sexta-feira, 16 de outubro de 2015

DUELO NA YAMAHA



Valentino Rossi e Jorge Lorenzo vão decidir o título da MotoGP 2015. E a disputa promete ser acirrada e curva a curva. Quem vai levar a melhor?

            O Mundial da MotoGP entra em sua reta final no campeonato de 2015 com a disputa eletrizante entre a dupla da equipe oficial da Yamaha, o espanhol Jorge Lorenzo, bicampeão mundial da categoria, e o italiano Valentino Rossi, nada menos do que 7 vezes campeão, e que vai em busca de seu oitavo título. O palco deste fim de semana é a Austrália, com sua prova a ser disputada no circuito de Phillip Island, próximo a Melbourne, no sul do país. O traçado do circuito australiano tem 4,4 Km de extensão, com 12 curvas, e a corrida será disputada em 27 voltas, totalizando 120,1 Km de percurso. A corrida será transmitida ao vivo pelo canal pago SporTV, na madrugada de sábado para domingo.
            Após a etapa do Japão, disputada domingo passado em Motegi, o clima esquentou na disputa pelo campeonato. Com o 4° lugar, Marc Márquez, atual bicampeão da categoria, e que dominou a MotoGP nas temporadas de 2013 e 2014, está fora da disputa pelo tricampeonato. Com a etapa da Austrália, temos 3 provas para encerrar o campeonato da MotoGP, com um total de 75 pontos em jogo. Com 197 pontos, Márquez está 86 pontos atrás de Rossi, o líder do campeonato, e seu terceiro título terá de esperar pelo campeonato do ano que vem.
            Campeã pela última vez em 2012 com Jorge Lorenzo, a Yamaha vai voltar a comemorar um título na MotoGP. Fica a dúvida mesmo é com qual de seus pilotos. Tanto Lorenzo quanto Rossi mostram que vão brigar palmo a palmo pelo título, e cada descuido pode ser fatal. Lorenzo mesmo já sentiu isso em Motegi, onde parecia rumar para a vitória, mas com o piso secando, o espanhol se viu superado por seu compatriota Dani Pedrosa, da Honda, que partiu para vencer sua primeira corrida na temporada. Valentino Rossi, que vinha logo atrás de Pedrosa, partiu para cima de Lorenzo, e num pequeno erro do seu companheiro de time, assumiu a 2ª posição e conseguiu aumentar a sua vantagem na classificação, de 14 para 18 pontos. Lorenzo acusou o golpe, alegando ter tido azar pela pista ter secado tão rápido, ao que Valentino retrucou que era desrespeitoso acusar o azar pela sua derrota.
            Os 18 pontos de vantagem de Rossi são um alívio muito tênue, uma vez que a vitória vale 25 pontos, e tudo pode acontecer. Valentino já definiu seu raio de ação, que será marcar Lorenzo, para impedir que ele tire essa diferença, mas a meta principal é aumentá-la ainda mais. O italiano já declarou que não está pensando nas contas que precisa fazer para chegar ao título, e que o foco é corrida a corrida, pois tudo pode mudar de uma prova para a outra. Por enquanto, o heptacampeão está concentrado para a corrida australiana, certo do que precisará fazer para derrotar o companheiro de equipe na corrida. Mas a parada vai ser dura: Lorenzo é o piloto que mais venceu na temporada, com 6 vitórias, contra apenas 3 de Rossi. Em termos de velocidade pura, o espanhol leva vantagem sobre o italiano, mas na MotoGP, velocidade não é tudo, e Valentino pretende usar toda a sua larga experiência para igualar a disputa, e chegar a mais um título. Mas não vai bastar o italiano ficar em cima de Lorenzo apenas, ele precisará chegar à frente de quem quer que seja para garantir o título. E os pilotos da Honda, Marc Márquez e Dani Pedrosa, apesar de não estarem mais em condições de disputar o título, certamente vão em busca da vitória nas etapas finais da competição, o que vai complicar os planos tanto de Rossi quanto de Lorenzo. Basta um conseguir finalizar a prova deixando um dos pilotos da Honda entre ele e seu parceiro de time, para a vantagem na classificação aumentar mais, no caso de Rossi, ou o outro diminuir bastante sua desvantagem, caso de Lorenzo.
            Na briga em Phillip Island, o retrospecto é favorável a Valentino Rossi. O italiano venceu a corrida do ano passado, depois de largar em 8° lugar, e fazer uma prova de recuperação notável. Marc Márquez, o pole, tinha tudo para vencer, mesmo com a esplendorosa performance de Rossi, mas caiu da moto ainda na primeira metade da prova, e viu a dupla da Yamaha dominar o pódio, com Lorenzo em 2° lugar, a 10s de Rossi. Foi o 6° triunfo de Valentino na pista australiana, o que faz dele o recordista de vitórias no circuito, ao lado de Casey Stoner, que também contabiliza 6 vitórias na prova, obtidas de 2007 a 2012. Mas Rossi também tem duas vitórias de quando corria nas 250cc, categoria de acesso logo abaixo da categoria rainha (hoje chamada de Moto2), nas temporadas de 1998 e 1999. E, de 2001 a 2005, a Austrália só viu Rossi no degrau mais alto do pódio em Phillip Island. Jorge Lorenzo, por sua vez, tem apenas uma vitória na pista australiana, em 2013. Para Rossi, a missão é clara: ele precisará mostrar toda a sua classe que o levou a 6 triunfos na Austrália para vencer a disputa contra Lorenzo, que vai para o tudo ou nada, sabendo que precisa tirar a desvantagem que tem para o italiano o mais rápido possível.
