quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

FLYING LAPS - DEZEMBRO DE 2014



            O ano de 2014 já ficou para trás, e entramos em 2015. Mas, todo início de mês é hora de dar uma pequena repassada em alguns acontecimentos que ficaram sem terem sido comentados no mês anterior. E então vamos à costumeira sessão Flying Laps, com algumas notas rápidas sobre o mundo da velocidade para fechar de vez o que rolou no ano passado. Uma boa leitura...
 

O Campeonato da Fórmula-E, com os monopostos movidos a energia elétrica, vai se acertando a cada corrida, e no dia 13 de dezembro disputou sua terceira etapa, no balneário uruguaio de Punta Del Este. E pela terceira corrida tivemos um vencedor diferente: o triunfo na etapa uruguaia do certame ficou com o suíço Sébastien Buemi, da equipe e.Dams, e a prova mostrou vários duelos entre os pilotos, que com o passar das etapas, vão conhecendo melhor os limites e potenciais dos carros, e sendo mais ousados em suas performances. Buemi, que já tinha largado entre os primeiros, em 4°, manteve-se sempre nas primeiras posições, e quando chegou a hora do pit stop para a troca de monoposto, Sébastien conseguiu manter-se na pista e abrir uma pequena vantagem, que aliada à rapidez na troca de carro, o permitiu voltar ainda na liderança, de onde não mais saiu, mesmo com a perseguição ferrenha dos adversários e da ameaça nas relargadas, quando podia ser surpreendido no arranque. Com o resultado, Buemi empatou com Sam Bird na classificação, dividindo o 2° lugar na classificação do campeonato. E já em janeiro a F-E volta à pista, com a etapa de Buenos Aires, na Argentina, no dia 10. Depois, a categoria fará uma pausa de dois meses, retornando apenas no dia 14 de março, para uma corrida na cidade de Miami, Estados Unidos.


A etapa de Punta Del Este foi bem favorável aos pilotos brasileiros. Se a vitória ficou com Sébastien Buemi, o restante do pódio foi todo verde-amarelo. Nelsinho Piquet, procurando apagar a má impressão que os fracos resultados das duas primeiras etapas deixaram, andou muito forte na prova uruguaia, liderando a parte inicial da competição, após superar o pole, Jean-Éric Vergne, na freada para a primeira curva. O ex-piloto da Toro Rosso, entretanto, não permitiu que Piquet disparasse, e tanto pressionou que Nelsinho acabou cedendo a posição. No final, Vergne teve problemas em seu carro, e Piquet ficou com a 2ª posição, onde terminou a corrida. Lucas Di Grassi, líder da competição, fez mais uma corrida segura e calculada no Uruguai, e foi novamente ao pódio, fechando na 3ª colocação. O brasileiro, que pilota para a equipe Audi Sport Abt, venceu a prova inicial, em Pequim, e foi segundo colocado em Putrajaya, na Malásia. Com a 3ª colocação em Punta Del Este, Lucas disparou na liderança do campeonato, com 58 pontos, e ainda viu seu mais próximo perseguidor, o inglês Sam Bird, abandonar a etapa, após voar com seu carro por passar por cima de uma zebra e danificar seu monoposto. Com 40 pontos, Bird ainda foi igualado pelo vencedor da etapa Buemi, que empatou com ele nos 40 pontos. Bruno Senna, que foi punido por mexer nos pneus do carro em horário fora do permitido, acabou largando em último, e fez uma corrida agressiva para descontar o revés, e ainda deu uma batida no muro para evitar de colidir com outros pilotos em disputa de posição logo à sua frente. Como já era hora de ir para o box, Bruno deu uma tremenda sorte, pois ainda conseguiu chegar no box e efetuar a troca de carro, mas novamente tinha perdido tempo e precisou recupera novamente várias posições. No fim, terminou em 6° lugar, o que não foi considerado um mal resultado, depois dos percalços enfrentados nas etapas iniciais.


