quarta-feira, 30 de março de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - MARÇO DE 2016



            O mês de março já está chegando ao fim, e alguns dos principais campeonatos do mundo da velocidade iniciaram suas disputas, com alguns bons duelos, além de alguns outros acontecimentos fora da pista. Portanto, como é costume ao fim de cada mês, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama do mundo do esporte a motor neste mês de março, no velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Portanto, uma boa leitura para todos...



EM ALTA:

Pipo Derani: Depois de brilhar em sua estréia no automobilismo norte-americano, vencendo as míticas 24 Horas de Daytona, o piloto brasileiro voltou a mostrar do que é capaz e repetiu a dose em outra corrida emblemática das provas de endurance: as 12 Horas de Sebring, disputadas na Flórida, neste mês de março. Mais uma vez, o desempenho de Pipo ao volante do carro da equipe Tequila Pátron, especialmente na parte final da prova, foi determinante para o triunfo da escuderia na corrida. Derani chegou chegando às provas de endurance dos EUA, e mostrou em Sebring que seu triunfo em Daytona não foi sorte de principiante. Os concorrentes terão que ficar ainda mais de olho no jovem piloto tupiniquim que está começando a arrepiar nas terras do Tio Sam.

Jorge Lorenzo: O piloto da equipe Yamaha e atual campeão da MotoGP não poderia iniciar a temporada de 2016 em melhor forma. Lorenzo fez a pole e venceu a prova do Qatar, em Losail, na abertura do campeonato da classe rainha do motociclismo. Para melhorar ainda mais, seu companheiro de equipe Valentino Rossi ficou de fora do pódio, terminando em 4° lugar, e que terá de correr atrás do prejuízo nas próximas etapas. Lorenzo derrotou também Marc Márquez, outro adversário potencialmente perigoso e que nunca pode ser subestimado. Lorenzo já deu início à sua luta pelo tetracampeonato, e mais do que nunca, é o piloto a ser batido. Os rivais que se preparem, do contrário irão comer a poeira do piloto espanhol da Yamaha.

Juan Pablo Montoya: Vice-campeão da Indy Racing League em 2015, perdendo o título para Scott Dixon no critério de desempate de vitórias, o piloto colombiano começou a temporada deste ano do mesmo modo que em 2015: na frente. Montoya venceu a corrida de estréia da Indy em São Petesburgo, na Flórida, e mostrou que está sedento por mais um título. Se ele vai conseguir, é outra história, mas Juan Pablo, que até pouco mais de dois anos atrás era considerado a ter sua vida de piloto encerrada, mostra que a aposta de Roger Penske nele foi mais do que certeira, para azar dos concorrentes. O título pode ter escapado por pouco, mas Montoya averbou seu segundo triunfo na Indy500 em 2015, e podem apostar que ele vai querer novas vitórias nesta temporada.

Sébastien Buemi: O piloto suíço da equipe e.dams segue firme na liderança do campeonato da Formula-E, agora ainda mais depois de ver seu principal rival na luta pelo campeonato, Lucas Di Grassi, perder a vitória na etapa da Cidade do México, onde pelo resultado inicial o brasileiro assumiria a liderança da competição com 10 pontos de vantagem para Buemi. Mas a sorte sorriu para o suíço, e agora ele tem uma dianteira de 22 pontos sobre Lucas, uma diferença que lhe permite correr com muita folga na competição, enquanto o brasileiro terá que correr atrás do prejuízo, algo que é muito provável que não consiga reverter, a menos que Buemi tenha um azar daqueles, abandonando alguma corrida, algo que Sébastien terá de tomar todo o cuidado para não ocorrer. Se no ano passado Buemi perdeu o título para Nelsinho Piquet, este ano, salvo um desastre, ele tem tudo para levantar o caneco da competição dos carros elétricos.

