Voltando
com mais um antigo texto, este foi lançado no dia 6 de junho de 1997, e o
assunto era as mudanças que o calendário da F-1 sofreria futuramente, com a
inclusão de novas corridas, e a exclusão de outras. A primeira vítima acabou
sendo o GP de Portugal, uma vez que as obras exigidas para readequação da pista
do Estoril não foram realizadas, eliminando a corrida lusitana do calendário,
sem retorno até hoje, uma vez que as altas taxas que passaram a ser cobradas
por Bernie Ecclestone desencorajaram os portugueses de voltar a participar da
competição. Malásia e China entraram para o calendário, alguns anos depois, e
estão firmes até hoje, enquanto outras corridas européias, como a da França,
acabou dizendo au revoirs. Bernie mandou a tradição para o espaço, e hoje o
critério é de quem pagar mais leva, sendo que o GP da Itália, em Monza, pode
ser a próxima baixa no calendário, se o manda-chuva da FOM não ceder em seus
anseios por mais dinheiro. Como se vê, parte da desgraça atual de algumas
corridas do calendário da F-1 já vem de longe... Apreciem o texto, e em breve
tem mais histórias antigas por aqui na seção Arquivo...
MUDANÇAS DE CALENDÁRIO
Enquanto
o campeonato de Fórmula 1 segue em frente, uma nova discussão agita os
bastidores da categoria no que tange às provas propriamente. Há algumas semanas
atrás, a FIA comunicou o cancelamento do Grande Prêmio de Portugal devido ao
fato de algumas obras de atualização do circuito até agora não terem sido
iniciadas. Em seu lugar, foi marcado o GP da Europa, a ser disputado no
circuito de Jerez de La
Frontera, no dia 26 de outubro. Agora, a questão ganha novo
impulso com a possibilidade do GP português voltar a integrar o calendário, só
que no dia 9 de novembro. Ficará mantido o novo GP da Europa na data antes
reservada para o GP de Portugal. Teremos então, este ano, 18 corridas da F-1.
Já
não é novidade que tanto Max Mosley como Bernie Ecclestone planejam ampliar o
Mundial de F-1 para 18 provas a partir do ano que vem. Só que os últimos
acontecimentos podem antecipar o novo número de GPs já para este ano. Isso já
aconteceu em 1995, quando o GP do Pacífico, em Aida, no Japão, foi realocado
para o fim do ano, junto ao GP do Japão, por causa do terremoto que atingiu a
região de Kobe. Em seu lugar, só que em outra data, foi marcado o GP da
Hungria, caso não houvesse condições de ser disputado o GP do Pacífico. No fim,
todos os GPs foram disputados, e a temporada que teria apenas 16 provas, teve
17. Agora pode se repetir o mesmo caso, ampliando o mundial de 17 para 18
corridas.
Ecclestone
ainda confirma que há vários outros países na fila para sediar um GP de F-1,
especialmente no sudeste asiático, como a Malásia e a China. Mas para a sua
inclusão seria necessário tirar alguma outra prova do calendário atual, e isso
não é fácil, pois muitas provas são tradicionais e os contratos de realização
dos GPs são bem meticulosos na hora de serem assinados.
Mas
ainda há muito mais lenha a ser posta nesta fogueira do calendário. Novos
entraves podem colocar vários GPs em situação difícil para seus organizadores e
gerar uma verdadeira revolução no calendário da categoria. Um exemplo bem claro
é a proibição da publicidade de cigarro em vigor na Alemanha, Inglaterra e
França. Este tipo de proibição pode se estender ainda mais, pois o governo do
Canadá também está aprovando uma lei parecida. Isso sem falar que a Comunidade
Econômica Européia, em sua crescente unificação dos países-membros, podem
adotar a mesma postura já vigente na França, Inglaterra e Alemanha para todos
os demais países. Se isso se confirmar, a grande maioria dos GPs passará a não
permitir mais nenhuma propaganda de cigarro. Atualmente os carros da F-1 tem
seus logotipos de cigarro modificados para poderem correr nas etapas disputadas
nos três países europeus citados acima, mas se essa postura se alastrar para
muitos outros países, podem dar um duro golpe financeiro na F-1, visto que a
grande maioria das escuderias tem patrocínios milionários das grandes
indústrias do tabaco. Tomem como exemplo as equipes de ponta da categoria:
Williams (Rothmans), McLaren (West), Ferrari (Marlboro), e Benetton (Mild
Seven). Os investimentos das indústrias do gênero na F-1 superam a marca de US$
250 milhões ao ano em dados estimativos. Além do patrocínio nas escuderias,
várias corridas tem como patrocinador principal marcas de cigarros.
