Acabou
a espera! Neste fim de semana a Fórmula 1 volta à pista para o início da
disputa de seu campeonato de 2016, e para situar o leitor sobre o que poderemos
esperar da temporada deste ano, quais são algumas das novidades, o calendário,
os pilotos, e o que as escuderias poderão fazer, é hora de uma matéria especial
sobre o assunto. Uma boa leitura a todos, e que venha o sinal verde. É hora da
F-1 acelerar com tudo novamente!
F-1 2016: TODOS CONTRA LEWIS
HAMILTON
O mais novo
tricampeão da categoria máxima do automobilismo vai em busca do 4° título, mas poderá
enfrentar uma oposição mais acirrada nas pistas.
Adriano de Avance Moreno
Vai começar a Fórmula 1 2016. Novo domínio da Mercedes, ou teremos mais disputas? |
A
Fórmula 1 vai começar mais um campeonato, e neste início de competição, a
pergunta que todos fazem é: quem vai derrotar o atual campeão, Lewis Hamilton,
e levar a taça deste ano? As respostas, infelizmente, não sugerem um panorama
muito diferente dos dois últimos campeonatos, que foram vencidos pelo piloto
inglês. A Mercedes tem tudo para ser novamente o time a comandar o mundial, e
as esperanças ficam nas chances de Nico Rosberg conseguir se impor e dificultar
a disputa pelo título com o piloto inglês, que certamente vai em busca do
tetracampeonato da categoria. A Mercedes declarou que deixará seus pilotos com
mais liberdade para duelarem na pista, mas resta saber quem irá dar as cartas
na disputa. No ano passado, Hamilton deixou poucas chances a Rosberg de sonhar
com a conquista do tão sonhado título, e o alemão poucas vezes se mostrou páreo
para Lewis durante o campeonato. Só nas últimas corridas Nico pareceu muito
mais forte e combativo, mas aí Hamilton já havia fechado matematicamente a
disputa. Se Rosberg iniciar o campeonato deste ano da mesma maneira como
encerrou 2015, o inglês pode ter problemas para conquistar seu 4° título
mundial. E será que ele vai reagir bem a isso? Há quem aposte que o tricampeão
pode se desestabilizar, enquanto outros dizem que, mais maduro e experiente,
Lewis partirá para o duelo com todas as forças e terá condições de fazer um
grande e disputado campeonato. Quem viver verá.
A
Ferrari aparece novamente como a grande concorrente do time alemão, mas fica a
dúvida se realmente conseguirá se impor no duelo pelo título da competição. O
novo carro nasceu bom, rápido, e com muito potencial de desenvolvimento. O
problema é que esqueceram de combinar com os alemães, cujo novo carro 2016
parece inquebrável e muito mais veloz do que todos viram nos testes da
pré-temporada. Mas ninguém sabe exatamente quão atrás o novo carro dos
italianos está. Pode ser muito, ou pode ser pouco, e neste último caso, talvez
possamos ver a esquadra rossa realmente complicar as coisas para a dupla da
Mercedes.
Nico Rosberg promete endurecer a disputa com Lewis Hamilton pelo título. Falta combinar com o tricampeão. Podem sobrar faíscas na pista... |
O
ponto positivo da competição é que a briga do pelotão do meio e de trás tem
tudo para ser bem complicada. Mesmo os times que se candidatam ao posto de 3ª
força não estão com sua situação garantida como esperam, e os duelos podem ser
ferrenhos entre todos eles. Bom para os torcedores, que poderão assistir a
algumas brigas que poderão ser bem empolgantes, e quem sabe, compensar a
possível monotonia de disputa pelas primeiras posições, teoricamente reservadas
entre Mercedes e Ferrari. Até mesmo a Manor andou exibindo um desempenho
razoável nos testes, dando a impressão de que poderá competir em um ritmo mais
decente, e não ser apenas a eterna retardatária das corridas.
Teremos
também um novo time, a Hass, dos Estados Unidos, que chega com muito boa
vontade, e um planejamento digno para estrear com o pé direito na categoria
máxima do automobilismo, e quem sabe, ser uma das surpresas da temporada. Há
também uma nova prova no calendário, e algumas mudanças nas regras da
competição, que podem dar algum alento a quem espera um mundial um pouco menos monótono
e mais disputado. Entre as mudanças de regras, está a proibição severa de
informações que ajudem o piloto na sua condução do carro. A FIA promete
marcação cerrada nas comunicações, e quem receber dados de ajuda na pilotagem
vai ser enquadrado pela entidade e punido. A intenção é dar ao piloto mais
controle sobre sua condução de corrida, e evitar que ele fique apenas seguindo
instruções dos engenheiros. Isso deverá ajudar os pilotos com maior capacidade
de improvisação e pilotagem, uma vez que terão de resolver sozinhos qualquer
problema que surgir na pista, como era feito antigamente, quando os pilotos só
tinham as placas dos boxes como meio de comunicação com seus times. Quaisquer
informações de ajuda agora estão proibidas. Estão liberadas, claro, comunicações
informando sobre problemas críticos no carro, na pista, ou no carro de um
competidor, por motivos de segurança, bem como solicitar para entrar no box
para o caso de abandono ou problemas no carro. Informações comunicadas pelos
comissários ou direção da prova não entram na proibição. Isso pode abrir margem
para erros do piloto que não souber gerenciar a situação de corrida, o que deve
tornar as corridas menos previsíveis, e quem sabe, mais disputadas.
Os
treinos de classificação, e a escolha dos pneus também sofreram mudanças, como
poderão conferir a seguir. E alguns times, como Ferrari e Red Bull, começam a
estudar a idéia das estruturas de proteção para a cabeça do piloto, em conjunto
com a FIA, que deve se pronunciar oficialmente sobre a adoção do sistema em
breve para ser implantado. A Ferrari chegou a treinar um pouco em Barcelona com
seu novo SF16-H equipado com um "anel" em volta da cabeça do piloto,
tentando antecipar as expectativas de uso do novo equipamento de segurança, enquanto
a Red Bull, por sua vez, apenas fez esboços de uma idéia similar, mas
diferente.
Confiram
agora um pouco do que teremos na F-1 nesta temporada:
PNEUS: ESCOLHA LIVRE PODE TRAZER SURPRESAS
A Pirelli vem com novos pneus, e pilotos e equipes agora escolherão a maioria dos compostos para o fim de semana, o que deve levar a uma maior variedade de estratégias. |
No
que tange aos pneus, o regulamento mudou este ano. Apesar de exigir o uso de
dois compostos diferentes de pneus durante a corrida, como vem sendo feito nos
últimos anos, nesta temporada haverá mais escolhas à disposição das equipes. A
Pirelli fornecerá 3 tipos de compostos aos times, e não apenas mais dois, como
era feito até 2015. Destes 3 tipos, o piloto deverá utilizar pelo menos 2 deles
na prova, mas a grande novidade é que, ao invés da fornecedora de pneus
escolher os tipos de compostos, essa escolha agora, em sua maioria, é das
escuderias e de seus pilotos.
Cada
piloto terá 13 jogos para o fim de semana, e destes, ele poderá escolher os
compostos de 10 jogos. Os 3 jogos restantes serão escolhidos pela Pirelli e a
FIA. Com mais uma opção de pneus, e ficando essa escolha agora a seu critério,
para quais serão utilizados na corrida, deverá haver uma maior variação de
estratégias dos times e dos pilotos, dependendo do comportamento dos carros de
circuito para circuito. Dos 3 jogos que serão escolhidos pela Pirelli e a FIA,
um deles será o composto mais macio fornecido para o GP em questão, enquanto
dos outros dois tipos de compostos, o piloto deverá escolher qual será usado na
corrida, tendo de escolher apenas um deles.
Um
problema adicional nesta nova regra, e que pode bagunçar ainda mais a
estratégia é que os compostos terão de ser escolhidos muito antes do próprio
GP. Assim, todos os times e pilotos já tiveram de fazer suas escolhas para a
prova da Austrália há várias semanas atrás, e no caso de alguns times, ao
conhecerem os compostos apenas nos treinos da pré-temporada, surgiu o temor de
terem feito escolhas potencialmente equivocadas, uma vez que os novos pneus da
Pirelli tem comportamento diferente dos compostos de 2015, dado que as
escuderias só conseguiram apurar a fundo nos testes de Barcelona.
Outra
novidade é que a Pirelli fornecerá 5 tipos de pneus, não mais 4. Serão eles o
ultramacio, supermacio, macio, médio, e duro. E cada um tem um comportamento e
durabilidade diferentes, com performances também distintas. O número de pit
stops deverá aumentar, e cada piloto terá de iniciar a corrida com o composto
utilizado para marcar o melhor tempo no Q2 da classificação. Para as quatro
primeiras corridas, os pilotos oferecidos pela Pirelli serão os médios, macios
e supermacios, e é dentro destas 3 opções que todos eles escolheram seus 10
jogos para este fim de semana, na Austrália, e por tabela, Bahrein, China, e
Rússia. Caberá a cada time e piloto saber usar da melhor forma esta nova opção
para suas estratégias de corrida. E certamente vai ter piloto tendo que se
virar na pista ao constatar que pode ter escolhido a opção errada de pneu,
dependendo de como os concorrentes se saírem. Podem surgir situações
interessantes neste aspecto, com uma imprevisibilidade maior de qual seja a
melhor estratégia de pneus para a corrida.
