quarta-feira, 17 de junho de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - MAIO DE 1997 - 16.05.1997



            Em uma nova postagem da seção Arquivo, trago hoje o texto que foi publicado no dia 16 de maio de 1997, relatando alguns fatos ocorridos durante o GP de Mônaco de F-1 daquela temporada, que curiosamente, não foi disputado no último fim de semana de maio, como é feito tradicionalmente. A batalha Williams X Ferrari estava se mostrando bem mais equilibrada do que muitos previam, e o GP monegasco ainda assistiu a uma grande exibição de Rubens Barrichello, conquistando o primeiro pódio e pontos para sua nova escuderia, a Stewart, que estreara naquele ano. Há também alguns tópicos rápidos mencionando os preparativos para a edição daquele ano das 500 Milhas de Indianápolis, além de uma breve passada por outras categorias. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos por aqui...


CAMPEONATO EM ABERTO

            A Fórmula 1 está novamente em seus melhores dias. O Grande Prêmio de Mônaco, disputado no último domingo, ajudou a balançar de vez um campeonato que já começou dando mostras de muita briga na luta pelo título. Depois de 3 vitórias consecutivas da equipe Williams, mas sem exibir aquele domínio apresentado em 1996, outra equipe venceu e outro piloto passou a liderar o mundial, sem falar que a Williams acabou perdendo também a liderança no mundial de construtores.
            Antes mesmo dos treinos começarem, já na quinta-feira, todos no apertado paddock em Monte Carlo sentiam que a prova prometia ser a melhor do ano. No primeiro dia de treinos, Johnny Herbert surpreendeu a todos ao marcar o melhor tempo, desbancando os favoritos Michael Schumacher e Jacques Villeneuve. Claro que, no sábado, os times de ponta se recuperaram e fizeram o piloto inglês recuar no grid de largada. Mesmo assim, foi a melhor classificação do ano, com Heinz-Harald Frentzen a roubar a pole de Michael Schumacher no finalzinho do treino por míseros 0s019. Depois da vitória em Ímola, Frentzen finalmente adquiriu maior confiança para andar tudo o que sabe naquele que ainda é o melhor carro da F-1.
            Pouco antes da largada, o céu mandou uma boa chuva sobre a pista monegasca, brindando a todos os torcedores com uma boa disputa que só acontece nas provas em pista molhada. Ainda na formação do grid, vi uma cena inusitada: ambos os pilotos da Williams com pneus de pista seca, os slicks, enquanto todos os demais, exceção aos pilotos da McLaren, estavam com pneus de chuva. Largar com aqueles pneus no estado em que a pista se encontrava era uma opção suicida. O circuito de Mônaco já é particularmente traiçoeiro no seco. No molhado, então, nem se fala! Deu no que deu: a Williams sofreu uma derrota vexatória e perdeu a liderança de ambos os campeonatos da F-1. Mas a Williams não foi a única equipe a apostar errado: Mika Hakkinen e David Couthard, da McLaren, seguiram o exemplo de Frentzen e Villeneuve e também deram com os burros n’água, até mais rápido do que a Williams: Couthard rodou na chicane do porto e ficou atravessado ao contrário, obrigando os carros que vinham atrás a desviar para não bater na McLaren. Só um não conseguiu e acabou colidindo, não com o carro de Couthard, mas com outro carro, e por ironia, com a outra McLaren, de Mika Hakkinen. Fim de corrida para a equipe de Woking.
            Lá na frente, Michael Schumacher fazia o que sabia melhor: acelerar rumo à vitória, sem rivais à altura. E por pouco a corrida do bicampeão não foi pro brejo: a Ferrari do alemão travou rodas numa freada e escapou na curva Saint Devote. Schumacher evitou por pouco a batida nas barreiras de pneus e retomou a corrida, ainda na liderança com uma grande vantagem. Lá atrás, Rubens Barrichello repetia o feito de Ayrton Senna de 1984, largando em 10º e ultrapassando todos à sua frente até chegar à 2ª posição, mantendo-se nela até o final. Foi a melhor prova de Rubinho na F-1 e emocionou o tricampeão Jackie Stewart: logo na sua 5ª prova como dono de equipe, o seu principal piloto subiu ao pódio, e logo na prova mais prestigiada do calendário. Uma injeção de ânimo na escuderia, que irá tentar vôos mais ousados daqui pra frente.
            Eddie Irvinne terminou sua 3ª corrida consecutiva no pódio, depois de uma tarde inspirada, sendo batido apenas pelo seu companheiro de equipe e por seu ex-colega de Jordan. Esta equipe, aliás, brilhou nos treinos e se apagou na corrida, diante do desempenho de seu ex-piloto, agora defendendo a equipe Stewart.
            Com todas as estripulias ocorridas no Principado mais charmoso do mundo, Michael Schumacher lidera agora o campeonato com 4 pontos de vantagem sobre Jacques Villeneuve. E a Ferrari, que comemorou em Mônaco 50 anos de fundação, com a vitória do bicampeão alemão e o 3º lugar de Irvinne, assumiu a liderança do campeonato de construtores com 8 pontos de vantagem sobre a Williams. A magia de Mônaco atacou novamente. O campeonato de F-1 ganha fôlego e mais emoção com a disputa direta agora mais acirrada do que nunca.


