Depois
de apresentar um bom primeiro campeonato, a F-E dá a largada para o seu segundo
campeonato neste próximo fim de semana. Portanto, é hora de ver o que a
categoria apresenta para seu novo ano em um texto especial...
LIGANDO AS TOMADAS
Segunda temporada da Formula-E
começa com algumas mudanças e perspectiva de crescimento.
Adriano de Avance Moreno
A F-E inicia seu segundo campeonato, mostrando que a categoria de carros monopostos elétricos veio para ficar. |
Depois
de fechar seu primeiro campeonato, e mostrar a viabilidade de seu projeto de
competição, a Formula-E, a categoria de competição de carros monopostos
totalmente elétricos inicia neste final de semana o seu segundo campeonato,
pronta para crescer ainda mais e ganhar mais respeito e fama a nível mundial.
Neste
segundo ano de disputas da categoria, foram introduzidas algumas mudanças. Os
carros continuam os mesmos, produzidos pela Spark, com algumas evoluções em
relação ao modelo utilizado no primeiro ano. Os pneus da Michelin também seguem
os mesmos. Mas as equipes agora passam a ser construtoras, uma vez que ficará a
cargo de cada uma o trabalho de produção e desenvolvimento dos
"powertrains", ou trens de força, nome que designa o complexo de
propulsão do carro, formado pelo motor propriamente dito, mais a transmissão, o
câmbio, sistema de resfriamento e inversor.
No
primeiro ano, até por uma questão de contenção de custos e desenvolvimento
inicial da tecnologia, todos os equipamentos foram padronizados, o que ajudou a
dar um bom equilíbrio em algumas corridas. O passo seguinte, para este ano, foi
permitir às equipes, já com conhecimento e parcerias técnicas, desenvolver os
sistemas de energia e propulsão dos monopostos. O sistema de baterias,
produzido pela divisão de tecnologia da equipe Williams de F-1, continuam as
mesmas, agora mais potentes, com os pilotos tendo à sua disposição 170 Kw, ao
invés dos 150 Kw utilizados na primeira temporada. Esse acréscimo de potência
deverá tornar os carros da categoria mais rápidos em relação ao primeiro ano.
Mas, para continuar dificultando a tarefa dos pilotos na pista, as provas este
ano deverão ter mais uma volta de percurso em relação ao que foi disputado no
primeiro ano. A intenção é continuar impondo a times e pilotos o desafio de
gerenciar melhor o seu consumo de energia, que poderia ficar esquecido e até
ignorado com a maior capacidade das baterias.
Lucas Di Grassi segue firme na equipe Audi ABT e continua um dos favoritos ao título. |
Nem
todos os times conseguiram produzir seus trens de força, ou o fizeram a
contento. Andretti e Aguri continuarão utilizando o sistema padrão produzido
pela Spark, já devidamente adaptado para este segundo ano. A Dragon, por sua
vez, fez um acordo com a Venturi para utilizar o seu trem de força. O
incremento de potência das baterias, disponibilizando mais energia aos trens de
força pode, ao invés de favorecer, complicar a performance, uma vez que a
confiabilidade do sistema com os novos níveis não foi verificada a fundo. Podem
ocorrer defeitos ou panes nos sistemas, a exemplo do que aconteceu em algumas
corridas no primeiro ano. A maior potência disponibilizada também deverá exigir
cuidados maiores com a refrigeração dos sistemas, a fim de evitar os problemas
de superaquecimento que podem arruinar a corrida do piloto.
O
campeonato continua com 11 etapas, começando neste fim de semana com a prova de
Pequim, e terminando no primeiro fim de semana de julho do ano que vem, com a
etapa de rodada dupla no Battersea Park. Até o fechamento desta matéria, ainda
não havia sido definida a prova para o dia 12 de março de 2016, mas candidatos
não faltam. Cidade do México e Tóquio já estão na fila de espera para terem
suas etapas, e a Suíça é outro país que pode ver uma prova muito em breve,
especialmente após a lei que proíbe corridas em seu território ter aberto
exceção para provas de carros elétricos. Por questões comerciais, a prova de
Mônaco não será disputada neste segundo campeonato, mas deverá estar de volta
no terceiro ano de competições. Em seu lugar, a categoria irá correr nas ruas
de Paris, a Cidade Luz, uma das mais bonitas metrópoles do mundo.
A
fim de manter o custos os mais acessíveis possível, as etapas continuarão a ser
disputadas em um único dia, com treinos livres, classificação e corrida. Para a
classificação, contudo, foi feita uma mudança, com a introdução de uma terceira
fase, que será a "superpole", que será disputada pelos 5 pilotos mais
rápidos de cada uma das sessões de classificação, onde participam 10 pilotos
cada uma. O "fanboost", eleição que dá aos 3 pilotos mais votados
pelo público um "bônus" de potência para ser usado em algum momento
da corrida, continua valendo neste novo ano, com a diferença de que agora a
votação será encerrada apenas 6 minutos após a largada da corrida. No primeiro
campeonato, a votação era encerrada antes da corrida, de modo que na largada o
público já conhecia os eleitos da votação. Agora, dando o início da corrida, o
público votante poderá acompanhar o seu piloto favorito e dar a ele seu voto
vendo o seu início de corrida, e procurando dar a ele uma "força"
para se manter bem na prova.
