sexta-feira, 26 de junho de 2015

DECISÃO BRASILEIRA



Nelsinho Piquet venceu a prova de Moscou e abriu uma grande diferença para os rivais, principalmente Lucas Di Grassi. Decisão da F-E deve ser entre os dois pilotos brasileiros em Londres neste fim de semana.

            O primeiro campeonato de carros de competição monopostos totalmente elétricos, a F-E, chega ao seu fim neste final de semana, em Londres. Após 9 etapas disputadas no mundo inteiro, é chegada a hora da decisão, e em grande estilo, com direito a rodada dupla no circuito montado ao redor do Battersea Park, no centro da capital britânica, ao lado do Rio Tâmisa, que corta a metrópole inglesa. A pista tem 17 curvas, em um traçado de 2,922 km de extensão. Ambas as corridas, no sábado e no domingo, terão 29 voltas cada uma, e promessa de arquibancadas cheias de fãs para acompanhar a decisão do título da categoria, que está centralizada em dois pilotos brasileiros.
            Nelson Angelo Piquet, competindo pela equipe China Racing, é o líder do campeonato, posição assumida na etapa de Berlim, após a desclassificação de seu compatriota Lucas Di Grassi, que viu sua segunda vitória na competição ir para o espaço por um problema de conserto irregular feito na asa dianteira de seu monoposto. E é justamente com Lucas Di Grassi que Nelsinho terá de se cuidar nas corridas decisivas deste fim de semana. Serão 50 pontos em jogo na corrida, que ainda tem a pontuação de 3 pontos pela pole-position, e mais 2 pontos pela volta mais rápida da corrida, totalizando então 60 pontos em disputa. Com 17 pontos de vantagem para Lucas, Piquet está em posição privilegiada para ser considerado o favorito, mas não pode baixar a guarda pensando nisso.
            Durante o campeonato, o equilíbrio em algumas corridas foi ponto forte da competição, e alguns times e pilotos tiveram também desempenho irregular, andando bem em determinado circuito, mal ou menos bem em outro, por problemas variados. Nelsinho que o diga: em Berlim, ele foi apenas o 13° no grid, e precisou fazer uma prova de recuperação para chegar nas colocações à frente, onde terminou em 5° lugar, que depois virou 4° colocação. Se Lucas não tivesse a punição, seria Nelsinho quem estaria atrás 10 pontos no campeonato em relação ao compatriota. Já em Moscou, Piquet foi à luta e largou na primeira fila, e tal como fizera na prova de Long Beach, assumiu a liderança logo na freada da primeira curva para ir-se embora e deixar os problemas para os concorrentes. Largando em 3°, Lucas Di Grassi precisava de um bom resultado para descontar a diferença dos pontos perdidos em Berlim, mas sofreu para superar Jean-Éric Vergne, enquanto Piquet disparava. Quando conseguiu assumir a 2ª colocação, Nelsinho já tinha todas as condições de apenas administrar o resultado, conquistando sua 2ª vitória e assumindo a posição de favorito ao título.
Lucas deu azar com a desclassificação em Berlim, mas promete dar tudo na pista para chegar ao título da categoria de carros elétricos. Mas a parada vai ser dura.
            Para delírio dos torcedores, eis que a dupla brasileira vem trocando farpas nas últimas corridas, mostrando todo o ambiente de rivalidade que existe entre eles, que já foram colegas de equipe na Renault, quando a fábrica francesa ainda tinha seu time na F-1. E tanto Nelsinho quanto Di Grassi saíram da categoria por baixo. Piquet pelo escândalo de Cingapura em 2008, pela batida premeditada no muro com intenção da favorecer uma vitória de Fernando Alonso naquele GP, a mando de Flavio Briatore, e cuja verdade surgiu apenas um ano depois, e infelizmente encerrando a carreira de Nelsinho na F-1. Di Grassi, por sua vez, correu em 2010 pela Virgin, atual Manor, e com um carro totalmente sem performance, acabou dispensado ao fim da temporada, para não mais achar nenhum cockpit decente e disponível sem ter de apresentar altos patrocínios.
            Foi o momento de ambos terem de procurar novos horizontes para dar prosseguimento às carreiras de pilotos. Nelsinho foi para os EUA, andou de Truck Series e Nationwide tentando seguir carreira na Nascar, mas não deu muito certo. Passou a correr praticamente em todas as oportunidades que surgiam, até aparecer a chance da F-E, onde acabou contratado pela equipe China Racing para ser seu piloto na competição dos monopostos elétricos criada pela FIA e comandada por Alejandro Agag. Di Grassi tornou-se piloto de testes da Pirelli, ajudando a desenvolver os compostos da fábrica italiana para a F-1, e seu conhecimento técnico o levou até a Audi, que o contratou para disputar algumas provas por seu time no Mundial de Endurance, acabando por se tornar piloto titular de uma das mais vitoriosas escuderias do mundial de provas de longa duração. E isso também o levou para a F-E, na equipe Audi ABT.
            Lucas tornou-se o primeiro vencedor de uma prova da categoria, na etapa inaugural de Pequim, depois que Nick Heidfeld e Nicolas Prost, que estavam à sua frente, acabaram batendo na última volta, deixando a liderança e a vitória para o piloto brasileiro. Desde então, Lucas se caracterizou por manter uma boa regularidade na competição, que apresentava altos e baixos na performance dos times e pilotos, mantendo-se sempre na liderança da competição. Problemas nas etapas de Buenos Aires e Miami alheios a seu controle o derrubaram momentaneamente, mas ele nunca deixou de ocupar as primeiras colocações do campeonato, que foi se mostrando bem equilibrado e competitivo.
Nelsinho Piquet venceu em Long Beach e Moscou, e é o favorito para conquistar o título do primeiro campeonato da F-E.
            Nelsinho Piquet, por outro lado, começou o campeonato com alguns problemas, marcando poucos pontos na estréia, e ficando fora de combate na segunda etapa. Na etapa de Punta Del Este, no Uruguai, Piquet começou a reação, largando na primeira fila e subindo ao pódio pela primeira vez com o 2° lugar. Ele sobreviveu aos percalços da prova de Buenos Aires para subir novamente ao pódio, e começar sua escalada rumo ao topo, que ficou patente após sua vitória magistral em Long Beach, repetindo o feito obtido por seu pai na F-1 em 1980, quando Nelsão também obteve no circuito do balneário californiano sua primeira vitória na F-1. Com mais um pódio em Mônaco, e a segunda vitória, em Moscou, eis que Nelsinho está como grande estrela da categoria, e pronto para fazer história tornando-se seu primeiro campeão, e resgatando sua reputação no mundo do automobilismo como um piloto de ponta. Para Di Grassi, que também demonstrou grande capacidade e talento nas corridas disputadas até aqui, é a chance também de fazer seu nome com o título da categoria.
            Para os torcedores brasileiros, é a primeira vez em muitos anos que ele tem a chance de ver dois pilotos nacionais chegarem à etapa final de uma competição como protagonistas de uma disputa de título. Mas tanto Lucas Di Grassi como Nelsinho Piquet precisam estar atentos não apenas um em relação ao outro, mas também ao piloto suíço Sébastien Buemi, 3° colocado na competição. Com 105 pontos, Buemi está 6 pontos atrás de Lucas, com 111. Piquet lidera com 128, mas ele ainda tem chances matemáticas de conquistar o título, ainda que seja considerado um azarão nesta disputa. Mas basta Nelsinho ou Lucas terem algum enrosco e abandonarem, para tudo ficar potencialmente embolado. E Buemi também vem andando forte nas últimas etapas, podendo complicar os planos de disputa dos brasileiros.
            Do resto do grid, apenas Nicolas Prost ainda tem chances matemáticas, mas com 82 pontos, apenas um milagre o faria levar a taça, de modo que realmente apenas Piquet, Di Grassi, e em menor escala, Buemi, serão mesmo os protagonistas do duelo que definirá o campeão da categoria. E o fato de Di Grassi e Nelsinho trocarem farpas e exibirem uma rivalidade forte, que vem se acentuando desde a etapa de Mônaco, é um atrativo a mais para a categoria, onde os pilotos sentem-se mais à vontade, sem as "mordaças" a que são impostos na F-1. Só para se ter idéia, depois de sua desclassificação em Berlim, Lucas declarou que ia "chutar as bundas de Piquet e Buemi" na pista nas etapas seguintes. Alguém aí ouviu algum piloto de F-1 falar coisa parecida na F-1 em tempos recentes? Longe da frescura do politicamente correto, o que o público gosta de ver são os pilotos assumindo suas atitudes, portanto, quando o clima de rivalidade pega fogo, não tem coisa melhor para atrair a atenção dos fãs, o que não significa que ambos irão jogar o carro um em cima do outro logo na primeira curva também: ambos são profissionais de quilate para evitarem fazer este tipo de briga insensata. A briga vai ser na pista, e roda a roda, se necessário, mas sem picaretagens ou manobras desleais.
Corridas disputadas, com vários duelos, em pistas de rua por várias cidades pelo mundo: a F-E conseguiu cair no gosto dos fãs de automobilismo.
            A chegada ao fim do seu primeiro campeonato também coroa o sucesso obtido pela F-E em seu primeiro ano. Vista inicialmente com desconfiança por muita gente, apesar dos nomes envolvidos, a categoria dos carros monopostos totalmente elétricos teve um início morno em Pequim, é verdade, com vários detalhes precisando serem melhor trabalhados, mas com o avançar da competição, as equipes e pilotos, além da própria categoria em si, foram evoluindo em suas apresentações, e a F-E mostrou que veio mesmo para ficar, não sendo um certame passageiro como foram a F-Masters, a A1GP, e a Champion League, que tentou unir futebol e automobilismo. Com boas disputas na pista, o interesse dos fãs foi aumentando a cada etapa, e para seu segundo campeonato, com início em outubro deste ano, mais empresas já estão envolvidas na competição, que também irá evoluir em seus parâmetros técnicos, visando aperfeiçoar seus equipamentos e promover melhor as disputas.
            Se é verdade que os carros não são tão velozes como algumas outras categorias, eles não decepcionaram no quesito disputa, com algumas etapas sendo bem movimentadas, e com várias surpresas. E uma limitação do equipamento, que é o fato das baterias não terem autonomia para uma corrida inteira, promoveu um momento interessante: pit stops para troca de carros. Ao invés de trocar pneus e baterias, o que seria impossível neste último caso, além de que as mesmas não teriam como ser recarregadas rapidamente, os pilotos precisam parar nos boxes e assumir o outro monoposto, preparado, para disputarem o restante da corrida, ajudando a tornar as etapas mais interessantes, sendo que os telespectadores ainda têm opção de ver nas informações da transmissão quanto cada piloto possui de "carga" em seu carro. Fala-se em tornar as baterias melhores a ponto de permitir que os carros disputem a prova inteira sem necessidade de trocar de monoposto, mas o pit stop para troca de carro se tornou tão interessante que talvez fosse melhor usar a maior capacidade de carga para aumentar a performance, dando mais velocidade ou permitindo a disputa em autódromos futuramente.
            A F-E, contudo, não pretende perder de foco seu modo de competição. Desde o início, todas as provas disputadas tem todas as suas atividades realizadas em um único dia, desde os primeiros treinos à corrida propriamente dita. Isso ajuda a cortar custos, ao mesmo tempo em que apresenta ao público uma programação compacta permitindo atividades a serem acompanhadas durante todo o dia. E o público aprovou a idéia, com as últimas provas apresentando lotação praticamente esgotada, com ampla participação do público fã de automobilismo. Em Mônaco, a etapa da F-E nada deveu em glamour e público à prova da F-1, e mesmo no fim de semana onde tivemos as 500 Milhas de Indianápolis e o GP de Mônaco de F-1, ainda assim a etapa da F-E disputada em Berlim teve casa cheia, mostrando que o público realmente passou a acompanhar a categoria com afinco.
            Os pilotos, a princípio correndo mais por falta de oportunidades em outros certames, passaram também a ver a categoria como algo efetivamente promissor, com boas perspectivas para suas carreiras. As escuderias trocaram vários pilotos no grid, mas a maioria permaneceu firme, e o campeonato chega ao seu final contando com um grid em sua maioria formado por gente que já passou pela F-1, o que mostra que o nível de pilotagem não é nada desprezível.
            A categoria tem sido visitada constantemente por Jean Todt, mostrando que seu prestígio realmente está aumentando. Ainda tem a presença do tetracampeão da IRL Dario Franchiti, como comentarista oficial, e transmissão exclusiva do canal pago Fox Sports, que está presente em muitos países, fazendo a transmissão integral das etapas da F-E. Os fãs brasileiros, aliás, que fiquem a postos: as corridas do fim de semana serão transmitidas ao vivo a partir do meio-dia, horário de Brasília, e é hora de conferir qual de nossos pilotos levará o troféu do campeonato. Portanto, é hora de todos ficarem ligados nesta rodada dupla, e não vai ser apenas no sentido figurado da expressão. A decisão do título tem tudo para ser eletrizante, no melhor sentido da palavra, só para mencionar o óbvio...
Traçado da prova de Londres, no Battersea Park: palco da decisão do título da F-E 2014/2015 neste sábado e domingo.


