quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ESPECIAL FORMULA-E



            Depois de apresentar um bom primeiro campeonato, a F-E dá a largada para o seu segundo campeonato neste próximo fim de semana. Portanto, é hora de ver o que a categoria apresenta para seu novo ano em um texto especial...



LIGANDO AS TOMADAS

Segunda temporada da Formula-E começa com algumas mudanças e perspectiva de crescimento.

Adriano de Avance Moreno

A F-E inicia seu segundo campeonato, mostrando que a categoria de carros monopostos elétricos veio para ficar.
            Depois de fechar seu primeiro campeonato, e mostrar a viabilidade de seu projeto de competição, a Formula-E, a categoria de competição de carros monopostos totalmente elétricos inicia neste final de semana o seu segundo campeonato, pronta para crescer ainda mais e ganhar mais respeito e fama a nível mundial.
            Neste segundo ano de disputas da categoria, foram introduzidas algumas mudanças. Os carros continuam os mesmos, produzidos pela Spark, com algumas evoluções em relação ao modelo utilizado no primeiro ano. Os pneus da Michelin também seguem os mesmos. Mas as equipes agora passam a ser construtoras, uma vez que ficará a cargo de cada uma o trabalho de produção e desenvolvimento dos "powertrains", ou trens de força, nome que designa o complexo de propulsão do carro, formado pelo motor propriamente dito, mais a transmissão, o câmbio, sistema de resfriamento e inversor.
            No primeiro ano, até por uma questão de contenção de custos e desenvolvimento inicial da tecnologia, todos os equipamentos foram padronizados, o que ajudou a dar um bom equilíbrio em algumas corridas. O passo seguinte, para este ano, foi permitir às equipes, já com conhecimento e parcerias técnicas, desenvolver os sistemas de energia e propulsão dos monopostos. O sistema de baterias, produzido pela divisão de tecnologia da equipe Williams de F-1, continuam as mesmas, agora mais potentes, com os pilotos tendo à sua disposição 170 Kw, ao invés dos 150 Kw utilizados na primeira temporada. Esse acréscimo de potência deverá tornar os carros da categoria mais rápidos em relação ao primeiro ano. Mas, para continuar dificultando a tarefa dos pilotos na pista, as provas este ano deverão ter mais uma volta de percurso em relação ao que foi disputado no primeiro ano. A intenção é continuar impondo a times e pilotos o desafio de gerenciar melhor o seu consumo de energia, que poderia ficar esquecido e até ignorado com a maior capacidade das baterias.