Bruno Senna segue defendendo a Mahindra, e espera fazer um campeonato muito melhor neste segundo ano da F-E. |
Neste
segundo campeonato, a F-E deverá ter um grid mais estável. A FIA impôs no
regulamento da categoria um limite de no máximo 4 mudanças de piloto por time
durante o campeonato, sendo 2 por cada carro. O objetivo é que os pilotos
contratados assumam com mais dedicação e seriedade sua participação no
campeonato, e não fiquem correndo apenas por interesse eventual. No seu
primeiro certame, vários times mudaram seus pilotos durante todo o ano. Na
China Racing, por exemplo, apenas Nelsinho Piquet correu o ano todo, tendo 4
companheiros de equipe diferentes ao longo de todo o campeonato. Poucos times
mantiveram sua dupla intacta durante toda a competição. No caso de precisar ser
feita uma mudança de piloto por motivos de força maior, a FIA abriu exceção
para que o caso seja analisado pelos organizadores, que darão o aval ou não
para a mudança. A regra é benéfica no sentido de reforçar o status da categoria
como um campeonato sério, de modo que os pilotos assumam comprometimento a
fundo com a categoria. Para o público, é algo positivo, por manter maior
familiaridade com os competidores, que não mudarão de prova a prova, como
aconteceu com vários pilotos durante o certame 2014/2015. Novamente, teremos 10
escuderias e 20 pilotos na pista, lutando pelo 2° título da história da
categoria. No primeiro ano, a e.dams foi campeã entre os times, com 232 pontos.
Mas quem levou o título de pilotos foi a China Racing, com Nelsinho Piquet,
embora tenha ficado apenas em 4° lugar no campeonato de equipes.
E
quem deve levar o título desta segunda temporada? Até o momento, não dá para
saber. Com a adoção de trens de força particulares, cada time poderá ter um
desempenho diferente do mostrado no campeonato passado. Em agosto, repetindo o
que já fizera na pré-temporada do ano passado, os times da categoria fizeram
sessões coletivas de testes no circuito inglês de Donington Park. Pelos resultados
apresentados, e.dams e Audi mostraram os melhores desempenhos, e são candidatas
a disputarem o título da temporada. Campeã com Nelsinho Piquet em seu primeiro
ano, a equipe China enfrentou problemas com sua unidade, e não conseguiu andar
tudo o que esperava.
A
esperança dos times que não andaram direito em Donington é o fato de a pista
inglesa ser um circuito em autódromo, completamente diferente dos circuitos
onde a categoria compete, essencialmente de rua, onde as performances podem ser
diferentes. Outra esperança é que os times refinem seus ajustes e
desenvolvimento do equipamento com o avançar do campeonato. No ano passado, os
times levaram algumas provas para acertarem-se com seus equipamentos, o que
ajudou a dar um clima mais equilibrado na competição. Alguns entraram na pista
com melhor performance do que outros, mas conforme o certame progrediu, outros
times melhoraram sua performance e entraram firme na luta por vitórias, e até
pelo título. A própria equipe China teve um início um pouco claudicante, não
conseguindo extrair toda a performance possível, mas aos poucos, acertou o
rumo, e Nelsinho Piquet entrou firme na briga pelo título, ganhando o
campeonato na corrida final, em Londres.
Campeão da F-1 em 1997, Jacques Villeneuve volta às pistas na categoria dos carros elétricos. |
No
grid, além de Nelsinho Piquet, o atual campeão, quem vai chamar bastante
atenção é o canadense Jacques Villeneuve, campeão de F-1 em 1997 pela equipe
Williams, e que estreará na categoria pela escuderia Venturi, e terá como
companheiro de equipe Stéphane Sarrazin. O temor, entretanto, é se Villeneuve
irá competir em algo grau, ou se não vai repetir o fiasco do italiano Jarno
Trulli, que no primeiro campeonato, teve um desempenho sofrível, mostrando
pouca competitividade e resultados, mesmo sendo um piloto de larga experiência
na F-1. Além de Jacques Villeneuve, a categoria terá como estreantes os pilotos
Robin Frijns e Nathanael Berthon. Todos os demais pilotos inscritos
participaram do primeiro campeonato, ainda que alguns deles tenham participado
de poucas etapas.
