Trago
hoje mais uma de minhas antigas coluna. Esta foi lançada em 25 de abril de
1997, e o assunto tratado era a guerra dos pneus no início da temporada da
Fórmula 1 naquele ano, que estava ajudando a tornar mais interessante a disputa
entre as escuderias. A Goodyear, que desde 1992 era fornecedora única, passou a
ter a concorrência da Bridgestone, sendo que apenas alguns times médios
resolveram apostar nos pneus da nova fornecedora, enquanto todos os times de
ponta ficaram com a fábrica norte-americana. E os compostos japoneses se
mostraram bem mais competitivos, ajudando os times médios a encostarem nos
times de ponta. Os times de ponta conseguiram segurar a situação, mas a
Bridgestone deu o seu recado, a ponto de no ano seguinte, a McLaren apostar em
seus pneus, e com isso, levando o título. A pancada na Goodyear foi tão forte
que a marca retirou-se pouco depois da F-1, e não voltou mais até hoje. Curtam
o texto, e logo, logo, tem mais colunas antigas por aqui...
GOODYEAR VS BRIDGESTONE
Cá
estamos novamente no circuito de Ímola, onde a Fórmula 1 dá início à sua fase
européia do campeonato mundial. Durante os últimos dias, um assunto tomou conta
em sua maioria, do noticiário da F-1: a guerra dos pneus, promovida pelas
atuais fornecedoras das equipes da categoria, a Goodyear e a
Bridgestone/Firestone.
Há
dois anos atrás, a Firestone marcou o seu retorno a uma categoria de ponta do
automobilismo mundial, no caso a F-Indy (atualmente chamada de F-CART). E logo
de início os compostos da Firestone mostraram um desempenho surpreendente,
sendo constantemente desenvolvidos. E em 1996, a Firestone foi campeã da
F-Indy, equipando os carros da equipe Ganassi. No total, os carros equipados
com os pneus japoneses conquistaram 10 vitórias, demonstrando uma performance
muito superior aos pneus da Goodyear.
Agora
a cena se repete, guardadas as devidas proporções, na F-1. A entrada da
Bridgestone, proprietária da Firestone, agitou os bastidores da categoria.
Aproveitando a tecnologia desenvolvida pela Firestone, a Bridgestone ofereceu
já de cara um produto bem superior ao da Goodyear. Melhor ainda, apenas times
médios, como a Ligier, por exemplo, toparam apostar nos pneus japoneses. Todos
os times de ponta preferiram a segurança da Goodyear, apostando na experiência
acumulada de anos da fábrica norte-americana.
Decorridas
3 etapas, as opiniões começam a mudar de tom. Que os pneus nipônicos iriam
apresentar um desempenho superior aos americanos já era meio que esperado, de
acordo com dados fornecidos pelos testes de inverno, especialmente pela equipe
TWR-Arrows, principal time da Bridgestone, que fez a maioria dos testes de
desenvolvimento dos novos pneus. E o desempenho mostrado nestas etapas iniciais
do mundial deixou muita gente espantada com a performance dos pneus
Bridgestone. Isso pode ser confirmado pelo desempenho da Ligier, atual equipe
Prost, que deu mostras de competitividade acima do esperado já em Interlagos. E em
Buenos Aires repetiu a dose em parte, agora também na classificação,
conquistando a 3ª posição na largada, logo atrás dos carros da Williams. Para
completar, durante várias voltas Olivier Panis foi uma sombra constante na
traseira dos carros de Frank Williams, até abandonar com o motor quebrado. Já
as demais escuderias equipadas com os compostos japoneses ainda não conseguiram
aproveitar todo o potencial dos pneus. O caso mais claro é o das equipes
Stewart e TWR-Arrows, cujo maior problema é a falta de fiabilidade em seus
carros.
Algumas
declarações de Olivier Panis foram contundentes: “Se eu tivesse 200 litros de
combustível no tanque do carro, não precisaria parar para trocar os pneus”,
relatou o piloto da Prost em
Buenos Aires, após o GP. Lembrando que o vencedor da corrida,
Jacques Villeneuve, teve de fazer 3 pit stops, se Panis não tivesse abandonado
e feito apenas uma parada, como ocorreu em Interlagos, poderia ter até vencido,
ou no máximo tornaria a vitória de Villeneuve muito complicada para a Williams.
