Julho
está indo embora, e como de costume no final de cada mês, eis aqui a nova
edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, com uma pequena avaliação do que andou
acontecendo nas últimas semanas no mundo do esporte a motor. E não esquecendo:
EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa
na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até a cotação de agosto,
no próximo mês...
EM ALTA:
Daniel
Ricciardo: Se o piloto australiano já estava com a cotação em alta pela vitória
conquistada no GP do Canadá de F-1, seu cacife subiu ainda mais ao conseguir
repetir a dose na prova da Hungria, aproveitando-se das incertezas provocadas
pela chuva e entrada do Safety Car pelos acidentes ocorridos. Mas também se
destacou pela condução arrojada e disputa de posição com Fernando Alonso e
Lewis Hamilton nas voltas finais, superando a ambos com categoria, como já
havia feito na prova canadense. Num campeonato dominado pela Mercedes,
Ricciardo é o único piloto a ter vencido além da dupla Nico Rosberg e Lewis
Hamilton. E o australiano continua deixando o tetracampeão Sebastian Vettel na
sobra, em que pese Vettel ter passado a dar mais luta na disputa interna dentro
da Red Bull.
Marc
Márquez: A "Formiga Atômica", apelido pelo qual o jovem campeão da
MotoGP é conhecido, continua devastando a concorrência rumo ao bicampeonato em
2014. Já são 9 vitórias em 9 corridas, e nada indica que vai se contentar com
menos, e tentar vencer praticamente todas as corridas do ano. Enquanto isso,
seu parceiro de Honda Dani Pedrosa vem numa disputa acirrada com Valentino
Rossi pela vice-liderança da competição, com ambos a mais de 80 pontos de desvantagem
para o jovem prodígio espanhol. Márquez poderia ficar sem pontuar pelas
próximas 3 corridas que nem assim perderia a liderança do campeonato, e a
manter este ritmo de vitórias, deve fechar a fatura por volta da etapa de
Misano, na Itália, faltando ainda 5 provas para o encerramento da competição,
isso se não conseguir até antes. A concorrência que espere 2015 para ter melhor
sorte de derrotar Marc.
Simon
Pagenaud: O piloto francês corre por um time apenas médio, a Sam Schmidt, e vem
dando um sufoco nas poderosas Penske e Andretti no campeonato 2014 da IRL.
Pagenaud já venceu 2 provas este ano, no misto de Indianápolis, e em Houston, e
ocupa a 4ª posição na classificação, atrás apenas de Hélio Castro Neves e Will
Power, da Penske, e de Ryan Hunter-Reay, da Andretti. E embora esteja 62 pontos
atrás do líder, tem boas chances de chegar entre os 3 primeiros no final do
campeonato, uma vez que está apenas 2 pontos atrás de Ryan. Simon vem mostrando
muita maturidade e constâncias nas corridas, e só teve problemas mesmo em uma
das etapas de Detroit e Toronto, onde acabou se envolvendo em acidentes e não
terminou a corrida. Sem fazer alarde, ele já é um dos destaques da temporada da
Indy Racing League. E quer mais...
Valtteri
Botta: O piloto finlandês da Williams vem mostrando a que veio na temporada
deste ano na F-1. Conseguiu 3 pódios consecutivos (Áustria, Inglaterra e
Alemanha), e se a Williams mantiver a forma exibida nestas etapas, tem tudo
para abocanhar a primeira vitória quando surgir a oportunidade, a exemplo do
que Daniel Ricciardo fez no Canadá e na Hungria. Extraindo tudo do bom modelo
FW36, Valtteri tem feito corridas firmes e arrojadas, e já acumula 95 pontos
ante 40 de Felipe Massa, que viveu um inferno astral na Inglaterra e Alemanha,
não passando da primeira volta. Não fosse seu adversário mais próximo na
classificação ser Fernando Alonso, o jovem finlandês já seria o 4° colocado no
campeonato. Mas que ninguém duvide que ele vai em busca desta posição, e quem
sabe até do 3° lugar de Ricciardo, se houver chance. Bottas já mostrou quem tem
mesmo o pé pesado, e uma cabeça bem no lugar como poucos pilotos.
Fernando
Alonso: Falar que o espanhol é o piloto mais completo da F-1 atual já virou um
clichê que hoje em dia virou motivo para desmerecer quem elogia a capacidade do
piloto da Ferrari, para muitos um sujeito falso, interesseiro, egoísta e sujo.
Mas não há como negar seu talento e determinação ao volante de um carro, mesmo
que ele seja pouco competitivo, e enquanto Kimi Raikkonem pena com o F14T,
Alonso por vezes consegue alguns milagres, como na Hungria, onde por pouco não
vence a corrida, tendo feito uma aposta de não parar mais e lutado contra o
desgaste dos pneus nas voltas finais, perdendo uma vitória que muitos poderiam
considerar épica, para Daniel Ricciardo, cujo desempenho naquele momento era
muito superior ao do espanhol. Mesmo com um carro problemático, já é o 2° pódio
de Alonso no ano, onde o asturiano ocupa o 4° lugar na classificação, enquanto
Raikkonem amarga apenas um 12° lugar. Mesmo com um carro mais ao seu gosto de
guiar, a baixa performance do finlandês não deixa de ser um assombro, estando
muito abaixo até mesmo do que Felipe Massa costumava render no time de
Maranello. Não fosse Fernando, a Ferrari estaria mesmo atravessando o seu pior
campeonato de que há memória. Já com relação ao comportamento do piloto fora do
cockpit, aí é outra história, que dá muito pano para a manga de seus
críticos...
NA MESMA:
Pastor
Maldonado: O piloto venezuelano continua seu calvário na temporada 2014 sem ter
conseguido marcar um ponto sequer até agora, ao mesmo tempo em que continua se
metendo em algumas confusões, além de enfrentar todo tipo de problema em seu
carro. O único ponto positivo é que já estaria com contrato renovado para 2015 na
Lotus, graças ao seu patrocínio da petroleira venezuelana PDVSA, que manterá a
verba destinada à F-1. Com o ano praticamente dado como perdido, as esperanças
de melhoras ficam mesmo só para o próximo ano, quando se espera que a Lotus
tenha um melhor carro, já que motor deixará de ser problema, tendo acertado o
fornecimento da Mercedes, em substituição aos atuais Renault.
Felipe
Nasr: O jovem piloto brasileiro, disputando novamente a GP2, vê as chances de
conquistar o título ficarem mais distantes na luta que trava contra o inglês
Jolyon Palmer. Nas últimas rodadas duplas, disputadas na Inglaterra, Alemanha,
e Hungria, o filho do ex-piloto de F-1 Jonathan Palmer tem aumento
paulatinamente a sua vantagem sobre o brasileiro, já acumulando 43 pontos de
vantagem na liderança da competição. Para complicar, o clima entre Nasr e
Jolyon está pegando fogo, depois da disputa acirrada que travaram em
Hungaroring, com o inglês a empurrar Felipe para fora da pista em certo momento
da disputa. Desleal ou não, a luta contra o inglês vai exigir mais de Nasr se
quiser ser campeão, e isso passa a exigir apenas um resultado: vitórias. Ainda
tem 4 rodadas duplas até o fim do campeonato, e o piloto brasileiro não pode
desperdiçar mais nenhuma chance, ou ficará novamente na fila.
Equipe
Mercedes de F-1: O time prateado continua dando as cartas no Mundial, mesmo
depois da proibição do sistema FRIC de sua suspensão, que afetou também outras
escuderias. Mas o time precisa tomar cuidado, pois seus carros andaram
apresentando alguns problemas que, se não sanados, ainda podem colocar em risco
os planos de conquistar o título de pilotos: Rosberg quebrou na prova de
Silverstone, enquanto Hamilton sofreu avarias bizarras em seu carro nas
classificações de Hockenhein e Hungaroring. Mesmo assim, o time alemão continua
com grande vantagem, e só não venceu na Hungria pelas circunstâncias da
corrida, que tiveram a chuva e o Safety Car confundindo as estratégias. Mas o
time também não pode cair na tentação de "escolher" qual de seus pilotos
será o favorito ao título, como se viu na prova húngara, onde tentou interferir
na luta pela vitória pedindo a Lewis que deixasse Nico passar ao que o inglês
solenemente ignorou o pedido, defendendo sua posição na luta pelo título.
Tony
Kanaan: O piloto brasileiro continua ainda sem subir ao degrau mais alto do
pódio na Indy Racing League em seu novo time, a Ganassi. Mas a vitória está
passando por perto, haja visto o bom desempenho que o brasileiro demonstrou nas
etapas de Pocono, Iowa, e Toronto, onde só não venceu por problemas de
estratégia equivocada e/ou vítima das circunstâncias de corrida. A escalada do
brasileiro é nítida, e em relação ao companheiro Scott Dixon, Tony já está
apenas 7 pontos atrás. Mas a vitória ainda continua teimando em não chegar. Só é
chato ver seu substituto na KV, Sebastien Bourdais, já ter vencido uma corrida
este ano, em Toronto, e estar apenas 2 posições atrás do brasileiro no
campeonato. Pelo histórico de Tony e da própria Ganassi, eles podem render bem
mais do que isso. Uma hora a vitória há de chegar.
Competitividade
na IRL: O campeonato da categoria continua com boa distribuição de vitórias no
campeonato de 2014. Com 14 corridas disputadas, já teve 9 pilotos diferentes
vencendo. Ryan Hunter-Reay, campeão de 2012, é o que mais venceu, com 3 vitórias,
incluída a mais importante do ano, a Indy500; Mike Conway, Simon Pagenaud, e Will
Power, tem 2 vitórias cada. Hélio Castro Neves, Carlos Huertas, Ed Carpenter,
Sebastien Bordais e Juan Pablo Montoya venceram apenas 1 prova. Ninguém está
conseguindo se impor sobre ninguém nas corridas, e os pilotos terão de apostar
firme na constância de resultados para chegarem ao título, com maior chance
para os pilotos da Penske, que ocupam 3 das 5 primeiras colocações no certame,
mas sem ter garantias de que não serão ameaçados pelos rivais Pagenaud e
Hunter-Reay.
EM BAIXA:
Federação
Internacional de Automobilismo: A entidade que comanda o automobilismo mundial
resolveu inventar mais uma das suas, e logo após o GP da Inglaterra de F-1,
determinou que o sistema de suspensão FRIC, que usa um sistema que integra as
reações da parte dianteira com a traseira através de um conjunto de conexões,
passava a ser ilegal. Visto por quase todo mundo como uma tentativa descarada
de tentar tirar a supremacia da equipe Mercedes no atual campeonato, uma vez
que o time alemão seria o que mais bem desenvolveu o equipamento. Os resultados
vistos na Alemanha e na Hungria, porém, mostraram que o time prateado foi muito
pouco afetado, e a medida acabou atingindo também os concorrentes, que também
faziam uso do mesmo tipo de sistema em suas suspensões. Em outras palavras, a
FIA deu um verdadeiro tiro no próprio pé, por tentar mudar o equilíbrio de
forças do mundial na base da canetada, proibindo um sistema que era aceito até
poucas semanas atrás. E se o objetivo era tentar restaurar o equilíbrio da
competição, o efeito pode até ser inverso, com alguns times ficando ainda mais
para trás do que já estavam...
Transmissão
dos treinos de F-1 na Globo: A prova da Inglaterra foi a última em que a TV
Globo transmitiu o treino de classificação na íntegra. A partir da etapa
seguinte, em Hockenhein, a emissora passou a transmitir apenas a fase final da
classificação, o Q3, deixando a ver navios aqueles que gostariam de assistir o
treino integral, que a partir de agora só estará disponível no canal SporTV,
que passará a exibir ao vivo as classificações. O motivo seria a baixa
audiência, que estaria perdendo até para programas da concorrência. Em para a
emissora carioca, se algo não dá Ibope, ela simplesmente puxa a tomada, e a
diminuição dos treinos pode ser o sintoma de algo mais sério a curto prazo,
como o fim da transmissão dos treinos totalmente, e até mesmo da F-1, segundo
alguns, em 2016. Em que pese a crise de audiência, a Globo não faz nenhum
esforço em melhorar qualidade da transmissão de modo a tornar o produto mais
atraente para o telespectador, preferindo tirar o corpo fora. A Globo nunca se
preocupou com isso quando tínhamos campeonatos vencidos por Senna e Piquet, e
depois que ficamos sem conseguir vencer ou disputar títulos, menos ainda. Quem
perde são os verdadeiros torcedores, que ainda curtem a F-1, apesar de todos os
percalços atuais.