O circuito de Phillip Island recebe o GP da Austrália de MotoGP. Em 2014, a vitória foi de Valentino Rossi. O italiano quer vencer de novo este ano...
            E correr como franco-atirador pode ser perigoso: enquanto Valentino até aqui pontuou em todas as corridas, Lorenzo já ficou de fora dos pontos na etapa de San Marino, quando sofreu uma queda na 8ª volta. O espanhol precisará manter a cabeça fria para evitar sofrer um acidente caso se veja em condições desfavoráveis. Ele tem experiência e conhecimento para isso. Rossi, por sua vez, também precisará de cautela para não sofrer nenhum abandono, o que poderia ser fatal para sua pretensões de título. E não podemos esquecer também de outro fator: a chuva, que já andou dando o ar da graça em algumas provas neste ano, e foi responsável pela mudança na parte final da corrida do Japão, com a prova começando com piso molhado e ir secando conforme a etapa se desenvolvia, o que permitiu a vitória de Pedrosa. E as previsões apontam para chances de chuva no fim de semana. Como esta coluna foi fechada antes do início dos treinos, é difícil apontar quem poderá se dar melhor no fim de semana. A única certeza é que o duelo vai ser aguerrido entre a dupla da Yamaha.
            Caso venha a conquistar o título, Valentino Rossi igualará os 8 campeonatos obtidos por seu compatriota Giacomo Agostini, que venceu em 8 vezes o campeonato da classe rainha do motociclismo. No cômputo geral de títulos, porém, ainda vai demorar um pouco para Rossi igualar Agostini, que além dos 8 títulos na classe rainha, ainda foi campeão 7 vezes na categoria 350cc, que na sua época servia de categoria de acesso à classe principal, a 500cc, totalizando então 15 títulos no mundial de motociclismo. Rossi tem dois títulos nas categorias de acesso, 125cc e 250cc, que disputou antes de chegar às 500cc, atual MotoGP. Assim, com a conquista do título em 2015, Rossi somaria 10 campeonatos no mundial, restando portanto mais 5 para conseguir igualar Giacomo. Em vitórias absolutas, contando todas as categorias, Agostini tem 122 triunfos (68 na categoria principal), e nesse quesito, Rossi está chegando perto, tendo até o presente momento 112 vitórias (86 na MotoGP). Em poles, Agostini nunca foi forte em largar na frente, tendo apenas 9 poles no currículo (6 nas 500cc), enquanto Rossi já vai longe nesse quesito, tendo até agora 61 poles (51 na MotoGP). Em pódios, então, Rossi já vai longe, com um total de 210 (174 na MotoGP), contra 159 de Agostini (88 nas 500cc). Em voltas mais rápidas, Giacomo volta à dianteira, com 117 (69 nas 500cc), contra 93 de Rossi (73 na MotoGP).
            Os números de Jorge Lorenzo são muito mais modestos, sendo até o momento bicampeão da MotoGP, e bicampeão da categoria 250cc. Mas ele tem planos firmes de aumentar o seu currículo, e chegar ao tricampeonato este ano é um deles. Falta, porém, combinar com os adversários, especialmente com Valentino Rossi, que tem outras idéias, em especial conquistar também mais um título. O ponto positivo desta disputa entre ambos é que pelo menos o duelo é equilibrado, e qualquer um dos dois pode ser o campeão de 2015, panorama bem diferente dos dois últimos campeonatos, onde Marc Márquez reinou à vontade, conquistando o título com uma facilidade que tirou parte da graça da disputa, restando aos rivais apenas duelarem para ver quem seria o vice-campeão. Agora não, a briga é direta e deve sair faísca no embate. E os 18 pontos de vantagem de Rossi na classificação ajudam o italiano, mas não garantem nada por enquanto.
            E não haverá tempo para descansar. Da Austrália, o pessoal já embarca para a Malásia, onde será disputada na semana que vem a penúltima etapa do campeonato, na pista de Sepang. No dia 8 de novembro, veremos o encerramento da competição, em Valência, na Espanha, no circuito Ricardo Tormo. E, muito provavelmente, teremos a decisão do título por lá, a menos que Rossi consiga sair da Malásia com 26 pontos de vantagem na classificação. Aguardemos para conferir, e que venha a largada em Phillip Island neste domingo...