A
tendência é que a disputa fique ainda mais acirrada a partir desta etapa em
Ímola, pois a partir daqui vem as pistas onde tanto a Goodyear quanto a
Bridgestone já fizeram testes intensivos. Semana passada, por exemplo, várias
equipes estiveram em Barcelona, testando novos pneus, tanto da Goodyear quanto
da Bridgestone. A Goodyear parece ter reagido, mas é preciso levar em
consideração a qualidade do equipamento em que são usados. A Goodyear equipa os
carros das principais equipes, as de ponta, enquanto a Bridgestone fornece para
os times médios, que na prática não possuem equipamento à altura em relação a
Williams, McLaren, Ferrari e Benetton.
E
é neste quesito que a disputa dos pneus ajuda a F-1 a melhorar sua
competitividade. As equipes médias equipadas com os Bridgestone estão chegando
mais perto dos times de ponta, gerando mais disputa e melhorando a competição.
O caso da equipe Prost é um exemplo claro disso, e tão logo quanto possível, a
TWR-Arrows e a Stewart podem entrar na parada e engrossar a disputa. A
possibilidade de uma vitória não é algo impossível a esta altura do campeonato,
mas é preciso esperar para ver como a situação se apresentará nas pistas
européias. E o Grande Prêmio de San Marino, cujos treinos oficiais começam
hoje, serão uma boa experiência para comprovar as expectativas de competição do
duelo Bridgestone VS Goodyear.
Gil de Ferran se tornou pai pela segunda vez. Sexta-feira da semana
passada, nasceu o segundo filho do piloto brasileiro, agora um menino, que se
chama Luke Antony de Ferran.
A equipe Williams, sempre na vanguarda, já começou a testar em
Barcelona, semana passada, um chassi FW19 adaptado às novas regras que serão
utilizadas ano que vem, bem como pneus com ranhuras, conforme o novo
regulamento técnico para 98. Julles Boillon, que testou o carro, teve tempos cerca
de 6s mais lentos que os carros atuais da categoria. Tecnicamente, me atrevo a
dizer que, no ritmo de desenvolvimento dos bólidos, até o início do campeonato
do ano que vem, os carros da F-1 já poderão ser tão ou até mais rápidos que os
usados neste ano...
Acabaram-se as pendengas judiciais entre Frank Williams e Adrian Newey.
Newey, que juntamente com Patrick Head, concebem os carros da Williams desde
1992, é considerado um dos melhores projetistas atualmente na categoria, e a
partir de agosto, cuidará do desenvolvimento do novo carro da McLaren para 98,
o chassi MP4/13...
Outra possível transferência para a McLaren em 98 seria do atual
campeão, Damon Hill. Adrian Newey elogiou muito o piloto inglês, atribuindo-lhe
todos os méritos do excelente desenvolvimento dos últimos carros da Williams ao
seu empenho nos testes da escuderia. Se isso se confirmar, um dos atuais
pilotos da McLaren ficará a pé no próximo ano. Desnecessário dizer que Mika
Hakkinen é, até o momento, o favorito para permanecer na escuderia inglesa...
A F-CART chega a Nazareth para mais uma etapa do campeonato 97. A prova deste domingo,
disputada em um circuito trioval de uma milha, é extremamente rápida, e tem
como principal favorito Michael Andretti, que mora exatamente em Nazareth. Curiosamente,
o autódromo onde a corrida se realiza é de propriedade de Roger Penske...
Enquanto não chegava a hora de embarcar para Nazareth, os times da
F-CART encontraram-se em Milwaukee para uma sessão de testes coletivos. E Raul
Boesel, mostrando toda a sua velha forma no circuito de West Allis, marcou
sempre os melhores tempos, superando seu companheiro de equipe, Scott Pruett, e
até a dupla da favorita Ganassi, especialmente o italiano Alessandro Zanardi...
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