quarta-feira, 9 de março de 2016

ESPECIAL INDY RACING LEAGUE 2016



            Hora de começar a acelerar pra valer nos campeonatos do mundo do esporte a motor. Neste domingo é a vez da Indy Racing League, a Indycar, dar sua largada para o mundial de 2016, com a disputa de sua etapa inaugural, no já conhecido circuito urbano de São Petesburgo, no Estado da Flórida. E para deixar o pessoal por dentro do que esperar da categoria este ano, eis uma matéria especial sobre a competição, com as perspectivas de disputa do campeonato, as novidades do calendário, além da lista completa de pilotos e equipes que estarão na pista em busca do melhor resultado possível. Novamente, teremos dois pilotos brasileiros na pista, e na lista de favoritos ao título. Uma boa leitura a todos, e que venha a bandeira verde...


IRL 2016

Campeonato promete manter grande equilíbrio na luta pelo título entre os times grandes da categoria.

Adriano de Avance Moreno

A Indycar 2016 prepara-se para acelerar fundo a partir deste domingo.
            O campeonato 2016 da Indy Racing League - Indycar começa neste final de semana, com a corrida nas ruas de São Petesburgo, no Estado da Flórida, Estados Unidos. Na pista, deveremos ver novamente o embate entre as poderosas Penske, Ganassi e Andretti pelo título da categoria, enquanto os times menores continuarão a abocanhar algumas vitórias aqui e ali, e com um pouco de sorte e muita competência, desafiar os favoritos e contribuir para um campeonato mais equilibrado e disputado.
            No ano passado, vimos um pouco disso, quando Graham Rahal, da equipe de seu pai, a Rahal/Letterman/Lanigan, chegou perto da disputa do título até a última corrida, dando pinta de que poderia surpreender na disputa entre Penske e Ganassi. Por fim, Scott Dixon, com o triunfo de Sonoma, levou a taça no critério de desempate por vitórias contra Juan Pablo Montoya. Rahal capitulou e terminou o certame em 4° lugar, com 490 pontos, contra os 556 de Dixon e Montoya, e apenas 3 pontos atrás de Will Power. Em compensação, superou Hélio Castro Neves, Tony Kanaan, e todos os pilotos da Andretti na competição, o que não é de se desprezar.
            Mesmo com o maior equilíbrio promovido pela categoria, onde os chassis são iguais para todos, desde 2003 os títulos na IRL tem ficado monopolizado pelas escuderias Chip Ganassi, Andretti, e Penske. A Ganassi é a maior vencedora, com 7 títulos de 2003 para cá, seguida pela Andretti, que averbou 4 títulos, enquanto a Penske venceu apenas 2 campeonatos. O último time a vencer na categoria fora deste trio foi a Panther, em 2002, com Sam Hornish Jr., mas era um momento diferente do atual. A entrada no certame dos times que disputavam a Fórmula Indy original (chamada à época de Champ Car, ou Fórmula Mundial, no Brasil), acabou com a "festa" dos times originais do certame fundado em 1996 por Tony George. A competição com as escuderias mais estruturadas da categoria original levou ao enfraquecimento e/ou desaparecimento dos times que venceram os primeiros campeonatos. Destes, sobrou apenas a Foyt Enterprises, que foi campeã em 1998 com o sueco Kenny Brack, e dividiu o primeiro título da competição em 1996 com Scott Sharp, e a equipe Bradley Motorsports, com o piloto Buzz Calkins. A Panther fechou as portas há dois anos, enquanto times como a Menard e a Hemelgarn sumiram do mapa.
Tetracampeão da categoria, Scott Dixon é o homem a ser vencido. E para os saudosistas, a Ganassi revive no carro do neozelandês o visual de pintura que seus carros tinham nos tempos da F-Indy original, entre 1996 e 2000.