Jenson
Button: O campeão de 2009 está no seu último ano de contrato com a McLaren, e
diante da falta de resultados que a escuderia vem tendo no atual campeonato, em
virtude do fraco carro de 2014, Ron Dennis já andou dando cutucadas públicas no
piloto inglês, a quem acusa de estar fazendo corpo mole e não dando tudo o que
pode nas corridas. Embora não admita publicamente, Jenson pode até encerrar a
carreira no fim do ano, se não conseguir um lugar decente para 2015, embora
ainda queira permanecer na competição por mais algum tempo. O problema é que os
dividendos do título conquistado em 2009 já se esgotaram, e dois anos
conduzindo um carro pouco competitivo, sem conseguir ajudar a escuderia a
reagir de forma mais condizente, diminuem seu cacife de negociação. Seu maior
trunfo é a volta da Honda como parceira da McLaren no próximo ano, onde
certamente a presença de um piloto experiente e com currículo de vitórias será
imprescindível para comandar o desenvolvimento do novo conjunto chassi/motor,
perfil que falta a Kevin Magnussem, ainda muito inexperiente para tal
empreitada. Só que nem isso ajuda muito, pois foram feitos convites a Fernando
Alonso, Sebastian Vettel, e até mesmo Lewis Hamilton, para conduzirem o time
inglês. Nesse jogada de interesses e cobranças, Button pode estar mesmo ficando
sem alternativas, e talvez perca lugar em um time de ponta, tendo de aceitar
voltar a um time médio se quiser permanecer na F-1 no próximo ano.
Equipe
Caterham de F-1: O time que estreou na F-1 em 2010 com o nome de Lotus até hoje
não conseguiu pontuar na categoria, e ainda por cima teve de encarar um processo
picareta movido pela Proton pelo uso do nome da mítica escuderia fundada por
Colin Chapman. Mas a escuderia que era considerada a mais promissora das
"nanicas" que estrearam naquele ano desde o ano passado perdeu essa
primazia, sendo superado pela Marussia, outro time que estreou em 2010, com o
nome de Virgin. O pior foi ver este mesmo time conquistando este ano seus
primeiros pontos na F-1, com Jules Bianchi. Tony Fernandes, que já andava
desiludido com a falta de perspectivas de melhora de seu time, resolveu passar
a escuderia adiante, e desde a prova de Silverstone, a Caterham já possui novos
donos e até novos dirigentes, que embora ainda não tenham ficado muito claros
quem são realmente, dizem ter planos de evolução para a escuderia em 2015. O nome
do time fica mantido até o fim do ano, por questões contratuais, e embora tenha
sido anunciado que fariam um esforço para melhorar o carro já neste campeonato,
até agora nada parece ter dado sinais de evolução, e seus pilotos continuam
amargando quase sempre as últimas posições nas corridas.
Equipes
abastecidas pela Renault na F-1: A falta de performance das usinas de força
fabricadas pela marca francesa já anda com sua relação na corda bamba em seu
principal time na categoria, a Red Bull, que fala abertamente em procurar um
novo fornecedor para breve. Mas foi a Lotus, que fazendo uma temporada das mais
desastrosas, em que pese boa parte dos infortúnios ser causada também pelo
fraco modelo 2014, resolveu não esperar por uma possível melhora e já anunciou
que deixa os propulsores franceses e seus sistemas ERS ao fim da temporada.
Para 2015, o time de Enstone passará a utilizar os motores da Mercedes. A marca
alemã, aliás, está perdendo a McLaren para a Honda no próximo ano, mas com a
adesão da Lotus, continuará equipando 4 escuderias na F-1: além do próprio
time, utilizam as usinas de força alemãs a Williams e a Force India, além da
chegada da Lotus. Com isso, a Renault ficará restrita a Red Bull e Toro Rosso,
uma vez que até o presente momento ninguém garante que a pequena Caterham, que
se encontra sob nova direção, alinhe efetivamente em 2015, e se ainda
continuará utilizando os propulsores franceses.