Valentino Rossi e Jorge Lorenzo vão decidir o título da MotoGP 2015. E a disputa promete ser acirrada e curva a curva. Quem vai levar a melhor? |
O Mundial da MotoGP
entra em sua reta final no campeonato de 2015 com a disputa eletrizante entre a
dupla da equipe oficial da Yamaha, o espanhol Jorge Lorenzo, bicampeão mundial
da categoria, e o italiano Valentino Rossi, nada menos do que 7 vezes campeão,
e que vai em busca de seu oitavo título. O palco deste fim de semana é a Austrália,
com sua prova a ser disputada no circuito de Phillip Island, próximo a
Melbourne, no sul do país. O traçado do circuito australiano tem 4,4 Km de extensão, com 12
curvas, e a corrida será disputada em 27 voltas, totalizando 120,1 Km de percurso. A
corrida será transmitida ao vivo pelo canal pago SporTV, na madrugada de sábado
para domingo.
Após a etapa do Japão,
disputada domingo passado em Motegi, o clima esquentou na disputa pelo
campeonato. Com o 4° lugar, Marc Márquez, atual bicampeão da categoria, e que
dominou a MotoGP nas temporadas de 2013 e 2014, está fora da disputa pelo
tricampeonato. Com a etapa da Austrália, temos 3 provas para encerrar o
campeonato da MotoGP, com um total de 75 pontos em jogo. Com 197 pontos, Márquez
está 86 pontos atrás de Rossi, o líder do campeonato, e seu terceiro título terá
de esperar pelo campeonato do ano que vem.
Campeã pela última vez
em 2012 com Jorge Lorenzo, a Yamaha vai voltar a comemorar um título na MotoGP.
Fica a dúvida mesmo é com qual de seus pilotos. Tanto Lorenzo quanto Rossi mostram
que vão brigar palmo a palmo pelo título, e cada descuido pode ser fatal. Lorenzo
mesmo já sentiu isso em Motegi, onde parecia rumar para a vitória, mas com o
piso secando, o espanhol se viu superado por seu compatriota Dani Pedrosa, da
Honda, que partiu para vencer sua primeira corrida na temporada. Valentino
Rossi, que vinha logo atrás de Pedrosa, partiu para cima de Lorenzo, e num
pequeno erro do seu companheiro de time, assumiu a 2ª posição e conseguiu
aumentar a sua vantagem na classificação, de 14 para 18 pontos. Lorenzo acusou
o golpe, alegando ter tido azar pela pista ter secado tão rápido, ao que
Valentino retrucou que era desrespeitoso acusar o azar pela sua derrota.
Os 18 pontos de
vantagem de Rossi são um alívio muito tênue, uma vez que a vitória vale 25
pontos, e tudo pode acontecer. Valentino já definiu seu raio de ação, que será
marcar Lorenzo, para impedir que ele tire essa diferença, mas a meta principal é
aumentá-la ainda mais. O italiano já declarou que não está pensando nas contas
que precisa fazer para chegar ao título, e que o foco é corrida a corrida, pois
tudo pode mudar de uma prova para a outra. Por enquanto, o heptacampeão está
concentrado para a corrida australiana, certo do que precisará fazer para
derrotar o companheiro de equipe na corrida. Mas a parada vai ser dura: Lorenzo
é o piloto que mais venceu na temporada, com 6 vitórias, contra apenas 3 de
Rossi. Em termos de velocidade pura, o espanhol leva vantagem sobre o italiano,
mas na MotoGP, velocidade não é tudo, e Valentino pretende usar toda a sua larga
experiência para igualar a disputa, e chegar a mais um título. Mas não vai
bastar o italiano ficar em cima de Lorenzo apenas, ele precisará chegar à
frente de quem quer que seja para garantir o título. E os pilotos da Honda,
Marc Márquez e Dani Pedrosa, apesar de não estarem mais em condições de
disputar o título, certamente vão em busca da vitória nas etapas finais da
competição, o que vai complicar os planos tanto de Rossi quanto de Lorenzo. Basta
um conseguir finalizar a prova deixando um dos pilotos da Honda entre ele e seu
parceiro de time, para a vantagem na classificação aumentar mais, no caso de
Rossi, ou o outro diminuir bastante sua desvantagem, caso de Lorenzo.
Na briga em Phillip
Island, o retrospecto é favorável a Valentino Rossi. O italiano venceu a
corrida do ano passado, depois de largar em 8° lugar, e fazer uma prova de
recuperação notável. Marc Márquez, o pole, tinha tudo para vencer, mesmo com a
esplendorosa performance de Rossi, mas caiu da moto ainda na primeira metade da
prova, e viu a dupla da Yamaha dominar o pódio, com Lorenzo em 2° lugar, a 10s
de Rossi. Foi o 6° triunfo de Valentino na pista australiana, o que faz dele o
recordista de vitórias no circuito, ao lado de Casey Stoner, que também
contabiliza 6 vitórias na prova, obtidas de 2007 a 2012. Mas Rossi também
tem duas vitórias de quando corria nas 250cc, categoria de acesso logo abaixo
da categoria rainha (hoje chamada de Moto2), nas temporadas de 1998 e 1999. E,
de 2001 a
2005, a
Austrália só viu Rossi no degrau mais alto do pódio em Phillip Island. Jorge
Lorenzo, por sua vez, tem apenas uma vitória na pista australiana, em 2013. Para
Rossi, a missão é clara: ele precisará mostrar toda a sua classe que o levou a
6 triunfos na Austrália para vencer a disputa contra Lorenzo, que vai para o
tudo ou nada, sabendo que precisa tirar a desvantagem que tem para o italiano o
mais rápido possível.