Nico Rosberg: O piloto da Mercedes começou de forma positiva o campeonato de 2016. Apesar de ter perdido para Hamilton em todos os treinos e até na classificação na Austrália, pelo menos conseguiu se manter firme na prova, e estava na posição certa para assumir a liderança da corrida na estratégia das trocas de pneus, e venceu com firmeza, iniciando o ano como líder do campeonato, e ajudando a dar alento à competição, que corria o risco de novamente ser uma disputa de um piloto só. Foi a 4ª vitória consecutiva do piloto alemão, e isso pelo menos prenuncia que Lewis Hamilton terá um trabalho extra nestas etapas iniciais, para tentar assumir a liderança e iniciar sua luta pelo tetracampeonato. Cabe agora a Rosberg aproveitar a chance para mostrar que realmente não está brincando quando fala que vai lutar a fundo pelo título da F-1. Pode ser sua chance derradeira, portanto, melhor que não a desperdice...



NA MESMA:

Equipe Williams: O time de Felipe Massa e Valtteri Bottas chegou à Austrália decidida a mostrar que pretende manter sua 3ª posição na F-1, uma vez que viu ser difícil lutar contra a Ferrari, e menos ainda desafiar a Mercedes pelas vitórias. Até certo ponto, a equipe inglesa conseguiu manter sua posição no campeonato de construtores, mas vai ter vida dura pela frente: Massa não conseguiu lutar contra Daniel Ricciardo na parte final da corrida, e no início, até mesmo a Toro Rosso estava à frente do brasileiro e do finlandês na corrida, e eles só terminaram atrás por furos na estratégia de pneus. Se levarmos em conta que a Force India também decepcionou, isso não oferece um panorama muito entusiasmante para o time de Frank Williams, que promete reagir já no Bahrein, estreando uma nova asa dianteira que promete incrementar o desempenho dos carros. Um ponto positivo, pelo menos, foi que o time não se atrapalhou nas trocas de pneus e até foi condizente na estratégia de corrida no Albert Park, áreas onde o time ficava devendo muito no ano passado. Por outro lado, em nenhum momento Massa ou Bottas tiveram problemas em seus carros, o que evidenciou a falta de ritmo na prova inaugural do campeonato. Massa cruzou a linha de chegada cerca de 58s atrás do vencedor. No ano passado, essa diferença tinha sido de 38s. Um decréscimo de 20s na performance não é muito agradável...

Equipe McLaren: O time inglês está tentando voltar ao topo, mas já sabe que esse caminho será longo e árduo. E, pelo que se viu na Austrália, ainda há muito o que fazer. O motor Honda conseguiu ter um comportamento mais aceitável, mas ainda está devendo potência para poder rivalizar com Mercedes, Ferrari, e até os Renault. Mas, como desgraça pouca é bobagem, o novo chassi MP4/31 mostra que vai demandar muito trabalho também, não sendo tão competitivo como se esperava. Nos treinos no Albert Park, Jenson Button e Fernando Alonso até que conseguiram posições de largada satisfatórias, mas o ritmo de corrida continuou deficiente, com Button terminando fora da zona de pontuação, enquanto Alonso sofreu um pavoroso acidente de onde saiu praticamente ileso, felizmente. O projeto da McLaren e da Honda é a longo prazo, mas na F-1, esse prazo costuma ser abreviado quando as coisas não dão certo. Se é irreal pensar em vitórias, o time certamente espera pontuar regularmente. Mas, se nem isso acontecer, a situação vai ficar feia novamente. Será que a paciência oriental resiste a um novo ano de resultados parcos? A conferir...

Equipe Sauber: O time de Peter Sauber teve uma temporada complicada em 2015 pelo fato de ter tido de usar parte dos patrocínios trazidos por seus pilotos para quitar dívidas de 2014, quando ficou sem conseguir marcar um único ponto. Como consequência, o desenvolvimento do carro do ano passado ficou parado durante vários GPs, perdendo terreno para os outros times melhor capacitados financeiramente. Como o orçamento continuou contado, o carro deste ano perdeu metade dos testes da pré-temporada, e na Austrália, se mostrou incapaz de pontuar, pelo menos na etapa inaugural do campeonato 2016. Felipe Nasr e Marcus Ericsson terão problemas para conseguir marcar pontos nesta temporada, pois a concorrência está bem mais forte e a disputa bem mais acirrada no pelotão intermediário. O time suíço, para piorar, não conseguiu novos patrocínios em relação ao que já tinha, e outro ano de resultados magros só irão reduzir ainda mais o caixa do time no rateio dos lucros distribuídos pela FOM ao fim do ano. Nesse ritmo, o time suíço vai ter de se desdobrar para evitar o pior.