CAMPEONATO INCHADO
Baku, capital do Azerbaijão, terá seu primeiro GP de F-1 este ano. |
Bernie
Ecclestone conseguiu: o campeonato deste ano será o maior de toda a história da
F-1, com nada menos do que 21 corridas a serem disputadas, e isso se não houver
nenhum imprevisto que faça alguma prova sair da competição, como ocorreu no ano
passado com o Grande Prêmio da Alemanha. Pelo sim, pelo não, o chefão da FOM
andou dando algumas indiretas sobre o Grande Prêmio do Brasil, como se a prova
brasileira estivesse em risco de não ocorrer. Outra corrida que esteve na corda
bamba foi o Grande Prêmio dos Estados Unidos, que só há pouco tempo teve
garantias de que será disputado.
A
ordem das corridas mudou. Se a Austrália continua abrindo o campeonato, a prova
da Malásia, que geralmente era uma das primeiras, foi alocada para o mês de
setembro, logo após a etapa de Cingapura. E a corrida da Rússia, que foi
disputada em outubro em 2015, passou para o mês de maio, praticamente abrindo a
fase européia da competição, antecedendo o GP da Espanha.
A
grande novidade do calendário é o Grande Prêmio da Europa, marcado para o dia
19 de junho, a ser disputado em Baku, capital do Azerbaijão, ex-república
soviética, em um circuito de rua. As férias do mês de agosto foram mantidas, de
modo que algumas corridas vão ser bem cansativas para todos, por acontecerem
logo nos fins de semana seguintes. Um exemplo é o novo GP da Europa, que será
realizado apenas poucos dias depois do GP do Canadá, o que exigirá uma grande
viagem de todos os times e profissionais envolvidos para outro continente. As
demais corridas em fins de semana consecutivos já possuem uma logística mais
delineada, como as etapas da Áustria e Inglaterra, Alemanha e Hungria, Bélgica
e Itália, e Estados Unidos e México, todos locais próximos. Mesmo assim, a
maratona do mundial, para muitos, chegou ao seu limite, não sendo viável
adicionar novas provas.
Nas
incertezas, o GP da Itália, disputado em Monza, pode correr perigo, já que
Ecclestone quer aumentar o valor a ser pago pela prova italiana, o que não é
bem visto pelos administradores de Monza, um dos circuitos mais tradicionais do
calendário. Especula-se que, se Monza cair fora, a F-1 poderia ir para Mugello,
circuito da Ferrari, que recentemente ganhou um upgrade na sua classificação,
podendo sediar GPs da F-1. Mas, até o presente momento, nada está garantido
neste sentido.
CLASSIFICAÇÃO COM FORMATO DISCUTÍVEL
Na
tentativa de mudar alguma coisa no panorama atual da categoria, a FIA, com
anuência das escuderias, resolveu mudar as regras do treino de classificação a
partir deste ano. O treino continuará divido em 3 partes, com os mais lentos
sendo rifados, e os mais rápidos avançando à etapa seguinte. A diferença é que
a partir de agora, os mais lentos irão sendo eliminados a partir de um
determinado tempo do treino, e não mais apenas ao final da sessão propriamente.
O
Q1, a primeira sessão, continua tendo seus 16 minutos de duração. Mas, após 7
minutos de treino, o mais lento até então será eliminado da classificação, e a
partir daí, só ficam os 21 mais rápidos na pista. Só que, a cada 90s no tempo
adiante, o procedimento será repetido, e quem estiver com o último tempo quando
esse limite for atingido, será também eliminado, e assim por diante, até
sobrarem os 15 pilotos que irão avançar para o Q2. No Q2, por sua vez, com a
duração de 15 minutos, começa normal, mas após 6 minutos, dispara o sistema de
exclusão dos mais lentos até então na pista, com cada um deles sendo eliminado
a cada 90s, até sobrarem apenas 8 pilotos, que terão direito a disputar a pole
e as primeiras colocações no Q3. A sessão derradeira terá 14 minutos, e o
sistema de eliminação começará decorridos 5 minutos, a partir do qual,
novamente a cada 90s se eliminará o último colocado na tabela de tempos, até
restarem apenas os 2 pilotos mais rápidos, que terão os 90s finais para
disputarem a pole.
A
intenção é evitar que os times deixem seus pilotos no box, aguardando o momento
ideal de irem para a pista. Mas o sistema, apesar de ter tido a concordância de
todos os times, não agradou aos pilotos, que teceram críticas à nova sistemática
adotada, afirmando que se a F-1 está com algum problema, não é em relação ao
treino de classificação, e que em mudanças assim, eles sempre se esquecem de
consultar os maiores interessados, que são os pilotos, a fim de debaterem a
idéia. E mudar as regras a poucos dias de começar o campeonato só ajudou a
provocar maior repúdio à idéia do novo formato. Resta saber qual vai ser a
reação do público, que pode ficar confuso com o novo sistema, e pode não gostar
de ver menos pilotos na pista a cada momento em que o treino avança.
O
novo sistema pode provocar alguma confusão entre os pilotos, mas muitos apostam
que o panorama não deverá sofrer grandes alterações para misturar a relação de
forças da F-1 atual. Pode embaralhar um pouco as chances nas primeiras
corridas, mas a capacidade de adaptação dos times deverá eliminar as eventuais
vantagens que o novo modelo pode proporcionar em pouco tempo. O sistema foi
apelidado de "dança da cadeira", pelo fato de que a cada 90s um
piloto ser rifado da disputa, ficando restrito à posição até então alcançada.
Se
os times terão de se mexer mais para garantir uma posição de largada, o
problema é a gestão dos compostos de pneus, que poderão ser mais exigidos,
comprometendo o planejamento da corrida. Erros eventuais de pilotos e dos times
serão muito mais cruciais neste novo sistema, podendo colocar todo o esforço da
classificação por terra caso haja algum imprevisto.
AS ESCUDERIAS DA F-1 2016:
Mercedes - Meta é manter o domínio dos últimos dois anos.
Equipe
dominante nos dois últimos campeonatos mundiais, a Mercedes é de novo o time a
ser batido na Fórmula 1. A
única incerteza de todos é saber o quanto o novo modelo W07 da escuderia alemã
está à frente dos concorrentes, resposta que só poderá ser respondida a partir
dos primeiros treinos livres no Albert Park, pois durante os testes da
pré-temporada, em nenhum momento os pilotos do time estiveram entre os mais
rápidos, à exceção de um dia apenas. Então, o que sugere que os carros
prateados irão mais uma vez dominar o campeonato?
Em
primeiro lugar, o fato de nunca terem andado com os pneus ultramacios, os mais
velozes disponibilizados pela Pirelli, que só foram utilizados pelos rivais, e
que permitiu à Ferrari estar entre os mais velozes dos testes. No único dia em
que a Mercedes utilizou os pneus macios, Nico Rosberg conseguiu uma marca menos
de 0s3 mais lenta que o melhor tempo, obtido por Kimi Raikkonen. E, se levarmos
em consideração que o composto ultramacio é cerca de 0s7 mais veloz do que o
macio, podemos supor que a vantagem do carro alemão é de pelo menos 0s5 sobre o
concorrente mais próximo, no caso, o modelo SF16-H da Ferrari. Só que há outras
variáveis na equação que podem não estar totalmente claras, como o ajuste do
carro, e a quantidade de combustível no tanque. Isso, somado à extrema
tranquilidade no box da Mercedes, indica que a situação dos rivais não inspira
temor. Muito pelo contrário, a Mercedes é quem assustou a concorrência.
O
time alemão conseguiu rodar nos 8 dias de testes quase 1.300 voltas na pista de
Barcelona, e utilizando seus dois pilotos em um mesmo dia, revezando-os ao
volante do modelo W07. A quilometragem impressiona: foram mais de 6 mil
quilômetros, o equivalente a quase 20 GPs, e tudo isso sem sofrer uma única
avaria, à exceção do último, repito, último dia de testes, quando o carro
apresentou uma quebra na transmissão, mas praticamente depois de rodar mais de
18 GPs sem apresentar nenhum defeito. Lewis Hamilton afirmou que nunca teve um
carro tão perfeito em uma pré-temporada, e o time aproveitou para simular
corridas e fazer ajustes de acerto no carro a rodo. O que esperar de um time
que tem um carro que, todos sabem ser veloz, e que não quebra, praticamente?
