Mais um campeonato
mundial já tem o seu campeão de 2015. Sébastien Ogier faturou a conquista deste
ano ao vencer o Rali da Austrália, no último fim de semana. Com 235 pontos, e
com apenas 3 etapas restantes para encerrar o campeonato, o piloto francês da
equipe oficial da Volkswagen não pode mais ser alcançado, e se quisesse,
poderia ir descansar em casa assistindo a seus rivais se digladiarem nas provas
restantes do ano. Mas, claro, não é isso o que vai acontecer, para azar dos
concorrentes. Ogier faturou o título com 7 vitórias na competição, em um total
de 10 etapas disputadas até agora. Seu domínio na competição foi tão acima dos
rivais que sua conquista do título de 2015 era apenas questão de tempo. Título
apenas, não, tricampeonato, isso sim.
À maneira como o
antigo "rei" do Mundial de Rali, Sébastien Loeb, que enfileirou 9
títulos consecutivos na competição, Sébastien Ogier vem deitando e rolando na
competição depois que Loeb decidiu partir para outras paragens. Em 2013, o
piloto levantou o seu primeiro caneco no Mundial de Rali, com nada menos do que
9 vitórias na competição, em um total de 13 etapas, garantindo o título para a Volkswagen,
que passaria a colecionar títulos com Ogier, que não parou mais de vencer, até
hoje.
Seu "pior"
resultado este ano foi no Rali da Argentina, onde classificou-se em 17°. Depois
disso, em todas as etapas Sébastien terminou no pódio, ficando em 2° lugar nas
etapas de Portugal e da Finlândia, e vencendo as provas de Monte Carlo, Suécia,
México, Itália, Polônia, Alemanha, e Austrália, onde fechou com chave de ouro
sua conquista matemática do título. Com tamanha performance, não é de se
admirar que os concorrentes tenham sido arrasados pelo caminho, impotentes para
deter o domínio do piloto francês e da equipe Volkswagen. Aliás, mesmo dentro
da equipe da Volkswagen, a oposição a Ogier foi pífia, para dizer o mínimo.
Jari-Matti Latvala, da Finlândia, ocupa a 2° colocação no campeonato, com 134
pontos, 101 a
menos que Ogier, e conseguiu vencer apenas as etapas de Portugal e de seu país,
muito pouco para tentar destronar o reinado imposto por seu próprio companheiro
de time. Para piorar, Latvala teve dois abandonos, além de ter sido 15°
colocado no México. Na 3ª colocação do campeonato, vem o norueguês Andreas
Mikkelsen, também da Volkswagen, com 111 pontos, e cujo melhor resultado na
competição foi o 2° lugar obtido no Rali da Polônia, seguido de 5 terceiros
lugares em outras etapas, muito pouco diante do obtido por Ogier. Na 4ª colocação
do campeonato vem o primeiro piloto "não-Volkswagen", o norueguês
Mads Ostberg, da Citroen, com 90 pontos, apenas 4 de vantagem sobre o belga
Thierry Neuville, da Hyundai. Em 6°, vem Kris Meeke, da Citroen, com 71 pontos.
O massacre da equipe
Volkswagen na competição só não é total porque o britânico Kris Meeke venceu o
Rali da Argentina, na única vitória da Citroen, na primeira vitória da
escuderia francesa na categoria desde 2013. Desnecessário dizer que a equipe da
Volkswagen também já fechou matematicamente o campeonato de construtores, tendo
até o presente momento 343 pontos, quase o dobro da segunda colocada, a
Hyundai, que tem 177 pontos. A equipe sul-coreana, por sua vez, está numa
batalha renhida com a Citroen, que está logo atrás, em 3° lugar, com 164
pontos. Na 4ª colocação, vem a M-Sport, com 148 pontos.
O massacre imposto por
Ogier aos concorrentes só indica que seu reinado vai durar ainda muito tempo,
tal como aconteceu com o de Loeb. Mas nem sempre Sébastien esteve em posição
tão privilegiada. Como todo novato na competição, ele já teve seus dias bem
ruins na categoria. Ogier estreou no Mundial de Rali em 2008, na etapa do Rali
do México, terminando em 8° lugar, que seria sua melhor classificação no ano,
terminando em 18° lugar, com apenas 1 ponto, pelo time da FFSA - Equipe de
France. No ano seguinte, competindo pela equipe júnior da Citroen, conquistaria
seu primeiro pódio, com um 2° lugar no Rali da Grécia, e terminaria o ano em 8°
lugar, com 24 pontos. Em 2010, ele iniciaria a disputa ainda no time júnior da
Citroen, e chegaria à sua primeira vitória no Rali de Portugal, o que lhe valeu
promoção para pilotar pelo time principal em algumas etapas na segunda metade
do campeonato. Ele venceria ainda a etapa do Japão, e finalizaria o certame em
4/ lugar, com 167 pontos. O Mundial de Rali começaria a vê-lo com muito mais
atenção, vendo ali um futuro campeão.