Lucas Di Grassi segue firme na equipe Audi ABT e continua um dos favoritos ao título.
            Nem todos os times conseguiram produzir seus trens de força, ou o fizeram a contento. Andretti e Aguri continuarão utilizando o sistema padrão produzido pela Spark, já devidamente adaptado para este segundo ano. A Dragon, por sua vez, fez um acordo com a Venturi para utilizar o seu trem de força. O incremento de potência das baterias, disponibilizando mais energia aos trens de força pode, ao invés de favorecer, complicar a performance, uma vez que a confiabilidade do sistema com os novos níveis não foi verificada a fundo. Podem ocorrer defeitos ou panes nos sistemas, a exemplo do que aconteceu em algumas corridas no primeiro ano. A maior potência disponibilizada também deverá exigir cuidados maiores com a refrigeração dos sistemas, a fim de evitar os problemas de superaquecimento que podem arruinar a corrida do piloto.
            O campeonato continua com 11 etapas, começando neste fim de semana com a prova de Pequim, e terminando no primeiro fim de semana de julho do ano que vem, com a etapa de rodada dupla no Battersea Park. Até o fechamento desta matéria, ainda não havia sido definida a prova para o dia 12 de março de 2016, mas candidatos não faltam. Cidade do México e Tóquio já estão na fila de espera para terem suas etapas, e a Suíça é outro país que pode ver uma prova muito em breve, especialmente após a lei que proíbe corridas em seu território ter aberto exceção para provas de carros elétricos. Por questões comerciais, a prova de Mônaco não será disputada neste segundo campeonato, mas deverá estar de volta no terceiro ano de competições. Em seu lugar, a categoria irá correr nas ruas de Paris, a Cidade Luz, uma das mais bonitas metrópoles do mundo.
            A fim de manter o custos os mais acessíveis possível, as etapas continuarão a ser disputadas em um único dia, com treinos livres, classificação e corrida. Para a classificação, contudo, foi feita uma mudança, com a introdução de uma terceira fase, que será a "superpole", que será disputada pelos 5 pilotos mais rápidos de cada uma das sessões de classificação, onde participam 10 pilotos cada uma. O "fanboost", eleição que dá aos 3 pilotos mais votados pelo público um "bônus" de potência para ser usado em algum momento da corrida, continua valendo neste novo ano, com a diferença de que agora a votação será encerrada apenas 6 minutos após a largada da corrida. No primeiro campeonato, a votação era encerrada antes da corrida, de modo que na largada o público já conhecia os eleitos da votação. Agora, dando o início da corrida, o público votante poderá acompanhar o seu piloto favorito e dar a ele seu voto vendo o seu início de corrida, e procurando dar a ele uma "força" para se manter bem na prova.
Bruno Senna segue defendendo a Mahindra, e espera fazer um campeonato muito melhor neste segundo ano da F-E.
            Neste segundo campeonato, a F-E deverá ter um grid mais estável. A FIA impôs no regulamento da categoria um limite de no máximo 4 mudanças de piloto por time durante o campeonato, sendo 2 por cada carro. O objetivo é que os pilotos contratados assumam com mais dedicação e seriedade sua participação no campeonato, e não fiquem correndo apenas por interesse eventual. No seu primeiro certame, vários times mudaram seus pilotos durante todo o ano. Na China Racing, por exemplo, apenas Nelsinho Piquet correu o ano todo, tendo 4 companheiros de equipe diferentes ao longo de todo o campeonato. Poucos times mantiveram sua dupla intacta durante toda a competição. No caso de precisar ser feita uma mudança de piloto por motivos de força maior, a FIA abriu exceção para que o caso seja analisado pelos organizadores, que darão o aval ou não para a mudança. A regra é benéfica no sentido de reforçar o status da categoria como um campeonato sério, de modo que os pilotos assumam comprometimento a fundo com a categoria. Para o público, é algo positivo, por manter maior familiaridade com os competidores, que não mudarão de prova a prova, como aconteceu com vários pilotos durante o certame 2014/2015. Novamente, teremos 10 escuderias e 20 pilotos na pista, lutando pelo 2° título da história da categoria. No primeiro ano, a e.dams foi campeã entre os times, com 232 pontos. Mas quem levou o título de pilotos foi a China Racing, com Nelsinho Piquet, embora tenha ficado apenas em 4° lugar no campeonato de equipes.
            E quem deve levar o título desta segunda temporada? Até o momento, não dá para saber. Com a adoção de trens de força particulares, cada time poderá ter um desempenho diferente do mostrado no campeonato passado. Em agosto, repetindo o que já fizera na pré-temporada do ano passado, os times da categoria fizeram sessões coletivas de testes no circuito inglês de Donington Park. Pelos resultados apresentados, e.dams e Audi mostraram os melhores desempenhos, e são candidatas a disputarem o título da temporada. Campeã com Nelsinho Piquet em seu primeiro ano, a equipe China enfrentou problemas com sua unidade, e não conseguiu andar tudo o que esperava.
            A esperança dos times que não andaram direito em Donington é o fato de a pista inglesa ser um circuito em autódromo, completamente diferente dos circuitos onde a categoria compete, essencialmente de rua, onde as performances podem ser diferentes. Outra esperança é que os times refinem seus ajustes e desenvolvimento do equipamento com o avançar do campeonato. No ano passado, os times levaram algumas provas para acertarem-se com seus equipamentos, o que ajudou a dar um clima mais equilibrado na competição. Alguns entraram na pista com melhor performance do que outros, mas conforme o certame progrediu, outros times melhoraram sua performance e entraram firme na luta por vitórias, e até pelo título. A própria equipe China teve um início um pouco claudicante, não conseguindo extrair toda a performance possível, mas aos poucos, acertou o rumo, e Nelsinho Piquet entrou firme na briga pelo título, ganhando o campeonato na corrida final, em Londres.
Campeão da F-1 em 1997, Jacques Villeneuve volta às pistas na categoria dos carros elétricos.
            No grid, além de Nelsinho Piquet, o atual campeão, quem vai chamar bastante atenção é o canadense Jacques Villeneuve, campeão de F-1 em 1997 pela equipe Williams, e que estreará na categoria pela escuderia Venturi, e terá como companheiro de equipe Stéphane Sarrazin. O temor, entretanto, é se Villeneuve irá competir em algo grau, ou se não vai repetir o fiasco do italiano Jarno Trulli, que no primeiro campeonato, teve um desempenho sofrível, mostrando pouca competitividade e resultados, mesmo sendo um piloto de larga experiência na F-1. Além de Jacques Villeneuve, a categoria terá como estreantes os pilotos Robin Frijns e Nathanael Berthon. Todos os demais pilotos inscritos participaram do primeiro campeonato, ainda que alguns deles tenham participado de poucas etapas.
            A categoria continuará a ter suas corridas transmitidas ao vivo pela rede Fox Sports. No Brasil, todas as corridas serão mostradas ao vivo pelo canal pago, como a prova de estréia do novo campeonato neste sábado, às 6 da manhã, pelo horário de Brasília. Apesar da repercussão do título conquistado por Nelsinho Piquet, nenhuma emissora aberta demonstrou interesse na transmissão do campeonato, que continuará restrito à TV paga em nosso país.
            Teremos 3 pilotos no grid. Além do campeão Nelson Ângelo Piquet, que continua defendendo a equipe China, e terá como companheiro Oliver Turvey, Lucas Di Grassi segue firme na equipe Audi, ao lado de Daniel ABT, e é novamente um dos favoritos na competição, ao lado do compatriota Piquet. Bruno Senna, por sua vez, aspira fazer um campeonato bem melhor do que o primeiro, mantendo seu posto na equipe Mahindra. Bruno, aliás, vai ter competição forte dentro do time: a Mahindra substituiu o indiano Karun Chandock pelo alemão Nick Heidfeld, que deve dar muito mais trabalho ao brasileiro. Com dois brasileiros cotados entre os favoritos, resta esperar que a F-E conquiste seu espaço entre os torcedores nacionais, a exemplo do que já fez em vários outros países. A categoria tem tudo para continuar crescendo e atraindo novas empresas interessadas na competição, como Renault e Audi, que incrementaram sua participação para este campeonato, através dos times e.dams e Audi ABT, só para dar o exemplo. E como o futuro dos carros deve ser mesmo elétrico, por questões ecológicas e de desenvolvimento sustentável, a F-E deve se tornar cada vez mais o caminho natural dos grupos que querem marcar presença neste segmento da indústria automotiva e de desenvolvimento tecnológico.
            Alejandro Agag, CEO da Formula-E, contudo, avisa que não se deve esperar que a categoria vire uma F-1, e que suas metas e conceito são diferentes das mostradas na categoria máxima do automobilismo. E, talvez por isso mesmo, ela seja ainda mais atrativa no momento que a F-1 para muitos. E seu segundo campeonato deverá confirmar isso ainda mais.