            Este ano não deverá ser muito diferente. Penske, Ganassi e Andretti continuam a ser as escuderias mais estruturadas, e devem quase monopolizar a disputa pelo título. O que não quer dizer que não haja chances de surgirem intrometidos na disputa pelo caneco, como aconteceu no ano passado com Graham Rahal. Para felicidade geral dos torcedores, nenhuma das 3 maiores escuderias conseguiu competir com força total no ano passado, e nada impede que isso não se repita nesta temporada. Depois de conquistar o título em 2014, a Penske ampliou sua operação na categoria, competindo com 4 carros durante todo o campeonato de 2015, mas apenas Juan Pablo Montoya seguiu firme na luta até a corrida final, com os demais pilotos do time de Roger Penske ficando a desejar em boa parte da temporada. No time de Chip Ganassi, Scott Dixon aparecia pouco cotado na maior parte do ano, mas conseguiu reagir no final da disputa, para levar o seu 4° título literalmente empatado em pontos com Montoya, ganhando a competição por ter uma vitória a mais do que colombiano. E nem é preciso recordar que a Andretti em nenhum momento se firmou como séria candidata ao título da competição no ano passado.
            Esta é a esperança de times de menor estrutura e poder econômico de equilibrarem as forças e fazerem a disputa ser mais equilibrada. Há algumas temporadas, Tony Kanaan quase entrou na disputa com a KV Racing na luta pelo título, surpreendendo a todos em seu primeiro ano no time, o que ajudou a empolgar o campeonato. Lógico que ele não conseguiu, mas a disputa foi boa. Times como a KV, a Schmidt Peterson, a Carpenter, e a Rahal/Letterman/Lanigan podem acertar a mão e complicar a vida das favoritas na disputa. No ano passado foram 9 pilotos diferentes a vencerem corridas em um total de 16 provas, e o maior vencedor foi justamente Scott Dixon, o campeão, com 3 vitórias. Sete times venceram corridas, e apenas dois deles viram mais de um de seus pilotos vencerem: Penske e Andretti. E para este ano, a disputa tem tudo para ser ainda mais renhida na pista e entre os times.
Hélio Castro Neves e Will Power são fortes candidatos ao título. Power busca o bicampeonato, enquanto Helinho ainda precisa desencantar de vez. Mas uma 4ª vitória na Indy500 seria mais do que bem-vinda...
            Mas a disputa promete ser brava. A Penske tem o conjunto de pilotos teoricamente mais forte: Will Power, Juan Pablo Montoya, Hélio Castro Neves e Simon Pagenaud, se estiverem em sua melhor forma, são pilotos extremamente difíceis de serem batidos na pista, mas o time de Roger tem que caprichar mais em algumas estratégias, e contar com um pouco de sorte, para fazer seu potencial total deslanchar e despachar os concorrentes, o que não se viu em 2015, ao contrário de 2014. Da mesma maneira, o time de Chip Ganassi também precisa acertar todos os detalhes da complicada equação de competição a fim de aflorar todo a sua força, o que não foi conseguido muito bem no ano passado, onde apenas Dixon conseguiu entrar firme na luta pelo título. No time da Andretti Autosport, Ryan Hunter-Reay já mostrou do que é capaz, mas Marco Andretti, em que pese estar mais maduro e mostrando melhores performances, ainda é muito mais visto como "filho" de Michael Andretti, o dono do time, do que como piloto de ponta. Carlos Muñoz, por sua vez, ainda é visto como talento em potencial, que pode crescer muito mais ainda.
            Nos testes realizados na pista oval de Phoenix, Hélio Castro Neves ficou com o melhor tempo no cômputo geral, mas Marco Andretti também andou bem forte, demonstrando, pelo menos naquele circuito, que a Andretti poderá dar trabalho para a Penske. Todos os pilotos que treinaram conseguiram fazer tempos com diferença inferior a 1s do mais lento para o mais rápido, o que se poderia entender como um bom equilíbrio na tabela de performance, mas Phoenix é um circuito oval curto, de apenas uma milha, onde as voltas são completadas em cerca de 20s, e nessa proporção, é normal que a diferença de tempos seja bem menor. E, assim como nos testes da F-1, os tempos obtidos não dão uma idéia verídica da proporção de forças entre os times para o campeonato.
            A Honda ganhou permissão da direção da Indycar para efetuar melhorias adicionais em seus aerokits, ao contrário da Chevrolet, que não teve a mesma regalia oferecida aos japoneses. Mesmo assim, a fábrica americana mostrou que ainda possui um equipamento ligeiramente superior ao concorrente. Mas a disputa promete ser feroz, e até mesmo no visual os aerokits tanto de Honda quanto da Chevrolet ficaram até similares no visual. Os kits receberam reforços estruturais para não ficarem perdendo peças à toa como aconteceram em algumas etapas do ano passado, quando os toques dos pilotos nos carros adversários proporcionaram perdas de alguns dos componentes, que caíram na pista e exigiram intervenção do safety car para limpeza do traçado. Mas ainda não será neste ano que os aerokits serão unanimidade: Scott Dixon, o atual campeão, acha o novo equipamento desnecessário, e afirma que eles tornaram as ultrapassagens mais difíceis por produzir um fluxo de ar mais "sujo", que prejudica o carro que vem atrás. Na opinião do neozelandês, o dinheiro gasto nestes aerokits poderia ter sido melhor gasto se aplicado em outras áreas.
Alexander Rossi manteve sua posição de reserva na Manor na F-1, mas como seguro morreu de velho, ele vai acelerar na IRL 2016 pela equipe de Michael Andretti.
            Na pista, o campeonato Indy terá alguns novos pilotos, entre eles dois nomes que passaram pela F-1 recentemente: Max Chilton, depois de amargar correr com a carroça da equipe Manor/Marussia e ficar sem condições financeiras de se manter na categoria máxima do automobilismo, migrou para os Estados Unidos, e vai disputar a temporada da IRL por um dos melhores times da categoria, a Chip Ganassi. E nos testes realizados até agora, o piloto britânico mostrou que não veio apenas para preencher um lugar no grid, prometendo acelerar forte na pista. Outro nome que irá estrear na categoria é Alexander Rossi, piloto americano que amargou competir pela Caterham na F-1, e que agora integra o quarteto de pilotos do time de Michael Andretti na competição.
            Um sobrenome famoso no automobilismo mundial irá compor o grid da categoria neste ano: Matthew Brabham, neto do lendário tricampeão de F-1 Jack Brabham, vai disputar corridas pela KVSH Racing, mas o acordo, por enquanto, é válido apenas para as primeiras etapas da competição, e Matthew dependerá de arregimentar mais apoio financeiro se quiser permanecer na categoria. Por contenção de gastos, o time de Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven terá apenas um carro fixo durante todo o campeonato, que será guiado pelo francês Sebastien Bourdais, que terá atenção total do time, que já chegou a correr com 4 carros há algum tempo atrás, num sinal de que a crise financeira também bate à porta da categoria de monopostos americana.
            O time de Ed Carpenter desfez sua associação com o time de Sarah Fischer, e Carpenter, como de costume, irá disputar apenas as provas em pistas ovais, ficando o restante das corridas em pistas mistas e de rua com Josef Newgarden ao volante do carro. E a Dale Coyne, menor time do grid, trocou toda a sua dupla de pilotos, apostando nos nomes de Bryan Clauson e Connor Daly, e ainda contará com Luca Filippi para tentar ir mais longe do que tem conseguido ultimamente. A Foyt Enterprises manteve sua dupla de pilotos, com Jack Hawksworth e Takuma Sato. E a Dreyer & Reinbold está de volta à competição, pelo menos para a Indy500, onde terá um carro para Sage Karan, ex-Ganassi, disputar a corrida. O time do ex-piloto Brian Herta uniu forças com o de Michael Andretti, o que possibilitou o 4° carro do time, que ficou com Alexander Rossi. Outro nome novo no grid será Spencer Pigot, que será companheiro de Graham Rahal no time Rahal/Letterman/Lanigan. E, pelo seu lado, a escuderia de Sam Schmidt continuará com James Hinchcliffe e agora terá o reforço de Mikhail Aleshin, que retorna ao grid da Indy.
Josef Newgarden fez um bom campeonato em 2015, e tem boas perspectivas para este ano. Piloto continuará defendendo o time de Ed Carpenter, que disputará novamente apenas as provas em ovais.
            O campeonato de 2016 será um pouco mais longo do que o do ano passado, pelo menos em tempo. Continuam a ser 16 corridas, sendo que Detroit continua, a exemplo de 2015, como única rodada dupla da competição, com as provas marcadas para uma semana depois das 500 Milhas de Indianápolis. A Indy 500 deste ano, aliás, será especial, pois será a edição número 100 da mais famosa corrida do continente americano, disputada pela primeira vez em 30 de maio de 1911, e vencida por Ray Harroun. Indianápolis continuará a ter sua prova disputada no circuito misto que já abrigou a F-1 na década passada, marcada para duas semanas antes das 500 Milhas.
