quarta-feira, 16 de julho de 2014

ARQUIVO PISTA & BOX - JANEIRO DE 1997 - 31.01.1997



            De novo com a seção Arquivo, trago hoje minha coluna lançada no dia 31 de janeiro de 1997, dissertando sobre a competição das categorias Indy nos Estados Unidos. Depois de criar seu próprio campeonato, onde detinha o poder absoluto, era hora de Tony George criar uma identidade própria para sua categoria, depois de ter feito o primeiro certame usando os mesmos equipamentos da F-Indy original, e assim a IRL passaria a adotar chassis e motores próprios, tentando seguir seu próprio caminho. Tony George, entretanto, nunca deixou de hostilizar a F-Indy, ainda que abrandasse sua disputa com a categoria a qual pertenceu até 1995. Para seu azar, seu certame levaria anos para sair da sombra da Indy original, o que só aumentou sua frustração. Quando a Indy original acabou na segunda metade da década passada, vítima de erros próprios e da rixa que a disputa com a IRL ainda repercutia, George nem pôde comemorar, uma vez que acabou deposto da direção de seu próprio certame por sua família, pois estava dilapidando o patrimônio deles para sustentar a IRL.
            Hoje, a Indy Racing League sobrevive, mas tenta conquistar o prestígio e fama que a antiga Indy já teve um dia. A cobiça e arrogância de George, na sua luta para ser o principal mandatário, só serviu para enfraquecer a Indy como campeonato, e suas sequelas provavelmente ainda durarão um bom tempo...


INDY & INDY

            O ano de 1997 parece marcar um novo tempo para as categorias Indy de automobilismo. Depois de inúmeros atritos entre ambas, por parte de suas entidades realizadoras, a CART e o Indianápolis Motor Speedway, a paz parece ficar mais próxima entre ambas.
            Houve algumas mudanças. A F-Indy, como a conhecemos tradicionalmente, agora chama-se oficialmente F-CART. O nome “Indy” passa a ser exclusivo da nova Indy Racing League (IRL), fundada por Tony George no ano passado. Mas, por um acordo de cavalheiros firmado entre os organizadores de ambas as categorias, a CART ainda poderá chamar o seu campeonato de Indycar. Fica proibido apenas a comercialização da marca “Indy” por sua parte. Para todos os efeitos, a partir de agora, pretendo me referir à F-Indy tradicional como F-CART, e passarei a chamar de F-Indy a nova IRL, embora eu prefira adotar mais o nome Indy Racing League.
            Outro ponto do acordo firmado, e que prova que ambas as categorias estão próximas mesmo de firmar a paz entre si, é a permissão de Tony George para que os pilotos da F-CART possam disputar as 500 Milhas de Indianápolis, desde que utilizem equipamento idêntico aos dos demais competidores da categoria IRL. E um piloto já disse que pretende disputar a prova: Al Unser Jr. Como o calendário da F-CART não prevê corridas para o mesmo dia das 500 Milhas de Indianápolis (25 de maio), não haverá problemas de incompatibilidade de datas. E já se comenta que Roger Penske, proprietário da equipe de Al Unser Jr., já estaria montando um esquema todo especial unicamente para disputar a Indy500. Um exemplo que pode ser seguido por outros pilotos e escuderias.
            Individualmente, cada campeonato segue seu caminho. A F-CART, como é de se esperar, caminha para mais um mundial de intensa competitividade, enquanto a F-Indy começa a ganhar uma identidade própria, diferenciando-se de sua categoria “original”. Fora o fato de terem pistas ovais em seus campeonatos, cada modalidade agora tem moldes técnicos bem distintos, fora alguns pontos ainda coincidentes, como os pneus.
            A F-Indy teve no último sábado a primeira de suas etapas sob novas normas técnicas, com novos carros e motores. O resultado foi bem positivo, em termos de competição. Saíram os chassis Lola e Reynard, entraram os novos Dallara e G-Force. No campo de motores, deu-se adeus aos velhos V-8 turbo de 2,85 litros da Ford, Mercedes e ao motor Menard turbo, utilizados em 96. Agora são usados os motores V-8 atmosféricos de 4 litros da Nissan e da Aurora. Visualmente, a F-Indy ficou mais parecida com a F-1, com os carros tendo a entrada de ar para o motor logo acima da cabeça do piloto. Os pneus continuam a ser os mesmos Goodyear e Firestone.
            Enquanto isso, a F-CART segue em seus parâmetros técnicos tradicionais: chassis Reynard, Lola, Eagle, Penske, e o novíssimo Swift; motores Ford, Mercedes, Honda e Toyota, todos turbos; e os mesmos pneus Firestone e Goodyear. Cada categoria passa a ter suas normais técnicas específicas. Sem dúvida alguma que cada uma passará a ter uma identidade mais própria, o que aumenta o seu carisma como categoria automobilística.
            No último sábado, a F-Indy disputou sua primeira etapa do campeonato em 1997, as 200 Milhas da Disney, no circuito da Walt Disney, em Orlando, na Flórida. Apesar de as equipes quase não terem tido tempo de testarem os novos carros e motores, o grau de desempenho apresentado foi excelente. A pole-position foi de Tony Stewart, seguido no grid pelos outros grandes nomes da categoria, Arie Luyendick e Buzz Calkins. A vitória acabou nas mãos de Eddie Cheever na altura da volta 150, quando a prova foi interrompida e encerrada em virtude da chuva. Marco Greco, único brasileiro presente na competição, teve muito azar com isso, pois tinha chances de subir ao pódio, caso a corrida continuasse, pois os que seguiam à sua frente teriam de parar nos boxes novamente para completarem seu combustível. Stewart, Luyendick e Calkins acabaram abandonando a prova, mostrando estarem em um momento de má fase, apesar da excelente performance apresentada na corrida. Stewart praticamente estava imbatível, mas na volta 148, rodou sozinho em frente aos boxes e bateu de leve no muro. Buzz Calkins teve um motor fumegando boa parte da corrida, até que ele estourou de vez, deixando-o a pé. Arie Luyendick, por sua vez, teve de rodar para evitar de bater em um retardatário estreante que rodara à sua frente, e acabou saindo da pista e batendo o carro.
            Foi a sorte grande de Eddie Cheever, que conquistou sua primeira vitória nas categorias Indy. E uma recompensa ao seu esforço, pois o piloto resolveu montar sua própria equipe para competir na IRL. Mike Groff ficou em 2º lugar e lidera o campeonato com 96 pontos. Buzz calkins é o 2º colocado, com 86 pontos. Marco Greco, que terminou a prova em 8º, é o 5º na classificação do campeonato, com 81 pontos.
            A próxima etapa está marcada para março, no circuito oval de Phoenix. Mais à frente, a F-Indy planeja duas corridas noturnas, a serem disputadas em sábados à noite, em Lãs Vegas e no Texas. Enquanto a F-Indy já dá andamento ao seu campeonato, a F-CART ainda segue para sua estréia em 1997, que terá início em março, na Flórida, no circuito de Homestead.
            Boa sorte para ambas as categorias...


A F-Indy começa o seu campeonato com baixas. Além do forte acidente do chileno Eliseo Salazar, que o mandou para o hospital com suspeita de fraturas nas vértebras, similar ao dilema enfrentado por Émerson Fittipaldi, semana passada o piloto Davy Jones sofreu um forte acidente na pista de Orlando. O piloto foi hospitalizado com sérias lesões no pescoço e seu estado inspira muitos cuidados, pois é grave, apesar do piloto estar consciente. Tais acidentes já andam suscitando dúvidas com relação à segurança dos novos chassis Dallara e G-Force, adotados este ano pela primeira vez na categoria...


Émerson Fittipaldi está fora da F-CART em 97. O piloto brasileiro não recebeu alta dos médicos para correr e com isso o piloto já declarou a sua ausência dos grids de largada da categoria este ano. Mas ainda não é uma aposentadoria, volta a reafirmar o piloto: “Quero estar de volta em 1998.”, respondeu Émerson, que ainda se recupera do forte acidente em Michigan ano passado. O aval dos médicos não se restringe apenas ao automobilismo: Émerson também está proibido de andar de esqui. A equipe de Émerson em 96, a Hogan-Penske, desfez sua sociedade com Roger Penske. Carl Hogan associou-se à Competech e utilizará chassis Reynard com motor Mercedes e pneus Firestone. O piloto será o escocês Dario Franchiti.


Começou ontem o Spring Training no circuito de Homestead, na Flórida. Todas as escuderias da F-CART estão presentes para os testes coletivos. Alguns times, como a Tasman, onde corre o piloto brasileiro André Ribeiro, já estão testando no circuito desde segunda-feira. Os testes terminam apenas na semana que vem.

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