Um dos melhores momentos do fim de semana do Grande Prêmio da Áustria de F-1 aconteceu antes da corrida, no domingo, quando vários pilotos do passado da categoria se apresentaram perante o público presente conduzindo os carros que pilotaram nos anos 1980. Estavam presentes Nélson Piquet, conduzindo sua Brabham/BMW; Niki Lauda ao volante da McLaren/TAG-Porshe, assim como Alain Prost; Gerhard Berger, com a Ferrari; Christian Danner com a Zackspeed; Riccardo Patrese conduziu um Renault da primeira escuderia oficial da fábrica; Pierluigi Martini, que conduziu a sua velha Minardi, e Jean Alesi com uma Sauber, único carro dos anos 1990. As poucas voltas que deram no circuito de Zeltweg empolgaram o público, com direito a "zerinhos" de Nélson Piquet numa área de escape, e a Minardi de Martini mostrando que não perdeu sua "classe" de carro de time pequeno: seu motor pegou fogo mesmo andando sem forçar, obrigando o italiano a mostrar que ainda é ágil para sair de um monoposto, enquanto os fiscais apagavam o fogo rapidamente. Mas, melhor de tudo mesmo, foi Piquet aprontar no momento em que todos estavam reunidos para fotos dos fotógrafos, ao sentar no colo de Niki Lauda e puxar o saco literalmente de Alain Prost, para delírio dos presentes e dos fotógrafos. Apenas Piquet sendo Piquet, e mostrando que hoje em dia a F-1 perde muito a graça não tendo mais pilotos com sua personalidade...
Piquet e sua mão boba ataca, para azar de Prost, e risadas gerais de todo mundo ao redor...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - JUNHO DE 2015



