em circuitos
mistos e um superoval, Zanardi é o favorito à vitória no circuito montado no
centro de Vancouver. Zanardi venceu em Long Beach este ano, outro circuito urbano, e no
ano passado dominou a prova de Vancouver completamente até ser jogado contra o
muro por um retardatário. O resultado, na época, tirou Zanardi da luta pelo
título de 96, quando o italiano se encontrava em ascenção meteórica no
campeonato.
Este
ano, Alessandro Zanardi simplesmente deixou seu companheiro de equipe Jimmy
Vasser na sobra. O piloto italiano já acumula 5 vitórias na temporada (Long
Beach, Cleveland, Michigan, Mid-Ohio e Road America). Os piores resultados
foram em Milwaukee e Detroit, onde o italiano ficou fora de combate. Até
Portland a equipe Ganassi vinha alternando boas performances com resultados
medíocres devido a estratégias erradas nas corridas. Zanardi arrumou a casa a
partir de Cleveland, e daí em diante, ninguém mais segurou o italiano. E pelo
ritmo de Zanardi, ninguém deverá impedi-lo de conquistar o título deste ano.
Os
38 pontos de vantagem sobre seu mais direto perseguidor, o brasileiro Gil de
Ferran, já dão a Zanardi a vantagem de correr pelos pontos. Se o italiano
marcar 6 pontos a mais que Gil em Vancouver, e Paul Tracy não conseguir
diminuir sua desvantagem em pelo menos 15 pontos, Zanardi já poderá assegurar
matematicamente o título. Para complicar a situação, o circuito de Vancouver é
um dos mais difíceis da temporada, ao lado de Detroit. Não há pontos favoráveis
de ultrapassagem e quem larga na frente já tem meio caminho andado para vencer
a corrida. Como se trata de um circuito de rua, acidentes são comuns durante a
corrida, o que pode complicar as estratégias de pit stops. Além da performance
nas curvas e retas, o desempenho nos boxes será fundamental para um bom
resultado.
Do
ponto de vista individual, além de Zanardi, outros nomes fortes para tentar a vitória
em Vancouver são Gil de Ferran, e a dupla da PacWest, Maurício Gugelmim e Mark
Blundell. O inglês venceu a prova de Toronto, e foi a maior ameaça a Zanardi em Road America, até
quebrar. Gugelmim está decidido a acabar com o azar e conseguir enfim sua
primeira vitória na categoria. Outro que pode complicar as coisas é o canadense
Greg Moore, que costuma se dar bem em circuitos de rua e já venceu em Detroit. Paul Tracy
e Al Unser Jr. irão depender muito mais do comportamento do chassi Penske, não
tão competitivo em pistas de rua quanto em ovais neste ano. A dupla da
Newmann-Hass, Michael Andretti e Christian Fittipaldi, deverão demonstrar nos
treinos se irão disputar a vitória ou partir para corridas de recuperação.
Resumindo,
mais uma vez a emoção está garantida. Resta saber quem vai ganhar esta corrida.
E quem sabe, faturar o título, ou adiar a conquista para a próxima etapa...
E o Brasil já tem o seu primeiro campeão
internacional em 1997. Zaqueu Morioka faturou o título da F-Ford 2000 americana
no último final de semana, em Watkins
Glen. Zaqueu terminou o campeonato com 205
pontos, contra 197 de Matt Sielsky, o vice-campeão. As duas provas de Watkins
Glen foram vencidas pelo italiano Andrea De Lorenzi. Zaqueu, que disputou o
campeonato pela equipe Hayes Motorsport, é o mais jovem campeão da categoria,
com 18 anos.
Na F-3000 Internacional, deu vitória do
inglês Jason Watt na prova de Spa-Francorchamps. Em segundo lugar ficou o
brasileiro Max Wilson, depois de uma corrida espetacular. Ricardo Zonta levou
umas fechadas desleais do colombiano Juan Pablo Montoya e, com problemas nos
pneus, terminou em 5º lugar. Zonta lidera o campeonato com 29 pontos, 5,5
pontos à frente de Montoya. A próxima etapa é dia 27 de setembro, em Mugello,
na Itália.
A F-3 Sul-Americana disputa neste
domingo a etapa de Rafaela, na Argentina. Bruno Junqueira lidera o campeonato,
sendo seguido por Marcelo Ventre e Gabriel Furlan. Faltando ainda 5 etapas para
encerrar o campeonato após esta corrida, Junqueira é, no momento, o favorito ao
título.
A Indy Lights disputa neste fim de
semana em Vancouver mais uma etapa. As chances de Hélio Castro Neves liquidar a
fatura da luta pelo título nesta etapa, ou pelo menos garantir que o título
seja de um brasileiro, já que Tony Kanaan segue na vice-liderança, são grandes.
Ralf Schumacher já mostrou até agora que
é um piloto muito rápido, bem à semelhança do irmão mais velho, que já é
bicampeão mundial e caminha firme para o tricampeonato. Infelizmente, Ralf já
mostrou também que não tem a mesma cabeça do irmão. Ralf já protagonizou alguns
acidentes feios este ano. Só na Bélgica foram 2 num só dia. Na hora de ir para
o grid de largada, Ralf foi surpreendido pela chuva que desabou sobre a pista
belga e não deu outra: bateu com o carro. Depois, na corrida, já com a pista
bem mais seca, bateu de novo. Enquanto isso, o irmão mais velho vencia a
corrida praticamente de ponta a ponta...
Pedro Paulo Diniz fez sua melhor corrida
na temporada deste ano da F-1. Classificou-se em 8º no grid, e se não fosse um
pit stop desastroso em sua primeira parada, poderia ter tido chances até de
pontuar. Acabou em 8º mesmo, depois de se envolver em um toque de rodas com
Eddie Irvinne, da Ferrari...
Irvinne, por sua vez, não tem moral para
reclamar do que Diniz lhe fez na última volta do GP belga. Em 1993, quando
estreou na F-1, em Suzuka, Irvinne também jogou Derek Warwick fora da pista na
última volta, assegurando o 6º lugar...
Jacques Villeneuve demonstrou em
Spa-Francorchamps uma total incompatibilidade com pisos molhados. Enquanto
Michael Schumacher tomava a ponta e ia-se embora, Villeneuve começou a perder
posições seguidamente. Sem falar em 2 pit stops desastrosos que o jogaram para
a 14ª posição. Se a pista não tivesse secado dificilmente ele chegaria entre os
8 primeiros.
Alguns piadistas dizem ter visto Michael
Schumacher fazendo a dança da chuva antes da largada em Spa. Alguém aí tem
dúvidas quanto ao resultado...?
Mika Hakkinen levou o maior susto da
temporada ao perder uma das rodas traseiras e parte da suspensão em plena reta
Kemmel, em Spa, na aproximação da freada para a curva Les Combes, a quase 300
Km/h. A McLaren bateu forte mas felizmente o finlandês não se machucou...
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