Sábado passado tivemos o Pole Day em Indianápolis, onde foram definidas as primeiras posições do grid de largada da mais famosa corrida do mundo, as 500 Milhas de Indianápolis. Arie Luyendick, da equipe Treadway, arrebatou a pole-position não dando chance aos adversários. A primeira fila foi completada por Tony Stewart, da equipe Menard, e pela nova surpresa da categoria, o italiano Vincenzo Sospiri. Sospiri, que perdeu sua chance na F-1 com a falência da Lola, aceitou disputar a Indy500 e já ganhou um título: é o “rokkie” mais veloz de Indianápolis este ano. Affonso Giaffone ficou com a 14ª posição de largada. Marco Greco, com problemas de motor, tentará sua classificação neste fim de semana, onde serão definidas as posições restantes do grid.


Indianápolis já começou a fazer suas vítimas este ano. Semana passada, o americano John Paul Jr. foi o primeiro a sofrer uma batida de monta contra os muros do circuito. O saldo foi um carro destruído e uma perna quebrada, o que deixa o piloto fora de combate para a corrida, a ser disputada no próximo dia 25 de maio. Outro que por pouco não se machucou feio foi Scott Sharp, que bateu forte na curva 4 no Pole Day. Com a batida, o carro de Sharp foi se arrastando junto ao muro e só parou depois de percorrer mais de metade da reta dos boxes, com o piloto tendo seu capacete quase ralando o muro durante todo o percurso. Sharp não sofreu lesões de monta, felizmente. Com estes acidentes, pode-se comprovar a resistência dos novos chassis Dallara e G-Force adotados pela F-Indy (IRL). Os novos motores atmosféricos da Aurora e Nissan também ajudaram a diminuir a média horária, que ficou próxima dos 350 Km/h na qualificação.


No último fim de semana o circuito de Silverstone sediou a etapa inicial do campeonato europeu de F-3000. E deu Brasil na estréia, com vitória de Ricardo Zonta. No mesmo circuito, mas na etapa da F-3 Inglesa, Mário Haberfeld terminou em 2º lugar, subindo também ao pódio.


Justificativa da Williams para sua tremenda mancada de estratégia em Mônaco: um membro da equipe, especialista em meteorologia, garantiu que a chuva pararia menos de meia hora depois da largada da corrida. Coincidência ou não, a McLaren também tem um especialista em meteorologia, assim como a Williams. Depois do resultado de Mônaco em relação ao que as duas escuderias fizeram na prova, é bem provável que ambos estejam procurando um novo emprego...


Não há como encarar de maneira positiva o resultado dos pilotos brasileiros no Grande Prêmio do Brasil de F-CART, chamada oficialmente de Rio 400. Depois de inúmeras esperanças com a primeira fila do grid totalmente brasileira, nossos pilotos se viram durante a corrida com inúmeros problemas e azares, que literalmente os tiraram de combate na luta pela vitória. Mas não o azar não foi exclusivo dos brasileiros: Bobby Rahal, depois de liderar mais de 100 voltas da corrida, e estar para conseguir sua primeira vitória na categoria desde o GP de Nazareth de 1992, viu suas esperanças ruírem ao ficar sem metanol a menos de 2 voltas do final...

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