Motores Renault na F-1: Depois de um campeonato desgastante no ano passado, quando sofreu uma saraivada de críticas de sua principal parceira, a Red Bull, pela falta de potência de sua unidade motriz, a Renault fez um grande movimento, recomprando seu antigo time e garantindo sua permanência no grid da categoria, ao mesmo tempo em que continuou garantindo o fornecimento dos propulsores ao time dos energéticos, que os usará rebatizados de "TAG Heuer". Apesar das melhoras realizadas na unidade de potência, que ganhou mais cavalos e fiabilidade, além de melhor dirigibilidade, os franceses ainda estão atrás de Mercedes e Ferrari em todos os aspectos. De volta como time oficial, os franceses já miram a temporada de 2017, portanto, resultados de monta só deverão vir mesmo, imaginem só, da Red Bull, que acertou a mão de seu novo carro, e só precisa de mais cavalaria da unidade de potência francesa para andar forte. Resta saber se a Renault conseguirá proporcionar esse incremento de performance em seu motor.

Força da Penske na IRL: Derrotada na luta pelo título em 2015, o time de Roger Penske não se deixou abater e iniciou 2016 com força total: nos treinos da primeira corrida da temporada, em São Petesburgo, o time praticamente fez os 4 melhores tempos do grid de largada, e só não manteve isso na corrida porque Will Power não pôde correr, sendo substituído por Oriol Servia, que pouco fez na corrida. Mas na prova, a escuderia venceu com Juan Pablo Montoya e ainda fez dobradinha com Simon Pagenaud. E por pouco não dominou todo o pódio: Hélio Castro Neves terminou em 4°, e só não foi 3° porque seus pneus estavam no fim nas últimas voltas, e ele não conseguiu resistir ao duelo com Ryan Hunter-Reay. Será que a Penske mantém essa força toda nas demais corridas do campeonato? Se mantiver, os concorrentes que se cuidem...



EM BAIXA:

Equipe Audi ABT na F-E: O que muitos pareciam não acreditar, aconteceu de novo: depois de uma atuação impecável de Lucas Di Grassi, onde o piloto brasileiro arrancou duas ultrapassagens na raça no circuito Hermanos Rodriguez, na etapa do campeonato da Formula-E na Cidade do México, e venceu de forma incontestável, eis que a escuderia Audi ABT acabou punida de novo, com nova desclassificação do piloto brasileiro, perdendo novamente uma vitória brilhante, como havia acontecido no ano passado na prova de Berlin. Desta vez o motivo da desclassificação foi pelo fato do carro de Lucas estar abaixo do peso em quase 2 Kg, algo que a escuderia simplesmente não soube explicar como aconteceu. Por mais que tenham pedido desculpas a Di Grassi pelo ocorrido, uma segunda falha que resulta na perda de mais uma vitória é algo que preocupa, ainda mais se, a exemplo do que ocorreu no campeonato passado, isso tiver implodido as chances do brasileiro ser campeão nesta nova temporada da categoria.

Nova classificação da F-1: Que a F-1 precisa mudar em alguma coisa para voltar a oferecer um melhor espetáculo, ninguém discute. O problema é quando a categoria resolve mudar algo que, em tese, não estava apresentando nenhum problema para o show. E não é que resolveram inventar justo no treino de classificação? Apesar de ter começado inicialmente bem, o novo sistema, que após um número determinado de minutos começa a eliminar os mais lentos a cada 90s de treino em cada fase dos Qs, acabou apresentando um completo anticlímax justo no Q3, com os pilotos encerrando sua disputa com cerca de 4 minutos de treino ainda pela frente. No sistema adotado até o ano passado, eram justamente nos minutos finais que a maioria dos pilotos dava suas voltas decisivas na tentativa de melhorar seus tempos. Depois disso, os donos das escuderias, que teoricamente deram todo o seu aval para o novo formato de treino, chegaram até a pedir desculpas pelo fiasco, mas pareeu mais jogo de cena, porque ele contiuará sendo usado, pelo menos no Bahrein, agora sob a justificativa de que é preciso "dar uma nova chance" ao novo formato. Como os pilotos também não gostaram da novidade, dá para ver que a F-1 anda esquizofrênica ou retardada: fala que vai mudar para melhor, mas ou dá um tiro no próprio pé ou não enxerga simplesmente o que precisa realmente mudar... E que depois não reclame da falta de interesse do público...

