Voltando
com os antigos textos na seção Arquivo, trago hoje a coluna do dia 18 de abril
de 1997, tendo como assunto os azares e percalços enfrentados por nossos
representantes no campeonato da F-Indy original naquela temporada, onde todos
eles estavam tendo uma zica atrás da outra, e Christian Fittipaldi tinha
sofrido um violento acidente na prova da Austrália que praticamente arruinaria
seu campeonato, tirando-o de várias corridas. Quem deu sorte nessa foi Roberto
Moreno, que ganhou a chance de substituir o conterrâneo no time da
Newmann-Hass, e fez um trabalho tão bom que ganhou o apelido de
"supersub", de supersubstituto, graças ao seu grande talento e
performances substituindo pilotos titulares na categoria. Mas não eram apenas
os brasileiros a terem azar nas corridas iniciais daquele campeonato. Mesmo
assim, uma temporada que prometia muito para nossos pilotos ficou mais uma vez
apenas na promessa, com o italiano Alessandro Zanardi a arrasar a concorrência
e faturar seu primeiro campeonato na categoria, sem dar chance a ninguém. Uma
boa leitura, e em breve tem mais textos antigos...
SORTE, AZAR,...E ERROS!
Fazendo
um balanço do campeonato da F-CART em relação aos pilotos brasileiros, não há
como traçar um panorama muito animador para eles neste mundial de 1997, apesar
das boas perspectivas apresentadas desde o início da temporada. Mas não são
apenas os pilotos brasileiros que estão enfrentando problemas além da conta.
Vários nomes de peso da concorrência também têm tido diversos percalços.
Começando
pelos brasileiros, Christian Fittipaldi é quem enfrenta a pior situação. Desde que
passou a correr na Newmann-Hass, um dos melhores times da categoria, Christian
parece ter tido muito mais azar do que sorte, ao contrário de seu colega de
equipe Michael Andretti, que já venceu 6 corridas desde que começou a ter o
jovem Fittipaldi como colega de time. Em Surfer’s Paradise, então, foi o caos.
Um forte acidente, 4 fraturas na perna e pelo menos 3 meses de recuperação
praticamente tiram da jogada o melhor piloto brasileiro no campeonato da F-CART
em 1996.
Raul
Boesel parece que conseguiu se desvencilhar dos problemas mecânicos que vinha
sofrendo em seu carro mas, em
Long Beach, foi a vez da equipe arruinar a corrida do piloto
brasileiro com uma parada desastrosa nos boxes. Enquanto Raul tenta superar as
dificuldades, seu companheiro de equipe Scott Pruett lidera o campeonato da
F-CART. Sorte de uns, azar de outros. Infelizmente, sempre vai ser assim.
Já
Gil de Ferran atravessa um momento delicado. Com nada menos do que 7 batidas
nas últimas 7 corridas, descontadas as batidas nos treinos livres das etapas,
Gil tenta recuperar o ânimo, especialmente depois de ter sido ele próprio o
culpado de seu abandono em
Long Beach, onde errou em uma curva e quebrou a suspensão
dianteira de seu Reynard/Honda. Além dos seus próprios erros como piloto, Gil ainda
amarga azares como o de Homestead, quando um retardatário simplesmente lhe
fechou a porta e o mandou para o muro. Em Long Beach, teve ainda a infelicidade de sua
equipe ter lhe feito perder tempo no Box, com pit stops mais lentos que a
concorrência, o que derrubou parte de seu esforço na pista.
Roberto
Moreno, por sua vez, levou uma rasteira de seu patrocinador, que resolveu
cortar a verba e direcioná-la para outros fins. Mas Roberto agora teve a sorte
de ter sido escolhido para substituir Christian na Newmann-Hass enquanto seu
conterrâneo se recupera do forte acidente de Surfer’s Paradise. Nos treinos em Long Beach, Moreno
assombrou os proprietários da escuderia, Carl Hass e Paul Newmann, conseguindo
se classificar imediatamente atrás de Michael Andretti no grid de largada. De
salientar que Michael tem anos de experiência com a escuderia e Moreno
praticamente conheceu a todos no fim de semana no balneário californiano. Na
corrida, infelizmente o azar voltou a atacar, e não só o brasileiro: Michael Andretti,
só para dizer que Moreno não foi o único a sofrer, teve dois pneus furados
exatamente no mesmo ponto da pista, na reta dos boxes, logo depois de passar
pela entrada dos boxes. Justo no pior lugar, o que o obrigou a dar, por duas
vezes, uma volta completa pela pista em velocidade reduzida para chegar aos
pits e efetuar a troca de pneu. Moreno também teve um pneu furado, perdendo o
mesmo tempo que Andretti, mas cometeu um erro em uma curva e bateu de traseira
no muro. Balanço final: ambos os pilotos da Newmann-Hass fora da corrida. De
positivo, apenas a constatação de que Moreno vinha em ritmo tão rápido quanto
os líderes, Gil de Ferran e Alessandro Zanardi, e andando mais rápido que o
filho de Mario Andretti...