Claro,
o clima ameno da Catalunha não é o mesmo que os times enfrentarão durante o
campeonato, onde a temperatura será bem mais alta, e o ritmo, mais forte. Mas,
por outro lado, a Mercedes não se concentrou em andar exatamente forte. Seus
ritmos de corrida foram constantes, firmes, e dando a sensação de que o carro
poderia ser forçado mais sem perder sua estabilidade e fiabilidade. Enquanto os
rivais, em algum momento, se debateram com problemas, isso inexistiu no box da
Mercedes, que pode aproveitar o tempo à sua disposição sem ter que perder tempo
efetuando consertos ou corrigindo problemas de um novo projeto.
Some-se
a isso a imponente unidade de potência da Mercedes, mais forte e evoluída em
relação ao ano passado, e que segundo algumas fontes, com a potência chegando
aos 950 HPs, sem manifestar, tal como o monoposto, nenhum problema de
fiabilidade ou de projeto, e que está perfeitamente integrado ao chassi,
concebido em conjunto, e temos um quadro perturbador para as chances da
concorrência de disputarem o título da temporada. Mas, como a esperança é a
última que morre, torce-se para que a vantagem dos carros prateados não seja
tudo o que se especula que pode ser. Alguns cálculos apontam para uma vantagem
de 1s em qualificação, enquanto nas corridas, cerca de 0s5, no mínimo, o que já
pode ser considerado muita coisa para uma disputa que se esperava ser mais
equilibrada.
A
esperança de um certame mais disputado é se Nico Rosberg mantiver a forma como
terminou o campeonato do ano passado, andando à frente de Lewis Hamilton, que
superou o piloto alemão nos dois anos de domínio da Mercedes. Como é esperado
que Hamilton vá firme em busca do tetra, Rosberg tem de fazer por merecer estar
no time prateado, e lutar pela que pode ser a sua última chance de ser campeão.
Uma nova derrota para Hamilton poderia ser fatal para o filho de Keke, ainda em
busca do primeiro título, que poderia se ver forçado a buscar novos ares na
esperança de ser campeão na F-1. Se isso acontecer, um cockpit dos mais
cobiçados pode ser aberto em Brackley, que será disputado a tapa por qualquer
piloto. Mas também tem a ver com as novas regras técnicas que a categoria
adotará em 2017, que poderia, em tese, acabar com o domínio da Mercedes, e
permitir uma disputa em outra relação de forças.
A
torcida é para que todos os indícios não correspondam à expectativa da realidade
a ser enfrentada, mas alguns já esperam pelo pior...
Ferrari - Os italianos querem o título...e nada menos.
O
time de Maranello iniciou uma reformulação completa do time na travessia de
2014 para 2015. Corpo técnico, pilotos, e até a direção da escuderia, e do
próprio Grupo Ferrari, mudaram. Ante tal mudança significativa na organização,
a ordem para 2015 era simplesmente colocar a casa em ordem, consertar a bagunça
vivida em 2014, e centrar forças para, a partir deste ano, voltar com tudo a
lutar pelo título. E os resultados do ano passado mostraram que foram
bem-sucedidos: o time foi o único a vencer a imbatível Mercedes, ainda que
ocasionalmente, mas voltou a apresentar uma grande coesão interna, e foi
vice-campeã com méritos. Sebastian Vettel, substituto de Fernando Alonso,
vestiu a camisa da equipe com notável rapidez, e soube converter-se numa grande
força motivadora e incentivadora para todos. A nova administração também trocou
o ambiente viciado e opressor por um clima mais ameno, aberto, e mais
relaxante, onde todos puderam respirar melhor, e dar tudo de si para fazer o
time evoluir.
Agora
em 2016, contudo, a ordem é ir além do que conquistaram em 2015. Com todo o
time azeitado, e funcionando perfeitamente depois do ano de reestruturação, a cobrança
agora será mais alta. Portanto, se no ano passado eles perderam apenas para o
time campeão, o objetivo deste ano é mais do que claro e apenas um: ir em busca
do título que Maranello não vê desde 2007. Nessa missão, o novo SF16-H
apresentado pelo time representou uma evolução em todos os aspectos sobre o
carro do ano passado. James Allison, novo diretor técnico da escuderia, pode
trabalhar com afinco no projeto desde o início, e pelo que se viu nos testes, o
incremento de performance foi extremamente positivo, não apenas na área do
chassi, mas também da nova unidade de potência, que segundo os italianos, está
bem mais próxima da rival Mercedes. O fato de o time ter conseguido os melhores
tempos durante a pré-temporada, em Barcelona, foi positivo, mas o ambiente na
escuderia não foi totalmente tranquilo como se esperava.
Primeiro,
pelo fato de o carro ter apresentado alguns problemas. Até aí, ainda mais se
tratando de um projeto novo, não é o que preocupou, mas sim a constância
apresentada pela Mercedes, que andou o tempo todo sem apresentar uma única
quebra. Os italianos perderam algum tempo corrigindo problemas surgidos no
carro, o que os fez ficarem com menos quilometragem útil nos 8 dias de testes,
rodando "apenas" o equivalente a 13 GPs, um pouco menos do que a
Williams e a Toro Rosso, e praticamente um terço a menos do que a Mercedes
andou durante todo o tempo disponível. Ambos os pilotos já sabem que tem um
carro veloz e competitivo, resta saber o seu real potencial para desafiar o
modelo W07 dos alemães. Se a diferença for pouca, haverá esperança de disputa,
mas se for grande como alguns especulam, o time italiano pode levar um bom
balde de água fria em suas pretensões de lutar por vitórias e pelo campeonato.
Na
pista, se Sebastian Vettel já está perfeitamente aclimatado à escuderia e
promete dar tudo de si, a dúvida é o que Kimi Raikkonen poderá render. No ano
passado, o piloto finlandês decepcionou em várias corridas, enquanto em outras
acabou tendo problemas alheios a seu controle. Kimi já havia perdido o duelo
contra Fernando Alonso em 2014, mas tinha o atenuante de que o carro da
escuderia era mais favorável ao estilo de pilotagem do espanhol, algo que não o
foi no ano passado, quando a escuderia apresentou um monoposto bem mais neutro
e estável. A situação de Kimi fica ainda mais complicada se levarmos em conta
que o carro teve seu desenvolvimento coordenado por James Allison, com quem ele
trabalhou de 2012 a
2013 na Lotus (atual Renault), onde produziu bons resultados, levando-se em
consideração as limitações orçamentárias do time. É consenso de que 2016 deverá
ser a última temporada de Raikkonen na F-1, e se isso se confirmar, seria bom
que ele se despedisse em alta da categoria, e não apenas como um piloto que já
deu o que tinha de dar. Nos testes, o finlandês conseguiu ser mais veloz do que
Vettel, mostrando que, pelo menos, sua velocidade parece intacta. Mas, testes
são testes, e corridas são corridas, portanto, espera-se que Kimi esteja
completamente desperto para o campeonato já desde a Austrália, e que ajude a
Ferrari, assim como Vettel certamente fará, a ser a principal dor de cabeça da
Mercedes durante toda a competição.
Williams - Tentando manter o 3° posto.
A Williams quer se manter como 3ª força, mas Red Bull e Force India tem outras idéias. O FW38 não mostrou grandes inovações aparentes, mas deve dar conta do recado... |
A
Williams é uma das equipes mais tradicionais da F-1. Por isso, sua volta à
condição de protagonista em 2014, quando terminou o campeonato na 3ª colocação,
mostrando ter o melhor carro depois das imbatíveis Mercedes, foi comemorada por
muitos. No ano passado, a tendência é que o time se aproximasse da escuderia
alemã, mas não foi isso o que aconteceu. O FW37, apesar de melhor do que o
FW36, não mostrou a evolução desejada, e o time acabou "atropelado"
pela Ferrari, que havia colocado a casa em ordem após uma reformulação geral no
fim de 2014, e foi o time italiano o mais próximo adversário da Mercedes. A
Williams manteve o 3° lugar no campeonato, mais por problemas de
competitividade dos rivais do que por sua evolução propriamente. Este ano,
manter-se como 3ª força será uma tarefa mais complicada, pelo que se viu na
pré-temporada.
O
novo FW38 é uma evolução do carro do ano passado, e de início, o time não
pareceu empolgar muitos na primeira sessão coletiva de treinos em Barcelona. O
panorama, contudo, melhorou bastante na segunda sessão de testes, com o novo
modelo permitindo a Felipe Massa e Valtteri Bottas realizar trabalhos mais
consistentes e comprovar que o carro de 2016 poderá realmente manter o time de
Frank entre as 3 escuderias principais da competição. Desafiar a Mercedes está
fora de cogitação, e alcançar a Ferrari, embora menos difícil, será complicado.
O problema são os rivais que em 2015 andaram menos competitivos, e que agora
poderão se intrometer na disputa, como a Force India e a Red Bull.
