quarta-feira, 14 de outubro de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - JUNHO DE 1997 - 13.06.1997



            Voltando a trazer uma de minhas antigas colunas, esta é do dia 13 de junho de 1997, e o assunto era como os pilotos canadenses estavam dando as cartas na F-1 e na F-Indy original, um papel que, anos antes, era desempenhado pelos pilotos brasileiros, que naquele momento, estavam relegados a papéis secundários em ambos os campeonatos. O domínio canadense, é verdade, foi breve: Jacques Villeneuve conquistou o título daquele ano na F-1, mas depois disso não ganhou mais nada na categoria máxima do automobilismo. Na F-Indy, Paul Tracy, que parecia despontar finalmente para ganhar um título, sucumbiu na segunda metade do campeonato, e só foi ser finalmente campeão na década seguinte, em 2003. Fiquem agora com o texto, e uma boa leitura. Logo, logo, trago mais textos antigos aqui...


HEGEMONIA CANADENSE

            Já vão longe os tempos em que os brasileiros dominavam as categorias de topo do automobilismo mundial. Até o início desta década, tínhamos, só na Fórmula 1, Ayrton Senna e Nélson Piquet lutando por vitórias a cada corrida, e até lutando pela disputa do título. E, na até então F-Indy, Émerson Fittipaldi estava na sua melhor fase da carreira pós-F-1. Conquistamos os Mundiais de 1987, 1988, 1990 e 1991, contando na F-1; e na F-Indy, Émerson tornou-se o primeiro piloto estrangeiro a conquistar o título da F-Indy.
            Hoje estamos em 1997, e o panorama é bem diferente. Na F-1, desde a perda de Ayrton Senna, nosso melhor representante foi Rubens Barrichello. Um piloto de talento, mas que até agora não teve um carro à sua altura para brilhar de forma permanente na categoria, tendo de se contentar, até o momento, com brilhos momentâneos, como foi o 2º lugar em Mônaco, há um mês atrás. Já na F-CART (atual nome da F-Indy), o número de pilotos brasileiros aumentou bastante, e com o equilíbrio da categoria, a maior parte deles tem equipamento para vencer corridas e disputar o título. Entretanto, até agora, eles só fazem figuração no campeonato. São reconhecidos como excelentes pilotos e adversários de respeito, entretanto, os astros do momento são outros pilotos de outro país.
            Que país é este? O Canadá. Só para mostrar a amplitude do domínio canadense, basta lembrar que ambos os maiores campeonatos de monopostos do automobilismo mundial, a F-1 e a F-CART, estão sendo liderados no atual momento por pilotos canadenses. Paul Tracy, da equipe Penske, é o líder da classificação da F-CART; Jacques Villeneuve, da equipe Williams, comanda a disputa pelo título na F-1.
            E na F-CART, o domínio começa a ficar evidente: além de Paul Tracy, outro canadense, Greg Moore, desponta como potencial rival na luta pelo título, ocupando a 3ª posição do campeonato até o momento. Paul Tracy venceu 3 provas consecutivas: Nazareth, Brasil e Saint Louis. Greg Moore venceu as 2 corridas seguintes: Milwaukee e Detroit. De um total de 8 provas, os canadenses venceram 5, mais da metade. Como se isso ainda não bastasse, outro canadense, Patrick Carpentier, da equipe Bettenhausen, subiu ao pódio em Saint Louis em 2º lugar, e é até o momento o mais forte candidato ao título de “rookie” do ano, tal qual foi Jacques Villeneuve, Greg Moore e Paul Tracy, em seus respectivos anos de estréia na então F-Indy.
            Completando, basta lembrar que Villeneuve foi campeão da então F-Indy em 1995, foi vice-campeão de F-1 em 1996, e este ano, com 3 vitórias em 6 etapas disputadas até agora, é o franco favorito ao título da categoria máxima do automobilismo. Com a Williams, o piloto canadense já fez 5 poles só este ano. Em 1996, seu ano de estréia, fez 3 poles, sendo que a primeira dela foi já no seu primeiro GP, em Melbourne, na Austrália, onde liderou a maior parte da corrida, só não vencendo por problemas de motor, terminando em 2º lugar.
            É, os tempos realmente são outros. Foi-se o tempo em que os pilotos brasileiros dominavam, e agora a bola da vez são os canadenses, cujos torcedores estão se fartando de ver seus representantes darem uma sova na concorrência e com sobras até. São ciclos que sempre acontecem no automobilismo. Para a torcida brasileira, fica a pergunta de quando isso vai acabar e nossos pilotos voltarão a dar show em cima de toda a concorrência...


A F-1 chegou ao Canadá para disputar a sua 7ª etapa do Mundial. Como não poderia deixar de ser, Jacques Villeneuve é o foco das atenções e o favorito absoluto para vencer a corrida, na opinião da torcida canadense. Ano passado foi a mesma coisa, mas Damon Hill, companheiro de equipe de Villeneuve, resolveu estragar a festa e dominou a corrida, vencendo praticamente de ponta a ponta. Este ano, a relação de possíveis “estraga-prazeres” é encabeçada por Michael Schumacher, passa por Heinz-Harald Frentzen e termina nos pilotos da Benetton e McLaren. Diferente de Barcelona, onde disse que iria correr pelos pontos, Michael Schumacher já avisa que a Williams não terá vida fácil em Montreal, pois vai firme atrás da vitória.


A IRL disputou sábado passado a sua primeira etapa noturna, o GP de Longhorn, realizada no novíssimo circuito do Texas Motor Speedway, de 1,5 milhas de extensão, e formato trioval com curvas superinclinadas. O circuito fica na localidade de Fort Worth, próximo a Dallas, no Texas, e foi inaugurado há poucos meses. Tony Stewart largou na pole-position para as 208 voltas da corrida de 500 Km de extensão, que começou ainda com a luz do sol. À medida que a prova progredia, a noite foi caindo, e a pista passou a ser iluminada por um complexo de luzes espetacular. A corrida, entretanto, teve alguns erros na cronometragem da prova, e só depois de várias horas foi confirmada a vitória de Arie Luyendick, a sua 2ª vitória consecutiva no campeonato. Alguns ficaram inconformados com a decisão, como A. J. Foity, que deu até alguns socos no piloto holandês depois disso. Os brasileiros Marco Greco e Affonso Giaffone Neto não conseguiram completar a corrida.


Novas fofocas de bastidores agitam a F-1: Alain Prost pode ter como dupla de pilotos para 1998 Damon Hill e Jacques Villeneuve, Pelo seu lado, a McLaren pode ter como dupla Ralf Schumacher e Damon Hill...


Rola também a fofoca de que a Peugeot deve mesmo fornecer motores somente à equipe Prost em 1998. Eddie Jordan, até o momento, não teria conseguido convencer a Peugeot com as performances de sua equipe para esticar o compromisso para o ano que vem.


Mais uma vitória brasileira no campeonato da Indy Lights. Em Detroit, Tony Kanaan venceu com Hélio Castro Neves em 2º lugar. Helinho lidera o campeonato da categoria com 88 pontos...


A Lola está em péssima situação. Depois de liquidar com sua equipe de Fórmula 1, a fábrica de carros de competição agora teve de leiloar parte de seu controle acionário. O fiasco do desempenho dos chassis para a F-CART também contribuíram para piorar a saúde financeira da empresa...

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