quarta-feira, 10 de junho de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - MAIO DE 1997 - 09.05.1997



            Hora de voltar a colocar um de meus antigos textos, e este que trago hoje é de 09 de maio de 1997, e o assunto era a etapa brasileira da F-Indy, chamada de Rio 400, que tinha 400 quilômetros de percurso, e era disputada no circuito oval construído dentro do autódromo de Jacarepaguá. Era a segunda vez que a corrida seria realizada, tendo estreado na temporada anterior, que mesmo tendo vários problemas, apresentou uma corrida agitada e movimentada, e com direito a vitória brasileira, com André Ribeiro. Em termos organizacionais, a prova de 1997 foi muito melhor, mas as chances de vitória brasileira não se repetiram. A F-Indy, por sua vez, vivia sua melhor fase, ainda que tenha tido início a birra cretina de Tony George contra a categoria, motivando-o a criar seu próprio certame, a Indy Racing League, calcada no sucesso das 500 Milhas de Indianápolis.
            Hoje, infelizmente, tudo aquilo ficou para trás. O autódromo do Rio de Janeiro sucumbiu à picaretagem dos políticos, que levaram o povo na conversa fiada - que novidade, e a própria F-Indy acabou, sobrando a IRL, que está por aí até hoje, mesmo depois de ter escorraçado seu próprio fundador, Tony George, que estava dilapidando o patrimônio de sua própria família para sustentar a categoria, mas sem conseguir alcançar o mesmo sucesso que a F-Indy teve em seus melhores dias. Os brasileiros eram numerosos na categoria naqueles dias, mas tinham vários percalços que os impediam de obter resultados melhores. Só alguns anos depois eles estariam nos lugares certos para brilhar e ganhar campeonatos. A presença brasileira também hoje virou uma sombra do que já foi: na atual IRL, chamada de Indycar (nome que pertencia à Indy original até Tony George agarrar os direitos de uso do nome), sobraram apenas Tony Kanaan e Hélio Castro Neves. É, os tempos atuais são bem diferentes.
            No mais, alguns tópicos rápidos sobre a F-1, que naquele final de semana iria correr a etapa de Mônaco, a mais charmosa do calendário. Uma boa leitura, e em breve trago mais textos antigos por aqui...


BRASIL RIO 400

Lá vamos nós para mais uma etapa do campeonato da F-CART. E desta vez o interesse é redobrado, pois é a vez da etapa brasileira do campeonato da categoria. O palco é o autódromo Nélson Piquet, no circuito Oval Émerson Fittipaldi, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A prova estreou no mundial de 1996, e é a primeira da categoria na América do Sul.
A prova do ano passado foi marcada por pouco público (menos de 30 mil pessoas compareceram). Os pilotos reclamaram muito das ondulações do asfalto, sem falar em várias exigências da CART que acabaram por encarecer a prova. Apesar de tudo, a etapa brasileira foi muito disputada: nada menos do que 5 pilotos lideraram a corrida. Alessandro Zanardi foi o pole-position com a marca de 40s162 (média de 270,074 Km/h), e foi também quem mais voltas da corrida liderou (64).
Houve também complicações durante a corrida, que exigiram nada menos do que 11 bandeiras amarelas, que duraram um total de 47 voltas. O forte calor e as bossas do asfalto castigaram os participantes da etapa: dos 27 pilotos que largaram, apenas 14 cruzaram a linha de chegada. E para delírio da torcida brasileira, André Ribeiro foi o vencedor, completando as 133 voltas no circuito de 3 Km em 2h06min08s1, com vantagem de 2s141 para Al Unser Jr., que chegou em 2º lugar. Para melhorar o astral da torcida, mais da metade dos pilotos que pontuaram na etapa nacional era verde-amarela: Christian Fittipaldi foi o 5º; Raul Boesel o 7º; Roberto Moreno o 9º; Gil de Ferran o 10º; Émerson Fittipaldi o 11º; e Marco Greco o 12º. Apenas Maurício Gugelmim, entre os brasileiros, não conseguiu chegar ao final, abandonando na 49ª volta com problemas de freio em seu Reynard/Ford. Coube também a Gil de Ferran assinalar a volta mais rápida da corrida, com 40s120 (média de 270,359 Km/h).
E hoje começam os treinos livres para as emoções da prova deste ano. Amanhã será definido o grid de largada na sessão única cronometrada oficial., Entre os pilotos brasileiros, 3 tem potencial para vencer a corrida: Gil de Ferran, Maurício Gugelmim e Raul Boesel. André Ribeiro, que venceu a corrida no ano passado, está parcialmente fora de combate, devido à má performance do chassi Lola este ano. O favoritismo vai para as Reynards e Penskes. Não há favoritos destacados, mas cerca de 12 pilotos tem chances reais de vitória. Paul Tracy, embalado pelo triunfo de Nazareth na última corrida, chegou ao Rio de Janeiro disposto a manter a boa performance. O novo chassi Penske já demonstrou suas qualidades tanto nos circuitos ovais como nos mistos. Al Unser Jr. também está na parada. Outros nomes fortes são a dupla da Ganassi, Alessandro Zanardi e Jimmy Vasser; Michael Andretti, Greg Moore, Scott Pruett, além dos brasileiros já mencionados acima.
As características do circuito são muito particulares. Oval com formato trapezoidal, o circuito conjuga características das pistas ovais com circuitos mistos. As curvas 1 e 4 exigem freadas bem fortes, típicas de curvas fechadas de circuitos mistos, enquanto as curvas 2 e 3 são feitas pé embaixo, como de costume nas pistas ovais. O tamanho do circuito não favorece tanto o tráfego de retardatários, mas eles sempre aparecem. A grande reta dos boxes, com praticamente 1 Km de extensão, é o ponto favorito para ultrapassagens. E este ano isso será algo bem difícil de se conseguir só na potência do motor: Honda, Mercedes e Ford estão muito emparelhados. O Honda ainda tem mais potência no topo de rotações, mas o diferencial de velocidade em relação aos motores Ford e Mercedes não deve passar de 3 Km/h. Para conseguir melhores condições de ultrapassagem, o acerto do carro será fundamental. Devido à sua concepção, uma nova medida de segurança será adotada nas curvas fechadas 1 e 4: serão colocadas barreiras de pneus aparafusados para prevenir batidas como as de Mark Blundell e Scott Pruett em 96. Se a medida vai ser eficaz, só a corrida poderá dizer.
            Mas uma coisa é certa: a emoção deverá ser das boas, e a torcida será para que mais uma vez a vitória seja de um piloto da casa. É hora de torcer mais do que nunca por nossos pilotos na pista. E que vença o melhor, brasileiro ou não...


A Fórmula 1 chegou a Mônaco para sua prova mais badalada do ano. E as perspectivas são muito boas, especialmente pelo quadro de equilíbrio apresentado no Mundial até agora. Comparando a classificação do campeonato das 4 primeiras provas de 97 com as 4 primeiras etapas de 1996, pode-se ver como a F-1 este ano melhorou muito. Nas 4 primeiras corridas de 96 tivemos 4 vitórias da Williams, sendo 3 de Damon Hill e 1 de Jacques Villeneuve; 13 pilotos diferentes haviam pontuado, sendo que Hill liderava o campeonato com 33 pontos, sendo 11 de vantagem para Villeneuve, o 2º colocado, e 23 pontos em relação a Jean Alesi e Michael Schumacher, que dividiam a 3ª posição. Na tabela de construtores, a Williams seguia disparada com 55 pontos, 39 pontos de vantagem para a Ferrari, 2ª colocada.
Agora em 1997, a situação já é outra: a Williams venceu 3 corridas e a McLaren 1, sendo 2 vitórias de Jacques Villeneuve, 1 de Heinz-Harald Frentzen e 1 de David Couthard. Villeneuve lidera o mundial  de pilotos com 20 pontos, apenas 6 à frente de Michael Schumacher, em 2º lugar, e apenas 10 de vantagem a Frentzen, Mika Hakkinen, Gerhard Bergher, Couthard e Eddie Irvinne. No mundial de construtores, a vantagem da Williams é de apenas 6 pontos em relação à Ferrari, e 10 em relação à McLaren.
Para melhorar o panorama, Mônaco é um circuito travado e difícil, excelente para os pilotos mais talentosos mostrarem serviço. E no quesito talento, Michael Schumacher chegou a Monte Carlo em ponto de bala. O piloto alemão deve buscar a vitória a todo custo no circuito monegasco, e dependendo das circunstâncias, pode até assumir a liderança do campeonato. A Williams ainda mantém seu favoritismo, mas já não é o mesmo de 1996. E para piorar a situação, a prova de Mônaco foi um fiasco para o time inglês no ano passado, e é com isso que a concorrência está contando para atrapalhar os planos de Villeneuve e Frentzen no domingo. Hoje é dia de folga para os pilotos em Mônaco. Ontem foram realizados os treinos livres, e a sessão de definição do grid é amanhã. A prova está marcada para as 15h30min da tarde (horário de Mônaco), 10h30min no Brasil.


Semana passada a Lola resolveu liquidar sua equipe de F-1, montada para disputar o campeonato deste ano e que se retirou depois do cancelamento do patrocínio da Credicard. A Lola ainda tentava conseguir algum patrocínio para disputar novamente o campeonato deste ano, mas não conseguiu. Estima-se que a escuderia tenha acumulado US$ 18 milhões em dívidas. Todos os 27 membros do time foram demitidos, fora os dois pilotos, que já estavam procurando outra ocupação. Ricardo Rosset, por exemplo, foi convidado a disputar a Porshe Super Cup em Mônaco pela equipe oficial da Porshe.

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