Scott Dixon comemora a vitória, e o tetracampeonato em Sonoma. |
O campeonato 2015 da
Indy Racing League terminou domingo passado em Sonoma com uma decisão de título
dramática e traumática: empatados em número de pontos, Scott Dixon e Juan Pablo
Montoya deixaram o público e os telespectadores eletrizados na bandeirada de
chegada, mas justamente por ter uma vitória a mais no campeonato, exatamente a
de Sonoma, Dixon levou o campeonato, aliás, o tetracampeonato, igualando-se a
seu antigo parceiro Dario Franchiti, o único tetracampeão da categoria fundada
por Tony George em 1996. E que tem tudo para ser o seu maior campeão, uma vez
que Franchiti deixou as pistas, e os demais rivais na competição são apenas
campeões, precisando comer muito feijão para se igualarem ao neozelandês, que
levou um título que parecia para muitos improvável, mas o fez com todos os méritos,
lutando sempre.
Justamente pela
surpresa, e principalmente frustração, Juan Pablo Montoya, que vinha liderando
a competição desde a primeira corrida da temporada, em São Petesburgo, na
Flórida, não lidou bem com a derrota, chegando a insultar o desempenho de Dixon
no campeonato de "temporada de merda". Pode-se entender a raiva do
colombiano com a perda de um título que esteve muito próximo de ser seu, o que
não justifica a agressão gratuita feita ao empenho de Dixon durante o certame.
Sobrou até para a pontuação dupla que a prova de Sonoma teve, e Montoya
esqueceu que, em Indianápolis, a pontuação também foi dobrada, e foi ele quem
venceu a Indy500, portanto, não pode alegar que Dixon foi beneficiado por este
detalhe.
A crítica mais correta
à pontuação dupla seria o fato de que Sonoma não deveria ter esse detalhe. Não
foi por ser a decisão do campeonato que os pontos que os pilotos faturariam em
Infineon seriam dobrados: isso já havia sido decidido muito antes do campeonato
começar. Mas o sistema de pontos em dobro foi muito melhor utilizado em 2014,
quando a Indycar conseguiu restabelecer o esquema da "Tríplice
Coroa", que eram as provas mais importantes do calendário da antiga F-Indy
original, reunindo suas etapas de 500 milhas. No ano passado, as etapas de
Indianápolis, Fontana e Pocono tiveram a pontuação dobrada. Mais do que
corridas disputadas nos maiores circuitos ovais do calendário, os
superspeedways, as corridas eram de 500 milhas, mais do que o dobro das provas
"convencionais". Portanto, o critério de pontuação dobrada tinha
argumentos lógicos e coerentes. Para este ano, a direção da categoria mudou de
idéia, e deixou apenas a Indy500 com a pontuação dobrada, dando o privilégio
também a Sonoma. Pocono e Fontana perderam seu status, e com isso, o critério
que dava sentido à pontuação dobrada ficou descaracterizado.
Aliás, recordando
2014, Montoya cai ainda mais em contradição: no ano passado, o colombiano
ganhou as 500 Milhas
de Pocono. Ou seja, Juan Pablo venceu duas corridas em que a pontuação era
dobrada, juntando com a Indy500 deste ano. Novamente, a cabeça quente pela
derrota permite entender a raiva do piloto, e também não justifica a crítica
feita, ainda mais de forma pueril como ocorreu.
Quanto ao
"campeonato de merda" de Dixon, o piloto da Ganassi foi quem mais
venceu no ano: foram 3 vitórias, enquanto Montoya, Sebastien Bourdais, Graham
Rahal, Josef Newgarden, eRyan Hunter-Reay venceram duas corridas cada um. Will
Power, campeão em 2014, venceu apenas uma prova, o mesmo acontecendo com James
Hinchcliffe, e Carlos Muñoz. No quesito poles, Dixon faturou duas, mesmo número
de Montoya, com o agravante de que ambas, em Nova Orleans, e na segunda prova
de Detroit, foram conquistadas unicamente pelo colombiano liderar o campeonato,
já que não houve treino de classificação por causa da chuva. Will Power foi o
rei das poles em 2015, mas conseguiu converter apenas uma delas em vitória,
justamente no GP de Indianápolis. Por outro lado, Hélio Castro Neves, com 4
poles no ano, não conseguiu nenhuma vitória. Simon Pagenaud fez apenas uma
pole, assim como Josef Newgarden. O piloto neozelandês também só teve um único
abandono durante o ano, na segunda corrida de Detroit, terminando todas as
demais provas. Montoya, por sua vez,
também acumulou apenas um abandono, em Iowa, onde um problema mecânico o
tirou de combate logo no início da prova. Contabilizadas as posições de chegada
nas corridas, Scott Dixon ficou com uma média de 7,6875, enquanto Montoya teve
uma média de 6,875, o que confirma uma média de chegada apenas ligeiramente
melhor para o colombiano, uma vez que Dixon também esteve com uma média me
similar de posições de chegada.