            Entre as novidades do calendário, a mais esperada de todas é a entrada de Elkhart Lake no calendário da Indy Racing League. A prova de Road America sediou pela última vez uma corrida Indy em 2007, quando fazia parte do calendário da F-Indy original, e foi vencida por Sébastien Bourdais, então competindo pela equipe Newmann-Hass-Lanigan. Depois de muitas negociações, a direção da Indycar finalmente conseguiu trazer para sua competição aquele que é considerado o melhor circuito misto dos Estados Unidos, para alegria de pilotos e equipes que já tiveram a chance de competir lá. Aliás, apenas as equipes Penske, Andretti, Ganassi, Rahal, Foyt e Dale Coyne correram nesta pista na categoria original. Entre os pilotos, Hélio Castro Neves, Tony Kanaan, Sébastien Bourdais, Scott Dixon e Ryan Hunter-Reay são os únicos que já competiram na pista de Elkhart Lake, quando corriam na F-Indy original. E todos eles estão mais do que ansiosos para retornarem ao circuito. A corrida está marcada para o dia 26 de junho.
A grande novidade da temporada é a estréia da pista de Road America, em Elkhart Lake, no calendário da IRL. É o melhor circuito misto dos Estados Unidos, e era um dos favoritos dos fãs na F-Indy original.
            Outra novidade é o retorno da pista oval de Phoenix, capital do Estado do Arizona, ao calendário da Indy Racing League. O circuito estava fora da competição há praticamente uma década, tendo sua última prova disputada em 2005. Mas, se o Phoenix International Raceway está de volta, a pista oval de Fontana, o California Speedway, pulou fora do calendário. Embora tenha tido uma corrida disputadíssima em 2015, a péssima promoção da prova provocou uma cena ridícula de público tremendamente baixo nas arquibancadas, que gerou um grande prejuízo, e o abandono da competição para esta temporada. E, infelizmente, o circuito oval de Milwaukee também caiu fora do calendário, gerando outra baixa nas pistas ovais da categoria.
            O circuito de Nova Orleans infelizmente não conseguiu cativar ninguém no ano passado, para não mencionar que a chuva que caiu durante todo o fim de semana proporcionou uma corrida pífia, com mais tempo em bandeira amarela do que em disputa direta, e em um circuito misto, onde isso deveria ter menos efeitos. Mas o calendário ganhou um novo circuito de rua, em Boston, que será a penúltima prova da temporada, a ser disputada no dia 04 de setembro, onde se espera pelo menos que a pista seja bem melhor do que o último circuito de rua novato a integrar o calendário, em Baltimore, que não deixou ninguém com saudades. No total, teremos apenas 5 pistas ovais na competição: Phenix, Indianápolis, Iowa, Texas, e Pocono, sendo esta a única prova de 500 milhas do calendário além da Indy 500. Teremos 4 pistas em autódromos mistos: Road America, Alabama, Mid-Ohio e Infineon. O restante serão circuitos de rua: Detroit, Toronto, Long Beach, Boston e São Petesburgo.
            A transmissão da categoria nas TVs americanas continua dividida entre a ABC, CNBC, e a NBCSN, canal pago que exibirá a maioria das etapas do campeonato.
            As corridas da Indy500 e a prova de encerramento do campeonato, em Sonoma, permanecem com a pontuação dobrada, a exemplo do ano passado. Tentando aumentar a eficiência, o recurso do push-to-pass este ano terá um incremento de mais 20 Hps na potência disponibilizada, o que deve aumentar o número de ultrapassagens efetuadas com o sistema, dependendo de como for usado pelos participantes em disputa. A categoria continuará tendo apenas uma marca de pneus, os Firestone. Chevrolet e Honda continuam a ser os fornecedores de motores para os times da competição.
A pista de Infineon, em Sonoma, na Califórnia, continua a encerrar o campeonato da categoria. E continuará tendo pontuação dobrada.
Prova mais tradicional do calendário, as 500 Milhas de Indianápolis serão mais do que especiais este ano, com a disputa da 100ª edição da corrida, disputada pela primeira vez em 1911. Quem terá a honra de vencer na Brickyard Line este ano?
 
PILOTOS E EQUIPES DO CAMPEONATO:

EQUIPE
PILOTOS
MOTOR
Penske Racing Team
Will Power
Hélio Castro Neves
Juan Pablo Montoya
Simon Pagenaud
Chevrolet
Chip Ganassi Racing
Scott Dixon
Max Chilton
Tony Kanaan
Charlie Kimball
Chevrolet
Andretti Autosport
Ryan Hunter-Reay
Marco Andretti
Alexander Rossi
Carlos Muñoz
Honda
Foyt Enterprises
Jack Hawksworth
Takuma Sato
Honda
KVSH Racing
Sebastien Bourdais
Matthew Brabham (*)
Chevrolet
Dreyer & Reinbold Kingdom Racing
Sage Karan (**)
Chevrolet
Rahal/Letterman/Lanigan
Graham Rahal
Spencer Pigot (*)
Honda
Schmidt Peterson
Mikhail Aleshin
James Hinchcliffe
Honda
Ed Carpenter Racing
Ed Carpenter (ovais)
Josef Newgarden
Chevrolet
Dale Coyne
Bryan Clauson
Connor Daly
Luca Filippi
Honda
(*) = Participação apenas em algumas provas.
(**) = Participação apenas nas 500 Milhas de Indianápolis

CALENDÁRIO DA INDY RACING LEAGUE 2015:

DATA
PROVA
TIPO DE CIRCUITO
13.03
GP de São Petesburgo
Urbano
02.04
GP de Phoenix
Oval
17.04
GP de Long Beach
Urbano
24.04
GP do Alabama
Misto
14.05
GP de Indianápolis
Misto
29.05
500 Milhas de Indianápolis
Oval
04.06
05.06
GP de Detroit (*)
GP de Detroit (*)
Urbano
Urbano
11.06
GP do Texas
Oval
26.06
GP de Road America
Misto
10.07
GP de Iowa
Oval
17.07
GP de Toronto
Urbano
31.07
GP de Mid-Ohio
Misto
21.08
500 Milhas de Pocono
Oval
04.09
GP de Boston
Urbano
18.09
GP de Sonoma
Misto