            Olá novamente a todos os leitores. Já estamos chegando nos finalmentes do mês de junho, com praticamente metade do ano de 2015 já tendo ido embora. O tempo parece realmente voar nessas horas, assim como nas competições automobilísticas, e chegou novamente a hora de termos mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com uma avaliação dos acontecimentos do mundo do esporte a motor neste mês que está se encerrando. Então, uma boa leitura a todos, com o velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). E a até a próxima edição da Cotação Automobilística, que estará disponível aqui no final do próximo mês...



EM ALTA:

Porsche nas 24 Horas de Le Mans: A recordista de vitórias na mais famosa prova de endurance do planeta mostrou que não retornou à categoria no ano passado para fazer figuração, e esse ano simplesmente arrasou na corrida disputada no famoso circuito em Le Sarthe. O modelo 919 mostrou toda a sua velocidade nas longas retas do circuito de Le Mans e abocanhou as 3 primeiras posições no grid com o novo recorde da pista, e venceu a prova em dobradinha, obtendo sua 17ª vitória na mítica prova de 24 Horas, exatamente 17 anos depois de seu último triunfo, em 1998. Vencida a corrida mais famosa do calendário do Mundial de Endurance, a Porsche agora vai atrás do título do campeonato, e não é mero blefe. Os concorrentes que se cuidem...

Nico Hulkenberg: O piloto alemão andava em baixa ultimamente na F-1, decepcionado por ser preterido para guiar pelos times mais importantes da categoria, mesmo após dar provas de seu talento nos últimos anos guiando carros limitados. Portanto, quando surgiu o convite da Porsche para guiar seu carro extra nas 24 Horas de Le Mans na classe LMP1, o piloto alemão aceitou logo de cara, já visando uma possível transferência para a categoria de endurance no caso de sua carreira na F-1 não decolar. E ele conseguiu bem mais do que esperava, ao vencer a prova em parceira com os pilotos Earl Bamber e Nick Tandy. A vitória serviu para Hulkenberg recuperar sua moral, e o alemão chegou ao circuito da Áustria muito assediado pela imprensa e pelos colegas de categoria, pela inveja de seu triunfo em Le Mans. E, mostrando sua motivação renovada, Nico ainda largou em ótima posição no grid e terminou em 6° lugar, melhor resultado do ano para a Force India. E seu nome tornou a ser cogitado, nas fofocas, como candidato a substituto de Kimi Raikkonem na Ferrari para 2016. Mas, se a Porsche o convidar para ser seu piloto na endurance, creio que ele deixará a F-1 para trás, assim como Lucas Di Grassi fez anos atrás...

Disputa brasileira na F-E: Está chegando ao final o primeiro campeonato de carros elétricos monopostos, e com grande sucesso pela empreitada que começou meio desacreditada no ano passado, mas que foi crescendo a cada prova disputada, e com um grid de pilotos que soube encontrar seu lugar ao sol mesmo depois de perder suas chances na F-1. Restando apenas a rodada dupla de Londres para ser disputada, o duelo pelo título se dará entre os brasileiros Lucas Di Grassi e Nelson Angelo Piquet, dois nomes que também não conseguiram firmar sua carreira na F-1, ainda que por motivos diferentes. Com 17 pontos de vantagem na liderança da competição, Nelsinho Piquet é o  grande favorito, mas não dá para comemorar antecipadamente. Lucas Di Grassi ainda tem boas chances de título, mas vai precisar de uma boa combinação de resultados para vencer a parada. E eles ainda têm que se preocupar com Sebastien Buemi, que vem logo atrás, em 3° lugar, e ainda pode surpreender e levar a taça se algo acontecer entre a dupla verde-amarela. Mas, é a primeira vez desde 2003, na Indy Racing League, que temos dois pilotos brasileiros chegando na reta final de um campeonato de monopostos de renome como astros da decisão do título. Naquele ano, Gil de Ferran e Hélio Castro Neves chegaram na última etapa do campeonato com chances de conquistar o título junto com Scott Dixon, e o neozelandês faturou o campeonato.

Jorge Lorenzo: O piloto espanhol da Yamaha continua mandado bala na MotoGP, e averbou em Barcelona sua 4ª vitória consecutiva no campeonato, encostando de vez no líder Valentino Rossi, que tem agora apenas 1 ponto de vantagem para o parceiro na escuderia nipônica. Como já havia feito nas últimas etapas, Lorenzo assumiu a ponta logo na largada e tratou de se mandar na liderança, deixando os rivais se digladiando atrás de si. A performance do bicampeão espanhol deixou seu compatriota e atual bicampeão Marc Márquez bem pressionado, a ponto de o piloto da Honda acabar caindo nas últimas etapas. Lorenzo anda mesmo impossível, e até mesmo Rossi tem tido dificuldades para conseguir brecar o ímpeto do parceiro, que vai em busca da liderança do campeonato em posse do italiano, e quer o tricampeonato da categoria rainha do motociclismo. Os rivais que se cuidem...

Equipe Ducati na MotoGP: A marca italiana, que passou os últimos anos na categoria rainha do motociclismo apenas como coadjuvante, está surpreendendo mesmo este ano na MotoGP, e é a 2° colocada na competição de fabricantes. Falta voltar a vencer, é verdade, mas seus dois pilotos estão sempre ali nas primeiras posições, prontos para aproveitar quaisquer brechas que os atuais favoritos da Yamaha possam inadvertidamente oferecer, e aproveitando que a Honda está tendo seu ano mais complicado do que esperava. A Ducati já conseguiu largar na pole em duas provas em 2015, e sua dupla ocupa a 3ª e 4ª posições no campeonato, com um equilíbrio bem satisfatório entre Andrea Iannone e Andrea Dovizioso. Alguns percalços impediram melhores resultados, mas a Ducati voltou a ser uma das protagonistas da competição, e a qualquer momento, pode retornar ao círculo das vitórias, em sua busca para voltar a disputar efetivamente o título e conquistá-lo, o que não acontece desde 2007, quando foi campeã com Casey Stoner.