O circuito de Phillip Island recebe o GP da Austrália de MotoGP. Em 2014, a vitória foi de Valentino Rossi. O italiano quer vencer de novo este ano... |
E correr como
franco-atirador pode ser perigoso: enquanto Valentino até aqui pontuou em todas
as corridas, Lorenzo já ficou de fora dos pontos na etapa de San Marino, quando
sofreu uma queda na 8ª volta. O espanhol precisará manter a cabeça fria para
evitar sofrer um acidente caso se veja em condições desfavoráveis. Ele tem
experiência e conhecimento para isso. Rossi, por sua vez, também precisará de
cautela para não sofrer nenhum abandono, o que poderia ser fatal para sua
pretensões de título. E não podemos esquecer também de outro fator: a chuva,
que já andou dando o ar da graça em algumas provas neste ano, e foi responsável
pela mudança na parte final da corrida do Japão, com a prova começando com piso
molhado e ir secando conforme a etapa se desenvolvia, o que permitiu a vitória
de Pedrosa. E as previsões apontam para chances de chuva no fim de semana. Como
esta coluna foi fechada antes do início dos treinos, é difícil apontar quem
poderá se dar melhor no fim de semana. A única certeza é que o duelo vai ser aguerrido
entre a dupla da Yamaha.
Caso venha a
conquistar o título, Valentino Rossi igualará os 8 campeonatos obtidos por seu
compatriota Giacomo Agostini, que venceu em 8 vezes o campeonato da classe
rainha do motociclismo. No cômputo geral de títulos, porém, ainda vai demorar
um pouco para Rossi igualar Agostini, que além dos 8 títulos na classe rainha,
ainda foi campeão 7 vezes na categoria 350cc, que na sua época servia de
categoria de acesso à classe principal, a 500cc, totalizando então 15 títulos
no mundial de motociclismo. Rossi tem dois títulos nas categorias de acesso,
125cc e 250cc, que disputou antes de chegar às 500cc, atual MotoGP. Assim, com
a conquista do título em 2015, Rossi somaria 10 campeonatos no mundial,
restando portanto mais 5 para conseguir igualar Giacomo. Em vitórias absolutas,
contando todas as categorias, Agostini tem 122 triunfos (68 na categoria principal),
e nesse quesito, Rossi está chegando perto, tendo até o presente momento 112
vitórias (86 na MotoGP). Em poles, Agostini nunca foi forte em largar na
frente, tendo apenas 9 poles no currículo (6 nas 500cc), enquanto Rossi já vai
longe nesse quesito, tendo até agora 61 poles (51 na MotoGP). Em pódios, então,
Rossi já vai longe, com um total de 210 (174 na MotoGP), contra 159 de Agostini
(88 nas 500cc). Em voltas mais rápidas, Giacomo volta à dianteira, com 117 (69
nas 500cc), contra 93 de Rossi (73 na MotoGP).
Os números de Jorge
Lorenzo são muito mais modestos, sendo até o momento bicampeão da MotoGP, e
bicampeão da categoria 250cc. Mas ele tem planos firmes de aumentar o seu currículo,
e chegar ao tricampeonato este ano é um deles. Falta, porém, combinar com os
adversários, especialmente com Valentino Rossi, que tem outras idéias, em
especial conquistar também mais um título. O ponto positivo desta disputa entre
ambos é que pelo menos o duelo é equilibrado, e qualquer um dos dois pode ser o
campeão de 2015, panorama bem diferente dos dois últimos campeonatos, onde Marc
Márquez reinou à vontade, conquistando o título com uma facilidade que tirou
parte da graça da disputa, restando aos rivais apenas duelarem para ver quem
seria o vice-campeão. Agora não, a briga é direta e deve sair faísca no embate.
E os 18 pontos de vantagem de Rossi na classificação ajudam o italiano, mas não
garantem nada por enquanto.
E não haverá tempo
para descansar. Da Austrália, o pessoal já embarca para a Malásia, onde será
disputada na semana que vem a penúltima etapa do campeonato, na pista de
Sepang. No dia 8 de novembro, veremos o encerramento da competição, em Valência,
na Espanha, no circuito Ricardo Tormo. E, muito provavelmente, teremos a decisão
do título por lá, a menos que Rossi consiga sair da Malásia com 26 pontos de
vantagem na classificação. Aguardemos para conferir, e que venha a largada em
Phillip Island neste domingo...
Na F-1, a equipe Mercedes fechou no
Grande Prêmio da Rússia, disputado domingo passado, a conquista de mais um
Mundial de Construtores. Lewis Hamilton, que largou em 2° lugar, comandou a
corrida como quis, especialmente depois de ver seu companheiro de equipe Nico
Rosberg, que largou na pole e seguia firme na liderança, enfrentar problemas no
acelerador de seu carro e ser forçado a abandonar a prova. Com o triunfo do
britânico, a Mercedes atingiu 531 pontos e fechou matematicamente a conquista
do campeonato de construtores. Com 172 pontos em jogo que poderiam ser conquistados
nas 4 etapas que faltam do campeonato, a Ferrari, com 359 pontos, poderia
chegar no máximo aos mesmos 531 pontos do time prateado, mas perderiam no
desempate por vitórias, chegando no máximo a 7, enquanto a Mercedes já conta
com 12 triunfos na temporada.
Lewis Hamilton conquistou em Sochi sua 9ª vitória na temporada de 2015 da F-1 e garantiu o título de construtores para a equipe Mercedes. |
Embora não esteja fechado
matematicamente, a Ferrari pode comemorar o vice-campeonato de construtores em 2015. A escuderia italiana
tem uma vantagem de 139 pontos para a Williams, terceira colocada na competição,
e pelo retrospecto do campeonato até aqui, é uma diferença impossível de ser
descontada pelo time de Frank Williams, que por sua vez, pode muito bem
comemorar seu 3° lugar no mundial, uma vez que a Red Bull, 4ª colocada, está
com 149 pontos, e também pelo retrospecto do ano, muito pouco provável que
consiga chegar nos 220 pontos do time de Grove. Com o 3° lugar de Sergio Pérez
em Sochi, a Force India consolidou sua 5ª colocação no campeonato, chegando aos
92 pontos e distanciando-se da Lotus, que em crise financeira, é a 6ª colocada,
com 66 pontos. São 26 pontos de diferença que ainda podem ser tirados em caso
de um mal resultado do time de Vijay Mallya e de um bom resultado da Lotus. Na 7ª
posição, com 45 pontos, está a Toro Rosso, que está com a Sauber logo atrás,
com 34 pontos. A melhor condição de competitividade do time B dos energéticos,
contudo, deve lhes garantir a posição na classificação, uma vez que o time de
Peter Sauber, com suas restrições orçamentárias, precisaria de corridas iguais às
de Sochi para arrebatar-lhes a posição no campeonato. O que não deve ter mesmo
salvação é o 9° lugar da McLaren, com seus 19 pontos, o que pode ser
considerado muito, considerando a falta de performance e fiabilidade do time de
Woking na temporada. Quanto à Manor, não há o que dizer: pontuar seria um
milagre, e mesmo assim, não os salvaria de terminar o ano na última colocação.
Os pilotos brasileiros tiveram um
bom domingo na corrida da Rússia. Depois de largar num sofrível 15° posto,
Felipe Massa conseguiu se manter longe de confusões durante toda a prova, e
acabou premiado na última volta com a 4ª posição na bandeirada, o que o colocou
novamente colado em seu parceiro Valtteri Bottas na classificação, estando
apenas 2 pontos atrás do finlandês (111 a 109). Já Felipe Nasr, por sua vez,
conseguiu uma ótima posição de largada (12°), e andou forte o tempo todo,
finalizando a corrida em 6° lugar, seu melhor resultado na temporada, depois do
5° lugar em Melbourne. Com isso, voltou a mostrar supremacia sobre seu companheiro
Marcus Ericsson, que teve uma corrida para esquecer em Sochi após ser atingido
por Nico Hulkemberg logo no início da prova, e chegou aos 25 pontos, contra
apenas 9 do sueco. Massa, entretanto, esteve sempre atrás de Bottas na corrida,
e não fosse o acidente deste com seu conterrâneo Kimi Raikkonem na última
volta, seria apenas o 6° colocado. Vale destacar que Bottas esteve sempre na
zona do pódio durante boa parte da prova, e mesmo com a sua boa recuperação durante
a corrida, dava para Felipe Massa ter feito muito mais com o carro que tinha em
mãos. Já Nasr teve uma atuação excelente na prova russa, andando forte o tempo
todo, ainda mais se levarmos em conta a competitividade de adversários que
conseguiu superar na pista, o que nem sempre conseguiu fazer durante o ano. O
melhor foi ter sido sempre mais veloz que seu parceiro de time Marcus Ericsson,
que nas últimas etapas vinha conseguindo mostrar mais resultados do que o
brasileiro. Para Massa, a meta é terminar à frente de seu companheiro de equipe
finlandês, e reafirmar o seu bom momento na equipe Williams, onde permanecerá
em 2016. Felipe Nasr, por sua vez, precisa também garantir a permanência do bom
momento vivido na Rússia para as etapas finais do campeonato, a fim de mostrar
cada vez mais suas credenciais para buscar um time mais competitivo em 2017.
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