Treinos da F-1 na Globo: Quem ainda tinha alguma esperança de pelo menos ver o treino classificatório da F-1 nas provas da madrugada pode tirar o cavalo da chuva. A emissora exibiu praticamente um "flash" do treino na Austrália, e nem teve tempo ou disposição para mostrar pelo menos um apanhado geral do novo formato de classificação adotado pela categoria máxima do automobilismo. O pior de tudo é ter mostrado exatamente o momento onde o pilotos já tinham desistido de lutar por suas posições, encerrando o treino prematuramente. Quem ainda curte a F-1 precisou recorrer ao SporTV, enquanto a Globo ficou apresentando a sessão de filmes da madrugada que poderia muito bem dar lugar à F-1 sem fazer maiores traumas na grade. Depois a emissora vem reclamar da falta de audiência? Não é mole, não? Chega a ser ridículo, isso sim...

Max Verstappen: O piloto-sensação da temporada passada na F-1 mostrou sua força na Austrália, na prova inaugural da temporada 2016 da categoria. Mas mostrou também um lado decepcionante, ao reclamar insistentemente pelo rádio para que o time fizesse seu companheiro de equipe, Carlos Sainz Jr., sair de sua frente, acusando-o depois de ter estragado sua corrida. Ora bolas, o trabalho de Verstappen, como piloto, é ultrapassar o pilotos na pista, seja como for, e só porque não conseguiu passar o companheiro, começou a reclamar no rádio. Pois que passasse e fim de papo. Se não conseguiu, problema dele. A Toro Rosso não disputava nenhuma vitória ou título, e portanto, não havia nada que justificasse ceder a posição. Se estivesse mesmo mai rápido, como afirmou, e até estava, que o ultrapassasse e pronto. Ele até tentou, mas quase acabou com a corrida de ambos, ao tocar na roda traseira de Sainz Jr. e rodar. A adulação ao jovem piloto holandês parece tê-lo deixado meio cheio de si, esquecendo que ninguém tem obrigação de lhe dar passagem na pista. E claro, o público não gosta de pilotos reclamões assim. Verstappen corre o risco de queimar sua imagem rápido dessa maneira...

Declarações comprometedoras de comissários de pista da CBA: Que o automobilismo nacional não anda lá essas coisas, ninguém discute. Que a CBA atualmente pouco ou nada faz para fortalecer o esporte a motor tupiniquim, é outro consenso. Mas tudo só piora quando conversas entre dois comissários de pista que sugerem um clima de perseguição a alguns pilotos veem a público e colocam em xeque a lisura que estes profissionais deveriam ter, sugerindo que punições de caráter duvidoso foram aplicadas nestes últimos anos com o intuito deliberado de prejudicar certos pilotos, entre eles Cacá Bueno, que não engoliu a punição que o levou a ser suspenso de uma etapa no campeonato da Stock Car no ano passado, que acabou sendo determinante para a perda do título da categoria, que ele disputava. A CBA, claro, afastou ambos os profissionais, e iniciou uma investigação para apurar os fatos. Mas, alguém em seu perfeito juízo acha que isso vai dar em alguma coisa? O clima de corrupção que grassa nosso país vem de longe, e ele está em muitas esferas, especialmente na cartolagem esportiva, que já passou do tempo de ser investigada a fundo  e passada a limpo. E por mais que a CBA diga o contrário, episódios como esse só ajudam a denegrir ainda mais a imagem da entidade, que nos últimos tempos nunca foi das melhores, a exemplo do que anda acontecendo na CBF em relação ao futebol...

 



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