EQUIPES E PILOTOS DO CAMPEONATO

EQUIPE
POWERTRAIN
NUMERAÇÃO/PILOTOS
China Racing
Nextev TCR Formulae 001
1 - Nelson Angelo Piquet
88 - Oliver Turvey
e.dams
Renault Z.E.15
9 - Sébastien Buemi
8 - Nicolas Prost
Dragon Racing
Venturi VM200-FE-01
7 - Jérôme D'Ambrosio
6 - Loîc Duval
Audi Sport ABT
ABT Schaeffler FE 01
11 - Lucas di Grassi
66 - Daniel ABT
Virgin Racing
Virgin DSV-01
2 - Sam Bird
25 - Jean-Éric Vergne
Andretti
SRT01-e
28 - Simona de Silvestro
27 - Robin Frijns (*)
Aguri
SRT01-e
55 - Antônio Félix da Costa
77 - Nathanael Berthon (*)
Mahindra
Mahindra M2 ELECTRO
21 - Bruno Senna
23 - Nick Heidfeld
Venturi
Venturi VM200-FE-01
4 - Stéphane Sarrazin
12 - Jacques Villeneuve (*)
Trulli Racing
Motomatica JT-01
10 - Vitantonio Liuzzi
18 - Salvador Dúran
(*) = Estreantes na categoria.
Audi e e.dams foram os times que melhor andaram na pré-temporada.

CALENDÁRIO DA F-E 2015/2016

DATA
ETAPA - PAÍS
24.10.2015
e-Prix de Pequim - China
07.11.20915
e-Prix de Putrajaya - Malásia
19.12.2015
e-Prix de Punta Del Este - Uruguai
06.02.2016
e-Prix de Buenos Aires - Argentina
12.03.2016
Etapa a ser definida
02.04.2016
e-Prix de Long Beach - Estados Unidos
23.04.2016
e-Prix de Paris - França
21.05.2016
e-Prix de Berlin - Alemanha
04.06.2016
e-Prix de Moscou - Rússia
02.07.2016
e-Prix de Londres - Inglaterra (Prova 1)
03.07.2016
e-Prix de Londres - Inglaterra (Prova 2)

Os carros continuam iguais para todos, mas os trens de força de cada escuderia agora serão diferentes, e com maior potência para as corridas.

 
Primeiro campeão da categoria, Nelsinho Piquet vai em busca do bicampeonato pela equipe China Racing.
Toda a disputa do fim de semana da F-E continua concentrada em apenas um único dia. Objetivo é evitar que os custos subam e manter a categoria acessível.

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