Tanto
Massa quanto Bottas reconhecem que estes dois times fizeram aparentemente mais
progressos de evolução com seus novos modelos do que o time inglês. Resta saber
se eles irão conseguir confirmar isso. Um sinal positivo é que alguns dos
pontos onde o FW37 não era muito competitivo no ano passado, como na geração de
downforce, parece ter evoluído de forma significativa, o que sugere que as
pistas de baixa velocidade trarão menos dificuldades à escuderia. Outro sinal
importante foi a fiabilidade do carro, que apesar de um ou outro problema,
permitiu ao time acumular mais de 13 GPs de quilometragem nos testes, ficando
atrás apenas da campeoníssima Mercedes e da Toro Rosso, e andando um pouco mais
até do que a própria Ferrari. Outro ponto importante, sempre é bom lembrar, é
dispor do melhor motor do grid, o Mercedes.
Na
disputa interna, Felipe Massa e Bottas tem tudo para fazerem um duelo
equilibrado dentro do time. Se Massa foi amplamente superado pelo finlandês em
2014, no ano passado a disputa foi mais parelha, ainda que o brasileiro tenha
sido novamente derrotado na pontuação por Bottas. Felipe está em seu último ano
de contrato com a Williams, e se o time fizer uma boa temporada, certamente
atrairá a atenção de muitos pilotos que buscam melhores lugares na competição
em 2017. Por isso, tanto Bottas quanto Massa precisarão mostrar que eles
continuarão sendo a melhor aposta do time para o futuro. A justificativa mais
lógica é que a Williams já conhece o trabalho de ambos, e que eles conseguem
trabalhar bem juntos, sem criar cismas dentro da escuderia. Em tese, não
haveria motivo para substituir a dupla, a não ser que outro piloto muito melhor
e barato estivesse disponível, o que no momento não parece haver sinal de que
vá ocorrer. Mas é claro que tudo pode mudar até o fim do ano.
Pelo
sim, pelo não, Bottas e Massa deverão se empenhar firme para levar o time o
mais próximo possível de Ferrari e Mercedes. Serem superados por Red Bull e
Force India não é algo que será encarado de forma positiva dentro do time e
pelos próprios pilotos, que sabem que a Williams tem potencial para derrotar
estes rivais que se apresentam. E a meta, mesmo difícil, é levar a escuderia de
novo ao degrau mais alto do pódio. Pode ser quase impossível, mas no caso de
alguma oportunidade surgir, eles precisarão estar no lugar certo na hora certa
para aproveitar a chance, e isso não será obtido se estiverem perdendo a
disputa para outros times.
Red Bull - Mais um ano capenga de motor?
O novo chassi RB12 já mostrou suas qualidades, mas a Red Bull ainda precisa de um motor mais potente para voltar a duelar pelas vitórias e pelo título. Talvez em 2017... |
O
time dos energéticos inicia o campeonato de 2016 com a certeza de ter produzido
talvez o melhor carro do grid, depois da Mercedes e talvez, da Ferrari. Mas,
tal como em 2015, o grande calcanhar de aquiles do time continuará sendo o
motor. A unidade de potência da Renault, rebatizada de TAG Heuer na Red Bull,
onde terá uma preparação exclusiva pela Ilmor, melhorou em relação ao ano passado,
especialmente no quesito confiabilidade, mas em relação à potência, ainda está
atrás de Mercedes e Ferrari. E não será a preparação independente feita pela
Ilmor que irá produzir milagres, até mesmo porque, pelo regulamento, o
desenvolvimento da unidade é restrito aos "tokens" permitidos.
Assim,
a escuderia austríaca já sabe que nas pistas velozes suas chances de competição
serão mais complicadas. Nas pistas mais travadas ou de baixa velocidade,
contudo, as excelentes qualidades do chassi RB12 poderão ajudar a equilibrar a
disputa, e quem sabe, dar chance até mesmo de disputar o pódio. O time deve
enfrentar mais diretamente a Williams e a Force India, e a briga tende a ser
acirrada. Como os dois times são empurrados pelos motores da Mercedes, a missão
da Red Bull fica complicada, mas se o chassi conseguir compensar a deficiência
nas pistas onde potência bruta não for tudo, eles poderão disputar firme e até
chegar à frente, como fizeram em algumas corridas na segunda metade do
campeonato do ano passado, quando conseguiram surpreender com alguns bons
resultados. O grupo técnico da escuderia, coordenado por Rob Marshall, com
consultoria de Adrian Newey, está bem mais maduro e experiente do que no ano
passado, quando projetou o primeiro modelo sem ser um projeto do inglês. Por
isso mesmo, o novo modelo, visto como uma evolução do RB11 de 2015, já
conseguiu melhorar em todas as áreas a performance do carro do ano passado. E
vale lembrar que Newey está sempre disponível para dar uma revisada no projeto,
se necessário, como ocorreu em 2015.
A
maior confiabilidade da unidade de força da Renault permitiu que a Red Bull
fizesse uma pré-temporada bem mais proveitosa, conseguindo conhecer e
desenvolver bem o seu novo modelo, algo que ficou bem prejudicado no ano passado.
E isso, se não iguala, ajuda a diminuir a falta de performance para o propulsor
alemão, que mostrou-se extremamente resistente e fiável nos testes. Poder andar
no limite sem se preocupar com quebras a todo instante certamente deverá
permitir um desempenho mais agressivo à sua dupla de pilotos. Se Daniel
Ricciardo já mostrou do que é capaz, o russo Daniil Kvyat mostrou que ainda
pode render um pouco mais: seu ano de estréia no time principal em 2015 foi
marcado por algumas boas atuações, mas também por alguns erros que poderiam ser
evitados em algumas provas. Com mais experiência em um time capaz de andar na
frente, Kvyat deverá errar menos este ano, e ajudar o time com mais efetividade
na disputa pelos melhores lugares possíveis.
Espera-se
que o time mostre alguma dignidade em suas declarações quando alguma coisa não
sair como eles esperam. No ano passado, a Red Bull desandou a falar mal da
Renault, pela falta de potência e fiabilidade do equipamento, e só não teve
como romper o contrato porque nenhum dos concorrentes topou fornecer um motor
substituto. Mais do que o medo de equiparem um rival potencialmente perigoso,
capaz de superá-los, a postura do time pegou mal nas negociações e no modo como
trataram a fabricante francesa, que embora tenha assumido sua culpa em não ter
conseguido desenvolver a contento seu equipamento como esperavam, também não
precisavam ser espinafrados da maneira como foram. Nem a McLaren, que pagou o
maior mico com as unidades de potência da Honda, fez estardalhaço tão grande,
salvo uma crítica ou outra dos pilotos em alguns momentos isolados, no calor da
competição. A escuderia impressionou quando colecionou 4 títulos consecutivos
na F-1, mas tudo na categoria máxima do automobilismo tem seus altos e baixos.
É preciso saber aguentar o tranco quando as coisas não correm como o planejado,
o que não significa conformar-se com isso. Quando tudo está bem, é fácil manter
o clima em alto astral.
Renault - Ano de reconstrução
Depois
de ser execrada publicamente pela Red Bull no ano passado em virtude das
deficiências de sua unidade de potência turbo híbrida, a imagem da Renault
certamente não era das melhores. Um contrato bem amarrada, aliado aos erros dos
rubro-taurinos na condução das negociações com outros fornecedores de motor, deixaram
o time dos energéticos sem opção além de manter a parceria, mas agora sem
apresentar o nome da marca francesa, substituída pela TAG Heuer, além do
envolvimento da Ilmor na preparação.
Com
a Lotus agonizando em dívidas, a Renault reassumiu o time, que era sua
escuderia oficial há alguns anos atrás, e agora prepara-se para reconstruir sua
reputação na F-1. Mas a tarefa não vai ser fácil. Primeiro, foi preciso quitar
as dívidas herdadas da Lotus, e mesmo que dinheiro não seja exatamente um
problema, a Renault só assumiu o time praticamente às vésperas do Natal do ano
passado, e desde então, tudo foi tocado a um ritmo mais do que frenético na
tentativa de recuperar todo o tempo perdido no projeto, reestruturação, e
desenvolvimento das unidades de potência. O resultado é que o modelo R16,
concebido inicialmente para acomodar o motor da Mercedes, precisou ser adaptado
para a unidade de potência da Renault, bem diferente do propulsor alemão.
Como
não poderia deixar de ser, o carro enfrentou problemas nos testes, e em termos
de quilometragem, andou "apenas" quase 12 GPs. Kevin Magnussen,
substituindo Pastor Maldonado na escuderia, até conseguiu andar razoavelmente
rápido em um dos dias de testes, mas no time, apesar do otimismo, ninguém
espera por resultados de monta nas primeiras etapas do campeonato. A
expectativa é começar a evoluir a partir da prova de Barcelona, em maio. E o
foco principal, logicamente, é em 2017, esperando recuperar de vez sua
competitividade com as novas regras técnicas. Até lá, a intenção é readquirir a
vivência e desenvolvimento do equipamento como um time completo, projetando
carro e motor de forma totalmente integrada, como já fazem Mercedes e Ferrari,
o que não foi possível neste ano.
