E
estamos chegando ao fim do ano, e com mais um mês indo embora, é chegado o
momento de mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com a sua tradicional
avaliação de alguns dos acontecimentos e personagens que foram destaque deste
neste mês de outubro no mundo da alta velocidade. Lembrando do velho esquema de
sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor
azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura para todos,
e até a próxima edição da cotação automobilística, no mês que vem...
EM ALTA:
Marc
Márquez: A "Formiga Atômica" está fazendo história no Mundial de
Motovelocidade. Com apenas duas temporadas na categoria rainha do motocicismo,
o jovem espanhol já conquistou o bicampeonato, tornando-se o mais jovem piloto
a conquistar tal feito. E conseguiu fechar a conquista do título em Motegi,
terra da Honda, que certamente está mais do que satisfeita com a maneira como o
seu piloto dominou a temporada, conquistando nada menos do que 12 vitórias em
17 corridas disputadas. À concorrência restou o duelo pelo vice-campeonato, e a
esperança de tentar destronar Márquez em 2015...
Pedro
Piquet: O mais novo Piquet das pistas já conquistou o seu primeiro campeonato,
ao sagrar-se vencedor antecipado da F-3 Brasil de 2014. Mas isso não tirou o
ímpeto do garoto, que venceu mais uma corrida, em Curitiba, e tem planos de
fechar a competição, em Goiânia, com novas vitórias. Se é verdade que Pedro
correu pelo melhor time, a Cezário Fórmula, não é menos verdade que ele se
empenhou firme e cumpriu com sua obrigação, faturando 10 das 14 corridas do
calendário disputadas até agora. Em 2015, terá a obrigação de mostrar toda essa
capacidade no exterior, para onde deve ir competir.
Simon
Pagenaud: O piloto francês, que foi uma das sensações do campeonato da Indy
Racing League nas últimas duas temporadas, passou a ser um dos nomes mais
disputados do mercado da categoria, e seu nome era cogitado até para a F-1, com
o apoio da Honda que em 2015 estará de volta na McLaren. Mas, a exemplo do que
aconteceu no ano passado, quando contratou Juan Pablo Montoya, Roger Penske foi
mais ligeiro, e já assegurou Pagenaud como novo piloto de seu time para o
campeonato do ano que vem da IRL. Simon correrá ao lado do atual trio de
pilotos de Roger: o campeão Will Power, o vice-campeão Hélio Castro Neves, e o
Montoya. E a Penske alinhará 4 carros em todo o campeonato, a exemplo do que já
faz o time da Andretti Autosports. E Simon, desde já, passa a ser um dos
pilotos candidatos ao título da categoria...
Lewis
Hamilton: O campeão de 2008 retomou a dianteira do campeonato na corrida de
Cingapura com o abandono de Nico Rosberg naquela etapa, e resolveu partir para
o ataque nas etapas do Japão e da Rússia, conquistando mais duas vitórias
contundentes e abrindo 17 pontos de dianteira na classificação para o
companheiro de equipe. Não fosse a pontuação dobrada em Abu Dhabi, muito
provavelmente teria chances de conquistar o título na etapa do Brasil. Mas,
mais do que a vantagem na classificação do campeonato, é o momento vivido pelo
inglês, que se sente novamente no domínio da situação, e com a confiança
plenamente em alta. E, quando Hamilton está neste momento, ele é quase
imbatível na pista. Nico Rosberg vai ter de se desdobrar para reverter a
situação...
Equipe
Mercedes: A escuderia alemã sediada em Brackley enfim garantiu o título de
construtores, o seu primeiro na história da F-1 como equipe completa. Quando
foi campeã nos anos 1954 e 1955, foi campeã de pilotos com Juan Manuel Fangio,
mas o campeonato de construtores só foi instituído em 1958. Apenas em 1998 a Mercedes conquistou
um título de construtores na F-1, mas foi como fornecedora de motores para a
McLaren, uma conquista que não tem o mesmo significado para a marca alemã
quanto a deste ano. O título, cuja conquista foi encerrada matematicamente em
Sochi, coroa o trabalho desenvolvido desde 2010 pela Mercedes, quando comprou a
equipe Brawn e transformou-a no seu time oficial de F-1, seguindo na contramão
das demais montadoras que participavam da categoria, como BMW, Toyota e Honda,
que pularam fora devido à crise econômica. A Mercedes foi quem melhor trabalhou
interpretando as novas regras técnicas, e produziu um carro excelente, e seu
motor, aliado aos sistemas de recuperação de energia, são os melhores da
categoria. Agora, só falta saber qual de seus pilotos será campeão da
temporada...
NA MESMA:
Nico
Rosberg: O piloto alemão ainda está no páreo pela disputa do título, mas está
vendo Lewis Hamilton começar a desgarrar na dianteira depois de mais duas vitórias
retumbantes no campeonato. Se Hamilton foi superior na pista sob chuva de
Suzuka, em Sochi sua tarefa foi facilitada pela afobação de Nico, que no
desespero de tentar assumir logo a liderança no início da corrida, travou os
freios na primeira curva e com isso comprometeu seu jogo de pneus, precisando
ir ao box e efetuar uma troca que só não arruinou sua corrida porque o
desempenho superior do modelo W05 lhe permitiu depois recuperar a segunda
posição na prova, além de uma pilotagem aguerrida e eficiente de Rosberg. Foi
mais um erro de Nico que, aliado aos de Monza, e ao azar enfrentado em
Cingapura, o estão deixando para trás na competição. Ainda dá para reverter o
panorama e conquistar o título, mas Nico vai precisar vencer ou vencer as
corridas dos EUA, Brasil e Abu Dhabi se quiser finalmente ganhar o seu primeiro
campeonato. Condições ele tem, mas vai conseguir, como demonstrava com tanta
confiança seu desempenho do meio deste campeonato? A conferir...
Equipe
McLaren: O time de Ron Dennis segue em suas perspectivas para o retorno da
parceria com a Honda em 2015. Enquanto não decide qual de seus pilotos mantém
para o próximo ano, mais um nome de seu staff acaba de dar baixa: Sam Michael,
ex-Williams, está fora do time para o próximo ano, em mais um passo da
reformulação que a escuderia está realizando para voltar a vencer na F-1. A incerteza da contratação
ou não de Fernando Alonso prossegue, e há quem diga que a escuderia pode até
manter os pilotos atuais no caso do piloto espanhol continuar com seu
temperamento difícil. O único ponto positivo é que o carro parece ter
recuperado um pouco de competitividade, e com o forte empenho de Jenson Button
nas últimas corridas, o time conseguiu se livrar um pouco da Force India na
classificação de construtores, onde se encontrava até atrás da escuderia
indiana, resultado nem um pouco agradável para Ron Dennis.
Luta
pelo vice-campeonato na MotoGP: Com o domínio de Marc Márquez na atual
temporada, as atenções da MotoGP se voltavam para ver quem seria o vice-campeão,
uma vez que todos concordavam que era questão de tempo até o atual campeão
repetir o feito, tamanho era seu domínio, vencendo consecutivamente as 10
corridas iniciais. Com apenas uma etapa para encerrar a competição, a disputa
pelo vice agora ficou entre os pilotos do time oficial da Yamaha, Valentino
Rossi e Jorge Lorenzo. Rossi tem 12 pontos de vantagem para o parceiro
espanhol, e está decidido a ser o melhor "do resto" do grid. Lorenzo,
depois de um início de campeonato ruim, conseguiu se recuperar e vencer duas
corridas, entrando firme na luta pelo vice. Mas o "Doutor" está de
volta à sua melhor forma, e a luta entre ambos promete ser eletrizante. Dani
Pedrosa, parceiro de Márquez no time oficial da Honda, tinha tudo para se meter
nesta briga, e até estava indo bem, mas seus abandonos nas duas últimas
corridas deixaram-no praticamente fora de combate, e terá de amargar o 4° lugar
no campeonato, uma vez que não tem condições de alcançar a dupla da Yamaha na
classificação.
Jules
Bianchi: O piloto da equipe Marussia acidentou-se gravemente durante o Grande
Prêmio do Japão de F-1, ao escapar em uma curva e atingir com violência o
trator que removia o carro de Adrian Sutil. Embora o piloto tenha conseguido
escapar de bater com a cabeça com tudo, a violência da desaceleração foi
suficiente para causar sérios danos ao cérebro do piloto, que foi levado
imediatamente para um hospital, onde continua internado até o presente momento,
em estado grave, e sem perspectivas de ter havido melhoras. E a F-1, 20 anos depois
do traumático fim de semana de San Marino de 1994, volta a conviver com o
fantasma da morte em uma corrida. Bianchi pode passar o resto da vida em coma,
e sua carreira como piloto definitivamente acabou. Se conseguir recuperar a
consciência e voltar a ter uma vida "comum", já estará num lucro
tremendo.
Transmissão
do GP dos EUA de F-1 na Globo: Pelo terceiro ano consecutivo, nenhuma novidade
no que tange à postura da TV Globo quanto à transmissão do Grande Prêmio dos
Estados Unidos em Austin: quem quiser ver ao vivo que recorra ao SporTV, pois
no canal aberto o que vai passar é o futebol, não importa se é o time X, Y, ou
Z. Quem reclama a esta altura já deveria conhecer muito bem a postura da
emissora...
EM BAIXA:
Equipes
nanicas da F-1: Que a Caterham já vinha mal das pernas, não era surpresa para
ninguém. O que não se esperava é que o time já ficasse a ponto de não poder
mais competir ainda este ano: a escuderia que iniciou em 2010 como Lotus ficará
de fora das etapas dos Estados Unidos e do Brasil, e muitos já falam que até
mesmo em Abu Dahbi o time não deverá estar presente. E a Marussia, o outro time
pequeno que também estreou em 2010 com o nome de Virgin, também não deverá
estar presente nas próximas duas corridas. As condições financeiras, que já não
eram boas, se agravaram nesta reta final de campeonato. E é praticamente certo
que não as veremos em 2015.
F-3
Inglesa: O certame de F-3 mais respeitado da história do automobilismo está
deixando de existir. Crise econômica e gerencial acabaram por minar por
completo o campeonato inglês da categoria, que existia desde 1951. Tentou-se
uma união com o campeonato alemão de F-3, mas os germânicos não toparam a
parada. Passagem obrigatória para quem queria atingir a F-1, o campeonato
inglês viu diversos de seus campeões conseguirem o título na categoria máxima
do automobilismo, entre eles Jim Clark, Jackie Stewart, e Mika Hakkinem. E nada
menos do que 12 pilotos brasileiros venceram este campeonato, sendo p primeiro
deles Émerson Fittipaldi, e o último, Felipe Nasr. É uma grande perda para o
mundo do automobilismo, e um sinal de que os tempos estão sendo mesmo
complicados para algumas categorias no mundo inteiro.
Etapa
brasileira no WEC: Já está confirmado: o Brasil estará fora do campeonato
mundial de endurance no próximo ano. O motivo oficial é que Interlagos estará
em obras para a etapa da F-1, e a direção do campeonato não se dispôs a
oferecer uma nova data para a etapa. Os organizadores prometem que em 2016 a corrida estará de
volta ao calendário da categoria, mas pelo sim, pelo não, é esperar o ano que
vem para isso se confirmar, uma vez que as duas etapas já realizadas em 2012 e
2013 não conseguiram fechar suas contas adequadamente, e um mal resultado
financeiro na corrida deste ano pode comprometer ainda mais a situação. E
ficaria ruim nosso país perder mais uma etapa de um campeonato mundial de
automobilismo...
Fernando
Alonso: O piloto espanhol está definitivamente fora da Ferrari para 2015. Se o
asturiano estava impaciente com a escuderia, a nova direção do time italiano
também perdeu a paciência com o bicampeão. Agora a única saída do espanhol é
garantir um lugar na McLaren para o próximo ano, uma vez que tanto Red Bull
quanto Mercedes lhe fecharam as portas para o campeonato de 2015. E, sabendo disso,
Ron Dennis está disposto a colocar Alonso em seu devido lugar, não importando
se o espanhol é o melhor piloto da categoria. As mágoas causadas em 2007 ainda
não cicatrizaram, e o maior culpado disso é o próprio piloto, com suas
idiossincrassias e egocentrismo. Caso contrário, seu passe estaria sendo
disputado pelos times, e não o contrário...
"Política"
na F-1: Com a tensão existente entre a Rússia e a Ucrânia, com o estopim de
diversos grupos separatistas querendo arrancar pedaços da desta para uni-la a
Moscou, foi um momento um tanto impróprio para a F-1 estrear uma corrida no
país. Mas Bernie Ecclestone, fiel à sua política de que negócios são negócios,
voltou a reafirmar que a Fórmula 1 "não se mete em política", da
mesma maneira como a categoria se apresentou na África do Sul em pleno regime
odioso do Apartheid, ou no Bahrein depois dos violentos protestos que ocorreram
por lá. Chegou a ser acintoso o modo como Ecclestone puxava o saco do
presidente russo Vladimir Putin, que se sentou numa tribuna onde também estava
presente o rei do Bahrein. Essa rasgação de seda toda não é política também?
Bernie deveria ter vergonha na cara, mas isso é pedir por um milagre. Depois,
se há quem diga que a F-1 está perdendo a atratividade, ainda se ficam perguntando
o motivo...
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