Claro, as bandeiras
amarelas que surgiram nas etapas da competição, em alguns momentos,
transformaram algumas corridas em loterias, uma vez que alguns pilotos foram
beneficiados, enquanto outros viram suas corridas ruírem pelas circunstâncias
negativas de quanto as bandeiras foram acionadas. Mas o critério sempre foi
igual para todos, não havendo pilotos que tenham sido unicamente favorecidos,
nem desfavorecidos exclusivamente. Uns deram azar, e outros deram sorte, mas
sem favorecimentos.
Tanto Montoya quanto
Dixon fizeram campeonatos bem regulares, e até o fim da penúltima corrida, em
Pocono, o campeonato estava amplamente favorável ao colombiano. Até então, o
mais impressionante, além da constância de resultados de Montoya, era o fato de
que não havia se envolvido em nenhuma confusão na pista, enquanto rivais como
Power e Rahal haviam jogado bons resultados fora devido a incidentes e azares
de estarem no local errado no momento errado. Conhecido por sua impetuosidade
nos velhos tempos da F-Indy original, quando era muito rápido, mas também dado
a alguns exageros, Juan Pablo começava a ser visto por muitos como um piloto
mais maduro e completo, competindo com mais controle e reflexão, e ainda
mantendo quase toda a sua velocidade. A vantagem que carregou para a última
corrida lhe permitiria correr por resultados, controlando os rivais, mas
levando a pontuação dobrada em consideração, essa tática conservadora era
arriscada. O melhor a fazer seria partir para o ataque. E Montoya começou bem,
largando em 5°, enquanto Dixon saía apenas em 9°, e pela diferença de pontos,
era quase tido como azarão na disputa. A maior ameaça era Graham Rahal, que
saía a seu lado, em 6°. E Will Power, que tinha um carro excelente, e largava
na pole. Equipe por equipe, a Penske tinha mais poderio, enquanto a Ganassi
parecia ter mais sorte e constância do que capacidade propriamente.
Mas, se havia algum
momento em que a situação desandaria, teria de ser mesmo na decisão. Montoya
deu um toque na traseira de Will Power na altura da 39ª volta, praticamente
quase na metade fase da corrida, e com isso, precisou ir aos boxes para trocar
o bico do seu carro. Isso o jogou lá para trás, ao passo que Dixon, quase
ignorado inicialmente, avançava rumo às primeiras colocações. E, numa pista
travada como Sonoma, onde sempre é difícil ultrapassar, Montoya acabou ficando
muito tempo preso nas posições da segunda metade para trás, de modo que quando
precisou reagir de fato por ver o título lhe escapando, já era tarde para
recuperar o prejuízo. Ele bem que tentou, e até conseguiu fazer bastante, mas
ficou faltando a posição derradeira para ganhar os pontos decisivos. Enquanto
isso, Dixon, usando sua costumeira habilidade de conseguir poupar um pouco mais
de combustível durante as paradas, não apenas conseguiu assumir a liderança da
competição, como se manter lá. Para o público e os telespectadores, as voltas
finais foram de tensão total: Dixon levaria, ou Montoya conseguiria, no
extremo, conquistar o título? A resposta foi apenas na bandeirada. E deu no que
deu.
Considerado o grande
favorito na competição desde Indianápolis, Montoya sucumbiu aos 45 minutos do
segundo tempo, e como dizem, caiu do cavalo bonito. O destemperamento exibido
após a corrida mostrou o velho Montoya de sempre: inflamado, irascível, e
polêmico. E péssimo perdedor também. Por outro lado, se faltou a grandiosidade
de reconhecer a derrota, pelo menos mostrou sinceridade, falando pelos
cotovelos de cara, e não partindo para declarações "politicamente
corretas" como muitos ficam afirmando, quando na verdade, gostariam de
mandar muita coisa às favas. Por mais indelicado que tenha sido, confesso que
prefiro uma declaração honesta, ainda que errada ou de baixo calão, do que
comentários pasteurizados.
Após a corrida e a perda do título, melhor não chegar perto: colombiano raivoso na área... |
Tirando o complexo de
mau perdedor, Juan Pablo Montoya renasceu na Indy Racing League. Contratado ao
fim de 2013 por Roger Penske numa jogada ousada, o piloto colombiano, que havia
sido campeão na F-Indy original em 1999, e teve uma passada apenas mediana pela
F-1 e pela Nascar, voltou a um campeonato de monopostos TOP mostrando que ainda
possuía a sua velha garra. Ele demorou algumas corridas a pegar o ritmo
novamente, mas na segunda metade do ano passado já estava à vontade em seu novo
ambiente, inclusive vencendo em Pocono. E este ano, mostrou garra e
determinação, para vencer em São Petesburgo e liderar a Penske em todo o
campeonato, lutando até a última volta pelo título. Will Power foi o 3°
colocado, quase 70 pontos atrás, enquanto Hélio Castro Neves foi o 5° colocado,
com mais de 100 pontos de desvantagem, e Simon Pagenaud apenas o 11°, com pouco
mais de 170 pontos atrás.
