sexta-feira, 12 de junho de 2015

A PORSCHE ESTREMECE LE MANS



A Porsche detonou os concorrentes na classificação para as 24 Horas de Le Mans com o novo recorde do circuito francês, e está a fim de aumentar seu recorde de vitórias na prova.

            Amantes do mundo do automobilismo, este é um fim de semana para se deliciarem. É hora de termos uma das provas mais tradicionais e famosas do mundo, as 24 Horas de Le Mans, principal corrida do Mundial de Endurance, que terá este ano sua 83ª edição. E com uma velha e antiga conhecida largando na primeira fila. A Porsche, que retornou oficialmente à categoria de protótipos no ano passado, arrepiou na classificação para a lendária corrida de 24 horas este ano, estabelecendo com seu modelo 919 o novo recorde para o circuito de 13,65 Km de Le Sarthe, com o tempo de 3min16s887, com o carro N° 18, que terá o trio Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb largando na pole-position para a prova. O domínio da Porsche, aliás, foi completo: seus 3 carros inscritos para a corrida largarão nas 3 primeiras colocações do grid, demonstrativo de que os modelos 919 são os carros mais velozes da categoria LMP1 no WEC atualmente. Na segunda colocação vem o carro N° 17 com o trio Timo Bernhard/Mark Webber/Brandon Hartley, com o tempo de 3min17s767, diferença de 0s88 para o parceiro pole-position. Na 3ª posição, ficou o carro N° 19, com Nico Hulkenberg/Earl Bamber/Nick Tandy, com uma diferença mais considerável de 1s975 para a pole.
            A Audi, principal vencedora em Le Mans nos últimos 15 anos, tratou de cuidar de sua parte, e colocou seus 3 carros nas posições subsequentes: O carro N° 8, comandado por Lucas Di Grassi/Loic Duval/Oliver Jarvis sai em 4°, com o tempo de 3min19s866, diferença de 2s979 para a pole; a 5ª posição está com o carro N° 7, com Marcel Fassler/André Lotterer/Benoît Tréluyer, distantes 3s674; na 6ª posição vem o carro N° 9, com Filipe Albuquerque/Marco Bonanomi/René Rast, distantes 4s11. E a campeã Toyota ficou apenas em 7° e 8° lugares no grid, com mais de 6s de desvantagem para o pole. Decepção mesmo foi a Nissan, cujo modelo de motor dianteiro, o GTR-LM, ficou apenas em 12°, 13°, e 15° no grid, perdendo para os times da Rebellion e da Bykolles, e ainda vendo seu último carro perder até para o "pole" da categoria LMP2, o carro da KCMG N° 47, por uma diferença de mais de 0s5. Não vai ser dessa vez que a Nissan vai empolgar a torcida, mas o importante é competir, e finalmente fazer sua estréia no campeonato, mesmo que tenham marcado tempos com uma desvantagem de pouco mais de 20s para o primeiro colocado no grid de Le Sarthe.
            À primeira vista, a diferença imposta pela Porsche aos rivais parece imensa, mas é preciso lembrar que a pista tem mais de 13 Km de extensão, e treino é treino, e corrida é corrida, ainda mais numa prova de 24 horas, onde não apenas a velocidade, mas a constância, estratégia, e sobretudo fiabilidade, contarão pontos para se chegar à vitória. E nesse quesito, o maior desafio da Porsche larga imediatamente atrás: os carros da Audi, que valeram-se sobretudo da experiência e confiabilidade para vencerem esta corrida no ano passado, quando a rival Toyota já dava as caras de serem os favoritos à conquista do campeonato da Endurance, o que veio a acontecer. E, pelo que vimos este ano nas duas provas já disputadas, o páreo Porsche/Audi promete ser acirrado: ambas as provas foram vencidas pela Audi, mas por diferenças pequenas em termos de provas de longa duração, sobre a Porsche, o que indica que a marca que detém até hoje o recorde de vitórias nesta corrida vem com tudo para aumentar o seu currículo.
            Com 16 triunfos no currículo, a Porsche quer a 17ª vitória na tradicional corrida francesa. A primeira vitória da marca alemã nesta pista foi em 1970, com um modelo 917K, pilotado pela dupla Hans Herrmann/Richard Attwood, da equipe KG Salzburg. A Porsche, aliás, teve nada menos do que 6 carros classificados nas 10 primeiras colocações. A equipe Martini Racing, competindo com os modelos 917L e 908/2L faturou a 2ª e 3ª colocações, com 5 e 8 voltas de desvantagem para os vencedores. Outros times competindo com carros da Porsche ainda ficaram em 6°, 7° e 9° lugares, só contando os 10 primeiros classificados. A Porsche ainda garantiria para si os triunfos nas edições de 1971, 1976, 1977, 1979, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1987, 1994, 1996, 1997, e 1998, data de seu último triunfo, obtido pelo modelo 911 GT1-98. Foi a última participação oficial da marca na corrida, até seu retorno no ano passado. Curiosamente, no ano seguinte, em 1999, Le Mans assistiu à estréia da Audi, outro time alemão, e que seriam os novos "reis" de Le Sarthe dali em diante, condição de que desfrutam até hoje, com a primeira vitória vindo logo no seu segundo ano de participação, na edição de 2000. A escuderia das quatro argolas triunfaria na prova ainda nos anos de 2001, 2002, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, e 2014, totalizando 13 triunfos. A última vez que Le Mans assistiu uma vitória não-Audi neste circuito foi em 2009, com o triunfo da Peugeot, com seu modelo 908 HDi FAP.