A
categoria continuará a ter suas corridas transmitidas ao vivo pela rede Fox
Sports. No Brasil, todas as corridas serão mostradas ao vivo pelo canal pago,
como a prova de estréia do novo campeonato neste sábado, às 6 da manhã, pelo
horário de Brasília. Apesar da repercussão do título conquistado por Nelsinho
Piquet, nenhuma emissora aberta demonstrou interesse na transmissão do
campeonato, que continuará restrito à TV paga em nosso país.
Teremos
3 pilotos no grid. Além do campeão Nelson Ângelo Piquet, que continua
defendendo a equipe China, e terá como companheiro Oliver Turvey, Lucas Di
Grassi segue firme na equipe Audi, ao lado de Daniel ABT, e é novamente um dos
favoritos na competição, ao lado do compatriota Piquet. Bruno Senna, por sua
vez, aspira fazer um campeonato bem melhor do que o primeiro, mantendo seu
posto na equipe Mahindra. Bruno, aliás, vai ter competição forte dentro do
time: a Mahindra substituiu o indiano Karun Chandock pelo alemão Nick Heidfeld,
que deve dar muito mais trabalho ao brasileiro. Com dois brasileiros cotados
entre os favoritos, resta esperar que a F-E conquiste seu espaço entre os
torcedores nacionais, a exemplo do que já fez em vários outros países. A
categoria tem tudo para continuar crescendo e atraindo novas empresas
interessadas na competição, como Renault e Audi, que incrementaram sua
participação para este campeonato, através dos times e.dams e Audi ABT, só para
dar o exemplo. E como o futuro dos carros deve ser mesmo elétrico, por questões
ecológicas e de desenvolvimento sustentável, a F-E deve se tornar cada vez mais
o caminho natural dos grupos que querem marcar presença neste segmento da
indústria automotiva e de desenvolvimento tecnológico.
Alejandro
Agag, CEO da Formula-E, contudo, avisa que não se deve esperar que a categoria
vire uma F-1, e que suas metas e conceito são diferentes das mostradas na
categoria máxima do automobilismo. E, talvez por isso mesmo, ela seja ainda
mais atrativa no momento que a F-1 para muitos. E seu segundo campeonato deverá
confirmar isso ainda mais.
EQUIPES E PILOTOS DO CAMPEONATO
EQUIPE
|
POWERTRAIN
|
NUMERAÇÃO/PILOTOS
|
China Racing
|
Nextev TCR Formulae
001
|
1 - Nelson Angelo
Piquet
88 - Oliver Turvey
|
e.dams
|
Renault Z.E.15
|
9 - Sébastien Buemi
8 - Nicolas Prost
|
Dragon Racing
|
Venturi VM200-FE-01
|
7 - Jérôme
D'Ambrosio
6 - Loîc Duval
|
Audi Sport ABT
|
ABT Schaeffler FE
01
|
11 - Lucas di
Grassi
66 - Daniel ABT
|
Virgin Racing
|
Virgin DSV-01
|
2 - Sam Bird
25 - Jean-Éric Vergne
|
Andretti
|
SRT01-e
|
28 - Simona de
Silvestro
27 - Robin Frijns
(*)
|
Aguri
|
SRT01-e
|
55 - Antônio Félix
da Costa
77 - Nathanael
Berthon (*)
|
Mahindra
|
Mahindra M2 ELECTRO
|
21 - Bruno Senna
23 - Nick Heidfeld
|
Venturi
|
Venturi VM200-FE-01
|
4 - Stéphane
Sarrazin
12 - Jacques
Villeneuve (*)
|
Trulli Racing
|
Motomatica JT-01
|
10 - Vitantonio
Liuzzi
18 - Salvador Dúran
|
(*) = Estreantes na categoria.
Audi e e.dams foram os times que melhor andaram na pré-temporada. |
CALENDÁRIO DA F-E 2015/2016
DATA
|
ETAPA - PAÍS
|
24.10.2015
|
e-Prix de Pequim - China
|
07.11.20915
|
e-Prix de Putrajaya - Malásia
|
19.12.2015
|
e-Prix de Punta Del Este - Uruguai
|
06.02.2016
|
e-Prix de Buenos Aires - Argentina
|
12.03.2016
|
Etapa a ser definida
|
02.04.2016
|
e-Prix de Long Beach - Estados Unidos
|
23.04.2016
|
e-Prix de Paris - França
|
21.05.2016
|
e-Prix de Berlin - Alemanha
|
04.06.2016
|
e-Prix de Moscou - Rússia
|
02.07.2016
|
e-Prix de Londres - Inglaterra (Prova 1)
|
03.07.2016
|
e-Prix de Londres - Inglaterra (Prova 2)
|
Os carros continuam iguais para todos, mas os trens de força de cada escuderia agora serão diferentes, e com maior potência para as corridas. |
Primeiro campeão da categoria, Nelsinho Piquet vai em busca do bicampeonato pela equipe China Racing. |
Toda a disputa do fim de semana da F-E continua concentrada em apenas um único dia. Objetivo é evitar que os custos subam e manter a categoria acessível. |
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