NA MESMA:

McLaren/Honda: O time de Woking já pode considerar a temporada de 2015 a pior da história do time desde que Ron Dennis assumiu a direção da escuderia em 1980. O motor Honda, além de pouco potente, não tem mostrado a fiabilidade melhorar, e para piorar, até mesmo o modelo MP4/30 começa a deixar dúvidas sobre seu potencial, uma vez que tudo parece não ter fiabilidade. Em duas pistas de alta velocidade, a performance dos carros de Fernando Alonso e Jenson Button foi patética, com ambos os pilotos tendo de deixar a corrida sem conseguir mostrar praticamente nada. E o time já estourou o limite de motores para a temporada com seus dois pilotos, que só não pagaram a punição prevista pelo regulamento porque ficaram fora de combate logo às primeiras voltas da corrida austríaca. Nem é preciso dizer que o ambiente anda carregado na escuderia inglesa pela falta de performance e de resultados...

Equipe Williams: É consenso geral de que a Williams não melhorou tanto quanto se imaginava do campeonato de 2014 para este ano na F-1. Se desafiar a Mercedes era pedir demais, o time inglês acabou sendo surpreendido pela melhoria da Ferrari, que se tornou facilmente a segunda força do campeonato, e até já conseguindo vencer uma corrida, aproveitando-se de quaisquer problemas que a Mercedes possa sofrer, estando sempre ali por perto para aproveitar. Só que o time do velho Frank, se não melhorou a performance a ponto de superar o time italiano, aproximou-se a ponto de fazer com os carros vermelhos o que estes tencionavam fazer com os carros prateados, e portanto, nas derrapadas surgidas nas últimas duas corridas, a Williams voltou ao pódio, primeiro com Valtteri Bottas no Canadá, e com Felipe Massa na Áustria, com atuações impecáveis de cada um dos pilotos nas respectivas provas, mostrando que eles podem, com um pouco mais de esforço, entrar firme na luta pelo vice-campeonato de equipes. Não vai ser fácil, pois o modelo SF-15T ainda tem se mostrado superior ao modelo FW37, mas a diferença tem diminuído, e os pódios podem dar o empurrão definitivo para a Williams se motivar e partir para cima da Ferrari no campeonato. Caso contrário, terá no 3° lugar do campeonato um resultado acima das expectativas se levarmos em conta sua postura "conservadora", que não se sustentará se os rivais estiverem em melhor forma. É preciso ser mais ousado, tanto nos boxes quanto na pista, e os seus pilotos não são capazes de fazer tudo sozinhos.

Novela da permanência de Monza na F-1: Com contrato vencendo em breve, o GP da Itália na pista de Monza continua em suspense se segue ou não na F-1. Bernie Ecclestone continua bradando suas ameaças de levar a F-1 a lugares "mais rentáveis", se os organizadores não aceitarem suas exigências financeiras para a renovação do contrato. E o manda-chuva da FOM já deu a entender que não dá a mínima para o circuito italiano, se ele não pagar o que pede. Surgiu até uma conversa de que Ímola poderia passar a sediar a prova italiana, mas esqueceram de mencionar se os administradores do autódromo que era sede do GP de San Marino irão topar as exigências absurdas de Bernie para sediar a prova. O chefão da F-1 ainda aproveitou para desdenhar da França, ao falar que o país não tem nenhum circuito que sirva para a F-1, esquecendo que Magny-Cours e Paul Ricard já sediaram com muita competência o GP francês, e que só não recebem novamente a categoria porque Ecclestone não arreda pé de suas exigências financeiras. Será que a F-1 vai perder mais um GP europeu por causa dessa queda de braço financeira?

Brasileiros na Indy Racing League: Com 10 corridas disputadas até agora no certame 2015 da IRL, Tony Kanaan e Hélio Castro Neves ainda não conseguiram subir ao degrau mais alto do pódio, e vão começando a ficar para trás nas perspectivas de disputar o título da categoria este ano. Tony é apenas o 9° no campeonato, enquanto o parceiro Scott Dixon é o 3° colocado, tendo vencido as etapas de Long Beach e do Texas, e seguindo bem atrás dos líderes Juan Pablo Montoya (1°) e Will Power (2°), ambos da equipe Penske, que já contabilizam 2 e 1 vitória, respectivamente, no ano, enquanto Helinho, também da Penske, até agora não conseguiu exibir performance de domínio em nenhuma corrida no ano. Ou Helinho e Tony reagem, ou vai ser mais um ano na fila de espera de tentar um título...

Mundial de Rali: A etapa da Itália viu mais um triunfo de Sebastien Ogier, que faturou assim sua 4ª vitória no atual campeonato, depois de apenas 6 etapas disputadas. Está difícil segurar o francês, que já tem praticamente o dobro de pontos do 2° colocado na competição. E depois ainda vem gente dizendo que a disputa na F-1 é que está chata. e olha que a competição de rali é muito mais complicada e imprevisível...melhor irem se preparando para ver Ogier comemorar mais um título competição logo, logo...



EM BAIXA:

Estréia da Nissan no Mundial de Endurance: Saudada como mais um time de fábrica para competir na categoria LMP1 no WEC, a marca japonesa já causou sensação pelo projeto de seu protótipo, com tração dianteira, ao contrário dos demais modelos da competição. Mas a expectativa começou a fraquejar depois que a marca anunciou atrasos em sua preparação, e que só estrearia mesmo nas 24 Horas de Le Mans. O atraso já denunciava que o projeto poderia estar com problemas, portanto, um tempo maior de preparação era necessário. Até aí, nada demais. Mas, ao entrar na pista para os primeiros treinos em Sarthe, não houve como esconder a decepção com os carros de tração e motor dianteiros rodando praticamente 20s mais lentos que os mais rápidos, e em alguns casos, sendo superados até pelos competidores da categoria LMP2. Pra não falar que a fiabilidade do modelo parecia não empolgar também. Não deu outra: dos três carros que largaram, apenas um chegou ao final, e por não ter cumprido 75% do percurso de sua categoria, como manda o regulamento, acabou não sendo classificado. E o tormendo promete prosseguir nas próximas etapas, com a marca nipônica precisando trabalhar muito para reverter a má impressão deixada nas 24 Horas de Le Mans.

Equipe Toyota nas 24 Horas de Le Mans: Campeã no WEC em 2014, a Toyota nitidamente regrediu na competição este ano, sendo superada não apenas pela tradicional rival Audi, mas também pela renascente Porsche, que tornaram-se os carros a serem batidos. De favorita nas 24 Horas de Le Mans de 2014, a fábrica japonesa viu seus esforços irem por água abaixo diante do melhor trabalho de corrida da Audi em Sarthe. Com a conquistado título do campeonato, esperava-se que a Toyota redobrasse seus esforços para triunfar finalmente em Le Mans, mas o resultado acabou sendo o oposto: seus carros foram amplamente superados pelos Porsche, e ainda pelos Audi. Se esperava compensar na corrida, com um melhor ritmo e estratégia de prova, o tiro saiu pela culatra, com ambos os carros a ficarem longe da disputa pela vitória, que foi em poucos momentos desafiada apenas pela Audi na resistência à supremacia da Porsche. Pior que a performance para o restante do campeonato WEC também pode ser de tornar-se coadjuvante na luta entre os times alemães, frustrando os planos da fábrica nipônica de obter o bicampeonato do Mundial de Endurance.

