Em
mais uma postagem da seção Arquivo, trago hoje minha segunda coluna de 1997,
lançada em 17 de janeiro daquele ano. O tema principal era a compra da equipe
Ligier por parte de Alain Prost, e seu sonho de fazer dela o time
"nacional" da França na F-1. Infelizmente, Prost não conseguiu exibir
como dono de equipe o mesmo talento que mostrou como piloto nas pistas, onde
foi tetracampeão da Fórmula 1 e um dos maiores vencedores da história da
categoria. Naquele ano, o time ainda fez uma campanha satisfatória, obtendo 21
pontos, mas os anos seguintes foram menos prazeirosos, e ao fim de 2001, a escuderia estava
falida. O sonho de Prost era mais do que válido, mas a F-1 é pródiga em
desmantelar sonhos, e a realidade mostrou-se implacável: como construtor, seus
carros nunca conseguiram sair do meio do grid, salvo raras ocasiões. Fiquem
agora com o texto, e boa leitura...
A EQUIPE NACIONAL FRANCESA
Novos
tempos se aproximam para a França no Mundial de Fórmula 1. A nova sensação do
momento é a notícia da provável compra da equipe Ligier por parte do
tetracampeão Alain Prost, que tenciona fazer da equipe, mais uma vez, a
escuderia nacional francesa na categoria.
Nos
últimos anos, desde que Guy Ligier saiu da escuderia que leva seu nome, o time
perdeu parte de sua “nacionalidade”, tendo até pilotos estrangeiros no
campeonato. Nos últimos anos, a Ligier foi administrada por nada menos do que 3
pessoas em conjunto: Flavio Briatore, Tom Walkinshaw, e Guy Ligier, que ainda
possuía uma pequena participação no time.
Agora,
a Ligier está no caminho de se tornar novamente a escuderia “oficial” da
França, um título que, para dizer a verdade, a escuderia nunca assumiu
oficialmente. Em seus tempos como equipe de ponta, nos fins da década de 1970 e
começo dos anos 1980, o time nacional francês na F-1 era a Renault, sem sombra
de dúvidas, introdutora dos motores turbo na categoria, além de ser apoiada
oficialmente pelo governo, já que a Renault era uma empresa estatal. Mas a
Renault abandonou a competição como escuderia ao fim de 1985, ficando então a
Ligier como representante da França no campeonato, mas a esta altura os tempos
áureos da escuderia já haviam ficado para trás, e estava relegada à condição de
mais uma das equipes médias do campeonato de F-1.
A
Ligier enfrentou até um período negro de resultados no início desta década, mas
Guy Ligier, sempre bem relacionado com o governo francês, conseguiu bons
motores para o time, os Renault, num momento em que os propulsores franceses já
eram disparados os melhores da F-1. A equipe teve então alguns resultados
satisfatórios, como alguns pódios. E no ano passado, em Mônaco, o time teve uma
inesperada vitória de Olivier Panis em Monte Carlo. Uma
vitória fortuita, é verdade, pois em todo o restante da temporada os resultados
do time foram bem modestos.
Nos
planos de Alain Prost, está o objetivo de tornar a Ligier novamente um time de
ponta, e para isso está disposto a jogar alto. Não é de hoje que Prost alimenta
o sonho de ser dono de seu próprio time, e uma prova disso é o fato de que a
Ligier passará a se chamar Prost Racing a partir da temporada de 1998. O
tetracampeão francês também está em vistas de garantir para seu time os
excelentes motores da Peugeot. E um retorno da Michelin à F-1 em 1998, apoiando
a Prost Racing, também não pode ser descartado. E, com pilotos franceses como
Olivier Panis, a ex-Ligier voltaria a ser de fato a escuderia “nacional”
francesa.
Se
tudo isso se confirmar, pode-se esperar também um apoio maciço do governo
francês, substanciado na forma de generosos patrocínios ao time das diversas
estatais francesas, algo que já vem ocorrendo com a escuderia desde que ela foi
fundada por Guy Ligier há cerca de 20 anos, mas que agora assumiria um contexto
muito mais complexo e forte.
Assiste-se,
assim, a mais um “renascimento” de equipe na F-1, algo com o que Tom Walkinshaw
pretende fazer com sua nova TWR-Arrows.
Quem
ganha com isso? A F-1, pois a se concretizar todos estes projetos, sem dúvida
alguma a competição e o espetáculo melhorarão sensivelmente. Então, seja
bem-vindo de volta, Alain Prost, e que o
talento que conseguiu demonstrar como piloto, consiga reproduzir agora como
dono de equipe, para o bem da competição da maior categoria automobilística do
mundo.
Eliseo Salazar parece que não teve muita sorte no início dos anos
ultimamente. Esta semana, testando no circuito do parque da Walt Disney na
Flórida, o chileno sofreu um forte acidente, ao acertar uma das curvas do c
ircuito onde neste fim de semana se realiza mais uma etapa da Indy Racing
League (IRL). Salazar foi hospitalizado com suspeita de fratura nas vértebras
cervicais.
Tarso Marques acaba de ficar a pé na Minardi. O time italiano contratou
para a vaga de segundo piloto o italiano Jarno Trulli, de 22 anos. A equipe
declarou que a contratação de Trulli deve-se à nova política do time de
descobrir novos talentos em potencial no automobilismo. Por mim, das duas uma:
ou é uma desculpa esfarrapada, ou a Minardi não considera Tarso simplesmente um
novo talento em potencial no automobilismo...
Jimmy Vasser saiu na frente da concorrência nos testes coletivos
realizados pelas equipes da F-CART semana passada em Homestead, na Flórida.
Vasser andou sempre à frente dos demais pilotos. Raul Boesel também esteve bem,
se ajustando à sua nova equipe, a Patrick Racing. Já pelo lado da Penske, os
indicativos não foram bons: Al Unser Jr. e Paul Tracy andaram muito atrás dos
Reynard/Honda e Reynard/Ford das outras escuderias. Até Juan Manuel Fangio II,
ao volante da nova versão 97 do chassi Eagle com o motor Toyota, andou na
frente dos carros de Roger Penske, enquanto a equipe Green, com o novo piloto
Parker Johnstone também andou muito bem.
Enquanto isso, no circuito de Firebird, no Arizona, Gil de Ferran e
André Ribeiro também fizeram testes intensivos com suas equipes. Ambos andaram
em tempos bem próximos, indicando uma paridade de desempenho. Outro ponto em
que ambos concordaram também é que os novos modelos Lola T9700 e Reynard 97R
são muito melhores do que os modelos de 96. Um bom indício para a disputa do
mundial 97 da F-CART...
O referido anúncio da compra de Alain Prost da escuderia Ligier, e o
seu plano de ter em 98 os motores da Peugeot estão tirando o sono de Eddie
Jordan, que vê nisso um claro aviso de que este será o último ano de sua
escuderia com os propulsores franceses, que são os melhores motores da F-1,
depois do vitorioso Renault. Para complicar sua situação, em 96 a Jordan
esnobou Rubens Barrichello e viu o talentoso brasileiro ir para a equipe de
Jackie Stewart. Agora, terá de se arranjar com Ralf Schumacher, que já começa a
suscitar mais dúvidas do que esperanças, e a nova promessa italiana Giancarlo
Fisichella. Ou a Jordan faz este ano o melhor campeonato de sua história na
F-1, ou verá partir para outros times em 98 não só o potente motor francês como
também o polpudo patrocínio da Benson & Hedges. Um panorama que,
sinceramente, não deverá ser dos melhores...
Nenhum comentário:
Postar um comentário