Quem fez uma estréia de impacto em Punda Del Este foi o francês Jean-Éric Vergne, que preterido pela Toro Rosso, procurou outras opções para sua carreira, e fez um acordo para disputar a etapa uruguaia da F-E pelo time de Michael Andretti, visando também abrir negociações para possibilitar disputar a temporada 2015 da Indy Racing League pelo time do filho de Mario Andretti. E não poderia ter começado melhor, fazendo de cara a pole-position com um carro que praticamente só veio a conhecer no dia da corrida. Vergne disputou a corrida como se fosse um veterano, e muito provavelmente terminaria em 2° lugar, após ser superado por Buemi na troca de carros. Mas, nas voltas finais, seu carro apresentou problemas, e ele foi perdendo as posições, terminando apenas em 14° lugar. A performance do francês com certeza deve ter dado uma tremenda saia justa em Helmut Marko, homem forte na equipe Red Bull e que coordena o programa de jovens pilotos da empresa, e que dispensou o francês, como de costume, sem cerimônias, em favor de Daniel Ricciardo (promovido à Red Bull em 2014) e Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. (titulares da Toro Rosso este ano). Vergne classificou a experiência com os carros elétricos de positiva, e no momento ainda segue negociando para ver por onde correrá esta temporada. Apesar do problema no final da prova, Michael Andretti viu com bons olhos o desempenho do francês, mas é preciso fechar um pacote de patrocínio decente para lhe disponibilizar um carro para disputar o campeonato da IRL.


Aliás, ainda não foi decidido o destino do 4° carro da Andretti na IRL este ano. Com a perda do patrocínio da GoDaddy, dançou o canadense James Hinchcliffe, que não perdeu tempo e já acertou sua participação no próximo campeonato pelo time da Schmidt-Peterson. Estão confirmados no time de Michael seu filho Marco, Ryan Hunter-Reay, e Carlos Muñoz. Se não aparecer um pacote de patrocínio para bancar o quarto carro, é bem possível que o time, que sempre competiu com 4 pilotos durante todo o campeonato nas últimas temporadas, fique somente em 3 carros mesmo. Quem remou na contramão foi a Penske, que manteve seu trio Will Power/Hélio Castro Neves/Juan Pablo Montoya e ainda terá o reforço do francês Simon Pagenaud. Pagenaud fez excelente campeonato em 2013 e 2014 pelo time de San Schmidt, inclusive vencendo corridas e por pouco disputando o título, um feito para a escuderia, que não dispõe dos recursos à disposição de Penske, Andretti ou Ganassi. Foi certamente uma grande perda para o time, que vai precisar de uma boa sorte para Hinchcliffe ser um substituto à altura. O canadense até que teve um campeonato positivo em 2013, mas em 2014 não brilhou como no ano anterior.


Quem também está engordando seu time é A. J. Foyt. Depois de correr integralmente com apenas um piloto nas últimas temporadas, a escuderia do lendário heptacampeão da antiga F-Indy disputará a IRL 2015 com dois pilotos em tempo integral. Takuma Sato segue firme no time, e terá a seu lado o inglês Jack Hawksworth. E o patrão já avisou que ambos poderão competir livremente nas corridas, só pedindo a eles o óbvio: que não batam um no outro nas disputas. Felizmente, Takuma Sato parece fugir à escrita de que pilotos nipônicos nos monopostos estão sempre metidos em confusões, ainda que ele dê suas pancadas ocasionais; Hawksworth, por sua vez, conseguiu fazer boas performances no ano passado, competindo pelo time de Brian Herta.


Quem resolveu ir cantar em outras paragens foi Mike Conway. O piloto inglês pegou trauma de circuitos ovais, e no ano passado disputou apenas as etapas em circuitos mistos e de rua da IRL, pelo time de Ed Carpenter, que substituia Conway mas etapas em ovais. Mike conseguiu firmar acordo para defender o time da Toyota no Mundial de Endurance deste ano, e logicamente, não viu motivos para participar de um campeonato apenas em algumas etapas, sem chances de disputar as primeiras posições no  campeonato, já que estaria em franca desvantagem por não disputar as etapas nos ovais. E deve-se levar em consideração que ele terá um carro de ponta no WEC, com chances de vencer as corridas e até mesmo o campeonato da competição. Fez muito bem de aceitar.


O campeonato da IRL em 2015 terá algumas mudanças: as largadas paradas não mais serão realizadas, devido à falta de intimidade dos pilotos da categoria com este tipo de procedimento. Já as etapas com pontuação dobrada ficarão restritas às 500 Milhas de Indianápolis e à prova final do campeonato, que será em Sonoma. Se a abolição da largada parada foi bom senso, deixar apenas a Indy500 e Sonoma com pontuação dobrada já não foi. Deviam ter mantido como em 2014, onde a pontuação em dobro era nas etapas de 500 milhas da competição, o que lhes justificava a diferença de pontuação. Não é só a F-1 que toma algumas decisões sem sentido...

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