sexta-feira, 13 de junho de 2014

A HORA DA TOYOTA EM LE MANS?


A Toyota larga na pole nas 24 Horas de Le Mans e tem boas chances de vencer pela primeira vem a corrida.

            Este final de semana o mundo do automobilismo tem uma de suas mais famosas e tradicionais corridas: as 24 Horas de Le Mans, que chega à sua 82ª edição. A largada é neste sábado, com a tradicional chegada no domingo, após exatas 24 horas de disputa. É praticamente a corrida mais longa atualmente em disputa no mundo do automobilismo, e nos últimos anos, faz parte do calendário do Campeonato Mundial de Endurance, certame criado pela FIA para reviver a antiga era dos Esporte-Protótipos. E a prova deste ano tem tudo para ser bem mais agitada do que a de 2012 e 2013.
            Em primeiro lugar, a Porshe está de volta a Le Mans. Maior vencedora da história da corrida, a fábrica alemã havia se retirado da competição nos últimos anos, deixando a luta pela vitória na categoria LMP1 restrita à Audi, que passou a dominar a prova na última década, e à Peugeot, que entretanto, também resolveu deixar de competir. Felizmente, a Toyota resolveu encarar o desafio da Endurance, e já vem colecionando alguns triunfos, depois de seu fracassado projeto de vencer na F-1. E outro detalhe que promete apimentar esta edição das 24 Horas é a equipe japonesa, que irá largar na frente neste sábado na pista de Sarthe. A equipe nipônica, que balançou o domínio da Audi em 2012, levou um verdadeiro vareio da fábrica alemã no ano passado, mas este ano vem colocando em xeque o favoritismo da marca das 4 argolas, que não conseguiu ver a cor da vitória no atual campeonato. E, quando tudo parecia jogar a favor de uma reação dos alemães em Le Mans, o que vimos foi uma classificação com dois fortes acidentes no carro campeão, sendo que um deles resultou praticamente na destruição completa do carro.
A Audi levou um tremendo susto com o violento acidente do carro N° 1 com Loic Duval ao volante, por motivos óbvios ao ver como ficou o carro após o impacto. Felizmente o piloto saiu sem maiores ferimentos do acidente pavoroso que assustou todo mundo em Le Mans.
            Loic Duval, que pilotava o carro N° 1 R18 e-tron quattro bateu violentamente contra o muro de proteção, mas apesar da violência do impacto, que destroçou o veículo, o piloto saiu relativamente ileso. Por ficar sob observação médica, Duval praticamente ficou de fora da corrida, e a Audi chamou as pressas Marc Gené para substituí-lo no trio formado pelo brasileiro Lucas Di Grassi e Tom Kristensen. Mas eis que o carro do trio sofreu novo acidente, agora com Di Grassi ao volante, que felizmente também não se machucou. Mas o maior tombo mesmo foi no moral da Audi para a corrida. Com 3 carros inscritos, a melhor posição de largada da escuderia foi o 5° lugar, abrindo a 3ª fila, com o carro N° 3 conduzido pelo trio Filipe Albuquerque/Marco Bonanomi/Oliver Jarvis, com a marca de 3min23s271. Na sequência ficaram os outros carros da Audi, com o N° 2, pilotado pelo trio Marcel Fassler/André Lotterer/Benoit Tréluyer, com o tempo de 3min24s276, praticamente 1s mais lento. Já o carro campeão de 2013, o N° 1, com o trio Lucas Di Grassi/Marc Gené/Tom Kristensen sai na 7ª colocação, com o tempo de 3min25s814. É a pior posição de largada da Audi nos últimos tempos, e isso também leva os tempos de classificação, lembrando que o tempo da pole, para efeito de comparação, foi de 3min21s789.
            E o trio do carro N° 7, formado por Alexander Wurz/Stéphane Sarrazin/Kazuki Nakajima, ao volante do modelo Toyota TS 040 - Hybrid é quem sai na frente, com o tempo descrito acima. Eles colocaram praticamente 1s5 de vantagem para o melhor carro da Audi no grid de Le Mans, e a distância aumenta ainda mais para os demais carros da fábrica alemã: cerca de 2s5 para o carro N° 2, e nada menos do que 4s para o carro campeão do ano passado. Quem diria que a Audi iria vivenciar esta situação em Le Mans este ano?
            A Toyota, contudo, não está tranquila na luta pela vitória: ao seu lado na primeira fila, está o carro N° 14, conduzido pelo trio Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb, conduzindo o modelo 919 Hybrid da Porshe, que mostra ter chance de dar trabalho à escuderia nipônica. Eles fizeram o tempo de 3min22s146, apenas 0s357 mais lentos do que a marca da pole, o que é pouco para o tamanho da pista de Le Mans. A situação se repete na segunda fila: na 3ª posição larga o carro N° 8, conduzido por Anthony Davidson/Nicolas Lapierre/Sébastien Buemi, da Toyota, com o tempo de 3min22s523, cerca de 0s734 atrás da pole; e em 4°, sai o segundo carro da Porshe, conduzido por Timo Bernhard/Mark Webber/Brendon Hartley. Tudo indica que a Toyota e a Porshe irão duelar ferozmente pelo triunfo nas 24 Horas de Le Mans, e isso tem deixado a torcida pra lá de empolgada, com a perspectiva de um forte duelo na corrida, que há tempos andava ausente, frente a supremacia imposta pela Audi nos últimos anos.