Alessandro
Zanardi, aliás, só não lidera o campeonato com folga por culpa de algumas
estripulias de sua equipe e da concorrência, conseqüências essas que o fizeram
perder as possibilidades de vencer tanto em Miami quanto em Surfer’s Paradise.
Guálter
Salles, por sua vez, carrega o fardo de ser um estreante na categoria. Só que
para piorar, sua equipe, a Davis, não consegue repetir o desempenho de 1996,
quando era a equipe de Jim Hall. Maurício Gugelmim, até o momento, parece ser o
único que não enfrenta grandes problemas, mas não esteve imune a percalços,
como a atabalhoada ultrapassagem a Jimmy Vasser em Surfer’s Paradise, que o fez
perder todas as chances de pontuar. O pódio de Long Beach serviu para reerguer
o ânimo do curitibano.
Erros,
acertos, sorte, e azar; tudo isso faz parte da vida de um piloto. Para o lado
dos brasileiros, entretanto, do jeito que a coisa anda nos últimos tempos,
parece que o ingrediente sorte é o que mais faz falta. Fica no ar a dúvida de
até quanto isso vai durar...
Na prova preliminar do GP de Long Beach, na Indy Lights, a sorte não
faltou para nossos pilotos, que demonstraram todo o seu talento sem enfrentar
problemas como seus conterrâneos da F-CART. Hélio Castro Neves venceu a corrida
praticamente de ponta a ponta. E teve dobradinha brasileira no pódio, com o 2º
lugar de Cristiano da Matta. E, só para a festa não ficar só entre eles, Tony
Kanaan assegurou o 5º lugar, enquanto Airton Daré faturou a 6ª posição...
Pela segunda corrida consecutiva, Jacques Villeneuve venceu uma corrida
graças a Rubens Barrichello. Se em Interlagos o carro parado de Rubinho motivou
nova largada, em Buenos
Aires domingo passado o piloto brasileiro se enroscou com
Michael Schumacher. No toque provocado pelo bicampeão alemão, a Ferrari ficou
fora da prova. Eddie Irvinne, com a outra Ferrari, deu um sufoco tremendo no
canadense da Williams nas voltas finais e por pouco não venceu a corrida. Como
é consenso geral de que Michael Schumacher é 0s5 mais rápido por volta que o
irlandês, fica a dúvida do que teria acontecido se fosse Schumacher a
pressionar Villeneuve nas voltas finais do GP da Argentina de F-1...
As equipes Prost e Stewart foram as sensações da qualificação em Bueno Aires.
Enquanto Rubens Barrichello conquistou a 5ª posição no grid,
Olivier Panis garantiu a 3ª colocação, largando na segunda fila. Rubinho,
depois de uma recuperação prodigiosa de último para 10º, ficou sem acelerador e
deu adeus à prova; já Panis estava pressionando Villeneuve pela liderança da
corrida, e apesar de uma escapada do canadense, continuava aparecendo no
retrovisor da Williams, até que o motor Mugen-Honda de seu carro apresentou
problemas e ele foi forçado a abandonar a corrida. Melhor sorte na próxima vez,
eles esperam, e a torcida também...
Enquanto Eddie Irvinne conseguiu dar uma certa volta por cima na F-1,
já que sua cotação na equipe Ferrari andava em baixa nas últimas provas, Jean
Alesi continua na corda bamba: o piloto francês conseguiu largar à frente de
seu companheiro Gerhard Berger no grid, mas na corrida o austríaco conseguiu se
recuperar, e apesar do pífio 6º lugar, conseguiu fazer a melhor volta da prova.
Já Heinz-Harald Frentzen só não ficou com a cotação pior do que já estava
porque desta vez seu carro quebrou sozinho e ele não teve culpa nenhuma...
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