Na F-1, a equipe Mercedes fechou no Grande Prêmio da Rússia, disputado domingo passado, a conquista de mais um Mundial de Construtores. Lewis Hamilton, que largou em 2° lugar, comandou a corrida como quis, especialmente depois de ver seu companheiro de equipe Nico Rosberg, que largou na pole e seguia firme na liderança, enfrentar problemas no acelerador de seu carro e ser forçado a abandonar a prova. Com o triunfo do britânico, a Mercedes atingiu 531 pontos e fechou matematicamente a conquista do campeonato de construtores. Com 172 pontos em jogo que poderiam ser conquistados nas 4 etapas que faltam do campeonato, a Ferrari, com 359 pontos, poderia chegar no máximo aos mesmos 531 pontos do time prateado, mas perderiam no desempate por vitórias, chegando no máximo a 7, enquanto a Mercedes já conta com 12 triunfos na temporada.
Lewis Hamilton conquistou em Sochi sua 9ª vitória na temporada de 2015 da F-1 e garantiu o título de construtores para a equipe Mercedes.


Embora não esteja fechado matematicamente, a Ferrari pode comemorar o vice-campeonato de construtores em 2015. A escuderia italiana tem uma vantagem de 139 pontos para a Williams, terceira colocada na competição, e pelo retrospecto do campeonato até aqui, é uma diferença impossível de ser descontada pelo time de Frank Williams, que por sua vez, pode muito bem comemorar seu 3° lugar no mundial, uma vez que a Red Bull, 4ª colocada, está com 149 pontos, e também pelo retrospecto do ano, muito pouco provável que consiga chegar nos 220 pontos do time de Grove. Com o 3° lugar de Sergio Pérez em Sochi, a Force India consolidou sua 5ª colocação no campeonato, chegando aos 92 pontos e distanciando-se da Lotus, que em crise financeira, é a 6ª colocada, com 66 pontos. São 26 pontos de diferença que ainda podem ser tirados em caso de um mal resultado do time de Vijay Mallya e de um bom resultado da Lotus. Na 7ª posição, com 45 pontos, está a Toro Rosso, que está com a Sauber logo atrás, com 34 pontos. A melhor condição de competitividade do time B dos energéticos, contudo, deve lhes garantir a posição na classificação, uma vez que o time de Peter Sauber, com suas restrições orçamentárias, precisaria de corridas iguais às de Sochi para arrebatar-lhes a posição no campeonato. O que não deve ter mesmo salvação é o 9° lugar da McLaren, com seus 19 pontos, o que pode ser considerado muito, considerando a falta de performance e fiabilidade do time de Woking na temporada. Quanto à Manor, não há o que dizer: pontuar seria um milagre, e mesmo assim, não os salvaria de terminar o ano na última colocação.


Os pilotos brasileiros tiveram um bom domingo na corrida da Rússia. Depois de largar num sofrível 15° posto, Felipe Massa conseguiu se manter longe de confusões durante toda a prova, e acabou premiado na última volta com a 4ª posição na bandeirada, o que o colocou novamente colado em seu parceiro Valtteri Bottas na classificação, estando apenas 2 pontos atrás do finlandês (111 a 109). Já Felipe Nasr, por sua vez, conseguiu uma ótima posição de largada (12°), e andou forte o tempo todo, finalizando a corrida em 6° lugar, seu melhor resultado na temporada, depois do 5° lugar em Melbourne. Com isso, voltou a mostrar supremacia sobre seu companheiro Marcus Ericsson, que teve uma corrida para esquecer em Sochi após ser atingido por Nico Hulkemberg logo no início da prova, e chegou aos 25 pontos, contra apenas 9 do sueco. Massa, entretanto, esteve sempre atrás de Bottas na corrida, e não fosse o acidente deste com seu conterrâneo Kimi Raikkonem na última volta, seria apenas o 6° colocado. Vale destacar que Bottas esteve sempre na zona do pódio durante boa parte da prova, e mesmo com a sua boa recuperação durante a corrida, dava para Felipe Massa ter feito muito mais com o carro que tinha em mãos. Já Nasr teve uma atuação excelente na prova russa, andando forte o tempo todo, ainda mais se levarmos em conta a competitividade de adversários que conseguiu superar na pista, o que nem sempre conseguiu fazer durante o ano. O melhor foi ter sido sempre mais veloz que seu parceiro de time Marcus Ericsson, que nas últimas etapas vinha conseguindo mostrar mais resultados do que o brasileiro. Para Massa, a meta é terminar à frente de seu companheiro de equipe finlandês, e reafirmar o seu bom momento na equipe Williams, onde permanecerá em 2016. Felipe Nasr, por sua vez, precisa também garantir a permanência do bom momento vivido na Rússia para as etapas finais do campeonato, a fim de mostrar cada vez mais suas credenciais para buscar um time mais competitivo em 2017.

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