Não
deixa de ser irônico o fato de a Renault estar indo tão bem no campeonato de
carros monopostos elétricos, a Formula-E, possuindo um dos melhores
equipamentos do grid daquela categoria, e não conseguir brilhar na F-1, onde os
sistemas de recuperação de energia que integram as unidades de potência turbo
são similares à da F-E, sem mencionar que a Renault foi a introdutora da
tecnologia dos motores turbos na F-1, e está sofrendo hoje em desenvolver
exatamente uma unidade deste tipo, mesmo que os tempos atuais sejam bem
diferente dos anos 1970 e 1980.
A Renault tem muito a recuperar na F-1, não apenas na
performance e competitividade, mas na sua própria reputação como fabricante e
equipe na competição.
Quanto
à dupla de pilotos, tanto Kevin Magnussem quanto Jolyon Palmer estão tendo a
chance de mostrar o que valem. Mas precisarão torcer para não terem que dar um
passo maior do que suas pernas, evitando um tombo que pode certamente ser
prejudicial às suas expectativas para a temporada e carreira na F-1.
Force India - Balança, mas não cai.
A Force India mostrou velocidade com seu novo carro e tem intenção de brigar com Red Bull e Williams pelo posto de 3ª força. A competição pode ser acirrada entre eles. Quem ganha? |
O
time do indiano Vijay Mallya teve um desempenho distinto em 2015 no campeonato.
Marcou tabela na primeira metade, e quando estreou um novo carro para a segunda
metade da temporada, o desempenho cresceu a olhos vistos, a ponto do time
terminar na 5ª colocação, perdendo apenas para a óbvia Mercedes, a Ferrari,
Williams, e Red Bull. E a escuderia tem tudo para conseguir manter o patamar, e
até se intrometer no duelo com Williams e a Red Bull este ano. O novo modelo
VJM-09 nasceu rápido, e apesar de alguns problemas aqui e ali, o carro
demonstrou velocidade e constância nas simulações de corrida, apesar de um
desgaste maior dos compostos novos de pneus fornecidos pela Pirelli.
As
finanças do time, contudo, não andam as melhores, mas parecem menos combalidas
do que no ano passado, quando o time perdeu parte da pré-temporada por estar
sem o carro pronto para os testes. Mesmo assim, a situação inspira cuidados. O
próprio Mallya, devedor de uma quantia astronômica em seu país, mudou-se de
mala e cuia para a Inglaterra, e embora o time de F-1 não vá ser afetado,
também não será beneficiado, e precisará andar com as próprias pernas. Some-se
a isso as complicações do dono do grupo Sahara, que também está bem enrascado
com as autoridades, e temos uma situação pra lá de constrangedora no que tange
à direção do time.
Por
isso mesmo, é de levar em consideração o bom astral dos pilotos do time, Nico
Hulkenberg e Sérgio Pérez, que terminaram os testes entusiasmados com o
potencial do novo carro, que segundo eles, deve lhes proporcionar avançar à
frente nas disputas do pelotão, e desafiar Red Bull e Williams na maior parte
das oportunidades. Pode ser um entusiasmo exagerado, mas também não é bom
ignorar o aviso. A própria Williams, observando de perto o desempenho do time,
admitiu que poderá ter problemas com a Force India, dependendo da pista. A
nível de motor, ambas estão equiparadas, usando a unidade motriz da Mercedes. A
dupla de pilotos é boa, e sabem tirar tudo o que podem do carro. Se ele for tão
bom como afirmam, poderão tirar o sono dos rivais, e entrar firme na luta para
serem, quem sabe, até a 3ª força da competição.
Mas
um pouco de prudência não faz mal a ninguém, e se eles conseguirem repetir a
boa atuação de 2015, já poderão se dar por satisfeitos. Mas claro que, na F-1,
não se é permitido acomodar-se, portanto, nada mais natural do que eles
almejarem ir mais longe do que já foram no ano passado. O problema, entretanto,
é o orçamento não permitir o desenvolvimento a contento do modelo 2016, e com
isso, perder competitividade antes do esperado, e assim, perder terreno na
disputa que travarão com os rivais. Se conseguirem manter o nível de
desenvolvimento do novo carro constante aos dos concorrentes, eles poderão
mesmo ter uma boa temporada. Williams e Red Bull precisarão ficar atentos para
não serem surpreendidos.
Sauber - Orçamento continua curto.
O novo modelo C35 da Sauber nasceu bom, mas o orçamento curto deve prejudicar o desenvolvimento do carro ao longo do ano, e a concorrência está mais forte. |
As
expectativas do time suíço, a exemplo do que aconteceu no ano passado, são
modestas para a temporada 2016. Mais uma vez, o orçamento está com o dinheiro
contado, e a situação obrigou o time a finalizar o carro novo a tempo de
participar apenas da segunda sessão coletiva de testes em Barcelona, tendo
treinado durante os primeiros 4 dias com o modelo do ano passado, o que sem
dúvida se traduziu em um revés para pilotos e time. O ponto positivo é que,
diante da escassez de recursos financeiros, o modelo C35 parece ter nascido muito
bem, e com boa fiabilidade, a ponto de o time ter conseguido rodar bastante na
segunda sessão de testes. Num momento onde a direção do time confirmou que teve
até o salário dos funcionários atrasados devido à falta de recursos, e que o
time poderia até nem estar presente em Melbourne, para a abertura do
campeonato, as boas marcas obtidas são realmente um grande alívio. E o time
confirmou que está no Albert Park, afastando as dúvidas sobre sua possível
ausência.
Mas
todos sabem que a temporada será tão ou mais difícil do que a do ano passado.
Primeiro porque, apesar do carro ter nascido bem, ainda mais por se tratar de
um projeto totalmente novo, o que só aumenta o mérito do corpo técnico da
escuderia, os rivais em potencial estão muito mais fortes este ano, e conseguir
pontuar vai ser bem complicado. A tática será a mesma de 2015: aproveitar o
início da temporada, onde o carro ainda é mais competitivo, para conseguir todo
o resultado possível, e aproveitar quaisquer chances que surgirem nas primeiras
provas, enquanto os rivais ainda não tenham desenvolvido o potencial de seus
carros. Com os poucos recursos disponíveis, o modelo 2016 certamente não poderá
ser desenvolvido a contento, ao passo que os rivais, especialmente no que tange
ao orçamento para disputar a temporada, estão bem mais servidos do que a
escuderia suíça, à exceção da Manor, obviamente. E, com mais recursos, eles
terão condições de evoluir seus projetos, deixando o time de Hinwill para trás,
muito provavelmente a partir da etapa da Rússia, ou da Espanha, em maio.
O
ponto positivo é que a dupla de pilotos se manteve, e a Sauber sabe o que pode
esperar de ambos, ao mesmo tempo em que eles também já sabem como trabalha a
escuderia. Assim, caberá a Felipe Nasr e Marcus Ericsson fazerem o melhor uso
possível do novo carro para conseguir tentar ir além do que o modelo pode
oferecer. No ano passado o brasileiro superou amplamente seu companheiro de time,
mas em algumas corridas, o sueco mostrou que não é um oponente fraco como se
imaginava, conseguindo pontuar com alguma regularidade enquanto Nasr se debatia
com alguns problemas, como os freios, que atormentaram o brasileiro durante boa
parte do ano. Como Felipe pretende buscar um time mais forte em 2017, sua
tarefa este ano será até mais árdua do que em 2015, quando era um novato
apenas, e certos erros podiam ser tolerados. Com uma temporada de experiência,
ele agora precisará mostrar mais resultados do que nunca, se quiser chamar a
atenção dos outros times. E isso significa conseguir fazer seu time pontuar,
mesmo quando não tiver condições de fazê-lo. E acabar sofrendo uma derrota na
pista para Ericsson pode comprometer seus planos. E podem apostar que o piloto
sueco também tem pretensões de arrumar um time melhor para a próxima temporada.
Um
ponto positivo é que a Sauber vai utilizar um planejamento de evolução do carro
diferente do ano passado, quando concentrou suas inovações apenas perto do fim
da temporada, e que ainda por cima não deram os resultados esperados. A idéia
agora é pelo menos introduzir alguns aperfeiçoamentos ao longo das corridas,
dependendo do que os recursos permitirem. Isso também diminuirá os riscos de
algum upgrade não dar resultados, por não efetuar mudanças mais amplas no
carro, mas apenas pontuais onde puderem efetuá-las. Isso deve permitir também
resolver problemas que surjam com um pouco mais de eficiência, e que não haja
deficiências crônicas a serem corrigidas, como ocorreu com os freios do carro
de Nasr em 2015, que apresentaram problemas em várias provas sem que o time
conseguisse resolvê-los a contento, o que prejudicou algumas corridas de
Felipe, que poderia ter obtido alguns resultados melhores. Se o time suíço pelo
menos conseguir cuidar destes percalços que surgirem com alguma eficiência,
pode melhorar suas chances na competição, uma vez que todo detalhe que puder
ser resolvido é um trunfo que pode ser explorado na competição.