            Mas, em se tratando de uma corrida longa como as 24 Horas, não se pode contar com o favoritismo dos treinos. A constância e a confiabilidade dos carros ao longo de praticamente um dia inteiro de competição serão fatores fundamentais para se garantir o triunfo, e até mesmo a Audi, tecnicamente batida com relativa facilidade na classificação, pode ter chance de abocanhar a vitória. E ainda precisamos levar em conta os prováveis percalços que poderão surgir durante a corrida, em especial na hora de dobrar os competidores das demais categorias, como a LMP2, GTEPro e GTEAm, que possuem um ritmo mais lento, mas podem ser um problema complicado de se dobrar dependendo de que ponto você está na pista. E, claro, na possibilidade que todos esperamos que não se repita, a de surgir um novo acidente, que pode ter consequências imprevisíveis. A Toyota mostrou excelente desempenho nas etapas disputadas neste ano, derrotando a Audi com mais propriedade do que a Porshe, que está apenas em sua 3ª corrida de retorno, e ainda não se sabe se os carros irão apresentar o mesmo retrospecto de antigamente na corrida do fim de semana. Se formos olhar por este prisma, a Toyota tem mesmo a sua melhor chance de conquistar Le Mans e levar para casa o troféu de vencedor da corrida mais importante do Mundial de Endurance, o que coroaria o seu empenho na competição, e redimiria de vez a alma da fábrica japonesa, que por cerca de 1 década competiu como time completo na F-1 buscando se tornar uma escuderia vencedora e campeã, e só acumulou resultados esparsos durante este período, sem conseguir vencer uma corrida sequer.
Em seu retorno oficial, a Porshe larga na primeira fila e pode ser uma ameaça real à Toyota. Marca alemã é a recordista de triunfos em Sarthe, com 16 vitórias nas 24 Horas de Le Mans.
            Para a Porshe, o objetivo é partir para a vitória, e resgatar o seu histórico de vitórias na mais famosa corrida de longa duração do mundo. E começou bem a disputa, garantindo um lugar na primeira e na segunda fila, em posição de principal desafiante da Toyota, que tem tudo para obter seu primeiro triunfo em Sarthe. Quanto à Audi, fica na posição de coadjuvante de luxo, posição que tentará desmentir na corrida. Resta saber se irá conseguir. Para o Brasil, que tem Lucas Di Grassi no comando de um dos carros da escuderia de quatro argolas, ainda é a chance de termos finalmente uma vitória em Le Mans, até hoje inédita para o automobilismo nacional na categoria LMP1, mas a parada, que já não era fácil mesmo quando a Audi era a favorita disparada, ficou ainda mais complicada, agora que o carro à sua disposição não está mais nas perfeitas condições que se gostaria. O intenso trabalho dos mecânicos permitiu a reconstrução do carro N° 1 acidentado por Duval na quarta-feira, mas ninguém sabe até onde o bólido aguentará na competição. O trio de pilotos precisará de atenção e cuidados redobrados para não serem surpreendidos por algum problema adicional.
            Bruno Senna também estará no grid de Le Mans. O sobrinho de Ayrton Senna não disputa o Mundial de Endurance este ano, mas conseguiu fechar acordo para continuar defendendo a Aston Martin nas 24 Horas de Le Mans, e largará na 31ª posição, tendo obtido o 3° melhor tempo na categoria GTEPro, dividindo o modelo Aston Martin Vintage V8 com os pilotos Darren Turner e Stefan Mucke. O Brasil ainda teria mais um piloto disputando a corrida: Fernando Rees competiria com um modelo Aston Martin, mas sofreu um forte acidente na quarta-feira, que praticamente inutilizou o carro, impossibilitando seu conserto. O brasileiro, que à altura tinha o 33° tempo, dividia o carro com Alex Macdowall e Darryl O´Young. Rees felizmente não se machucou, e teve até mais sorte do que Loic Duval, pois foi liberado pelos médicos para correr, o que não será possível pela perda do carro. Ficou para 2015 a próxima tentativa de alinhar em Le Mans. Curiosamente, tanto Rees quanto Duval sofreram seus acidentes no mesmo local, a curva Porshe, e no mesmo dia.
            Agora, é aguardar a largada, e acompanhar a prova. São 55 carros e 165 pilotos no grid que largarão neste sábado, às 15 horas locais em Le Mans, 10 horas no horário do Brasil. O canal SporTV irá mostrar ao vivo a largada e a primeira hora de competição amanha, ficando a partir daí com flashes durante a programação. No domingo, o canal voltará a exibir a competição ao vivo a partir das 9 horas até a bandeirada de chegada. Quem estiver inteiro e firme até lá, já terá sido uma vitória, de permanecer firme em um corrida desta duração. E que vença o melhor.


Felipe Massa e Sérgio Pérez se acidentaram na última volta e por pouco não levaram Sebastian Vettel junto, mas faltou pouco para o tetracampeão ser levado junto, como podem observar na foto...
E finalmente a Mercedes perdeu uma corrida no campeonato deste ano da F-1. O time alemão, que vinha deitando e rolando na temporada, sofreu com problemas mecânicos em seus dois carros na pista de Montreal, e acabou perdendo sua invencibilidade na temporada. Com problemas na unidade de potência, que ficou sem contar com a potência extra do Ers, tanto Nico Rosberg quanto Lewis Hamilton tiveram de diminuir o andamento para tentar chegar ao fim da corrida. Nico conseguiu, mas Hamilton ficou pelo caminho, vítima de um problema nos freios. Mesmo assim, o avanço dos carros prateados era tal que Rosberg acabou sendo superado apenas a 2 voltas do final, quando ainda resistia bravamente ao assédio da turma que vinha chegando logo atrás, que incluía Daniel Ricciardo, Sérgio Pérez, Sebastian Vettel, Nico Hulkenberg, e Felipe Massa. E coube ao australiano da Red Bull abocanhar a vitória no GP do Canadá. Rosberg ainda salvou o 2° lugar, enquanto Vettel completou o pódio em 3°, e teve o desprazer de ver seu novo colega de equipe vencer a prova. Felipe Massa fazia uma corrida combativa, e tinha chances de também chegar ao pódio, mas faltou um pouco de decisão na hora de tentar as ultrapassagens, mesmo com um carro mais veloz que o dos rivais. Na volta final, acabou se envolvendo em um acidente com Sérgio Pérez, que já vinha tendo problemas de freios, e deu uma leve guinada no mesmo instante em que Felipe tentava dar o bote. Os dois carros se tocaram e seguiram reto até saírem da pista e acertarem as barreiras de pneus, e por pouco não levando Vettel junto com eles. Com o histórico de enroscos do ano passado, os comissários consideraram Pérez culpado pelo acidente, e o mexicano perderá 5 posições no grid semana que vem, na prova da Áustria. Para mim, foi um incidente de corrida, com certa culpa de ambos os pilotos. Felizmente, ambos saíram ilesos dos acidentes, e isso foi o mais importante. E o melhor de tudo é que o GP do Canadá manteve sua tradição de oferecer corridas emocionantes e diferenciadas, ajudando a quebrar um pouco as escritas que estamos vivenciando no campeonato deste ano. Mas que ninguém se iluda: a Mercedes ainda sobra em cima dos concorrentes, e não será sempre que eles terão problemas como o que ocorreu em Montreal. Quem ficou no maior prejuízo mesmo foi Hamilton, que sofreu seu segundo abandono no ano e viu Rosberg pular para 22 pontos de vantagem na classificação, diferença que vai dar trabalho eliminar, ainda mais porque Nico Rosberg conseguiu o que muitos imaginavam ser extremamente difícil em Montreal: impôr-se ao inglês, que já havia vencido 3 vezes naquele circuito e era tido como o grande favorito.
Com uma pilotagem agressiva e determinada, e com o problema dos carros da Mercedes, Daniel Ricciardo fez a festa em Montreal, e venceu pela primeira vez na F-1.



Neste fim de semana a MotoGP disputa a etapa da Catalunha, no circuito de Barcelona. Alguém vai conseguir deter Marc Márquez? A última disputa, na pista de Mugello, mostrou um Jorge Lorenzo mais inspirado do que nunca. Será que o bicampeão vai manter a forma neste fim de semana? Valentino Rossi, por sua vez, também quer desbancar o atual campeão. Se vão conseguir, só saberemos no domingo. Por enquanto, Márquez vem fazendo um campeonato irretocável e perfeito, sem dar chance para ninguém. Será que sua boa fase vai durar o campeonato inteiro? Não é impossível, mas é difícil, o que não quer dizer que o piloto da Honda não vai tentar o feito, para desespero dos concorrentes...

Nenhum comentário: