Na
semana passada, no mesmo dia em que o piloto Jules Bianchi sofria seu pavoroso
acidente na pista do Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, em Suzuka, outro nome
que fez parte da história da categoria infelizmente nos deixou. Andrea De
Cesaris, italiano, nascido em Roma em 31 de maio de 1959, faleceu em um
acidente de moto na capital italiana. Tinha 55 anos de idade. O ex-piloto
perdeu o controle da moto que pilotava, vindo a colidir com o guard-rail da
estrada por onde transitava. Andrea morreu na hora, sem chances de ser
socorrido.
Tendo
disputado nada menos do que 208 corridas na Fórmula 1, Andrea se notabilizou
mais pelos acidentes que sofreu e/ou causou do que pelos resultados
propriamente ditos. Estreou em 1980 na categoria, vindo da Fórmula 2, onde
correu pela Project Four, time de propriedade de ninguém menos do que Ron
Dennis. Disputou os GPs do Canadá e dos Estados Unidos, substituindo Vittorio
Brambilla na equipe Alfa Romeu. Watkins Glen, aliás, viu a primeira batida de
Andrea do volante de um carro de F-1. Mas foi em 1981, sua primeira temporada
completa na F-1, que o italiano iniciou sua fama de destruidor de carros. Sem
fazer cerimônias, destruiu nada menos do que 16 carros de seu time, a McLaren
(tem quem fale em 22 chassis totalmente destroçados só naquele ano), que
claramente o despediu ao fim da temporada.
Dali
veio o apelido "De Crasheris" de Andrea. Felizmente, os anos
posteriores não foram de tantos carros batidos, mas mesmo assim o romano
continuou aprontando das suas. Em 1982 e 1983, guiou para a Alfa Romeu; em 1984
e 1985, a
Ligier foi sua casa; correu pela Minardi em 1986, e a seguir pela Brabham
(1987), Rial (1988), Scuderia Italia (1989 e 1990), Jordan (1991), Tyrrel (1992
e 1993), e finalizou sua participação na F-1 substituindo pilotos titulares na
Jordan e na Sauber em 1994.
Dono
do maior número de GPs sem ter vencido uma vez sequer, seus melhores resultados
foram uma pole-position e 5 pódios, e 59 pontos marcados em toda a sua
carreira. Do jeito que a F-1 anda hoje em dia em relação ao comportamento de
pilotos que criam confusões na pista, De Cesaris provavelmente seria proibido
de competir na categoria, haja visto os inúmeros acidentes que protagonizou.
Afobado em certos momentos e propenso a acelerar além da conta, Andrea não era
um piloto tão ruim assim: era certamente rápido, e um sujeito muito carismático
e gente boa. Contando com patrocínio pessoal da Malboro, teve certamente uma
carreira longa na categoria, apesar dos poucos resultados.
Então,
meio que em homenagem ao maior "batedor" de carros que a F-1 já teve,
trago hoje novamente mais uma edição da seção HAVOC SERIES, com alguns dos
acidentes sofridos pelo italiano, além de alguns outros momentos vividos pelo
romano em seus 14 anos de participação na categoria. Nem é preciso dizer que
muita gente já ficava nervosa só de largar ao lado de De Cesaris no grid,
temendo ser envolvido em alguma confusão pelo destemor do piloto italiano ao
volante de um carro de corrida. A bem ou mal, Andrea faz parte da história do
automobilismo, e é preciso respeitar isso. Portanto, vamos ao meu singelo
tributo.
Então
confiram agora alguns dos momentos de Andrea De Cesaris na F-1...
Começando pelo acidente sofrido
pelo piloto italiano no GP da Áustria de 1985, quando guiava para a Ligier.
Apesar da violência das capotagens, De Cesaris saiu ileso. Já o seu
carro...bem, os mecânicos de Guy Ligier certamente não guardam boas recordações
deste GP...
Neste outro vídeo, o palco é a
pista de Silverstone, em 1981. Andrea corria na McLaren, e na curva Woodcote,
quem acaba rodando é Gilles Villeneuve, que acaba levando junto Alan Jones, da
Williams, para a área de escape. Andrea, vindo logo atrás, acaba rodando para
evitar a batida, mas acaba também saindo da pista para a área de escape,
batendo e encerrando sua corrida por ali mesmo. De notar que Villeneuve, mesmo
com o carro meio avariado, consegue voltar para a pista, como era de seu
costume de só abandonar mesmo quando o carro pifasse por completo. E um detalhe
interessante: antigamente, as áreas de escape tinham cercas como dispositivos
de desaceleração dos carros, que não eram nem seguras e nem eficientes. Logo
elas seriam substituídas pelas famosas caixas de brita, e hoje, muitas são
asfaltadas, permitindo ao piloto retornar à corrida...
Neste outro vídeo, é o GP de
Mônaco de 1989. Afobado, Andrea De Cesaris, então piloto da Scuderia Italia,
tenta ultrapassar Nélson Piquet, da Lotus, e acaba acertando o carro do
brasileiro. Sorte de Piquet que a pancada foi na curva Lowes, o trecho mais
lento do circuito. E sorte de Andrea que Piquet já era um sujeito menos pavio
curto, pois travaram apenas uma disputa de palavrões entre eles, dentro de seus
próprios carros. Anos antes, em 1982, ao levar pancada similar em Hockenchein,
Nélson partiu para a porrada em cima de Eliseo Salazar. E a cena mais ridícula
de um "engarrafamento" de carros de F-1 em Monte Carlo...
Neste próximo vídeo, Andrea de
Cesaris arrasa com seu carro durante uma saída de pista no circuito de
Zandvoort, na Holanda, em 1981, durante o treino de classificação. O italiano
ainda fica todo irritado com a atitude do fiscal em verificar se ele está OK.
Mas imagino que seu patrão na época, Ron Dennis, também não tenha gostado muito
do acidente, e os mecânicos da McLaren, menos ainda...
Completando o tributo a Andrea De
Cesaris, aqui está a largada do GP de Long Beach (EUA-Oeste) de 1982, sua única
pole-position na carreira na F-1. O italiano, entretanto, apesar do bom
desempenho inicial durante a corrida, acabou abandonando a prova depois de 33
voltas. Niki Lauda, que largou em 2° lugar, venceu a prova com a McLaren. Menos
sorte teve Bruno Giacomelli, parceiro de De Cesaris na equipe Alfa Romeu:
largou na 5ª posição, e abandonou após 5 voltas depois de uma batida... Nesta,
pelo menos não foi De Cesaris quem acabou com o carro...
E assim termina mais esta sessão
do Havoc Series. Até a próxima sessão de vídeos...
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