O
problema é que os rivais não estarão parados, e se a Sauber conseguir evoluir
seu carro, poderá pelo menos minimizar a potencial perda de competitividade
para os times de maiores recursos. A luta vai ser dura, certamente. Resta saber
o quanto...
Toro Rosso - Time "filial" pode superar a "matriz"...?
Toro Rosso vem equipada com os propulsores da Ferrari nesta temporada. E tem uma dupla de pilotos cheia de disposição para batalhar na pista. |
O
time "B" dos energéticos entra em 2016 disposto a realizar sua melhor
temporada na F-1 desde 2008, quando conseguiu fazer uma pole e até ganhar uma
corrida, com Sebastian Vettel no GP da Itália daquele ano. Não que a Toro Rosso
vá disputar novamente as primeiras colocações do grid, ou vencer novas
corridas, longe disso, mas a escuderia sediada em Faenza tem tudo para brilhar
no pelotão intermediário, e até se meter na disputa que deve se dar entre
Williams, Force India, e o time "matriz", a Red Bull, pelas melhores
posições nas corridas depois de Ferrari e Mercedes. O novo modelo STR11
apresentou boa velocidade e fiabilidade, e a escuderia foi a que mais rodou nos
testes depois da Mercedes, acumulando o equivalente a 16 GPs. Surgiram alguns
problemas durante os testes, mas nada grave, e o time pôde resolver tudo sem
maiores percalços, como confirmaram os excelentes números de voltas dadas por
sua dupla de pilotos.
Em
um ponto, aliás, a Toro Rosso estará melhor equipada do que a Red Bull. A
escuderia irá utilizar as unidades de potência da Ferrari do fim da temporada
passada, que são consideradas melhores do que as unidades atuais da Renault
para esta temporada. Além de mais potentes, os propulsores italianos, na
opinião dos pilotos, são mais dóceis e flexíveis, disponibilizando sua força de
forma mais suave, auxiliando no equilíbrio e dirigibilidade, ao afirmarem que
as unidades da Renault ofereciam potência de maneira mais abrupta e repentina.
A fiabilidade das unidades italianas também foram elogiadas. Se o carro
conseguir mostrar nas primeiras corridas o que andou em Barcelona, tem tudo
para complicar a situação dos times que teoricamente estão à sua frente. Tanto
Max Verstappen quanto Carlos Sainz Jr. conseguiram ser mais velozes do que a
Red Bull na pista da Catalunha, e mesmo relativizando os dados referentes a
pneus, combustível e acerto dos carros, a Toro Rosso conseguiu produzir um bom
monoposto realmente. Se conseguirem repetir nas corridas o mesmo desempenho de
Barcelona, não é difícil a Toro Rosso conseguir andar à frente até mesmo do
time "matriz", pelo menos no início do campeonato.
A
escuderia possui uma nova e ampla sede em Faenza, fruto do maior investimento
feito pela Red Bull em seu time "B" na F-1, e o corpo técnico, se não
possui a mesma capacidade da "matriz", está longe de ser ruim. O que
pode atrapalhar é o orçamento não ser tão imponente quanto o da Red Bull, o que
pode comprometer o desenvolvimento do STR11 durante o campeonato frente a times
melhor supridos financeiramente. Há outro problema que pode crescer durante o
ano, que é o fato de a unidade motriz fornecida pela Ferrari não dispor de
atualizações, uma vez que os esforços de Maranello estão centrados na unidade
que será utilizada pela escuderia oficial. A unidade da Renault equipando o
time "matriz" terá desenvolvimento da Ilmor, além de tentar
capitalizar com os desenvolvimentos da própria fábrica francesa, que se bem
sucedidos, poderão tornar-se melhores que o propulsor Ferrari de 2015, o que
colocaria a Toro Rosso em desvantagem.
No
que tange aos pilotos, o time está bem servidor. Max Vertappen foi uma das
sensações da temporada passada, e com um pouco mais de experiência, tem tudo
para mostrar ainda mais do que é capaz, especialmente se o novo carro for tão
competitivo como o time espera. Por seu lado, Carlos Sainz Jr. não quer ficar à
sombra do seu parceiro de time, e pretende crescer de produção. Ambos, porém,
sabem das dificuldades que poderão encontrar na competição, uma vez que, mesmo
tendo conseguido fazer uma boa pré-temporada e evoluído seu equipamento, o
concorrentes continuarão sendo um páreo bem duro. O que é dispensável é a mania
de Helmut Marko falar novamente pelos cotovelos que quem não render o que se
espera este ano será sumariamente substituído para 2017, o que já passa uma
pressão desnecessária aos pilotos, especialmente os da Toro Rosso, que estão em
sua segunda temporada e que, portanto, não devem ficar esperando permanecer um
terceiro ano no time, no que dá a entender o homem que coordena o projeto de
jovens pilotos da Red Bull, como se eles não tivessem ciência disso. Espera-se
de Marko, pelo menos, mais respeito aos pilotos que resolver rifar,
comunicando-os no tempo correto de lhes dar pelo menos chance de buscar novos
lugares, ao contrário do que fez da última vez, quando simplesmente despediu a
dupla anterior, Sébastien Buemi e Jaime Alguerssuari, quando não havia mais
lugares que poderiam disputar no mercado de pilotos.
McLaren - Pior do que 2015 não pode ficar...
A McLaren melhorou bastante, mas ainda deverá ter um ano de muito trabalho pela frente. A unidade motriz da Honda pelo menos parou de quebrar a todo instante. |
No
ano passado, o retorno da parceria McLaren/Honda, que foi extremamente
vitoriosa entre 1988 e 1992, virou motivo de piada ante os intermináveis
problemas na unidade de potência fabricada pelos japoneses em seu retorno à
categoria, de onde andavam ausentes desde 2009. O motor não possuía nem
potência, e nem fiabilidade, e apresentou tantos problemas na pré-temporada que
o time nem conseguiu encontrar um rumo para o desenvolvimento do carro. Neste
ano, a situação é bem diferente: os japoneses conseguiram evoluir
significativamente seu unidade de potência, e lhe dar fiabilidade, o que
permitiu ao time inglês andar praticamente o dobro do que andou no ano passado.
Isso
permitiu aos pilotos e engenheiros conhecerem mais minuciosamente o novo chassi
MP4/31, bem como o comportamento do novo propulsor nipônico, que também ganhou
mais potência na sua revisão de projeto para a temporada 2016. A melhora de ambiente
mostrou-se nítida na escuderia nos treinos de Barcelona, onde tanto Jenson
Button quanto Fernando Alonso disseram que o time agora tem um rumo que pode
ser seguido, no que tange ao desenvolvimento do equipamento. Mas, ao mesmo
tempo, não se pode ficar empolgado demais com as melhoras: o melhor tempo do
time, com Button, foi cerca de 2s mais lento que o tempo mais rápido, obtido pela
Ferrari, com Kimi Raikkonen, o que indica que ainda é preciso melhorar a
performance em vários aspectos, ainda mais se considerarmos que no GP da
Espanha do ano passado, a diferença de Alonso para o pole foi de cerca de 3s, o
que dá a entender que o time de Ron Dennis ainda terá um longo caminho pela
frente até voltar a disputar as primeiras colocações.
Também
surgiram alguns problemas no carro durante os testes, mas nada que fosse tão
dramático quando o ano passado. E o time já avisou que terá um pacote de
atualizações já para este final de semana, quando estréia o campeonato na
Austrália, em relação à versão final dos testes de Barcelona, a fim de
incrementar ainda mais a performance. A idéia é voltar a marcar pontos
regularmente durante o campeonato, e se possível, voltar a subir ao pódio.
Vencer corridas ainda é um sonho impossível para o time neste momento, mas só o
fato de poder voltar a competir de forma satisfatória já é um alento para a
escuderia, que teve em 2015 o seu pior momento em décadas de competição.
Outro
ponto que a escuderia também precisa resolver é quanto à atração de
patrocinadores: o carro continua praticamente virgem na sua maior parte, e
novamente, não conseguiu atrair um patrocinador "master". E sem
patrocínios de peso, há menos dinheiro em caixa. Isso deveria prejudicar o
desenvolvimento, mas como a McLaren se transformou há algum tempo em uma
empresa com complexo de desenvolvimento de tecnologia, e com o aporte
financeiro da Honda, por enquanto dinheiro não é problema para o time, mas
quanto antes voltarem a mostrar resultados de monta, mais facilmente terão
condições de encontrar novos patrocinadores que ajudem a reforçar o caixa.