Bernie
Ecclestone já mencionou que, se estes entraves com relação à publicidade de
cigarros se alastrarem, pode retirar do calendário todos os GPs onde vigorem
estas proibições, e transferi-los para outros países. Se isso acontecer, países
de longa tradição em corridas de F-1 podem ficar sem seus Grandes Prêmios, como
a Inglaterra e a Alemanha, além da França.
E
como a fila de espera de outros países para sediar uma corrida de F-1 é
significativa, Ecclestone pode usar isso como fator de pressão. Já imaginou a
Inglaterra, que sempre foi considerada a pátria-mãe das corridas de automóvel,
ficar sem seu GP de F-1? Imagine como ficariam os torcedores. Se a situação se
alastrar, nem se fala: já pensaram se os torcedores italianos perderem seus GPs
da Itália e de San Marino?
Polêmicas
à parte, na minha opinião a F-1 deveria ir buscar patrocinadores em outras
áreas. Isso é uma solução totalmente lógica e fundamentada. Alguém aí se lembra
de que anos atrás a Williams tinha forte patrocínio de empresas que não eram
tabaqueiras. Só para lembrar, em 1987, o rol de patrocinadores dos carros de
Frank Williams eram a Canon (patrocinador principal), Móbil, ICI, Tactel,
etc... Havia um patrocínio dos cigarros Barclay, mas era pequeno. E hoje temos
uma equipe que dá o exemplo deste tipo: a Stewart, que tem como patrocinadores
o HSBC, a Bridgestone, a Ford, Sanyo, etc. Por estes exemplos, podem tirar suas
próprias conclusões...
Mudanças de calendário também estão esquentando os bastidores da
F-CART. Para 1998, já estão confirmadas mais duas provas no calendário da
categoria: a prova do Japão, a ser disputada no circuito oval de Twin Ring
Motegi; e a prova de Houston, no Texas, Estados Unidos. Estas novas etapas não
irão substituir nenhuma outra do calendário atual, sendo que assim, em 1998, a
F-CART deverá ter 19 provas. Mas a direção da CART, entidade que dirige a
categoria, já adiantou que pretende chegar a 20 etapas para compor o seu
calendário completo.
Para a nova temporada deve ser programada uma etapa na Europa,
provavelmente na Alemanha, berço da Mercedes, que atua intensamente na
categoria, fornecendo motores para diversas equipes. Ambas as etapas, européia
e japonesa, serão em circuitos ovais, como determina o acordo da CART com a
FIA. A nova etapa de Houston será disputada no centro da cidade, em um circuito
de rua, assim como as provas de Long Beach, Vancouver, Detroit, Toronto e
Surfer’s Paradise. Ficam mantidas as etapas de circuito misto em Portland,
Laguna Seca, Mid-Ohio e Road America. As etapas ovais continuam as mesmas:
Michigan, Brasil, Nazareth, Milwaukee, Fontana, Miami e Saint Louis, bem como a
etapa que é disputada no aeroporto de Cleveland.
A imensa maioria das equipes filiadas à CART descarta qualquer
tentativa de voltar a disputar as 500 Milhas de Indianápolis. Surgiu essa
possibilidade depois que Tony George aboliu a regra que determinava que 25 das
33 posições de largada no grid seriam exclusivas para carros da IRL. Todos os
donos de equipe são unânimes em afirmar que não seria vantajoso comprar um
carro e motor apenas para disputar uma única prova. Segundo eles, a despesa
ficaria acima de US$ 1,5 milhão. Isso porque a Indy Racing League adotou novos
chassis, os Dallara e G-Force, além de motores atmosféricos da GM e da Nissan.
Resumindo, as 500 Milhas de Indianápolis já são coisa do passado para o pessoal
da CART.
Sem renegar o prestígio que Indianápolis deu por décadas ao calendário
da categoria, a F-CART mostrou em 1996 que seu calendário é autossuficiente, e
este ano vem confirmando isto totalmente. E com as novas provas a serem criadas
em 98, o sucesso da categoria deverá ficar mais forte do que nunca.
Em meados de agosto a CART deverá divulgar o pré-calendário de 1998. Já
o anúncio oficial deverá sair em setembro, provavelmente na etapa de
encerramento do campeonato da F-CART. Tudo indica que deverão ser mesmo 20
provas para 98, pois se a etapa da Alemanha não se confirmar, deverá ser
marcada uma etapa extra-campeonato no México ou na Argentina.
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