A Penske foi o time
que mais largou na pole: 13 vezes, mas conseguiu vencer apenas 3 corridas.
Muito pouco para a capacidade e força da escuderia, que competiu regularmente
com 4 carros na competição, a exemplo do que Ganassi e Andretti já faziam. Mas,
largar na frente é uma coisa; chegar na frente é outra. Dixon conseguiu chegar
na frente quando era preciso, Montoya não. E a Ganassi coloca mais uma estrela
na carenagem de seus carros, ainda mais por derrotar sua grande rival Penske.
São 6 títulos nos últimos 8 anos. Só isso já bastaria para prestar atenção na
capacidade da Ganassi, mesmo quando eles não parecem estar indo muito bem.
É a vida. Caímos do
cavalo muito mais vezes do que conseguimos ficar em cima dele. Montoya caiu do
cavalo em Sonoma. Já era. Agora é erguer a cabeça, e começar de novo em 2016, e
tentar novamente. Que remoa suas frustrações e raiva agora, e volte com a
cabeça fria para competir no próximo ano. E que leve com ele os ensinamentos do
que ocorreu este ano, para servir de parâmetro para melhorar ainda mais, e
conseguir ser novamente campeão.
E que venha 2016...
A veloz pista de Monza faz a despedida da Europa na F-1 2015... |
A F-1 chegou a Monza, para a
disputa do Grande Prêmio da Itália, que marca a despedida da Europa da
competição, que a partir daqui segue para o Oriente e a América para as
disputas das etapas finais do campeonato, com muito chão ainda pela frente. E,
como acontece costumeiramente, o paddock do autódromo italiano é palco de
algumas declarações oficiais por parte dos times da categoria, mesmo que
algumas delas já sejam até mesmo conversa velha. Como exemplo, temos a
confirmação oficial da Williams de manter a sua dupla atual de pilotos, Felipe
Massa e Valtteri Bottas, para a temporada de 2016, com aquele clima de que o
time está plenamente satisfeito com o trabalho desenvolvido pela dupla. Já era
esperada a confirmação de Massa, que fez uma primeira metade de campeonato
muito melhor do que a do ano passado, e não haveria mesmo motivos para
substituir o piloto brasileiro. Já Bottas, especialmente depois da confirmação
da Ferrari de manter Kimi Raikkonen ao lado de Sebastian Vettel no próximo ano,
ficou sem opções na F-1, portanto, o melhor mesmo era continuar no time de
Frank Williams. O time fez um campeonato surpreendente no ano passado, mas este
ano está começando a dever um pouco, especialmente depois da má atuação na
Hungria e na Bélgica, especialmente na prova de Spa, onde se esperava um
desempenho muito melhor do que o visto. E para Monza, pista de alta velocidade,
teoricamente um dos pontos mais fortes do chassi FW37, é esperado uma boa
atuação que coloque o time inglês como capaz de lutar efetivamente com a
Ferrari pelo lugar mais baixo do pódio. Resta saber se o carro vai se entender
melhor com os compostos macios nesta pista do que na prova belga, onde não
conseguiu extrair toda a performance que esperava.
Quem também teve sua renovação
confirmada nesta semana foi o alemão Nico Hulkenberg, que seguirá na Force
India por pelo menos mais duas temporadas. Dá para se imaginar que a esperada
transferência para o Mundial de Endurance, onde conquistou as graças do pessoal
da Porsche ao vencer as 24 Horas de Le Mans deste ano, tenha gorado, pois
ambiente e capacidade de competição, a Force India perde em todos os quesitos
para a escuderia alemã nas provas de endurance. Resta a Hulkenberg esperar por
uma boa melhora da equipe de Vijay Mallya daqui em diante, e que o time consiga
resolver seus problemas financeiros, caso contrário, Hulkenberg terá motivos
para se lamentar se tiver perdido a vaga na endurance que vinha cobiçando nos
últimos tempos. Vale lembrar que ele também cobiçava a vaga de Raikkonen na
Ferrari, e depois da confirmação do finlandês para o próximo ano, muito
provavelmente pensou melhor em garantir o seu lugar para 2016.
Os treinos oficiais de hoje aqui
em Monza nem começaram, e a McLaren já terá nova punição no grid por nova troca
de suas unidades de potência. Pista de maior velocidade do calendário, vai ser
duro ver os carros de Jenson Button e Fernando Alonso como retardatários nas
longas retas do circuito italiano...
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