No
que tange aos pilotos, a McLaren possui, ao lado da Ferrari, a dupla mais forte
do grid, com dois campeões mundiais com experiência e capacidade para
impulsionar o time e ajudar a desenvolver o projeto com competência. Tanto
Button quanto Alonso já deram mostras do que são capazes, e embora esta possa
ser, até declaração em contrário, a última temporada de Jenson Button na F-1, o
piloto inglês quer mostrar que ainda pode render muito na categoria, e estava
bem contente com o comportamento do carro na pré-temporada, quando pôde cumprir
as rotinas de testes programadas dentro do esperado pelo time. Quanto a Alonso,
o espanhol parece revigorado pelo melhor ânimo do time na pré-temporada, e
sente pela primeira vez que o time tem chances de evoluir, o que não foi
possível no ano passado. Se o carro corresponder o suficiente, o bicampeão
mostrará sua velha classe e capacidade na pista.
Mas
a parada deverá ser dura, pois se a McLaren conseguiu melhorar, os concorrentes
também fizeram o seu dever de casa e estão mais fortes ainda. Depois de afirmar
que a escuderia inglesa poderia até lutar pelo pódio, Alonso foi mais comedido
em suas declarações, e mais realista, afirmou que o início da temporada será
difícil, por não terem uma idéia de como estão as demais equipes, que também
fizeram progressos em seus novos carros. Somente em Melbourne poderão ter uma
idéia mais clara do que serão capazes e do que precisarão melhorar. Batê-los
não será tarefa fácil, mas todos no time, e na própria F-1 concordam que pior
do que 2015 a
situação não poderá ficar. Mas pelo sim, pelo não, ninguém está prometendo nada
em termos de resultados. Um pouco de prudência não faz mal a ninguém...
Manor - Crescimento com apoio da Mercedes e novos profissionais.
A Manor vem equipada com os motores da Mercedes e evoluiu bastante. Será que escapa das últimas colocações? |
A
defunta Marussia conseguiu renascer das cinzas como Manor para disputar o
campeonato do ano passado, quando todos já davam o time como acabado e fechado.
E ainda conseguiu completar toda a temporada, o que por si só já é um grande
mérito, mesmo que tenha ficado sempre nas últimas posições, reflexo de ter
competido com o monoposto de 2014, que já era muito pouco competitivo, adaptado
e um pouco melhorado, e equipado com a versão 2014 do motor Ferrari turbo
híbrido. E o panorama para 2016 é bem melhor. Em primeiro lugar, irão competir
com um carro totalmente novo, que já veio sendo projetado desde meados da
temporada passada. O segundo trunfo é usar a unidade de força da Mercedes, a
melhor da F-1, o que sem dúvida deu um bom incremento de performance ao novo
chassi MRT05. E a melhora de performance foi sensível: o melhor tempo no grid
de Barcelona para o GP da Espanha foi de 1min31s2, com Will Stevens; e nos
testes da pré-temporada, Pascal Wehrlein conseguiu marcar 1min24s913.
Descontado
o fato de ter andado com os novos pneus ultramacios, o novo carro conseguiu ser
6s mais rápido, com um tempo quase melhor até do que o pole Nico Rsoberg, que
marcou 1min24s681 na prova de 2015. Isso não quer dizer que a escuderia vai
passar a frequentar as primeiras colocações, mas as chances de não largar mais
na última fila aumentaram. Só não dá para comemorar totalmente porque, apesar
de um novo proprietário, que tem investido no time, a grana e o orçamento
continuam curtos, o que não deverá permitir vôos mais ousados do time, além da
dupla de pilotos ser novata na categoria. Mas se o dinheiro é escasso, e os
pilotos ainda são inexperientes, pelo menos a Manor reforçou seu staff com
alguns nomes bem competentes, como Nikolas Tombazis, ex-Ferrari; e Pat Fry,
ex-McLaren, além de passar a receber algum apoio técnico da Mercedes, junto com
o fornecimento de suas unidades de potência.
Assim
como a McLaren, não dá para saber ao certo o potencial da nova Manor na disputa
por posições no grid e nas corridas. O time só conseguiu andar mais do que a
Hass na pré-temporada, e enfrentou vários problemas no seu novo carro, o que
mostra que ainda precisa aparar as arestas do equipamento. Mas certamente,
apesar de continuar sendo uma escuderia pequena, pode começar a competir de
maneira decente na F-1, pela primeira vez desde sua estréia em 2010, quando
correu com o nome Virgin, e quem sabe, construir uma história bem razoável de
time de competição daqui para a frente. E, quem sabe, as chances de pontuar não
dependam tanto de milagres ocasionais, mas de capacidade para tanto, ainda que
apenas em determinados momentos?
Pelo
menos é preciso reconhecer que o time já conseguiu o feito de durar todas estas
temporadas, desde que estreou na categoria, em um momento onde a F-1 está cada
vez mais desigual e exigindo cada vez mais recursos para se competir de maneira
minimamente decente, e com patrocínios escasseando em todos os mercados e áreas
que antes praticamente duelavam entre si para patrocinar uma escuderia.
Sobreviver, nos dias atuais da F-1, já pode ser considerado uma grande façanha.
Que a Manor consiga ir além de apenas resistir, e consiga crescer também.
Hass - A meta é andar no meio do pelotão e depois tentar crescer.
Estreando na F-1, a Hass passou um ano inteiro se preparando, e tem condições de fazer bonito em sua temporada inicial. Mas sabe que terá muitas dificuldades pela frente. |
Gene
Hass, quando anunciou que iria disputar a F-1 com um time próprio, sabia que o
passo que estava dando era ousado e exigia planejamento. Por isso, nada melhor
do que ir fazendo as coisas conforme manda o figurino, e o ano de 2015 foi todo
gasto na criação da estrutura necessária que um time precisa para figurar na
categoria máxima do automobilismo. E, mais importante, fez contatos para
adquirir os equipamentos de competição adequados para a estréia, fazendo uma
associação com a Ferrari para receber dos italianos tudo o que eles poderiam
fornecer a um time cliente.
O
carro pode ser convencional, e até foi um dos que menos andou na pré-temporada,
coisa rotineira de gente novata no ramo. Mas o espírito do time é sua maior
arma para se desenvolver: a cultura da Hass é a das competições dos Estados
Unidos, onde existe um clima muito mais arejado e fresco do que o ambiente
carregado das escuderias da F-1. Todos, de Gene Hass à dupla de pilotos, sabem
das dificuldades que irão enfrentar pela frente, e tem plena ciência de que
apenas com trabalho duro, esforçado, e uma boa de criatividade, poderão almejar
a bons resultados. Como o time começará a disputa de seu primeiro campeonato
com um orçamento razoável e uma estrutura comparável à de um time médio, a Hass
tem tudo para ser uma boa surpresa na temporada. Da dupla de pilotos, Romain
Grosjean sabe o suficiente para dizer a direção em que o carro deverá ser
aprimorado, e se Estéban Gutierrez até aqui não mostrou grande coisa, terá nova
chance para mostrar do que é capaz, e isso inclui os ensinamentos que acumulou
como piloto de testes no simulador da Ferrari, que certamente lhe deu alguns
bons indícios do que esperar da unidade de potência italiana.
A
escuderia trabalha a longo prazo, e sabe que o que puder conseguir de bons
resultados este ano será lucro. A partir de 2017, com mais experiência, é que
poderá se cobrar bem mais na categoria. Mesmo assim, o time espera poder evitar
ao máximo errar, mas sabe que a competição na F-1 tem suas nuances e
dificuldades, e o próprio Gene Hass já admitiu que a categoria máxima do
automobilismo é mais complexa e difícil do que imaginava. E se ele disse isso
apenas pelo que viu nos testes da pré-temporada, pode esperar que com o
campeonato rolando a pleno vapor, será ainda mais complicado e difícil. Como um
time novato, a luta será para não ser a última colocada no campeonato. Pode
parecer pouco, mas a F-1 é pródiga em afundar bons projetos e cronogramas. Mas,
pelo que tem mostrado até aqui, a Hass tem tudo para ir bem em seu ano de
estréia, em termos de potencial. O problema é que às vezes, só possuir
potencial não é o suficiente... é preciso efetivá-lo na pista. E nestas horas,
a teoria muitas vezes não corresponde à realidade. Pelo menos até o momento,
estão conseguindo fazer a realidade corresponder à teoria prevista. Mas vejamos
o seu real potencial quando a competição começar pra valer.
