Hora
de voltar a colocar um de meus antigos textos, e este que trago hoje é de 09 de
maio de 1997, e o assunto era a etapa brasileira da F-Indy, chamada de Rio 400,
que tinha 400
quilômetros de percurso, e era disputada no circuito
oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá. Era a segunda vez que a
corrida seria realizada, tendo estreado na temporada anterior, que mesmo tendo
vários problemas, apresentou uma corrida agitada e movimentada, e com direito a
vitória brasileira, com André Ribeiro. Em termos organizacionais, a prova de
1997 foi muito melhor, mas as chances de vitória brasileira não se repetiram. A
F-Indy, por sua vez, vivia sua melhor fase, ainda que tenha tido início a birra
cretina de Tony George contra a categoria, motivando-o a criar seu próprio
certame, a Indy Racing League, calcada no sucesso das 500 Milhas de
Indianápolis.
Hoje,
infelizmente, tudo aquilo ficou para trás. O autódromo do Rio de Janeiro
sucumbiu à picaretagem dos políticos, que levaram o povo na conversa fiada -
que novidade, e a própria F-Indy acabou, sobrando a IRL, que está por aí até
hoje, mesmo depois de ter escorraçado seu próprio fundador, Tony George, que
estava dilapidando o patrimônio de sua própria família para sustentar a
categoria, mas sem conseguir alcançar o mesmo sucesso que a F-Indy teve em seus
melhores dias. Os brasileiros eram numerosos na categoria naqueles dias, mas
tinham vários percalços que os impediam de obter resultados melhores. Só alguns
anos depois eles estariam nos lugares certos para brilhar e ganhar campeonatos.
A presença brasileira também hoje virou uma sombra do que já foi: na atual IRL,
chamada de Indycar (nome que pertencia à Indy original até Tony George agarrar
os direitos de uso do nome), sobraram apenas Tony Kanaan e Hélio Castro Neves.
É, os tempos atuais são bem diferentes.
No
mais, alguns tópicos rápidos sobre a F-1, que naquele final de semana iria
correr a etapa de Mônaco, a mais charmosa do calendário. Uma boa leitura, e em
breve trago mais textos antigos por aqui...
BRASIL RIO 400
Lá vamos nós
para mais uma etapa do campeonato da F-CART. E desta vez o interesse é
redobrado, pois é a vez da etapa brasileira do campeonato da categoria. O palco
é o autódromo Nélson Piquet, no circuito Oval Émerson Fittipaldi, em Jacarepaguá,
no Rio de Janeiro. A prova estreou no mundial de 1996, e é a primeira da
categoria na América do Sul.
A prova do ano
passado foi marcada por pouco público (menos de 30 mil pessoas compareceram).
Os pilotos reclamaram muito das ondulações do asfalto, sem falar em várias
exigências da CART que acabaram por encarecer a prova. Apesar de tudo, a etapa
brasileira foi muito disputada: nada menos do que 5 pilotos lideraram a
corrida. Alessandro Zanardi foi o pole-position com a marca de 40s162 (média de
270,074 Km/h), e foi também quem mais voltas da corrida liderou (64).
Houve também
complicações durante a corrida, que exigiram nada menos do que 11 bandeiras
amarelas, que duraram um total de 47 voltas. O forte calor e as bossas do
asfalto castigaram os participantes da etapa: dos 27 pilotos que largaram,
apenas 14 cruzaram a linha de chegada. E para delírio da torcida brasileira,
André Ribeiro foi o vencedor, completando as 133 voltas no circuito de 3 Km em
2h06min08s1, com vantagem de 2s141 para Al Unser Jr., que chegou em 2º lugar.
Para melhorar o astral da torcida, mais da metade dos pilotos que pontuaram na
etapa nacional era verde-amarela: Christian Fittipaldi foi o 5º; Raul Boesel o
7º; Roberto Moreno o 9º; Gil de Ferran o 10º; Émerson Fittipaldi o 11º; e Marco
Greco o 12º. Apenas Maurício Gugelmim, entre os brasileiros, não conseguiu
chegar ao final, abandonando na 49ª volta com problemas de freio em seu Reynard/Ford.
Coube também a Gil de Ferran assinalar a volta mais rápida da corrida, com
40s120 (média de 270,359 Km/h).
E hoje começam
os treinos livres para as emoções da prova deste ano. Amanhã será definido o
grid de largada na sessão única cronometrada oficial., Entre os pilotos
brasileiros, 3 tem potencial para vencer a corrida: Gil de Ferran, Maurício
Gugelmim e Raul Boesel. André Ribeiro, que venceu a corrida no ano passado,
está parcialmente fora de combate, devido à má performance do chassi Lola este
ano. O favoritismo vai para as Reynards e Penskes. Não há favoritos destacados,
mas cerca de 12 pilotos tem chances reais de vitória. Paul Tracy, embalado pelo
triunfo de Nazareth na última corrida, chegou ao Rio de Janeiro disposto a
manter a boa performance. O novo chassi Penske já demonstrou suas qualidades
tanto nos circuitos ovais como nos mistos. Al Unser Jr. também está na parada.
Outros nomes fortes são a dupla da Ganassi, Alessandro Zanardi e Jimmy Vasser;
Michael Andretti, Greg Moore, Scott Pruett, além dos brasileiros já mencionados
acima.
As
características do circuito são muito particulares. Oval com formato
trapezoidal, o circuito conjuga características das pistas ovais com circuitos
mistos. As curvas 1 e 4 exigem freadas bem fortes, típicas de curvas fechadas
de circuitos mistos, enquanto as curvas 2 e 3 são feitas pé embaixo, como de
costume nas pistas ovais. O tamanho do circuito não favorece tanto o tráfego de
retardatários, mas eles sempre aparecem. A grande reta dos boxes, com
praticamente 1 Km de extensão, é o ponto favorito para ultrapassagens. E este
ano isso será algo bem difícil de se conseguir só na potência do motor: Honda,
Mercedes e Ford estão muito emparelhados. O Honda ainda tem mais potência no
topo de rotações, mas o diferencial de velocidade em relação aos motores Ford e
Mercedes não deve passar de 3 Km/h. Para conseguir melhores condições de
ultrapassagem, o acerto do carro será fundamental. Devido à sua concepção, uma
nova medida de segurança será adotada nas curvas fechadas 1 e 4: serão
colocadas barreiras de pneus aparafusados para prevenir batidas como as de Mark
Blundell e Scott Pruett em 96. Se a medida vai ser eficaz, só a corrida poderá
dizer.
Mas
uma coisa é certa: a emoção deverá ser das boas, e a torcida será para que mais
uma vez a vitória seja de um piloto da casa. É hora de torcer mais do que nunca
por nossos pilotos na pista. E que vença o melhor, brasileiro ou não...
A Fórmula 1 chegou a Mônaco para sua prova mais badalada do ano. E as
perspectivas são muito boas, especialmente pelo quadro de equilíbrio
apresentado no Mundial até agora. Comparando a classificação do campeonato das
4 primeiras provas de 97 com as 4 primeiras etapas de 1996, pode-se ver como a
F-1 este ano melhorou muito. Nas 4 primeiras corridas de 96 tivemos 4 vitórias
da Williams, sendo 3 de Damon Hill e 1 de Jacques Villeneuve; 13 pilotos
diferentes haviam pontuado, sendo que Hill liderava o campeonato com 33 pontos,
sendo 11 de vantagem para Villeneuve, o 2º colocado, e 23 pontos em relação a
Jean Alesi e Michael Schumacher, que dividiam a 3ª posição. Na tabela de
construtores, a Williams seguia disparada com 55 pontos, 39 pontos de vantagem
para a Ferrari, 2ª colocada.
Agora em 1997, a situação já é outra: a Williams venceu 3 corridas e a
McLaren 1, sendo 2 vitórias de Jacques Villeneuve, 1 de Heinz-Harald Frentzen e
1 de David Couthard. Villeneuve lidera o mundial de pilotos com 20 pontos, apenas 6 à frente
de Michael Schumacher, em 2º lugar, e apenas 10 de vantagem a Frentzen, Mika
Hakkinen, Gerhard Bergher, Couthard e Eddie Irvinne. No mundial de
construtores, a vantagem da Williams é de apenas 6 pontos em relação à Ferrari,
e 10 em relação à McLaren.
Para melhorar o panorama, Mônaco é um circuito travado e difícil,
excelente para os pilotos mais talentosos mostrarem serviço. E no quesito
talento, Michael Schumacher chegou a Monte Carlo em ponto de bala. O piloto
alemão deve buscar a vitória a todo custo no circuito monegasco, e dependendo
das circunstâncias, pode até assumir a liderança do campeonato. A Williams
ainda mantém seu favoritismo, mas já não é o mesmo de 1996. E para piorar a
situação, a prova de Mônaco foi um fiasco para o time inglês no ano passado, e
é com isso que a concorrência está contando para atrapalhar os planos de
Villeneuve e Frentzen no domingo. Hoje é dia de folga para os pilotos em Mônaco. Ontem foram
realizados os treinos livres, e a sessão de definição do grid é amanhã. A prova
está marcada para as 15h30min da tarde (horário de Mônaco), 10h30min no Brasil.
Semana passada a Lola resolveu liquidar sua equipe de F-1, montada para
disputar o campeonato deste ano e que se retirou depois do cancelamento do
patrocínio da Credicard. A Lola ainda tentava conseguir algum patrocínio para
disputar novamente o campeonato deste ano, mas não conseguiu. Estima-se que a
escuderia tenha acumulado US$ 18 milhões em dívidas. Todos os
27 membros do time foram demitidos, fora os dois pilotos, que já estavam
procurando outra ocupação. Ricardo Rosset, por exemplo, foi convidado a
disputar a Porshe Super Cup em Mônaco pela equipe oficial da Porshe.
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