Ogier não deixaria por
menos nas expectativas: em 2011, como piloto em tempo integral da equipe
principal da Citroen, o francês entrou fundo na disputa pelo título da
categoria, obtendo 5 vitórias, e terminando o ano em 3° lugar, com 196 pontos,
ficando atrás apenas do finlandês Mikko Hirvonen, da equipe Ford Abu Dhabi, com
214 pontos, além claro, de Sébastien Loeb, campeão com 222 pontos. Ogier
mostrava que estava chegando, e que o título seria questão de tempo. Só que o
ano de 2012 seria bem menos agradável do que esperava: estreando na equipe
Volkswagen Motorsport, a temporada foi complicada, não conseguindo bons
resultados. Foi um ano magro, em que terminou classificado em 10° lugar, com
apenas 41 pontos, sem pódios ou vitórias.
Mas em 2013 a equipe Volkswagen e o
piloto engrenaram com tudo: veio o primeiro título, com 290 pontos, e 9
vitórias, além de mais 2 segundos-lugares. O brilho do primeiro título,
contudo, ficou um pouco "manchado" pela desistência de Sébastien
Loeb, o principal campeão da categoria na última década, estar abandonando o
certame. Loeb disputou apenas 4 etapas naquele ano, e destas, venceu 2 e faturou
mais um pódio na outra, e um abandono. Todos esperavam que Loeb decidisse
competir a temporada toda, para então abandonar, talvez com 10 títulos em 10
anos de disputa, mas no fim, o que todos queriam mesmo era ver o embate
titânico que ocorreria entre Ogier e Loeb, com seus dois times em excelentes
condições. E Loeb infelizmente privou a todos desta batalha que teria tudo para
ser épica. Só para ilustrar, em 3 das 4 etapas que Loeb disputou naquele ano,
nas provas vencidas por Loeb, Ogier foi o 2° colocado, e na terceira, em que o
eneacampeão foi 2° colocado, a vitória foi justamente de Ogier, que também
venceu a 4° etapa, onde Loeb abandonou. O esperado duelo entre ambos não era
mera expectativa: seria real mesmo. Sem Loeb, restou ao belga Thierry Neuville
ser o principal rival de Ogier no campeonato, mas o piloto da Qatar World Rally
Team foi vice-campeão com menos 114 pontos do que Ogier, não tendo conseguido
vencer nenhuma etapa da competição.
Sem Loeb, Ogier passou
a reinar no Mundial de Rali, e o campeonato do ano passado ilustra bem isso:
novo título, com nada menos do que 8 vitórias em 13 etapas, e um bicampeonato
mais do que merecido, onde a Volkswagen praticamente dominou o campeonato,
sendo que o finlandês Jari-Matti Latvala, vice-campeão, com 218 pontos, contra
os 267 de Ogier, era companheiro do francês na escuderia alemã, e venceu 4
provas no Mundial de 2014. Mas, apesar de mostrar um bom desempenho, não
conseguiu ser páreo para Sébastien, situação que só piorou este ano, com um
domínio ainda mais arrasador do então bicampeão, que agora celebra o seu 3°
título consecutivo.
Com o campeão já
definido, o campeonato agora terá como atrativo a luta pelo vice-campeonato,
que parece restrita a Latvala e Mikkelsen, com vantagem para o finlandês, que
já demonstrou ter uma melhor performance ao longo do campeonato do que o
norueguês. Ainda teremos o Rali da Córsega (França) e da Catalunha (Espanha) no
mês de outubro, e o fechamento do campeonato em novembro, com o Rali do País de
Gales (Grâ-Bretanha). Mas não pensem que só porque já conquistou o título da
temporada que Sébastien Ogier vai deitar ombros: ele vai em busca de mais
vitórias, e certamente vai querer bater o seu recorde de triunfos na mesma
temporada, obtido em 2013, de 9 vitórias. O francês já tem 7 troféus em 2015, e
para bater sua meta, precisaria vencer as 3 provas restantes. Difícil? Talvez,
mas nada impossível, como pudemos ver no cômputo geral da competição do Mundial
de Rali deste ano.
Aos rivais, só resta
esperar mesmo é por 2016, mas sem esquecer que Ogier continuará firme, e agora,
será em busca do tetracampeonato...
Outro campeonato que já conhece o
seu campeão em 2015 é a F-3 Brasil. Pedro Piquet, atual campeão da competição,
faturou a conquista do certame deste ano ao vencer as duas provas disputadas em
Campo Grande, no fim de semana passado. O mais novo Piquet das pistas venceu 10
das 12 corridas realizadas até agora, e encerrou a disputa pelo título,
conquistando o bicampeonato, com 4 provas ainda para encerrar o calendário.