EQUIPES E PILOTOS DA FÓRMULA 1 2015:
EQUIPE
|
MODELO
|
MOTOR
|
PILOTOS
(N°s)
|
Mercedes
|
W07
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106C Hybrid
|
Lewis Hamilton (44)
Nico Rosberg (6)
|
Red Bull
|
RB12
|
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
|
Daniel Ricciardo
(3)
Daniil Kvyat (26)
|
Williams
|
FW38
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106C Hybrid
|
Felipe Massa (19)
Valtteri Bottas
(77)
|
Ferrari
|
SF16-H
|
Ferrari V-6 059/6 Turbo
Hybrid
|
Sebastian Vettel
(5)
Kimmi Raikkonen (7)
|
Renault
|
RS16
|
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
|
Kevin Magnussen (20)
Jolyon Palmer (30)
|
Toro Rosso
|
STR11
|
Renault Energy F1-2014 V-6 Turbo
|
Max Verstappen (33)
Carlos Sainz Jr. (55)
|
McLaren
|
MP4/31
|
Honda V-6 RA616H
Hybrid
|
Fernando Alonso
(14)
Jenson Button (22)
|
Sauber
|
C35
|
Ferrari V-6 059/6 Turbo
Hybrid
|
Felipe Nasr (12)
Marcus Ericsson (9)
|
Force India
|
VJM09
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106C Hybrid
|
Nico Hulkenberg
(27)
Sérgio Pérez (11)
|
Hass
|
VF16
|
Ferrari V-6 059/6 Turbo
Hybrid
|
Romain Grossjean
(8)
Esteban Gutiérrez (21)
|
Manor
|
MRT05
|
Mercedes-Benz V-6
Turbo PU106C Hybrid
|
Pascal Wehrlein (94)
Rio Haryanto (88)
|
Ferrari testou um "halo" em seu carro durante a pré-temporada. Maior proteção aos pilotos deve ser definida pela FIA em breve. Red Bull também apresentou uma solução para a questão, ainda em estudos. |
CALENDÁRIO DA FÓRMULA 1 2016:
DATA
|
CORRIDA
|
CIRCUITO
|
20.03
|
Grande Prêmio da Austrália
|
Melbourne
|
03.04
|
Grande Prêmio do Bahrein
|
Sakhir
|
17.04
|
Grande Prêmio da China
|
Shanghai
|
01.05
|
Grande Prêmio da Rússia
|
Sochi
|
15.05
|
Grande Prêmio da Espanha
|
Barcelona
|
29.05
|
Grande Prêmio de Mônaco
|
Monte Carlo
|
12.06
|
Grande Prêmio do Canadá
|
Montreal
|
19.06
|
Grande Prêmio da Europa
|
Baku (Azerbaijão)
|
03.07
|
Grande Prêmio da Áustria
|
Zeltweg
|
10.07
|
Grande Prêmio da Inglaterra
|
Silverstone
|
24.07
|
Grande Prêmio da Hungria
|
Budapeste
|
31.07
|
Grande Prêmio da Alemanha
|
Hockenhein
|
28.08
|
Grande Prêmio da Bélgica
|
Spa-Francorchamps
|
04.09
|
Grande Prêmio da Itália
|
Monza
|
18.09
|
Grande Prêmio de Cingapura
|
Marina Bay
|
02.10
|
Grande Prêmio da Malásia
|
Kuala Lumpur
|
09.10
|
Grande Prêmio do Japão
|
Suzuka
|
23.10
|
Grande Prêmio dos Estados Unidos
|
Austin
|
30.10
|
Grande Prêmio do México
|
Cidade do México
|
13.11
|
Grande Prêmio do Brasil
|
Interlagos
|
27.11
|
Grande Prêmio de Abu Dhabi
|
Yas Marina
|
O BRASIL NO GRID EM 2016
Felipe Nasr está pronto para sua segunda temporada na F-1, mas sabe que o ano vai ser difícil para a Sauber. Meta é conseguir um time mais competitivo em 2017. |
Pelo
segundo ano consecutivo, o Brasil terá apenas dois representantes no grid da
categoria máxima do automobilismo. Felipe Massa segue na Williams, bem como
Felipe Nasr parte para sua segunda temporada como titular da Sauber. E ambos
terão temporadas decisivas pela frente.
Na
Sauber, Nasr deixou excelente impressão em 2015, e se não fosse a ascenção de
Max Verstappen, o brasileiro certamente teria sido a revelação da temporada.
Nasr obteve os melhores resultados da Sauber no ano, superando amplamente seu
companheiro Marcus Ericsson. Mas, em várias provas a meio da temporada,
problemas de freios e a pouca competitividade do carro o deixaram
momentaneamente superado por Ericsson, que mostrou que podia engrossar a
disputa dentro do time. Mais experiente, Nasr agora precisa evitar cometer
erros, o que teve em alguns momentos do ano passado. Ele sabe que a situação do
time suíço continua tão ou até mais apertada financeiramente do que em 2015, e
por isso, aproveitar toda e qualquer oportunidade para pontuar será decisiva
para impressionar os demais donos de equipe e se lançar no mercado para 2017,
visando obter um lugar em uma escuderia mais competitiva. Por isso mesmo, o
duelo com Ericsson deverá ser ainda mais acirrado, pois o sueco também não
pretende ficar no time suíço. Com os times rivais em condições potencialmente
mais fortes, especialmente em recursos financeiros, Nasr tem pelo menos a boa
notícia de que o modelo C35 nasceu competitivo. Portanto, existe chances
razoáveis de conseguir bons resultados se conseguir se posicionar no lugar
certo, no momento certo, para agarrar as oportunidades que aparecerem. Disso
dependerá o futuro de sua carreira em 2017, onde se pode esperar uma grande
mudança de pilotos. E quem não estiver em evidência certamente poderá ficar de
fora desta briga por um bom cockpit para o próximo ano.
Esse
é o mesmo pensamento que move Felipe Massa, embora sua maior intenção seja
permanecer na Williams. O time de Frank tem boa estrutura, e é competitivo no
momento. Massa está em seu último ano de contrato, e já declarou que pretende
ficar na F-1 até 2018, muito provavelmente no time inglês, onde já está bem
integrado, e sem sofrer o ambiente carregado que teve de suportar na Ferrari. A
Williams, contudo, tem um histórico meio ingrato no que tange a seus pilotos,
não fazendo cerimônia nenhuma quando deixou até seus campões irem embora. Já
perdeu Nélson Piquet, Nigel Mansell, Damon Hill, Jacques Villeneuve, entre
outros nomes bem cotados. Por isso, Felipe precisa dar o máximo de si, e mais
um pouco, para convencer a todos de que é uma peça segura a ser mantida no novo
regulamento técnico a vigorar em 2017. Superado por Valtteri Bottas nas duas
temporadas em que esteve no time, Felipe pelo menos deu uma equilibrada
razoável no ano passado, mas o brasileiro mostra qualidades apreciáveis pelo
time, como bom felling técnico, não arruma confusões na pista e dentro do time,
e é um piloto razoavelmente barato, nas atuais circunstâncias.
Nesse
ponto, Bottas já tem pretensões mais ousadas, e por pouco não teria ido para a
Ferrari no ano passado. Mas com a renovação de Raikkonen pelo time italiano,
Valtteri teve de baixar a crista e permanecer no time inglês. Se ele novamente
manifestar intenção de sair, isso pode fazer o time voltar-se mais para o
brasileiro, que só deixaria o time se recebesse oferta de uma escuderia melhor,
que no momento, restringe-se somente a Mercedes e Ferrari, o que dificilmente
ocorrerá. Mas, para fortalecer sua posição, Massa precisará mostrar resultados,
e se o novo FW38 for mesmo promissor em toda a sua totalidade, Felipe precisará
partir para cima dos concorrentes com a faca entre os dentes mais do que nunca.
A meta é pelo menos evitar uma terceira derrota para Bottas dentro do time.
Isso, pelo menos, ele tem condições de fazer. se vai conseguir, é outra
história.
A
transmissão da F-1 na Globo segue a mesma de sempre: as corridas serão
mostradas ao vivo, com exceção das etapas que colidirem com o futebol à tarde.
Quanto aos treinos de classificação, a emissora deverá mostrado apenas flashes do
Q3 dentro da programação, com exceção do Grande Prêmio do Brasil, obviamente.
Quem quiser acompanhar os treinos na íntegra precisará ter acesso aos canais
pagos do SporTV, que continuarão transmitindo na íntegra e ao vivo os treinos
livres de sexta e todos os treinos de sábado, além das corridas em horários
alternativos no domingo da competição, e ao vivo quando a Globo não for fazer a
transmissão ao vivo da corrida. Mas pelo menos a grande maioria das provas
continuará a ser mostrada na TV aberta e ao vivo, situação que vem mudando na
Europa, e para pior, com as corridas indo parar em canais pagos, e em alguns
casos, sendo exibidas apenas em pay-per-view.
Nas
equipes de transmissão, nada de novo. Galvão Bueno permanece na narração, com
os comentários de Reginaldo Leme e Luciano Burti. As reportagens serão
intercaladas com Mariana Becker e Marcelo Courege, dependendo da prova. No
SporTV, Sérgio Maurício fica na narração, com os comentários de Lito
Cavalcanti.
Felipe Massa: último ano de contrato pela Williams, e já com foco em renovar para 2017. |
Ferrari testou bastante na pré-temporada, mas teve alguns problemas no carro em alguns momentos. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário