A Porsche detonou os concorrentes na classificação para as 24 Horas de Le Mans com o novo recorde do circuito francês, e está a fim de aumentar seu recorde de vitórias na prova. |
Amantes do mundo do
automobilismo, este é um fim de semana para se deliciarem. É hora de termos uma
das provas mais tradicionais e famosas do mundo, as 24 Horas de Le Mans,
principal corrida do Mundial de Endurance, que terá este ano sua 83ª edição. E
com uma velha e antiga conhecida largando na primeira fila. A Porsche, que
retornou oficialmente à categoria de protótipos no ano passado, arrepiou na
classificação para a lendária corrida de 24 horas este ano, estabelecendo com
seu modelo 919 o novo recorde para o circuito de 13,65 Km de Le Sarthe, com
o tempo de 3min16s887, com o carro N° 18, que terá o trio Romain Dumas/Neel Jani/Marc
Lieb largando na pole-position para a prova. O domínio da Porsche, aliás, foi
completo: seus 3 carros inscritos para a corrida largarão nas 3 primeiras
colocações do grid, demonstrativo de que os modelos 919 são os carros mais
velozes da categoria LMP1 no WEC atualmente. Na segunda colocação vem o carro
N° 17 com o trio Timo Bernhard/Mark Webber/Brandon Hartley, com o tempo de
3min17s767, diferença de 0s88 para o parceiro pole-position. Na 3ª posição,
ficou o carro N° 19, com Nico Hulkenberg/Earl Bamber/Nick Tandy, com uma
diferença mais considerável de 1s975 para a pole.
A Audi, principal
vencedora em Le Mans nos últimos 15 anos, tratou de cuidar de sua parte, e
colocou seus 3 carros nas posições subsequentes: O carro N° 8, comandado por Lucas
Di Grassi/Loic Duval/Oliver Jarvis sai em 4°, com o tempo de 3min19s866,
diferença de 2s979 para a pole; a 5ª posição está com o carro N° 7, com Marcel
Fassler/André Lotterer/Benoît Tréluyer, distantes 3s674; na 6ª posição vem o
carro N° 9, com Filipe Albuquerque/Marco Bonanomi/René Rast, distantes 4s11. E
a campeã Toyota ficou apenas em 7° e 8° lugares no grid, com mais de 6s de
desvantagem para o pole. Decepção mesmo foi a Nissan, cujo modelo de motor
dianteiro, o GTR-LM, ficou apenas em 12°, 13°, e 15° no grid, perdendo para os
times da Rebellion e da Bykolles, e ainda vendo seu último carro perder até
para o "pole" da categoria LMP2, o carro da KCMG N° 47, por uma
diferença de mais de 0s5. Não vai ser dessa vez que a Nissan vai empolgar a
torcida, mas o importante é competir, e finalmente fazer sua estréia no
campeonato, mesmo que tenham marcado tempos com uma desvantagem de pouco mais
de 20s para o primeiro colocado no grid de Le Sarthe.
À primeira vista, a
diferença imposta pela Porsche aos rivais parece imensa, mas é preciso lembrar
que a pista tem mais de 13 Km
de extensão, e treino é treino, e corrida é corrida, ainda mais numa prova de
24 horas, onde não apenas a velocidade, mas a constância, estratégia, e
sobretudo fiabilidade, contarão pontos para se chegar à vitória. E nesse
quesito, o maior desafio da Porsche larga imediatamente atrás: os carros da
Audi, que valeram-se sobretudo da experiência e confiabilidade para vencerem
esta corrida no ano passado, quando a rival Toyota já dava as caras de serem os
favoritos à conquista do campeonato da Endurance, o que veio a acontecer. E,
pelo que vimos este ano nas duas provas já disputadas, o páreo Porsche/Audi
promete ser acirrado: ambas as provas foram vencidas pela Audi, mas por
diferenças pequenas em termos de provas de longa duração, sobre a Porsche, o que
indica que a marca que detém até hoje o recorde de vitórias nesta corrida vem
com tudo para aumentar o seu currículo.
Com 16 triunfos no
currículo, a Porsche quer a 17ª vitória na tradicional corrida francesa. A
primeira vitória da marca alemã nesta pista foi em 1970, com um modelo 917K,
pilotado pela dupla Hans Herrmann/Richard Attwood, da equipe KG Salzburg. A Porsche,
aliás, teve nada menos do que 6 carros classificados nas 10 primeiras colocações.
A equipe Martini Racing, competindo com os modelos 917L e 908/2L faturou a 2ª e
3ª colocações, com 5 e 8 voltas de desvantagem para os vencedores. Outros times
competindo com carros da Porsche ainda ficaram em 6°, 7° e 9° lugares, só
contando os 10 primeiros classificados. A Porsche ainda garantiria para si os
triunfos nas edições de 1971, 1976, 1977, 1979, 1981, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986,
1987, 1994, 1996, 1997, e 1998, data de seu último triunfo, obtido pelo modelo
911 GT1-98. Foi a última participação oficial da marca na corrida, até seu
retorno no ano passado. Curiosamente, no ano seguinte, em 1999, Le Mans
assistiu à estréia da Audi, outro time alemão, e que seriam os novos
"reis" de Le Sarthe dali em diante, condição de que desfrutam até
hoje, com a primeira vitória vindo logo no seu segundo ano de participação, na
edição de 2000. A
escuderia das quatro argolas triunfaria na prova ainda nos anos de 2001, 2002,
2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, e 2014, totalizando 13
triunfos. A última vez que Le Mans assistiu uma vitória não-Audi neste circuito
foi em 2009, com o triunfo da Peugeot, com seu modelo 908 HDi FAP.
A Audi confia em sua capacidade de corrida para fazer frente à maior velocidade dos Porsches, mas a parada promete ser dura. O duelo entre os times alemães promete. |
Quem vai triunfar?
Audi ou Porsche? A batalha será entre alemães, mas é bom não ignorar os
japoneses da Toyota na parada. A escuderia nipônica centrou seus ajustes e
acertos do modelo TS 040 mais para ritmo de corrida do que de classificação,
procurando deixar o seu desempenho mais uniforme para a longa duração da prova,
uma vez que no ano passado teve o abandono de um de seus carros e percalços no
outro protótipo, o que permitiu à Audi, mesmo com um desempenho ligeiramente
inferior, igualar a disputa com sua maior fiabilidade e estratégia de paradas,
para vencer novamente. Até porque viu que, no quesito velocidade pura, não
teria como vencer a Porsche, então, o jeito era concentrar-se em outros pontos
em que pudesse ter um trunfo a explorar.
Pelos tempos da
classificação, se forem mantidas boa parte das performances, a Porsche ganha o nível
de principal favorita, uma vez que as diferenças impostas para os adversários são
maiores do que as vistas na classificação de 2014. No ano passado, a Toyota conquistou
a pole com uma vantagem de apenas 0s357 para o segundo colocado no grid, um Porsche.
O 3° colocado ficou a 0s734, o outro carro da Toyota. O segundo Porsche ficou a 1s119
da pole, enquanto os carros da Audi ficaram entre 1s4 e 4s de desvantagem. Este
ano, o mais próximo rival da Porsche ficou a mais de 3s5 de diferença, enquanto
no ano passado, o vencedor largou com um tempo cerca de 2s5 maior que o pole. Pela
estatística fria, a Porsche seria a única candidata à vitória, com os rivais
destinados apenas a comer poeira, não fossem as particularidades de uma corrida
de longa duração tornarem os números apenas estatísticas. No ano passado a
marca alemã dava a entender que seria a principal rival da Toyota em Le Mans,
mas não foi bem o que se viu, com um dos carros ficando pelo caminho, e o outro
terminando a corrida apenas em 11°, com quase 30 voltas de atraso.
O panorama de 2015 é
completamente diferente do de 2014. Se a Porsche pintava de principal adversária,
foi a Audi quem venceu, e isso só não foi considerado zebra pelo histórico da
marca das quatro argolas, cuja reputação e capacidade em corrida não podiam ser
subestimados. Já este ano, a Porsche demonstra seu favoritismo, com a Toyota pintando
de zebra entre os candidatos à vitória. A Audi parece a principal adversária, e
se no ano passado conseguiu vencer sendo mais competente na corrida do que as
rivais, este ano não pode ser subestimada, uma vez que conseguiu melhorar
bastante a performance de seu modelo R18, melhorando em quase 3s o seu melhor
tempo obtido em 2014. Só que, se compararmos com a Porsche, a melhoria da Audi,
boa, não se compara à de sua rival alemã, cujo melhor tempo este ano mostrou um
incremento de cerca de 5s5. Tudo indica que Porsche, Audi e Toyota terão tudo
para oferecerem um duelo capaz de empolgar o público nas arquibancadas.
Para os brasileiros, o
maior interesse é Lucas Di Grassi, que larga em 4° lugar, com a melhor posição
da Audi, e pelo terceiro ano consecutivo como piloto da equipe alemã, tentará
conquistar a primeira vitória de um brasileiro em Le Mans na classe principal,
a LMP1. Na categoria LMP2, teremos a presença de Pipo Derani, competindo pela
equipe G-Drive, ao lado de Gustavo Yacamán e Ricardo González, e que larga em 23°
lugar, com o modelo Ligier JS P2 equipado com motor Nissan, e tem boas
perspectivas de competição em sua categoria. Já na categoria GTEPro, o
brasileiro Fernando Rees é o pole da sua classe, com o 34° tempo, ao volante da
Aston Martin Vantage V8 do time oficial de fábrica.
Teremos 56 carros na
corrida, e para os próximos anos haverá aumento no número de participantes, e
para isso, já estão sendo planejadas as obras de reforma e ampliação das
estruturas de box e paddock do circuito de Le Sarthe. Com isso, para 2016
deveremos ter 58 carros, e em 2017, 60 competidores. A corrida terá transmissão
ao vivo pelo canal pago Fox Sports neste sábado, que mostrará a largada, às 10
horas, pelo horário de Brasília, e as primeiras horas de competição, voltando
no domingo, no horário das 9 da manhã, para mostrar a parte final da corrida. Serão
24 horas de muita adrenalina para quem curte velocidade. O site do Grande Prêmio
(www.grandepremio.uol.com.br) promete uma cobertura com transmissão ao vivo e na
íntegra de todas as 24 horas da corrida em seu site. Fãs das provas de longa
duração e do automobilismo em geral, fiquem a postos. E que vençam os melhores.
Ontem completaram-se 60 anos do
mais pavoroso acidente da história do automobilismo, ocorrido aqui mesmo em Le
Mans. Era a edição de 1955, que estava sendo disputada entre a Mercedes e a
Jaguar em um duelo bem parelho. Na 35ª volta, quando o carro de Mike Hawthorn,
da Jaguar recebeu ordem de parar nos boxes para reabastecer. Como havia acabado
de ultrapassar um retardatário, Lance Macklin, sua freada brusca para ir ao pit
line surpreendeu este com sua brecada súbita, e tentando evitar colidir com o
inglês, guinou para a esquerda, e acabou fechando outro retardatário, o francês
Pierre Levegh, um dos pilotos da Mercedes na prova. Levegh não conseguiu
desviar de Macklin, acertou sua traseira, e acabou catapultado acertando o muro
junto à pista. O impacto foi tão forte que seu carro literalmente explodiu,
numa enorme bola de fogo, enquanto pedaços do bólido voaram longe adiante, com
o bloco do motor e o eixo dianteiro do carro indo cair sobre os torcedores como
verdadeiros mísseis. Foram 83 mortos e cerca de 120 feridos. Mesmo liderando a
corrida com a dupla Juan Manuel Fangio/Stirling Moss, a Mercedes preferiu se
retirar da prova, após algumas horas, devido à comoção gerada pelo violento
acidente. A corrida, entretanto, não foi interrompida, e prosseguiu, com a vitória
ficando a dupla Mike Hawthrn/Ivor Bueb, da Jaguar. O acidente gerou inúmeras
consequências, entre as quais a determinação de se aumentar a segurança nos
circuitos onde eram disputadas provas automobilísticas. Só para se ter um
exemplo, até aquela corrida, a área dos boxes em Sarthe ficavam praticamente
junto à pista, sem nenhuma separação. Os carros simplesmente
"encostavam" nos boxes em suas paradas, enquanto os demais
competidores rasgavam na reta a poucos metros de distância. Uma loucura
completa, em comparação com o rigor de segurança que vemos hoje em todas as
pistas. Houve países que proibiram corridas em seu território, como a Suíça,
que mantém a lei até hoje, tendo aberto recentemente a possibilidade de ver
provas disputadas por carros elétrico, mas ainda vetando os demais tipos de
competições do esporte a motor. Foi o dia mais negro da história para os
amantes de corridas, não há dúvidas. E a comoção teria sido ainda maior se a
prova tivesse sido mostrada ao vivo pela TV, como é praxe hoje nas transmissões,
mas naquele tempo, era algo inviável de se realizar. Não dá para imaginar o
impacto que algo assim causaria nos dias atuais, com o mundo inteiro vendo este
tipo de tragédia. Talvez, embora de natureza diferente, fosse um impacto como o
do atentado ao World Trade Center, em Nova Iorque, em 2001, quando dois aviões
tomados por terroristas se jogaram nas torres gêmeas, matando milhares de
pessoas, com transmissão quase ao vivo pela TV para todo o mundo. Algo que
certamente quem viu nunca esquecerá. Aqueles que estiveram em Le Mans, em 1955,
nunca esqueceram o que viram naquele dia fatídico de 11 de junho...
A MotoGP inicia hoje os treinos
para o GP da Catalunha, a ser disputado no circuito de Barcelona. A prova será
disputada em 25 voltas no traçado de 4,7 Km do circuito que também recebe o Grande
Prêmio da Espanha de F-1. Jorge Lorenzo, embalado pelas últimas 3 vitórias
consecutivas, vai em busca da liderança do campeonato, que está com seu
companheiro Valentino Rossi, que pretende se manter na dianteira do campeonato.
A corrida será transmitida ao vivo pelo canal pago SporTV.
Com o piloto inglês Max Chilton
disputando as 24 Horas de Le Mans neste final de semana, o time onde o piloto
corre na Indy Lights, a Carlin, já arrumou um substituto: será o brasileiro
Nelsinho Piquet, que fará sua estréia hoje na categoria de acesso à Indycar
enquanto espera pela rodada dupla que encerrará o campeonato da F-E no último
fim de semana deste mês. O brasileiro correrá as duas provas da rodada dupla da
categoria que acontece neste final de semana na cidade de Toronto, no Canadá,
que também receberá a etapa do campeonato 2015 da IRL. Para Nelsinho, será uma
experiência interessante ao pilotar numa categoria de monopostos
norte-americana, além de manter os reflexos afiados para a disputa do título da
F-E. Boa sorte para ele no fim de semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário