O Circuito das Américas, no Texas, pode ver a primeira definição de título da F-1 desde 1982 nos Estados Unidos. |
O circo da F-1
desembarcou em Austin, no Texas, no início desta semana, pronto para assistir
ao que se espera ser a decisão do título da temporada 2015 de pilotos. Depois
que a Mercedes confirmou o título de construtores semana retrasada em Sochi, na
Rússia, nada mais natural de que encerrar a fatura com o mais do que provável
tricampeonato de Lewis Hamilton, que se não vier aqui no Circuito das Américas,
certamente deverá vir na etapa seguinte, na Cidade do México. Mas a situação
está tão favorável ao atual campeão mundial que ele se deu ao luxo de chegar na
pista no maior relaxamento e alto astral.
E não é para menos. Com
66 pontos de vantagem para Sebastian Vettel, Hamilton comemorará a taça se
marcar 9 pontos a mais do que o piloto da Ferrari. Para deixar Nico Rosberg a
ver navios pelo segundo ano consecutivo, a tarefa é ainda mais fácil, bastando
marcar apenas 2 pontos a mais do que seu companheiro de time. Claro que, pela
prudência, Lewis não está comemorando nada antecipadamente, mas sua calma em
Austin indica que ele sabe claramente que só um desastre lhe tiraria o título. Mesmo
assim, faz bem em não comemorar na véspera.
Só que a parada já
começa complicada para um de seus desafiantes. Sebastian Vettel perderá 10
posições no grid para a prova de domingo. O motivo é o alemão estar utilizando
seu 5° motor no ano, de um total permitido de 4, e com isso, estourando a cota.
Maurizio Arrivabene, diretor da Ferrari, é mais realista ao afirmar que não
havia esperanças reais de título, portanto, a luta agora é para ver se
conseguem emplacar o vice-campeonato. Nico Rosberg, depois do abandono em
Sochi, caiu para 3° no campeonato, estando 7 pontos atrás de Vettel, e
certamente vai lutar para recuperar a posição que tem obrigação de conseguir,
em um ano que foi dominado amplamente por seu time, a Mercedes. Nico afirma que
só o título interessa, mas é difícil acreditar que ele mesmo creia que ainda
pode virar o jogo a esta altura da competição. Mas seria ainda pior ficar atrás
de Vettel na classificação, diante do carro de que dispõe. Depois de no ano passado
estender a decisão do título até a última etapa, em Abu Dhabi, o alemão foi
amplamente subjugado por Hamilton este ano, conseguindo apenas 3 vitórias,
sendo que uma delas praticamente caiu em seu colo, em Mônaco. Se quiser
terminar o ano com um pouco de amor próprio, Nico precisa garantir o
vice-campeonato, resultado que seria um trunfo moral para a Ferrari no ano.
Dependendo de como se
iniciar a corrida, se Rosberg conseguir sair à frente e se mantiver firme nela,
é provável que Hamilton até deixe de lutar pela vitória, para garantir os
pontos do segundo lugar, a fim de não arriscar alguma manobra perigosa para
assumir a liderança, caso Nico ande muito forte. Isso adiaria a decisão do título,
e certamente fortaleceria o alemão da Mercedes na retomada da vice-liderança
contra seu compatriota da Ferrari, mas conhecendo Hamilton, é pouco provável
que isso aconteça. Com um excelente histórico nesta pista, o atual bicampeão
mundial certamente vai atacar desde o início, e se sair na pole, pior ainda
para os adversários, pois a tendência é ele disparar na frente.
Para os torcedores
estadunidenses, é a chance de verem a definição de um título de pilotos que
ocorreu pela última vez há mais de 30 anos no país. Participando do campeonato
mundial de F-1 desde a primeira temporada, em 1950, na primeira década da
categoria a participação dos EUA no campeonato era "para inglês ver",
com a adição das 500
Milhas de Indianápolis no calendário da F-1. Os pilotos
da Indy500 não disputavam a F-1, e os pilotos desta, por sua vez, também não
corriam em Indianápolis. Era uma inclusão apenas para reforçar o caráter
"mundial" da F-1.
Mas, em 1959, os
Estados Unidos tiveram o seu primeiro Grande Prêmio de F-1 de verdade,
disputado no circuito de Watkins Glen, e logo de cara viram a decisão do título.
Bom, não foi tão difícil assim, pois era a etapa final do campeonato, e tudo
tinha mesmo que se resolver ali. Mas foi por um triz que a decisão não
aconteceu na etapa anterior, em Monza. Jack Brabham liderava a competição, e
saiu da Itália com 8 pontos de vantagem para Tony Brooks, o segundo colocado. Na
época, o vencedor levava 8 pontos, mas também havia o descarte dos piores
resultados, e com 4 abandonos no ano, Brooks não tinha pontos a desconsiderar,
o que não era o caso de Brabham. O australiano venceu a parada com um 4° lugar.
Tony Brooks subiu ao pódio, em 3°, mas não foi o suficiente para superar Jack,
que com 31 pontos válidos de um total de 34, ficou à frente dos 27 pontos de
Brooks. Foi o primeiro título conquistado por Jack Brabham, que corria pela
equipe Cooper.
Watkins Glen, em sua estréia como sede do GP dos EUA em 1959, assistiu à conquista do primeiro título de Jack Brabham. |
Apenas em 1970 o GP
dos Estados Unidos decidiria novamente um título de pilotos na F-1. E o campeão
já não estava entre nós. Jochen Rindt, piloto austríaco da equipe Lotus,
faleceu durante os treinos da etapa de Monza, quando liderava o campeonato, com
45 pontos. Abalada, a escuderia de Colin Chapman retirou-se da corrida, não
disputando também a etapa do Canadá. A próxima parada era novamente em Watkins
Glen, nos Estados Unidos, e a Lotus estava de volta. O trunfo da escuderia
inglesa era seu piloto novato, Émerson Fittipaldi, que tendo de liderar o time
após a perda de seu grande ás, cumpriu a tarefa com perfeição, vencendo a prova
americana, e com isso arruinando as chances do belga Jack Ickx, da Ferrari,
superar o austríaco, que estava 14 pontos atrás, e com o triunfo do brasileiro,
não tinha mais chances de título. Ickx venceu a corrida seguinte, terminando o
ano com 40 pontos. Jochen Rindt tornou-se o primeiro e único campeão póstumo da
história da F-1, com o resultado daquela vitória no GP dos EUA de 1970.
Watkins Glen, aliás,
voltaria a ser palco de uma decisão de título em 1974, e tendo novamente Émerson
Fittipaldi como protagonista. O brasileiro, agora na McLaren, chegou para a prova
estadunidense, que encerrava o campeonato, empatado em pontos com o suíço Clay
Regazzoni, da Ferrari. Émerson foi 4° colocado e faturou o seu bicampeonato.
Foi o primeiro título de um piloto brasileiro decidido no GP dos EUA.
A vitória de Émerson Fittipaldi no GP dos EUA em 1970 garantiu o título póstumo para Jochen Rindt, que havia morrido em Monza. Foi também a primeira vitória brasileira na F-1. |
Em 1977, a corrida americana,
mais uma vez em Watkins Glen, viu novamente uma decisão de título. Faltando 2
corridas para encerrar o campeonato daquele ano, que ainda teria provas em Mosport,
no Canadá, e em Fuji, no Japão, Niki Lauda, da Ferrari, liquidou a fatura no
circuito estadunidense com um 4° lugar, chegando aos 72 pontos. O sul-africano
Jody Schekter, da equipe Wolf, foi 3° e chegava a 46 pontos, sem possibilidades
de alcançar Lauda, que conquistava seu 2° título e calava os críticos que o
chamaram de covarde no ano anterior quando desistiu de disputar o GP do Japão
devido à forte chuva no dia da corrida. Lauda ainda sofria as sequelas de seu
pavoroso acidente em Nurburgring naquele ano, mas sua decisão de abandonar a
corrida, e com isso perder o título para James Hunt, da McLaren, enfureceu as
hostes de torcedores ferraristas.
Em 1981, nova decisão
de título nos Estados Unidos, que naquele ano sediou duas corridas, disputadas em
Long Beach e Las Vegas, aquela abrindo o campeonato, esta fechando-o. E foi em
Las Vegas, última corrida do ano, que outro brasileiro decidiu o título nos
EUA: Nélson Piquet, da Brabham, ganhou seu primeiro campeonato com um 5° lugar
na prova, desbancando o argentino Carlos Reutmann, da Williams, por apenas um
ponto (50 a
49, a
favor de Piquet), deixando o argentino indignado por ter sido superado por alguém
que anos antes limpava o seu carro nos boxes do GP do Brasil.
Niki Lauda conquistou seu bicampeonato no GP dos EUA de 1977, calando seus críticos. |
No ano seguinte, os
Estados Unidos assistiriam à última decisão de um título de pilotos da F-1 em
seu país. Keke Rosberg, da Williams, chegou a Las Vegas com 42 pontos, e John
Watson, da McLaren, precisava vencer para igualar o finlandês e levar o título
pelo critério de desempate de mais vitórias, desde que Keke não pontuasse. Watson
quase conseguiu: foi o 2° colocado, e além de não vencer a corrida, cuja vitória
ficou com o impressionante novato italiano Michele Alboreto, da Tyrrel, ainda
viu Rosberg terminar em 5°, faturar mais 2 pontos, e comemorar seu único título
na categoria máxima do automobilismo.
A pista de Las Vegas assistiu às últimas decisões de título da F-1, em 1981 e 1982, a favor de Nélson Piquet e Keke Rosberg, respectivamente. |
De lá para cá, a
corrida estadunidense foi realocada para o meio do campeonato, juntamente com a
etapa do Canadá, perdendo quaisquer chances de decidir novamente um título. E,
de 1992 a
1999, esteve de fora do calendário, retornando apenas no ano 2000, em um
circuito misto montado dentro do autódromo de Indianápolis, e mesmo sendo uma
das últimas etapas da competição naquele início dos anos 2000, não teve chance
de assistir a nova definição de título. Novamente, a corrida voltaria para o
meio da temporada, e tornaria a sair da competição, até retornar há 4 anos atrás,
agora no seu palco atual, o Circuito das Américas, em Austin, Texas. E, estando
novamente entre as últimas corridas do campeonato, voltaram a surgir as chances
de assistir novamente a uma decisão de título, o que vem a acontecer enfim
agora em 2015.
O Circuito das Américas
é o melhor palco do GP dos Estados Unidos para assistir novamente a uma decisão
de título. As corridas na pista texana, até hoje, nunca foram muito
empolgantes, mas espera-se que a prova deste ano traga uma emoção a mais pelo
adicional da decisão do título. E ainda poderemos ter uma corrida bem agitada,
pois a previsão é de chuva para o fim de semana, o que promete embaralhar os
planos dos pilotos e escuderias. Aguardemos para ver...
A MotoGP inicia hoje os treinos
para a penúltima etapa do campeonato, em Sepang, na Malásia, e como na prova da
Austrália, o foco central é a disputa pelo título entre o italiano Valentino
Rossi e o espanhol Jorge Lorenzo, da equipe oficial da Yamaha. Em Phillip
Island, domingo passado, vimos um duelo titânico entre a dupla da Yamaha e a
dupla da Honda nas primeiras colocações, e ainda a presença de Andrea Iannone,
da Ducati, em pegas como há muito não se via na competição. E coube a Marc
Márquez estragar os planos de Lorenzo, ao superar o compatriota na parte final
da prova e vencer pela primeira vez na pista australiana. Para sorte de
Lorenzo, Rossi, seu adversário na luta pelo título, bem que tentou mas não conseguiu
desalojar Iannone da 3ª colocação, finalizando a prova em 4° lugar, e com isso
vendo sua vantagem de 18 pontos cair para 11 pontos faltando duas corridas para
encerrar o campeonato. No ano passado, Marc Márquez venceu a prova malaia, mas
teve logo atrás de si a dupla da Yamaha em duelo renhido pelas demais posições
do pódio, com Rossi a ficar em 2° lugar, a apenas 2s44 de distância do
bicampeão da Honda. Lorenzo chegou logo atrás, a 3s5. Mais do que nunca,
Lorenzo precisa continuar tirando a diferença para Rossi, assim como fez na
Austrália. Para Valentino, torna-se mais crucial do que nunca terminar na
frente de seu companheiro de equipe, a fim de poder dar as cartas na etapa
final, em Valência. O duelo está armado, e promete deixar a torcida de cabelo
em pé, a se repetir o nível de disputa visto em Phillip Island. Aliás, outra
coisa que a MotoGP fez na pista australiana foi deixar os ecologistas irados:
uma inocente e incauta gaivota acabou atropelada durante a parte inicial da
corrida, colhida pela Ducati de Andrea Iannone, que atingiu violentamente a
pobre ave, quando esta tentou levantar vôo na frente das motos que vinham em
sua direção. A gaivota caiu na pista, no meio do pelotão, que infelizmente
terminou o serviço iniciado involuntariamente por Iannone. Mais um pobre animal
que entra para os anais das vítimas do esporte a motor...
A F-E inicia hoje suas atividades
de pista em Pequim, onde amanhã será disputada a primeira corrida do segundo
campeonato da categoria de carros elétricos monopostos. A pedido das
escuderias, hoje haverá um treino teste de 30 minutos, que servirá para todos
acertarem melhor o desenvolvimento de seus equipamentos, que terá mais potência
elétrica à disposição durante as corridas, passando de 150 para 170 Kw. O
incremento de potência nas baterias, que ainda são as mesmas utilizadas no
primeiro campeonato, pode causar problemas de confiabilidade nas mesmas, e como
não foi possível testar a nova capacidade a fundo nos dias de testes da
pré-temporada realizados em Donington Park, o novo treino deverá ajudar os
times a verificar melhor as virtudes e possíveis defeitos do novo limite. O
novo treino também está programado para a etapa de Putrajaya, e pode ser
estendido a todas as etapas restantes. A pista de Pequim, montada nas ruas do
Parque Olímpico, tem 17 curvas, com um total de 3,439 Km de extensão. A
corrida será disputa em 26 voltas, uma a mais do que a prova inaugural da
competição no ano passado. A organização da categoria aumentou o percurso das
etapas em mais uma volta de maneira a manter os pilotos focados no controle do
consumo de energia de seus carros, uma vez que a maior potência de que disporão
neste segundo certame poderia tirar esse desafio. Os carros, aliás, devem ser
mais velozes este ano, devido ao aumento de potência. No ano passado, a volta
mais rápida da corrida de Pequim foi do japonês Takuma Sato, que correu pela
equipe Amlin Aguri, com o tempo de 1min45s101. A pole-position foi do francês
Nicolas Prost, da e.dams, com o tempo de 1min42s2. O canal pago Fox Sports
transmite o treino de classificação ao vivo, a partir das 2 horas madrugada
desta sexta para sábado, e a corrida, a partir das 5:30 horas, com reprise às
10:30 horas.
O circuito de Pequim para a F-E, apesar da boa extensão, tem a pista estreita, o que dificulta as ultrapassagens durante a corrida. |
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