Faltam duas corridas em Curitiba e São Paulo, e Pedro certamente vai tentar
encerrar o ano com o maior número de vitórias. Em contrapartida, a luta pelo
vice-campeonato vai ser bem mais agitada, entre os pilotos Matheus Iorio,
Carlos Cunha, Rodrigo Baptista, e Artur Fortunato. Iorio tem 87 pontos, contra
81 de Cunha, 72 de Baptista, e 70 de Fortunato. Pedro Piquet, o campeão, tem
153 pontos. O vencedor de cada corrida leva 15 pontos; o 2° colocado recebe 12
pontos, e o 3° colocado, 9 pontos. Para Nélson Piquet, pai de Pedro, o filho
mostrou a que veio, mas lembra que ele competiu pelo melhor time da categoria,
a equipe Cesário Fórmula, de modo que o garoto pelo menos fez bom uso dos
recursos à sua disposição, lembrando que os rivais não tinham a mesma estrutura
de competição por trás. Para Nélson, a hora da verdade do filho será no ano que
vem, quando Pedro irá disputar a F-3 Européia, certame onde suas qualidades
serão mais do que postas à prova, com competição bem mais acirrada e forte.
Portanto, os excelentes resultados obtidos por Pedro nestes dois anos de
competição na F-3 Brasil, um certame novo que ainda está encontrando o seu
caminho, não podem dar uma idéia precisa da capacidade do mais novo Piquet do
mundo do automobilismo. E é melhor que Pedro se prepare mesmo, porque a
competição no certame europeu está sendo mesmo brava, mais brava até do que a
FIA gostaria que fosse, pelos acidentes ocorridos em algumas etapas, que por
pouco não resultaram em tragédias...
A Fórmula 1 chegou a Cingapura
para a disputa do seu GP noturno da temporada, no circuito de rua de Marina
Bay, sob a preocupação da forte névoa de fumaça que cobre o sudeste asiático,
em razão das queimadas produzidas pela Indonésia, país vizinho à Cidade-Nação,
que estava proporcionando um nível de poluição do ar muito superior ao
verificado quando foram disputadas as Olimpíadas de Pequim. Felizmente, São
Pedro ajudou, e mandou uma chuva que ajudou a limpar o ar, amenizando as
preocupações quanto a esse problema. Por outro lado, a previsão para o fim de
semana, de que pode chover, traz outras preocupações para pilotos e equipes, em
relação à iluminação do circuito na chuva, uma vez que não apenas a corrida,
mas todos os treinos, são realizados à noite. O sistema de iluminação da pista
de Marina Bay é espetacular, mas até hoje isso não foi testado em tempo de
chuva. Se o clima for mesmo molhado para o fim de semana, a corrida pode ficar
bem mais interessante do que já é, uma vez que a pita de baixa velocidade deve
favorecer os carros com motores menos potentes, como os Renault, e até o Honda,
como aconteceu na prova da Hungria, onde Red Bull e McLaren conseguiram seus
melhores resultados na temporada até aqui.
O Mundial de Endurance volta à
pista neste fim de semana, com a disputa das 6 Horas do Circuito das Américas,
em Austin, no Texas, Estados Unidos. A Porshe vai em busca de sua terceira
vitória consecutiva na competição, depois de ter faturado as 24 Horas de Le
Mans, e vencido também as 6 Horas de Nurburgring, onde fez dobradinha, deixando
a Audi apenas em 3° lugar. Nos primeiros treinos, realizados nesta
quinta-feira, a marca recordista de vitórias em Le Mans já mostrou que vem com
tudo, tendo marcado os dois melhores tempos, deixando a Audi a quase 2s de
distância na 3ª posição. A parada para os carros de Ingolstadt vai ser
complicada...
O Rally Dakar 2016 está
finalmente confirmado. A maior prova de rali do mundo estava com sua edição do
próximo ano ainda indecisa em virtude de negociações com a Argentina referentes
ao auxílio financeiro para viabilizar a competição no país portenho, que demandaria
pelo menos mais US$ 6,5 milhões do que o combinado inicialmente pela empresa
promotora do Dakar, e o governo argentino. Depois de várias negociações, onde o
governo de Buenos Aires se recusava a pagar o valor adicional, com riscos até
mesmo de cancelamento da prova do ao que vem, as partes conseguiram se acertar,
e o Dakar 2016 será realizado. A prova do ano que vem será disputada apenas
entre a Argentina e a Bolívia. O Chile já havia se retirado da competição, e o
Peru também pulou fora. O rali terá sua largada no dia 2 de janeiro de 2016, em
Buenos Aires, com fim previsto para o dia 16 de janeiro, em Rosário, também na
Argentina, que verá a largada e o encerramento da competição. E o Brasil, mais
uma vez, segue de fora da competição off-road mais famosa do mundo...
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