Acidentes na F-3 Européia: A garotada inicando carreira no automobilismo internacional deu mostras de ser bem indisciplinada e agressiva além da conta na rodada tripla disputada na pista de Monza, com direito a toques de rodas, suspensões avariadas, entradas e saídas de pista com vários carros lado a lado sem aliviar, e até capotagens, sendo uma delas assustadora. Ninguém se machucou gravemente, mas a pauleira geral na pista foi tanta que a terceira corrida no circuito italiano acabou encerrada antes do tempo em virtude do mal comportamento dos concorrentes, que já haviam levado bronca da organização da corrida. Se o aviso surtiu efeito, não foi total, pois na rodada seguinte, em Spa-Francorchamps, os pilotos voltaram a se estranhar nas corridas, sendo que em uma delas tivemos uma nova capotagem, onde o piloto felizmente não se machucou. Mas, se os garotos não tomarem mais cuidado, uma hora a coisa vai ficar feia, e pode surgir uma tragédia. A FIA nos últimos tempos tem agido com um rigor obssessivo e até doentio no que tange a punições na pista por toques e acidentes, e tudo o que não se precisava era de episódios como o que foram vistos na F-3 Européia dando razão à entidade em sua cruzada por um automobilismo "seguro" ao extremo, tentando eliminar por completo os riscos da competição automobilística, que por natureza, é sempre perigoso.

Punições técnicas na F-1: Desde que entrou em vigor no ano passado o novo regulamento técnico com relação às novas unidades de potência híbridas a serem utilizadas pela categoria máxima do automobilismo que já se falava que o limite do número de motores era demasiado pequeno para um campeonato tão longo, ainda mais se tratando de uma tecnologia nova e que certamente ainda demandaria muito desenvolvimento. Mas, se em 2014 a situação até que correu relativamente bem, com poucas quebras, este ano a situação está ficando feia para os carros equipados pela Renault e pela Honda. As unidades francesas retrocederam em relação ao ano passado, não melhoraram sua performance e ainda ficaram muito menos fiáveis, enquanto os japoneses marcaram bobeira na sua preparação para sua estréia este ano e agora não conseguem obter nem performance, e muito menos fiabilidade. Na Áustria Daniel Ricciardo já precisou utilizar um novo motor, estourando o limite de 4 unidades para o ano, o mesmo ocorrendo com os pilotos da McLaren, que ainda precisaram trocar outros componentes, o que deu, no cômputo geral, cerca de 70 posições no grid de punição para os pilotos envolvidos. Um recorde na categoria que nenhum orgulho vai gerar, muito pelo contrário. E nem falo dos modos de se pagar as punições, que no caso da McLaren a zica do time anda tão alta que seus pilotos ficaram fora de combate antes mesmo de coneguirem pagar as determinações impostas pelo regulamento, cada vez mais confuso e esdrúxulo. Para azar de Renault e Honda, Mercedes e Ferrari estão indo bem, portanto, não lhes interessa mudar as regras, então, franceses e nipônicos que se virem junto com seus parceiros...

Chiadeira da Red Bull na F-1: Aproveitando a oportunidade do GP em seu país, Dietrich Mateschitz voltou a reclamar das regras da categoria, ameaçando tirar seus times de campo, ao afirmar que a F-1 não desperta mais a emoção e paixão de antes. E voltando também a acusar a Renault pelo mau campeonato que vem tendo neste ano. Se é verdade que várias das críticas feitas têm fundamento, e que a F-1 precisa rever muita coisa, por outro lado é patente o sentimento pelo paddock de que o time rubrotaurino está chorando mais do que deveria, enquanto os demais, do jeito que podem, reclamam menos e tentam melhorar. E, para piorar o clima, reforçando o sentimento de mau perdedor do time que foi campeão de 2010 a 2013, é o fato da Toro Rosso, time que também pertence à Red Bull, estar tendo um campeonato de 2015 melhor do que o de 2014, pelo menos até agora. No ano passado, findo o GP da Áustria, o time "B" dos energéticos tinha apenas 12 pontos na competição, enquanto este ano já acumula 19 pontos, uma melhora de 50% nos resultados. Já o time "matriz" despencou dos 142 pontos do ano passado para apenas 55 em 2015. problemas das unidades de potência da Renault à parte, a queda da Red Bull é patente, mostrando que não é apenas o motor que está ruim este ano, mas também o carro. Adrian Newey está fazendo mais falta do que imaginavam...

 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

A ESCALADA DE LORENZO


Jorge Lorenzo não deu chance as adversários em Barcelona, nem permitiu que Valentino Rossi consumasse sua perseguição implacável ao parceiro nas voltas finais da corrida (acima).

            Quem se acostumou a ver o desfile do espanhol Marc Márquez no Mundial de MotoGP nos últimos dois anos está assistindo a um campeonato bem diferente em 2015. E, nas últimas corridas da classe rainha do motociclismo, quem vem dando as cartas é o espanhol Jorge Lorenzo, que anda impossível, depois de conquistar, domingo passado, no GP da Catalunha, mais uma vitória. E já são 4 triunfos na temporada, o que o torna o maior vencedor do ano até aqui. Na luta dos bicampeões para chegar ao tricampeonato, neste momento Lorenzo leva grande vantagem sobre seu compatriota Márquez, que não vem tendo este ano a mesma desenvoltura exibida em 2013 e 2014.
            Depois de dominar a competição com Márquez nos últimos dois anos, a Honda este ano vem enfrentando mais percalços do que imaginava, e está vendo a arquirrival Yamaha tomar as rédeas da competição. A liderança do campeonato está com Valentino Rossi, que detém duas vitórias no ano, e com o triunfo em Barcelona, Lorenzo está agora apenas 1 ponto atrás do parceiro de equipe. Rossi começou o ano embalado, vencendo a etapa de abertura, no Qatar. No GP das Américas, em Austin, Marc Márquez fez questão de mostrar que continuaria a fazer a concorrência comer sua poeira, e venceu pela terceira vez consecutiva na pista texana. Mas, quem imaginava que a "Formiga Atômica" iria voltar a deitar e rolar no campeonato, se enganou, pelo menos na semântica do termo, que acabou ganhando, na verdade, ares de significado literal, com Marc a deitar e rolar para fora da pista em várias oportunidades.
            Começou na etapa da Argentina, onde o atual bicampeão, em disputa acirrada com Valentino Rossi pela vitória na prova, acabou tocando na moto do rival e se deu mal, caindo e dando adeus à prova portenha a poucas voltas da bandeirada. Márquez ainda se redimiria em Jerez de La Fronteira, subindo novamente ao pódio, em 2° lugar, mas sua reação acabou ficando nisso. Ainda salvou um 4° lugar na etapa da França mas, dali em diante, suas provas terminaram na caixa de brita dos circuitos visitados pela categoria, como vimos nas corridas da Itália, em Mugello, e domingo passado, em Barcelona.
            Em contrapartida à queda, ou às quedas de Márquez, Jorge Lorenzo veio numa escalada implacável e perfeita a partir da corrida de Jerez. Depois de começar o campeonato à sombra do parceiro Valentino Rossi, o espanhol desembestou de vez, e desde a prova na Andaluzia, tem largado praticamente sempre na frente, e vencido de ponta a ponta. Foi pole em Jerez, e comandou desde a largada; em Le Mans, largou em 3°, mas assumindo a ponta logo na largada; em Mugello tomou a dianteira também na largada, deixando o pole Andrea Iannone para trás; e em Barcelona, também não deu a menor bola para a dupla da Suzuki, deixando ambos para trás já na freada para a primeira curva. Pintou o campeão da temporada? Talvez, mas ainda tem muito chão pela frente, e a maior parte do campeonato a ser disputado, até a prova final em Valência, em novembro, que fecha o calendário. E a disputa pelo título, em que pese o momento favorável à Yamaha, pode apresentar uma boa briga. Resta saber se Lorenzo vai facilitar para os rivais, o que acho muito difícil.
            Seu pior resultado até agora foi o 5° lugar na etapa da Argentina. Nas duas primeiras etapas, foi o 4° colocado. E depois engatou 4 vitórias consecutivas. Pontuou em todas as provas até aqui, e no embalo em que está, todo mundo já dá como certo Lorenzo assumir a liderança do campeonato na próxima corrida, que será no fim de semana que vem, em Assen, na Holanda. Mas falta combinar isso com o líder da competição, Valentino Rossi.
            O heptacampeão, contudo, precisa melhorar sua performance em classificação, onde tem falhado nas últimas etapas, largando sempre atrás de seus principais rivais, o que o obriga a ter de recuperar o terreno perdido no início das corridas, o que o faz perder tempo e, por tabela, alcançar a disputa pela liderança em momento tardio da corrida, e com seu equipamento mais desgastado pelo duelo com os oponentes na luta para chegar à frente. Em Jerez, enquanto Lorenzo largou na pole, Valentino foi o 5° no grid, para chegar ao final em 3°, quase 12s atrás de Lorenzo. Da mesma forma, na França, enquanto Jorge largava em 3°, Rossi partiu em 7°, chegando em 2/, a quase 4s do parceiro. Na prova da Itália, a mesma situação: Lorenzo largando em 2°, e Rossi em 8°. O italiano da Yamaha foi 3° na bandeirada, com 6s6 de atraso para o parceiro espanhol. E em Barcelona, Lorenzo foi novamente 3° no grid, enquanto Valentino foi 7°. Demorou praticamente meia corrida para Rossi assumir a 2° colocação, e a partir daí iniciou a perseguição a Lorenzo. Este, porém, estava em alerta, e mesmo com a feroz perseguição do "Doutor", Lorenzo conseguiu rechaçar seus ataques, e cruzar a linha de chegada com 0s8 de vantagem para o parceiro da Yamaha.
            É importante ressaltar, porém, que Lorenzo sempre largou à frente de Rossi em todas as provas neste ano. Mas o espanhol acabou se complicando nas primeiras corridas, de modo que o italiano acabou se dando melhor nos resultados. No ano passado, Lorenzo iniciou o campeonato completamente ofuscado por Valentino, só reencontrando sua melhor forma na segunda metade do ano. Após a etapa da Argentina, com dois triunfos do parceiro, e sem nenhum pódio, parecia que veríamos uma reprise do panorama de 2014. Mas Lorenzo conseguiu recuperar a sua melhor forma, e desde então, tem sido imbatível na corrida, não dando chance a ninguém. Sua tática tem sido atacar de forma implacável logo na largada, assumir a ponta e dar tudo de si para fugir na dianteira, enquanto seus rivais digladiam-se atrás, permitindo seu distanciamento enquanto perdem tempo na disputa de suas posições. Na Catalunha, por exemplo, depois que se desvencilhou dos adversários, Rossi tinha cerca de 4s de desvantagem para Lorenzo, e partiu para o ataque. Mas o parceiro de equipe também passou a responder, não permitindo que a distância diminuísse tão rápido. Se Valentino quiser inverter o momento de ascenção de Lorenzo, terá de se aplicar para começar a batê-lo na classificação, de forma a permitir ter uma vantagem similar à que ele vem aplicando nas últimas corridas. Quando ambos estão com pista livre, seus ritmos são similares, ora o espanhol sendo mais rápido, ora o italiano.
            De qualquer maneira, Rossi está apertando a pressão sobre o companheiro de equipe: a vitória mais folgada de Lorenzo foi em Jerez, com vantagem de 5s576 sobre Márquez. Na França, a vantagem da vitória do espanhol foi menor, de 3s82 sobre Valentino. Na Itália, Jorge abriu 5s563 para Andrea Iannone na bandeirada. E em Barcelona, Rossi ficou apenas 0s885 atrás. E a disputa pelo título de 2015 parece que vai ficando restrita aos pilotos do time oficial da Yamaha: além de contar com sua dupla nas duas primeiras posições no campeonato, a marca também lidera o certame de construtores, com 410 pontos, com boa folga sobre a 2ª colocada, que é a Ducati, com 268 pontos. A Honda está em 3°, com apenas 213 pontos, o que dá uma boa idéia de como a equipe campeã dos últimos dois anos está enfrentando dificuldades nesta temporada.
Vitória em Barcelona foi o 4° triunfo consecutivo do espanhol em 2015. E ele quer mais...
            Enquanto Rossi lidera o campeonato com 138 pontos, e Lorenzo segue logo atrás com 137, o atual bicampeão Marc Márquez é apenas o 5° colocado, com 69 pontos, praticamente metade da pontuação de Valentino. A dupla da Ducati, Andrea Iannone, e Andrea Dovizioso, segue na 3° e 4° colocações, com 94 e 83 pontos, respectivamente. Para completar a desgraça da Honda, seu outro piloto, Dani Pedrosa, ficou de fora em 3 etapas, enquanto se recuperava de uma cirurgia no braço realizada no início de abril, e acumula como melhor resultado apenas um pódio, com o 3° lugar obtido justamente domingo passado em Barcelona. Acostumado a ter a moto mais competitiva da competição, Marc Márquez está tendo de se desdobrar este ano na disputa, onde as Yamaha, e até as Ducati, estão mostrando-se tão ou até mais competitivas do que as Honda, em ritmo de corrida. Nas classificações, Marc tem mostrado sua habitual velocidade, tendo até o momento 3 poles no ano, e largando apenas uma vez fora das 4 primeiras colocações. Na ânsia de tentar tirar no braço ou não arredar o pé da disputa, o jovem espanhol infelizmente tem cometido erros, como os que ocasionaram as quedas vistas na Argentina, Mugello, e Barcelona. A Honda aumentou a potência de seu motor para esta temporada, mas as mudanças introduzidas também tornaram o propulsor mais indócil e temperamental, sendo mais difícil de se conduzir. O pouco tempo de testes da pré-temporada não permitiu que a Honda solucionasse o problema a contento, então, o comportamento de sua moto é mais arisco nesta temporada, enquanto as Yamaha tem uma performance mais homogênea. E esse comportamento mais agressivo é também parte da causa dos problemas de performance em corrida que tem sido observados. Márquez, que tenta sempre dar tudo por tudo, está tendo literalmente que segurar o touro a unha nos GPs. E ele já garantiu que não vai abaixar os braços e deixar de lutar.
            Ainda há tempo para o atual bicampeão reagir, o que ajudaria a tornar o campeonato ainda mais disputado, mas a parada vai ser dura para os atuais campeões do mundo, e as chances vão diminuindo a cada corrida. Além de uma revigorada Yamaha, que conta com os talentos incontestáveis de dois campeões, os italianos da Ducati estão andando mais forte do que muitos esperavam, e estão bem perto de voltar a vencer corridas na categoria, complicando os planos de uma reação por parte da Honda. Andrea Iannone e Andrea Dovizioso têm largado sempre nas primeiras colocações, com raras exceções, já tendo conquistado até duas pole-positions, e estão decididos a encerrar o jejum da marca, que não vence há anos na MotoGP.
            A disputa do campeonato promete altas doses de emoção ate o final do ano, e todos aguardam para ver se a escalada de Jorge Lorenzo iniciada em Jerez vai se estender pelas próximas corridas. Já são 4 triunfos consecutivos, e quando foi bicampeão nas temporadas de 2010 e 2012, o espanhol se caracterizou por ser extremamente regular na competição, tendo apenas dois abandonos nas corridas destes dois certames. Portanto, os rivais que partam para o ataque desde já para interromper a festa de Jorge, caso contrário poderão ver outra leva de vitórias enfileiradas pelo piloto da Yamaha. E ele não vai se contentar apenas com as 4 vitórias que já conquistou este ano, vai querer muito mais...


Nada menos do que 4 equipes já conquistaram poles no atual campeonato da MotoGP: além das favoritas Yamaha e Honda, a Ducati também já teve a chance de largar na frente em 2015, e na última etapa, em Barcelona, quem surpreendeu foi a Suzuki, que alinhou seus dois pilotos nas duas primeiras posições do grid da prova catalã, com Aleix Espargaró largando na posição de honra. Pena que a felicidade da Suzuki não durou muito: tanto Aleix quanto seu companheiro Maverick Viñales foram superados logo na largada por Jorge Lorenzo, e na corrida, as motos não apresentaram o mesmo rendimento. Viñales terminou em 6° lugar, enquanto Espargaró deixou a corrida após uma queda, arruinando seus planos de obter um bom resultado para a equipe. A Suzuki é a 4ª colocada no campeonato de construtores, com 77 pontos. Maverick Viñales é apenas o 8° colocado no campeonato, com 46 pontos, enquanto Aleix Espargaró ocupa a 12ª posição, com 31 pontos.


Depois da etapa do Canadá, a F-1 voltou à Europa, e hoje começam os treinos para o GP da Áustria, no Red Bull Ring, antigo Osterreichring, pista que era de altíssima velocidade até 1987. O circuito retornou uma década depois, reduzido, com o traçado após o morro ao lado da pista praticamente ignorado, o que se manteve na reconstrução do autódromo efetuada recentemente por Dietrich Mateschitz, dono do império da Red Bull, e proprietário da escuderias de F-1 homônima e Toro Rosso. No Canadá, os carros de ambas as equipes sofreram com a falta de potência do motor Renault V-6 turbo e seus sistemas de recuperação de energia, que mostraram seu déficit de performance nos trechos de reta do circuito canadense. E aqui na Áustria a situação deve ser ainda pior para os carros da turma dos energéticos: mesmo sem contar com os longos trechos de retas que eram usados até 1987, a pista austríaca ainda exige muito motor, o que sinaliza um fim de semana dos mais complicados para a Red Bull e a Toro Rosso. No ano passado, quando o motor Renault já não ajudava, mas o chassi ainda era um dos melhores da categoria, o desempenho foi pífio, com Daniel Ricciardo terminando apenas em 8° lugar, depois de um esperançoso 5° tempo no grid. Sebastian Vettel abandonou a corrida, depois de largar apenas em 12° lugar. Já a dupla da Toro Rosso também ficou pelo caminho, depois de largarem em 7° (Daniil Kvyat) e 14° (Jean-Éric Vergne). Para piorar o clima, a Red Bull já anunciou que tanto Daniel Ricciardo quanto Daniil Kvyat trocarão o motor para a etapa de seu país, utilizando cada um a 5ª unidade de potência no ano, e por isso, perderão 10 posições no grid como penalização, por excederem o limite regulamentar de apenas 4 unidades por ano disponíveis. Parafraseando seu famoso slogan publicitário, na Áustria a Red Bull "não terá asas". Justo na etapa de seu país. Depois de provarem as delícias de ganhar 4 campeonatos consecutivos, a nova fase é de fato bem dura...
O belo visual da Áustria no entorno do Red Bull Ring contrasta com o clima de pouca esperança de bons resultados no time da casa. A Mercedes é a favorita para vencer, como fez em 2014...

quarta-feira, 17 de junho de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - MAIO DE 1997 - 16.05.1997



            Em uma nova postagem da seção Arquivo, trago hoje o texto que foi publicado no dia 16 de maio de 1997, relatando alguns fatos ocorridos durante o GP de Mônaco de F-1 daquela temporada, que curiosamente, não foi disputado no último fim de semana de maio, como é feito tradicionalmente. A batalha Williams X Ferrari estava se mostrando bem mais equilibrada do que muitos previam, e o GP monegasco ainda assistiu a uma grande exibição de Rubens Barrichello, conquistando o primeiro pódio e pontos para sua nova escuderia, a Stewart, que estreara naquele ano. Há também alguns tópicos rápidos mencionando os preparativos para a edição daquele ano das 500 Milhas de Indianápolis, além de uma breve passada por outras categorias. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais textos antigos por aqui...


CAMPEONATO EM ABERTO

            A Fórmula 1 está novamente em seus melhores dias. O Grande Prêmio de Mônaco, disputado no último domingo, ajudou a balançar de vez um campeonato que já começou dando mostras de muita briga na luta pelo título. Depois de 3 vitórias consecutivas da equipe Williams, mas sem exibir aquele domínio apresentado em 1996, outra equipe venceu e outro piloto passou a liderar o mundial, sem falar que a Williams acabou perdendo também a liderança no mundial de construtores.
            Antes mesmo dos treinos começarem, já na quinta-feira, todos no apertado paddock em Monte Carlo sentiam que a prova prometia ser a melhor do ano. No primeiro dia de treinos, Johnny Herbert surpreendeu a todos ao marcar o melhor tempo, desbancando os favoritos Michael Schumacher e Jacques Villeneuve. Claro que, no sábado, os times de ponta se recuperaram e fizeram o piloto inglês recuar no grid de largada. Mesmo assim, foi a melhor classificação do ano, com Heinz-Harald Frentzen a roubar a pole de Michael Schumacher no finalzinho do treino por míseros 0s019. Depois da vitória em Ímola, Frentzen finalmente adquiriu maior confiança para andar tudo o que sabe naquele que ainda é o melhor carro da F-1.
            Pouco antes da largada, o céu mandou uma boa chuva sobre a pista monegasca, brindando a todos os torcedores com uma boa disputa que só acontece nas provas em pista molhada. Ainda na formação do grid, vi uma cena inusitada: ambos os pilotos da Williams com pneus de pista seca, os slicks, enquanto todos os demais, exceção aos pilotos da McLaren, estavam com pneus de chuva. Largar com aqueles pneus no estado em que a pista se encontrava era uma opção suicida. O circuito de Mônaco já é particularmente traiçoeiro no seco. No molhado, então, nem se fala! Deu no que deu: a Williams sofreu uma derrota vexatória e perdeu a liderança de ambos os campeonatos da F-1. Mas a Williams não foi a única equipe a apostar errado: Mika Hakkinen e David Couthard, da McLaren, seguiram o exemplo de Frentzen e Villeneuve e também deram com os burros n’água, até mais rápido do que a Williams: Couthard rodou na chicane do porto e ficou atravessado ao contrário, obrigando os carros que vinham atrás a desviar para não bater na McLaren. Só um não conseguiu e acabou colidindo, não com o carro de Couthard, mas com outro carro, e por ironia, com a outra McLaren, de Mika Hakkinen. Fim de corrida para a equipe de Woking.
            Lá na frente, Michael Schumacher fazia o que sabia melhor: acelerar rumo à vitória, sem rivais à altura. E por pouco a corrida do bicampeão não foi pro brejo: a Ferrari do alemão travou rodas numa freada e escapou na curva Saint Devote. Schumacher evitou por pouco a batida nas barreiras de pneus e retomou a corrida, ainda na liderança com uma grande vantagem. Lá atrás, Rubens Barrichello repetia o feito de Ayrton Senna de 1984, largando em 10º e ultrapassando todos à sua frente até chegar à 2ª posição, mantendo-se nela até o final. Foi a melhor prova de Rubinho na F-1 e emocionou o tricampeão Jackie Stewart: logo na sua 5ª prova como dono de equipe, o seu principal piloto subiu ao pódio, e logo na prova mais prestigiada do calendário. Uma injeção de ânimo na escuderia, que irá tentar vôos mais ousados daqui pra frente.
            Eddie Irvinne terminou sua 3ª corrida consecutiva no pódio, depois de uma tarde inspirada, sendo batido apenas pelo seu companheiro de equipe e por seu ex-colega de Jordan. Esta equipe, aliás, brilhou nos treinos e se apagou na corrida, diante do desempenho de seu ex-piloto, agora defendendo a equipe Stewart.
            Com todas as estripulias ocorridas no Principado mais charmoso do mundo, Michael Schumacher lidera agora o campeonato com 4 pontos de vantagem sobre Jacques Villeneuve. E a Ferrari, que comemorou em Mônaco 50 anos de fundação, com a vitória do bicampeão alemão e o 3º lugar de Irvinne, assumiu a liderança do campeonato de construtores com 8 pontos de vantagem sobre a Williams. A magia de Mônaco atacou novamente. O campeonato de F-1 ganha fôlego e mais emoção com a disputa direta agora mais acirrada do que nunca.


Sábado passado tivemos o Pole Day em Indianápolis, onde foram definidas as primeiras posições do grid de largada da mais famosa corrida do mundo, as 500 Milhas de Indianápolis. Arie Luyendick, da equipe Treadway, arrebatou a pole-position não dando chance aos adversários. A primeira fila foi completada por Tony Stewart, da equipe Menard, e pela nova surpresa da categoria, o italiano Vincenzo Sospiri. Sospiri, que perdeu sua chance na F-1 com a falência da Lola, aceitou disputar a Indy500 e já ganhou um título: é o “rokkie” mais veloz de Indianápolis este ano. Affonso Giaffone ficou com a 14ª posição de largada. Marco Greco, com problemas de motor, tentará sua classificação neste fim de semana, onde serão definidas as posições restantes do grid.


Indianápolis já começou a fazer suas vítimas este ano. Semana passada, o americano John Paul Jr. foi o primeiro a sofrer uma batida de monta contra os muros do circuito. O saldo foi um carro destruído e uma perna quebrada, o que deixa o piloto fora de combate para a corrida, a ser disputada no próximo dia 25 de maio. Outro que por pouco não se machucou feio foi Scott Sharp, que bateu forte na curva 4 no Pole Day. Com a batida, o carro de Sharp foi se arrastando junto ao muro e só parou depois de percorrer mais de metade da reta dos boxes, com o piloto tendo seu capacete quase ralando o muro durante todo o percurso. Sharp não sofreu lesões de monta, felizmente. Com estes acidentes, pode-se comprovar a resistência dos novos chassis Dallara e G-Force adotados pela F-Indy (IRL). Os novos motores atmosféricos da Aurora e Nissan também ajudaram a diminuir a média horária, que ficou próxima dos 350 Km/h na qualificação.


No último fim de semana o circuito de Silverstone sediou a etapa inicial do campeonato europeu de F-3000. E deu Brasil na estréia, com vitória de Ricardo Zonta. No mesmo circuito, mas na etapa da F-3 Inglesa, Mário Haberfeld terminou em 2º lugar, subindo também ao pódio.


Justificativa da Williams para sua tremenda mancada de estratégia em Mônaco: um membro da equipe, especialista em meteorologia, garantiu que a chuva pararia menos de meia hora depois da largada da corrida. Coincidência ou não, a McLaren também tem um especialista em meteorologia, assim como a Williams. Depois do resultado de Mônaco em relação ao que as duas escuderias fizeram na prova, é bem provável que ambos estejam procurando um novo emprego...


Não há como encarar de maneira positiva o resultado dos pilotos brasileiros no Grande Prêmio do Brasil de F-CART, chamada oficialmente de Rio 400. Depois de inúmeras esperanças com a primeira fila do grid totalmente brasileira, nossos pilotos se viram durante a corrida com inúmeros problemas e azares, que literalmente os tiraram de combate na luta pela vitória. Mas não o azar não foi exclusivo dos brasileiros: Bobby Rahal, depois de liderar mais de 100 voltas da corrida, e estar para conseguir sua primeira vitória na categoria desde o GP de Nazareth de 1992, viu suas esperanças ruírem ao ficar sem metanol a menos de 2 voltas do final...