quarta-feira, 30 de abril de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - ABRIL DE 2014



            E lá vamos nós com mais uma COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA, fazendo um balanço do que andou acontecendo neste último mês no mundo da velocidade. Como de costume, vamos às classificações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, boa leitura a todos, e até a cotação do mês que vem, relacionando as primeiras corridas de alguns certames...



EM ALTA:

Equipe Mercedes: O time de Stuttgart continua ditando o ritmo do campeonato de F-1 deste ano. Foram 4 vitórias em 4 corridas, e só não fez a dobradinha em todas elas por que Lewis Hamilton abandonou com problemas mecânicos na Austrália. Nas demais corridas, seus pilotos ocuparam os dois primeiros lugares do pódio, e mesmo quando houve alguma dificuldade, como ocorreu com Nico Rosberg na China, não foi difícil recuperar o terreno e chegar à frente dos demais. Nem a Red Bull em seu melhor ano começou o campeonato de forma tão arrasadora. E a tendência é se manter assim ainda por várias corridas, enquanto a concorrência bate cabeças entre si.

Lewis Hamilton: Pode ser prematuro afirmar isso, mas o campeão de 2008 já pode ir comemorando o bi em 2014. Depois de abandonar a corrida inaugural em Melbourne, o inglês tratou de recuperar o tempo perdido, e ganhou todas as demais corridas, inclusive dando um baile no companheiro de equipe Nico Rosberg, que só deu combate de fato na etapa do Bahrein. No ritmo em que vai, e se nada o distrair em sua concentração, Hamilton assumirá a liderança do campeonato na próxima etapa, na Espanha, se repetir a performance exibida nas últimas corridas. Nico Rosberg que se cuide, pois o inglês está em ponto de bala.

Daniel Ricciardo: O piloto australiano vem se saindo melhor do que a encomenda em seu novo time, a Red Bull. Tão bem que Sebastian Vettel já começa a falar abertamente estar incomodado com as boas atuações do companheiro de equipe, que já chegou 3 vezes à sua frente nas corridas deste ano - incluído o GP da Austrália, onde acabou desclassificado. Nas duas últimas corridas, Daniel tem se sobressaído sobre o atual tetracampeão mundial, que recebeu por duas vezes a incômoda "ordem" do time para dar passagem ao australiano. Vettel ainda está na frente de Ricciardo no campeonato, mas a se persistir a atual situação, não vai demorar para o alemão ser passado para trás. Mark Webber, agora piloto da Porshe na Endurance, certamente deve estar mandando lembranças a Vettel, como votos de boas corridas a seu conterrâneo e sucessor no time da Red Bull...

Pedro Piquet: Mais um Piquet está iniciando sua carreira nos monopostos. O caçula o tricampeão Nélson Piquet, Pedro, está disputando a F-3 Brasileira, e teve um início arrasador na categoria. Competindo pela equipe Cesário Fórmula, e pilotando um carro com uma pintura inspirada na Brabham com a qual o pai foi bicampeão na F-1, Pedro venceu nada menos 3 das 4 primeiras corridas da competição, e foi 2° colocado na 4ª prova. Nem é preciso dizer que Piquet pai está todo orgulhoso com o início vitorioso do filho. Com trabalho e dedicação, e mostrando o talento que tem, certamente uma hora chegará na F-1. Só se espera que tenha mais sorte de cair no lugar certo na hora certa, o que não aconteceu com o irmão Nélson Ângelo...

Marc Márquez: O atual campeão e garoto-prodígio da categoria vai arrasando a concorrência, e conseguiu repetir a sequência de 3 vitórias consecutivas nas 3 primeiras corridas do campeonato, estabelecida há mais de 40 anos por Giácomo Agostini. Márquez até teve um pouco mais de trabalho na prova da Argentina, quando caiu algumas posições na largada, perdendo a vantagem da pole, mas não se intimidou, e foi para cima da concorrência, especialmente de Jorge Lorenzo, que resistiu o quanto pôde, mas não conseguiu resistir ao assédio do campeão, que na tocada atual, parece caminhar rumo ao bicampeonato ainda com mais facilidade do que quando conquistou seu primeiro título. Pelo jeito, a disputa da MotoGP em 2014 vai ser um luta pelo vice-campeonato, porque nem mesmo Dani Pedrosa está conseguindo acompanhar o ritmo de seu companheiro de equipe na Honda, estando em 2° no campeonato, mas a 19 pontos atrás. Valentino Rossi, da Yamaha, e 3° na classificação, está com apenas 41 pontos, bem distante dos 75 já acumulados por Márquez.



