Em
uma nova postagem da seção Arquivo, trago hoje o texto que foi publicado no dia
16 de maio de 1997, relatando alguns fatos ocorridos durante o GP de Mônaco de
F-1 daquela temporada, que curiosamente, não foi disputado no último fim de
semana de maio, como é feito tradicionalmente. A batalha Williams X Ferrari
estava se mostrando bem mais equilibrada do que muitos previam, e o GP
monegasco ainda assistiu a uma grande exibição de Rubens Barrichello,
conquistando o primeiro pódio e pontos para sua nova escuderia, a Stewart, que
estreara naquele ano. Há também alguns tópicos rápidos mencionando os
preparativos para a edição daquele ano das 500 Milhas de
Indianápolis, além de uma breve passada por outras categorias. Uma boa leitura
a todos, e em breve trago mais textos antigos por aqui...
CAMPEONATO EM ABERTO
A
Fórmula 1 está novamente em seus melhores dias. O Grande Prêmio de Mônaco,
disputado no último domingo, ajudou a balançar de vez um campeonato que já
começou dando mostras de muita briga na luta pelo título. Depois de 3 vitórias
consecutivas da equipe Williams, mas sem exibir aquele domínio apresentado em
1996, outra equipe venceu e outro piloto passou a liderar o mundial, sem falar
que a Williams acabou perdendo também a liderança no mundial de construtores.
Antes
mesmo dos treinos começarem, já na quinta-feira, todos no apertado paddock em Monte Carlo sentiam
que a prova prometia ser a melhor do ano. No primeiro dia de treinos, Johnny
Herbert surpreendeu a todos ao marcar o melhor tempo, desbancando os favoritos
Michael Schumacher e Jacques Villeneuve. Claro que, no sábado, os times de
ponta se recuperaram e fizeram o piloto inglês recuar no grid de largada. Mesmo
assim, foi a melhor classificação do ano, com Heinz-Harald Frentzen a roubar a
pole de Michael Schumacher no finalzinho do treino por míseros 0s019. Depois da
vitória em Ímola, Frentzen finalmente adquiriu maior confiança para andar tudo
o que sabe naquele que ainda é o melhor carro da F-1.
Pouco
antes da largada, o céu mandou uma boa chuva sobre a pista monegasca, brindando
a todos os torcedores com uma boa disputa que só acontece nas provas em pista
molhada. Ainda na formação do grid, vi uma cena inusitada: ambos os pilotos da
Williams com pneus de pista seca, os slicks, enquanto todos os demais, exceção
aos pilotos da McLaren, estavam com pneus de chuva. Largar com aqueles pneus no
estado em que a pista se encontrava era uma opção suicida. O circuito de Mônaco
já é particularmente traiçoeiro no seco. No molhado, então, nem se fala! Deu no
que deu: a Williams sofreu uma derrota vexatória e perdeu a liderança de ambos
os campeonatos da F-1. Mas a Williams não foi a única equipe a apostar errado:
Mika Hakkinen e David Couthard, da McLaren, seguiram o exemplo de Frentzen e
Villeneuve e também deram com os burros n’água, até mais rápido do que a
Williams: Couthard rodou na chicane do porto e ficou atravessado ao contrário,
obrigando os carros que vinham atrás a desviar para não bater na McLaren. Só um
não conseguiu e acabou colidindo, não com o carro de Couthard, mas com outro
carro, e por ironia, com a outra McLaren, de Mika Hakkinen. Fim de corrida para
a equipe de Woking.
Lá
na frente, Michael Schumacher fazia o que sabia melhor: acelerar rumo à
vitória, sem rivais à altura. E por pouco a corrida do bicampeão não foi pro
brejo: a Ferrari do alemão travou rodas numa freada e escapou na curva Saint
Devote. Schumacher evitou por pouco a batida nas barreiras de pneus e retomou a
corrida, ainda na liderança com uma grande vantagem. Lá atrás, Rubens
Barrichello repetia o feito de Ayrton Senna de 1984, largando em 10º e
ultrapassando todos à sua frente até chegar à 2ª posição, mantendo-se nela até
o final. Foi a melhor prova de Rubinho na F-1 e emocionou o tricampeão Jackie
Stewart: logo na sua 5ª prova como dono de equipe, o seu principal piloto subiu
ao pódio, e logo na prova mais prestigiada do calendário. Uma injeção de ânimo
na escuderia, que irá tentar vôos mais ousados daqui pra frente.
