quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - ABRIL DE 1997 - 25.04.1997



            Trago hoje mais uma de minhas antigas coluna. Esta foi lançada em 25 de abril de 1997, e o assunto tratado era a guerra dos pneus no início da temporada da Fórmula 1 naquele ano, que estava ajudando a tornar mais interessante a disputa entre as escuderias. A Goodyear, que desde 1992 era fornecedora única, passou a ter a concorrência da Bridgestone, sendo que apenas alguns times médios resolveram apostar nos pneus da nova fornecedora, enquanto todos os times de ponta ficaram com a fábrica norte-americana. E os compostos japoneses se mostraram bem mais competitivos, ajudando os times médios a encostarem nos times de ponta. Os times de ponta conseguiram segurar a situação, mas a Bridgestone deu o seu recado, a ponto de no ano seguinte, a McLaren apostar em seus pneus, e com isso, levando o título. A pancada na Goodyear foi tão forte que a marca retirou-se pouco depois da F-1, e não voltou mais até hoje. Curtam o texto, e logo, logo, tem mais colunas antigas por aqui...


GOODYEAR VS BRIDGESTONE

            Cá estamos novamente no circuito de Ímola, onde a Fórmula 1 dá início à sua fase européia do campeonato mundial. Durante os últimos dias, um assunto tomou conta em sua maioria, do noticiário da F-1: a guerra dos pneus, promovida pelas atuais fornecedoras das equipes da categoria, a Goodyear e a Bridgestone/Firestone.
            Há dois anos atrás, a Firestone marcou o seu retorno a uma categoria de ponta do automobilismo mundial, no caso a F-Indy (atualmente chamada de F-CART). E logo de início os compostos da Firestone mostraram um desempenho surpreendente, sendo constantemente desenvolvidos. E em 1996, a Firestone foi campeã da F-Indy, equipando os carros da equipe Ganassi. No total, os carros equipados com os pneus japoneses conquistaram 10 vitórias, demonstrando uma performance muito superior aos pneus da Goodyear.
            Agora a cena se repete, guardadas as devidas proporções, na F-1. A entrada da Bridgestone, proprietária da Firestone, agitou os bastidores da categoria. Aproveitando a tecnologia desenvolvida pela Firestone, a Bridgestone ofereceu já de cara um produto bem superior ao da Goodyear. Melhor ainda, apenas times médios, como a Ligier, por exemplo, toparam apostar nos pneus japoneses. Todos os times de ponta preferiram a segurança da Goodyear, apostando na experiência acumulada de anos da fábrica norte-americana.
            Decorridas 3 etapas, as opiniões começam a mudar de tom. Que os pneus nipônicos iriam apresentar um desempenho superior aos americanos já era meio que esperado, de acordo com dados fornecidos pelos testes de inverno, especialmente pela equipe TWR-Arrows, principal time da Bridgestone, que fez a maioria dos testes de desenvolvimento dos novos pneus. E o desempenho mostrado nestas etapas iniciais do mundial deixou muita gente espantada com a performance dos pneus Bridgestone. Isso pode ser confirmado pelo desempenho da Ligier, atual equipe Prost, que deu mostras de competitividade acima do esperado já em Interlagos. E em Buenos Aires repetiu a dose em parte, agora também na classificação, conquistando a 3ª posição na largada, logo atrás dos carros da Williams. Para completar, durante várias voltas Olivier Panis foi uma sombra constante na traseira dos carros de Frank Williams, até abandonar com o motor quebrado. Já as demais escuderias equipadas com os compostos japoneses ainda não conseguiram aproveitar todo o potencial dos pneus. O caso mais claro é o das equipes Stewart e TWR-Arrows, cujo maior problema é a falta de fiabilidade em seus carros.
            Algumas declarações de Olivier Panis foram contundentes: “Se eu tivesse 200 litros de combustível no tanque do carro, não precisaria parar para trocar os pneus”, relatou o piloto da Prost em Buenos Aires, após o GP. Lembrando que o vencedor da corrida, Jacques Villeneuve, teve de fazer 3 pit stops, se Panis não tivesse abandonado e feito apenas uma parada, como ocorreu em Interlagos, poderia ter até vencido, ou no máximo tornaria a vitória de Villeneuve muito complicada para a Williams.
            A tendência é que a disputa fique ainda mais acirrada a partir desta etapa em Ímola, pois a partir daqui vem as pistas onde tanto a Goodyear quanto a Bridgestone já fizeram testes intensivos. Semana passada, por exemplo, várias equipes estiveram em Barcelona, testando novos pneus, tanto da Goodyear quanto da Bridgestone. A Goodyear parece ter reagido, mas é preciso levar em consideração a qualidade do equipamento em que são usados. A Goodyear equipa os carros das principais equipes, as de ponta, enquanto a Bridgestone fornece para os times médios, que na prática não possuem equipamento à altura em relação a Williams, McLaren, Ferrari e Benetton.
            E é neste quesito que a disputa dos pneus ajuda a F-1 a melhorar sua competitividade. As equipes médias equipadas com os Bridgestone estão chegando mais perto dos times de ponta, gerando mais disputa e melhorando a competição. O caso da equipe Prost é um exemplo claro disso, e tão logo quanto possível, a TWR-Arrows e a Stewart podem entrar na parada e engrossar a disputa. A possibilidade de uma vitória não é algo impossível a esta altura do campeonato, mas é preciso esperar para ver como a situação se apresentará nas pistas européias. E o Grande Prêmio de San Marino, cujos treinos oficiais começam hoje, serão uma boa experiência para comprovar as expectativas de competição do duelo Bridgestone VS Goodyear.


Gil de Ferran se tornou pai pela segunda vez. Sexta-feira da semana passada, nasceu o segundo filho do piloto brasileiro, agora um menino, que se chama Luke Antony de Ferran.


A equipe Williams, sempre na vanguarda, já começou a testar em Barcelona, semana passada, um chassi FW19 adaptado às novas regras que serão utilizadas ano que vem, bem como pneus com ranhuras, conforme o novo regulamento técnico para 98. Julles Boillon, que testou o carro, teve tempos cerca de 6s mais lentos que os carros atuais da categoria. Tecnicamente, me atrevo a dizer que, no ritmo de desenvolvimento dos bólidos, até o início do campeonato do ano que vem, os carros da F-1 já poderão ser tão ou até mais rápidos que os usados neste ano...


Acabaram-se as pendengas judiciais entre Frank Williams e Adrian Newey. Newey, que juntamente com Patrick Head, concebem os carros da Williams desde 1992, é considerado um dos melhores projetistas atualmente na categoria, e a partir de agosto, cuidará do desenvolvimento do novo carro da McLaren para 98, o chassi MP4/13...


Outra possível transferência para a McLaren em 98 seria do atual campeão, Damon Hill. Adrian Newey elogiou muito o piloto inglês, atribuindo-lhe todos os méritos do excelente desenvolvimento dos últimos carros da Williams ao seu empenho nos testes da escuderia. Se isso se confirmar, um dos atuais pilotos da McLaren ficará a pé no próximo ano. Desnecessário dizer que Mika Hakkinen é, até o momento, o favorito para permanecer na escuderia inglesa...


A F-CART chega a Nazareth para mais uma etapa do campeonato 97. A prova deste domingo, disputada em um circuito trioval de uma milha, é extremamente rápida, e tem como principal favorito Michael Andretti, que mora exatamente em Nazareth. Curiosamente, o autódromo onde a corrida se realiza é de propriedade de Roger Penske...


Enquanto não chegava a hora de embarcar para Nazareth, os times da F-CART encontraram-se em Milwaukee para uma sessão de testes coletivos. E Raul Boesel, mostrando toda a sua velha forma no circuito de West Allis, marcou sempre os melhores tempos, superando seu companheiro de equipe, Scott Pruett, e até a dupla da favorita Ganassi, especialmente o italiano Alessandro Zanardi...


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