Trazendo
mais uma de minhas antigas colunas, esta data de 24 de janeiro de 1997, e o
assunto são os primeiros testes da pré-temporada daquele ano, em uma época onde
os testes eram liberados na categoria máxima do automobilismo, ao contrário do
que acontece hoje. De resto, algumas notas de outros acontecimentos da semana,
como algumas das expectativas para o campeonato da F-CART, a Fórmula Indy
original, que naqueles tempos chegava a fazer sombra na F-1, e chamava cada vez
mais atenção no Brasil, pelo fato de nossos pilotos terem melhores chances de
vencer por lá, algo praticamente impossível na F-1. Uma boa leitura, e em breve
tem mais...
PRIMEIROS TESTES
De
quarta-feira da semana passada à quarta-feira desta semana, as principais
escuderias da Fórmula 1 estiveram reunidas no circuito espanhol de Jerez de La Fronteira, para a
primeira sessão de testes coletivos do ano. Benetton, McLaren, Jordan,
TWR-Arrows, Stewart e Ferrari colocaram seus novos bólidos na pista para o
primeiro confronto do ano.
Para
melhorar as expectativas, não houve muitos dados plausíveis dos testes. As
condições de tempo, com algumas chuvas intermitentes, prejudicaram muito os
planos dos times, impedindo-os de medir forças a nível real. Nos dias de tempo
bom, problemas aqui e ali acabaram atrapalhando. Mas alguns dados puderam ser
comparados.
Em
primeiro lugar, a Williams: a equipe campeã de 1996 continua em ótima forma. O
novo motor Renault RS9 dá mostras de que a fábrica francesa terá tudo para
despedir-se da F-1 com mais um título. A única dúvida é se isso se dará com a
Williams. O novo carro ainda não ficou pronto, e isso pode jogar a favor dos
adversários. Heinz-Harald Frentzen andou muito bem em Jerez com o modelo FW18,
que levou Damon Hill ao campeonato de 96. Apesar de ainda não ter correspondido
às expectativas, Frentzen acredita em uma boa temporada. Até agora, os tempos
do alemão têm ficado acima dos obtidos por Jacques Villeneuve.
Pelo
seu lado, a Benetton parece pronta para se recuperar da má temporada de 96.
Gerhard Berger pulverizou o recorde extra-oficial do circuito espanhol com o
novo B197, que não apresentou nenhum problema de monta. Além do novo motor RS9
da Renault, o novo chassi, segundo o piloto austríaco, é muito superior ao
usado em 96, e tem uma boa base, ao contrário do velho B196. Pelos tempos
alcançados nos testes, tudo parece indicar que a Benetton poderá brigar pelas
primeiras posições, e quem sabe, ser até o time a ser batido no campeonato
deste ano.
E
a McLaren? De cores provisórias (laranja, cor original da equipe, quando foi
fundada por Bruce McLaren nos anos 60), enquanto aguarda o visual definitivo
(que será adotado a partir de 14 de fevereiro), o novo carro impressionou Mika
Hakkinen e David Couthard. E não ficou só na impressão: tanto Hakkinen quanto
Couthard conseguiram andar muito bem nos testes, batendo a Ferrari de Michael
Schumacher. Pode muito bem acontecer este ano o regresso do time de Ron Dennis
ao degrau mais alto do pódio.
Enquanto
isso, as coisas andam esquentando pelos lados da Ferrari. Michael Schumacher
que o diga: na última terça-feira seu carro literalmente pegou fogo em plena
reta dos boxes, após uma quebra monumental do novo motor V-10 da Ferrari.
Apesar das declarações de Schumacher de que o novo F310B é muito melhor do que
o carro de 96, começam a surgir dúvidas a cerca da confiabilidade do carro,
especialmente no que tange ao motor. Não foi incomum ver o bicampeão voltar aos
boxes rebocado ou guinchado, em virtude de quebras do propulsor. Cerca de 4
unidades foram pro brejo em Jerez, o que começou a dar alguns calafrios nos
tiffosi, lembrando o meio da temporada de 96, quando a Ferrari quebrou várias
vezes seguidas nas corridas. Diante dos acontecimentos, a escuderia de
Maranello, já admite usar o motor de 96 no início do campeonato, enquanto o
novo motor não apresentar a confiabilidade necessária.
Damon
Hill não conseguiu explorar satisfatoriamente o potencial de sua nova equipe, a
TWR-Arrows. Pequenos problemas mecânicos, mais a chuva, impediram o atual
campeão mundial de testar a contento. Outra escuderia a sentir o drama foi a
nova Stewart Racing, onde Rubens Barrichello e Jan Magnussen testaram pouco o
carro. Além da chuva, toda sorte de pequenos defeitos no carro impediram os
pilotos de andar a fundo com o monoposto.
Outra
equipe, a Jordan, andou desenvolvendo novos componentes para o novo chassi 97.
Interessante foi o fato de que, computando os dias em separado, várias equipes
estiveram à frente nos testes. Os tempos foram bem adversos, é verdade, mas foi
curioso. Ralf Schumacher, Gerhard Berger, Rubens Barrichello, Michael
Schumacher e Heinz-Harald Frentzen estiveram com seus nomes no topo da lista de
tempos em um dia ou outro. Claro que os dados não podem ser avaliados como
sendo a expressão do real potencial de cada carro, pois muitos escondem o jogo
nos testes, não revelando como cada carro andou e em qual configuração, o que
pode gerar muitas impressões fantasiosas.
Encerrados
os testes, continua a expectativa de como será a disputa do campeonato. Os
problemas mecânicos enfrentados pelas escuderias não são de preocupar, pois
isso é algo comum quando se está desenvolvendo os carros. Por enquanto, a
expectativa de um campeonato mais equilibrado do que o de 96 continua sendo a
melhor possível, mas tudo pode mudar com os demais testes a serem feitos até a
abertura do campeonato...
As escuderias da F-1 seguem em seu trabalho rumo ao Mundial de 97. Nesta
semana, Tyrrel e Ligier apresentaram na Inglaterra e Mônaco, respectivamente,
seus novos modelos 97, que seguirão para testes de pista na próxima semana. E,
para o dia 30, está programada a apresentação do novo Jordan 97. Se não houver
complicações, o novo Williams FW19 deve ir para as pistas dia 4 de fevereiro. O
tempo urge, especialmente para aqueles que ainda não apresentaram seus carros
novos.
Um alívio para as equipes: a FIA liberou as pistas de Barcelona e do
Estoril para testes até 1º de março. A temporada começa dia 9, em Melbourne, na
Austrália...
Euforia na equipe Newmann-Hass da F-CART: o novo chassi Swift, a ser
utilizado como carro da escuderia nesta temporada, fez excelentes tempos nos
circuitos de Phoenix e Firebird, no Arizona. Tanto Christian Fittipaldi quanto
Michael Andretti elogiaram muito o desempenho do novo carro e seu conforto. O
único ponto fraco até o momento parece ser o câmbio, que apresentou inúmeros
problemas, que já começaram a ser resolvidos. Com a adoção do Swift, a Newmann-Hass
junta-se à All American e à Penske, que são as únicas escuderias da F-CART a
construírem seus próprios carros, em que pese o time de Carl Hass e Paul
Newmann ser o time de fábrica da Swift, fábrica que é de propriedade do piloto
Hiro Matsushita.
Pelos primeiros testes, o chassi Lola T9700 anda com a cotação em baixa
entre as escuderias da F-CART. A Patrick Racing, diante de alguns resultados
apenas razoáveis, não perdeu tempo: já trocou para os chassis Reynard . André
Ribeiro, da equipe Tasman, novo time oficial da Lola na categoria, argumenta
que o chassi não é tão ruim assim, basta desenvolvê-lo. Mas algumas escuderias
preferiram não perder este tempo pondo a mão no fogo...
Ainda sobre a F-CART: semana que vem está programada a edição 97 do SPRING
TRAINING, onde todas as escuderias estarão presentes no circuito de Homestead,
para testarem seus carros e apresentarem seus pilotos para o campeonato deste
ano...
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