Eddie
Irvinne terminou sua 3ª corrida consecutiva no pódio, depois de uma tarde
inspirada, sendo batido apenas pelo seu companheiro de equipe e por seu
ex-colega de Jordan. Esta equipe, aliás, brilhou nos treinos e se apagou na
corrida, diante do desempenho de seu ex-piloto, agora defendendo a equipe
Stewart.
Com
todas as estripulias ocorridas no Principado mais charmoso do mundo, Michael
Schumacher lidera agora o campeonato com 4 pontos de vantagem sobre Jacques
Villeneuve. E a Ferrari, que comemorou em Mônaco 50 anos de fundação, com a
vitória do bicampeão alemão e o 3º lugar de Irvinne, assumiu a liderança do
campeonato de construtores com 8 pontos de vantagem sobre a Williams. A magia
de Mônaco atacou novamente. O campeonato de F-1 ganha fôlego e mais emoção com
a disputa direta agora mais acirrada do que nunca.
Sábado passado tivemos o Pole Day em Indianápolis, onde foram definidas
as primeiras posições do grid de largada da mais famosa corrida do mundo, as
500 Milhas de Indianápolis. Arie Luyendick, da equipe Treadway, arrebatou a
pole-position não dando chance aos adversários. A primeira fila foi completada
por Tony Stewart, da equipe Menard, e pela nova surpresa da categoria, o
italiano Vincenzo Sospiri. Sospiri, que perdeu sua chance na F-1 com a falência
da Lola, aceitou disputar a Indy500 e já ganhou um título: é o “rokkie” mais veloz
de Indianápolis este ano. Affonso Giaffone ficou com a 14ª posição de largada.
Marco Greco, com problemas de motor, tentará sua classificação neste fim de
semana, onde serão definidas as posições restantes do grid.
Indianápolis já começou a fazer suas vítimas este ano. Semana passada,
o americano John Paul Jr. foi o primeiro a sofrer uma batida de monta contra os
muros do circuito. O saldo foi um carro destruído e uma perna quebrada, o que
deixa o piloto fora de combate para a corrida, a ser disputada no próximo dia
25 de maio. Outro que por pouco não se machucou feio foi Scott Sharp, que bateu
forte na curva 4 no Pole Day. Com a batida, o carro de Sharp foi se arrastando
junto ao muro e só parou depois de percorrer mais de metade da reta dos boxes,
com o piloto tendo seu capacete quase ralando o muro durante todo o percurso.
Sharp não sofreu lesões de monta, felizmente. Com estes acidentes, pode-se
comprovar a resistência dos novos chassis Dallara e G-Force adotados pela
F-Indy (IRL). Os novos motores atmosféricos da Aurora e Nissan também ajudaram
a diminuir a média horária, que ficou próxima dos 350 Km/h na qualificação.
No último fim de semana o circuito de Silverstone sediou a etapa
inicial do campeonato europeu de F-3000. E deu Brasil na estréia, com vitória
de Ricardo Zonta. No mesmo circuito, mas na etapa da F-3 Inglesa, Mário
Haberfeld terminou em 2º lugar, subindo também ao pódio.
Justificativa da Williams para sua tremenda mancada de estratégia em
Mônaco: um membro da equipe, especialista em meteorologia, garantiu que a chuva
pararia menos de meia hora depois da largada da corrida. Coincidência ou não, a
McLaren também tem um especialista em meteorologia, assim como a Williams.
Depois do resultado de Mônaco em relação ao que as duas escuderias fizeram na
prova, é bem provável que ambos estejam procurando um novo emprego...
Não há como encarar de maneira positiva o resultado dos pilotos
brasileiros no Grande Prêmio do Brasil de F-CART, chamada oficialmente de Rio
400. Depois de inúmeras esperanças com a primeira fila do grid totalmente
brasileira, nossos pilotos se viram durante a corrida com inúmeros problemas e
azares, que literalmente os tiraram de combate na luta pela vitória. Mas não o
azar não foi exclusivo dos brasileiros: Bobby Rahal, depois de liderar mais de
100 voltas da corrida, e estar para conseguir sua primeira vitória na categoria
desde o GP de Nazareth de 1992, viu suas esperanças ruírem ao ficar sem metanol
a menos de 2 voltas do final...
Nenhum comentário:
Postar um comentário