(*) = Rodada dupla

TONY KANAAN E HÉLIO CASTRO NEVES EM 2016

Tony Kanaan segue firme na Chip Ganassi, mas precisa desencantar para sair da sombra de Scott Dixon.
            Por mais uma temporada, teremos apenas uma dupla de pilotos brasileiros na categoria de monopostos norte-americana. Tony Kanaan segue firme na Ganassi, assim como Hélio Castro Neves continua guiando para a Penske, e já é o recordista de participações em campeonatos defendendo a escuderia de Roger Penske, que comemorou neste mês de fevereiro nada menos do que 50 anos de fundação. Mas ambos terão de suar bem mais o macacão se quiserem almejar o título da competição. Se ambos estão em equipes de ponta, e teoricamente são talentosos e veteranos da categoria, eles certamente precisarão cumprir uma temporada melhor do que a do ano passado.
            Tanto Hélio quanto Tony passaram em branco no campeonato de 2015 no que  tange a vitórias. Helinho ainda largou 4 vezes na pole-position, mas enquanto ele viu seu companheiro de equipe Juan Pablo Montoya perder o título pelo critério de desempate de vitórias, o brasileiro terminou o campeonato "apenas" na 5ª posição, com 453 pontos, enquanto Montoya averbou 556. Em outras palavras, Hélio marcou pouco mais de 100 pontos a menos que o colombiano, que até dois anos atrás ainda era considerado uma dúvida em seu retorno às competições Indy. Will Power, por sua vez, foi o 3° colocado, com 493 pontos, 40 a mais que o brasileiro. A situação de Hélio só não foi pior na Penske porque a nova contratação da escuderia, o francês Simon Pagenaud, não conseguiu mostrar em seu novo time a mesma eficiência que demonstrou nas temporadas anteriores, tendo terminado o ano apenas em 11° lugar, com 384 pontos. Os melhores resultados de Hélio foram 3 segundos lugares e 2 terceiros lugares. Montoya venceu duas vezes, uma delas nas 500 Milhas de Indianápolis, e Power ainda faturou mais uma corrida. Para Hélio, piloto da Penske desde o ano 2000, isso só demonstra que o brasileiro falhou em suas pretensões no campeonato de 2015.
            Por outro lado, a campanha de Tony Kannan também não foi muito melhor. Já bem adaptado à equipe Ganassi, Tony viu o companheiro Scott Dixon levar o campeonato no critério de desempate com Montoya, marcando os mesmos 556 pontos do colombiano, mas faturando o caneco por vencer 3 provas, 1 a mais do que o piloto da Penske. Mas Kanaan foi apenas 8° colocado no campeonato, com 431 pontos, e ainda perdeu no critério de desempate para Josef Newgarden, que tendo os mesmos 431 pontos do baiano, ficou classificado em 7° por ter vencido duas corridas. Os melhores resultados de Tony foram dois segundos lugares e um terceiro. Com mais de 120 pontos a menos do que Dixon, que foi campeão, Tony tem obrigação de fazer melhor nesta temporada. O brasileiro é considerado um dos melhores pilotos da categoria, é extremamente técnico e veloz, e já mostrou capacidade de levar carros limitados a boas colocações, mas 2015 não foi o ano em que ele despontou na Ganassi, mais uma vez. Mas também não foi um campeonato ruim. Os outros pilotos da Ganassi, Charlie Kimball e Sage Karan, também não tiveram o que se orgulhar da temporada do ano passado. Kimball foi o 12° colocado, com 372 pontos, enquanto Karan terminou o ano num irrisório 20° posto, com meros 197 pontos, e dispensado pela escuderia para este ano, sendo contratado pela Dreyer & Reinbold.
Hélio Castro Neves marcou o novo recorde extra-oficial da pista de Phoenix, no Arizona. Agora precisa ser rápido assim durante toda a temporada se quiser ser campeão.
              Tanto Tony quanto Hélio seguem motivados e empenhados em fazer de 2016 um ano muito melhor do que 2015. Mas a parada, como de costume, promete ser árdua e difícil. O equilíbrio da categoria é forte, e pequenos deslizes costumam ser fatais, de modo que quem tiver menos problemas terá melhores dias na competição. E Tony e Hélio tiveram alguns azares que não puderam evitar na temporada passada. O empenho em tentar evitar estes infortúnios deverá ser redobrado neste ano, pois a concorrência será acirrada como nunca. Helinho tem companheiros muito fortes na Penske, de talento mais do que comprovado, e se baixar sua guarda, pode ser facilmente superado por eles, situação que não será nem um pouco agradável. Do mesmo modo, Tony tem o atual campeão Scott Dixon a seu lado na Ganassi, e bater o neozelandês não será tarefa das mais fáceis. Por outro lado, o brasileiro terá menos concorrência interna, uma vez que Charlie Kimball não tem se mostrado páreo para ele, do mesmo modo como Max Chilton, em tese, não deve ser problema para ser superado na pista.
            Com relação à transmissão da categoria para o Brasil, o Grupo Bandeirantes continuará exibindo as provas, mas o público amante da Indy certamente terá de ver as etapas cada vez mais transmitidas pelo canal pago Bandsports. A transmissão das corridas no canal aberto da Bandeirantes só está mesmo garantida para as 500 Milhas de Indianápolis. Mesmo as provas que não conflitam com o horário do futebol não estão garantidas de serem exibidas na emissora aberta, e até mesmo os compactos das corridas devem ser mostrados nos horários mais inconvenientes para o público fã da categoria que não tem acesso ao canal pago Bandsports. Até mesmo a divulgação da categoria está sendo pífia nos canais do grupo, tanto aberto quanto pago, o que certamente não ajuda a elevar a audiência.
            A emissora divulgou que Téo José e Celso Miranda farão a narração das provas, dependendo dos compromissos de cada um. Miranda deverá fazer a narração das provas do Bandsports, enquanto Téo ficaria com as corridas que porventura vierem a ser transmitidas no canal aberto, mas essa regra não será exatamente fixa. Felipe Giaffone segue como comentarista da emissora das provas da categoria. E, a rigor, a única prova que deverá ser transmitida in loco será a Indy500, não apenas por ser a prova mais importante do calendário, mas por este ano ser a 100ª edição da corrida. Todas as demais corridas serão transmitidas do estúdio da emissora, no Morumbi, em São Paulo.
A pista de Pocono manteve-se no calendário, e ao lado de Indianápolis, compõe a dupla de provas de 500 milhas da competição.

Juan Pablo Montoya bateu na trave em 2015, mas venceu a Indy500 pela segunda vez, e é sempre um piloto a ser respeitado na pista.

Ryan Hunter-Reay continua firme na equipe Andretti, e pode vir forte no campeonato, assim como Marco Andretti.

Graham Rahal complicou a vida dos favoritos ao título no ano passado, e promete repetir a dose em 2016. O aviso está dado!
 

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