A Audi confia em sua capacidade de corrida para fazer frente à maior velocidade dos Porsches, mas a parada promete ser dura. O duelo entre os times alemães promete.
            Quem vai triunfar? Audi ou Porsche? A batalha será entre alemães, mas é bom não ignorar os japoneses da Toyota na parada. A escuderia nipônica centrou seus ajustes e acertos do modelo TS 040 mais para ritmo de corrida do que de classificação, procurando deixar o seu desempenho mais uniforme para a longa duração da prova, uma vez que no ano passado teve o abandono de um de seus carros e percalços no outro protótipo, o que permitiu à Audi, mesmo com um desempenho ligeiramente inferior, igualar a disputa com sua maior fiabilidade e estratégia de paradas, para vencer novamente. Até porque viu que, no quesito velocidade pura, não teria como vencer a Porsche, então, o jeito era concentrar-se em outros pontos em que pudesse ter um trunfo a explorar.
            Pelos tempos da classificação, se forem mantidas boa parte das performances, a Porsche ganha o nível de principal favorita, uma vez que as diferenças impostas para os adversários são maiores do que as vistas na classificação de 2014. No ano passado, a Toyota conquistou a pole com uma vantagem de apenas 0s357 para o segundo colocado no grid, um Porsche. O 3° colocado ficou a 0s734, o outro carro da Toyota. O segundo Porsche ficou a 1s119 da pole, enquanto os carros da Audi ficaram entre 1s4 e 4s de desvantagem. Este ano, o mais próximo rival da Porsche ficou a mais de 3s5 de diferença, enquanto no ano passado, o vencedor largou com um tempo cerca de 2s5 maior que o pole. Pela estatística fria, a Porsche seria a única candidata à vitória, com os rivais destinados apenas a comer poeira, não fossem as particularidades de uma corrida de longa duração tornarem os números apenas estatísticas. No ano passado a marca alemã dava a entender que seria a principal rival da Toyota em Le Mans, mas não foi bem o que se viu, com um dos carros ficando pelo caminho, e o outro terminando a corrida apenas em 11°, com quase 30 voltas de atraso.
            O panorama de 2015 é completamente diferente do de 2014. Se a Porsche pintava de principal adversária, foi a Audi quem venceu, e isso só não foi considerado zebra pelo histórico da marca das quatro argolas, cuja reputação e capacidade em corrida não podiam ser subestimados. Já este ano, a Porsche demonstra seu favoritismo, com a Toyota pintando de zebra entre os candidatos à vitória. A Audi parece a principal adversária, e se no ano passado conseguiu vencer sendo mais competente na corrida do que as rivais, este ano não pode ser subestimada, uma vez que conseguiu melhorar bastante a performance de seu modelo R18, melhorando em quase 3s o seu melhor tempo obtido em 2014. Só que, se compararmos com a Porsche, a melhoria da Audi, boa, não se compara à de sua rival alemã, cujo melhor tempo este ano mostrou um incremento de cerca de 5s5. Tudo indica que Porsche, Audi e Toyota terão tudo para oferecerem um duelo capaz de empolgar o público nas arquibancadas.
Pole em 2014, a Toyota não conseguiu demonstrar o mesmo ritmo este ano em Le Mans. Mas, em uma corrida de 24 horas, tudo pode acontecer, e os japoneses contam com isso para tentar obter sua primeira vitória em Sarthe...
            Para os brasileiros, o maior interesse é Lucas Di Grassi, que larga em 4° lugar, com a melhor posição da Audi, e pelo terceiro ano consecutivo como piloto da equipe alemã, tentará conquistar a primeira vitória de um brasileiro em Le Mans na classe principal, a LMP1. Na categoria LMP2, teremos a presença de Pipo Derani, competindo pela equipe G-Drive, ao lado de Gustavo Yacamán e Ricardo González, e que larga em 23° lugar, com o modelo Ligier JS P2 equipado com motor Nissan, e tem boas perspectivas de competição em sua categoria. Já na categoria GTEPro, o brasileiro Fernando Rees é o pole da sua classe, com o 34° tempo, ao volante da Aston Martin Vantage V8 do time oficial de fábrica.
            Teremos 56 carros na corrida, e para os próximos anos haverá aumento no número de participantes, e para isso, já estão sendo planejadas as obras de reforma e ampliação das estruturas de box e paddock do circuito de Le Sarthe. Com isso, para 2016 deveremos ter 58 carros, e em 2017, 60 competidores. A corrida terá transmissão ao vivo pelo canal pago Fox Sports neste sábado, que mostrará a largada, às 10 horas, pelo horário de Brasília, e as primeiras horas de competição, voltando no domingo, no horário das 9 da manhã, para mostrar a parte final da corrida. Serão 24 horas de muita adrenalina para quem curte velocidade. O site do Grande Prêmio (www.grandepremio.uol.com.br) promete uma cobertura com transmissão ao vivo e na íntegra de todas as 24 horas da corrida em seu site. Fãs das provas de longa duração e do automobilismo em geral, fiquem a postos. E que vençam os melhores.


Ontem completaram-se 60 anos do mais pavoroso acidente da história do automobilismo, ocorrido aqui mesmo em Le Mans. Era a edição de 1955, que estava sendo disputada entre a Mercedes e a Jaguar em um duelo bem parelho. Na 35ª volta, quando o carro de Mike Hawthorn, da Jaguar recebeu ordem de parar nos boxes para reabastecer. Como havia acabado de ultrapassar um retardatário, Lance Macklin, sua freada brusca para ir ao pit line surpreendeu este com sua brecada súbita, e tentando evitar colidir com o inglês, guinou para a esquerda, e acabou fechando outro retardatário, o francês Pierre Levegh, um dos pilotos da Mercedes na prova. Levegh não conseguiu desviar de Macklin, acertou sua traseira, e acabou catapultado acertando o muro junto à pista. O impacto foi tão forte que seu carro literalmente explodiu, numa enorme bola de fogo, enquanto pedaços do bólido voaram longe adiante, com o bloco do motor e o eixo dianteiro do carro indo cair sobre os torcedores como verdadeiros mísseis. Foram 83 mortos e cerca de 120 feridos. Mesmo liderando a corrida com a dupla Juan Manuel Fangio/Stirling Moss, a Mercedes preferiu se retirar da prova, após algumas horas, devido à comoção gerada pelo violento acidente. A corrida, entretanto, não foi interrompida, e prosseguiu, com a vitória ficando a dupla Mike Hawthrn/Ivor Bueb, da Jaguar. O acidente gerou inúmeras consequências, entre as quais a determinação de se aumentar a segurança nos circuitos onde eram disputadas provas automobilísticas. Só para se ter um exemplo, até aquela corrida, a área dos boxes em Sarthe ficavam praticamente junto à pista, sem nenhuma separação. Os carros simplesmente "encostavam" nos boxes em suas paradas, enquanto os demais competidores rasgavam na reta a poucos metros de distância. Uma loucura completa, em comparação com o rigor de segurança que vemos hoje em todas as pistas. Houve países que proibiram corridas em seu território, como a Suíça, que mantém a lei até hoje, tendo aberto recentemente a possibilidade de ver provas disputadas por carros elétrico, mas ainda vetando os demais tipos de competições do esporte a motor. Foi o dia mais negro da história para os amantes de corridas, não há dúvidas. E a comoção teria sido ainda maior se a prova tivesse sido mostrada ao vivo pela TV, como é praxe hoje nas transmissões, mas naquele tempo, era algo inviável de se realizar. Não dá para imaginar o impacto que algo assim causaria nos dias atuais, com o mundo inteiro vendo este tipo de tragédia. Talvez, embora de natureza diferente, fosse um impacto como o do atentado ao World Trade Center, em Nova Iorque, em 2001, quando dois aviões tomados por terroristas se jogaram nas torres gêmeas, matando milhares de pessoas, com transmissão quase ao vivo pela TV para todo o mundo. Algo que certamente quem viu nunca esquecerá. Aqueles que estiveram em Le Mans, em 1955, nunca esqueceram o que viram naquele dia fatídico de 11 de junho...


A MotoGP inicia hoje os treinos para o GP da Catalunha, a ser disputado no circuito de Barcelona. A prova será disputada em 25 voltas no traçado de 4,7 Km do circuito que também recebe o Grande Prêmio da Espanha de F-1. Jorge Lorenzo, embalado pelas últimas 3 vitórias consecutivas, vai em busca da liderança do campeonato, que está com seu companheiro Valentino Rossi, que pretende se manter na dianteira do campeonato. A corrida será transmitida ao vivo pelo canal pago SporTV.


Com o piloto inglês Max Chilton disputando as 24 Horas de Le Mans neste final de semana, o time onde o piloto corre na Indy Lights, a Carlin, já arrumou um substituto: será o brasileiro Nelsinho Piquet, que fará sua estréia hoje na categoria de acesso à Indycar enquanto espera pela rodada dupla que encerrará o campeonato da F-E no último fim de semana deste mês. O brasileiro correrá as duas provas da rodada dupla da categoria que acontece neste final de semana na cidade de Toronto, no Canadá, que também receberá a etapa do campeonato 2015 da IRL. Para Nelsinho, será uma experiência interessante ao pilotar numa categoria de monopostos norte-americana, além de manter os reflexos afiados para a disputa do título da F-E. Boa sorte para ele no fim de semana.

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