NA MESMA:

Pastor Maldonado: Que o piloto venezuelano é rápido, isso é sabido. Mas que ele também é estabanado, é ainda mais conhecido por todos, e Esteban Gutierrez sentiu isso ao vivo e a cores no Bahrein, onde acabou catapultado pelo piloto da Lotus, capotando e felizmente só ficando mesmo é tonto com a reviravolta que deu em pleno ar. Punido com apenas 5 posições a menos no grid da China e com alguns pontos na carteira pelo ocorrido, Pastor ainda conseguiu repetir, no 3° treino livre, a cena protagonizada por Lewis Hamilton em 2007, quando o inglês, estreante no ano, e liderando o campeonato, bateu sozinho na entrada de box do circuito de Shangai. Como foi dito, na época Hamilton era novato, e começava a sentir a pressão da luta pelo título, o que o levou ao erro. Maldonado, entretanto, já não é nenhum novato, e precisa aprender a dosar sua agressividade para evitar de arrumar confusões na pista, o que seria muito útil em um momento onde vem tomando de goleada no time para Romain Grossjean. Pelo menos na corrida chinesa ele se comportou, sem esbarrar em ninguém, depois de largar em último e nem mesmo participar da classificação devido à batida mencionada...

Reforma dos boxes do circuito de Interlagos: Que o palco do Grande Prêmio Brasil de F-1 precisa de melhorias, todos sabem. E como condição essencial para manter a etapa brasileira da categoria máxima do automobilismo, Bernie Ecclestone exigiu reformas no autódromo paulistano. E elas vão acontecer, com vistas a deixar o circuito todo renovado para 2015. Mas felizmente uma coisa não vai mais acontecer: a mudança dos boxes e paddock para a reta oposta. O novo projeto de reforma vai readequar os boxes e toda a estrutura central do paddock e comando da prova no seu atual lugar mesmo, e a idéia de mudar a posição de largada, junto com toda a estrutura, foi deixada de lado. Um ponto de bom senso, pelo menos, pois a atual posição dos boxes e da largada é a melhor possível, e em consulta aos pilotos, a grande maioria era contra a mudança dos boxes e da posição de largada da prova. Com uma estrutura reformada e ampliada, ninguém mais deve reclamar dos boxes apertados. Pelo visto, a experiência de Silverstone, onde mudaram a largada e todo o complexo do paddock há pouco tempo atrás não deve ter sido tão positiva como todos imaginavam...

Equilíbrio no campeonato da IRL: A Indy Racing League pode não ter conseguido ainda recuperar o prestígio e popularidade que sua antecessora Fórmula Indy tinha, mas ninguém pode negar que está apresentando um bom equilíbrio nas disputas. Em 3 corridas disputadas, tivemos 3 vencedores diferentes, e ninguém conseguiu se impôr aos demais até agora. Will Power lidera o campeonato, com 1 vitória, e vem mantendo-se firme graças à regularidade, mesma tática adotada por Ryan Hunter-Reay, que só não está melhor porque fez besteira em Long Beach quando duelava pela vitória. Penske e Ganassi, de quem se esperava o protagonismo da luta pelo campeonato, até agora não conseguiram impor sua força, e ainda estão sendo surpreendidos pela Andretti, e pelo desempenho de times menores, como a Schmidt Peterson, que tem Simon Pagenaud em 3° no campeonato, logo atrás de Power e Hunter-Reay. Pelo menos por enquanto, a disputa da competição segue bem embolada, com as corridas apresentando surpresas nas disputas, o que é ótimo. Esperemos que isso se mantenha firme durante todo o certame, e que vença o melhor.

Tony Kanaan: O piloto brasileiro esperava deixar os dias de incerteza vividos na KV nas últimas temporadas, quando apareceu a chance de ir para a equipe Ganassi, um time de ponta da IRL, onde finalmente poderia voltar a disputar um campeonato, uma vez que o time de Jimmy Vasser e Kevin Kalkhoven tinha muitos altos e baixos, e não conseguiu alcançar a constância necessária para melhorar. Só que o início no time de Chip está sendo mais complicado do que o baiano poderia imaginar, e até agora, Tony tem ficado bem atrás do parceiro de time, o atual campeão Scott Dixon. Em Barber, só para se ter uma idéia, Kanaan largou praticamente em último, enquanto Dixon largava em 5°. Nem mesmo a corrida complicada que foi a prova do Alabama ajudou muito Tony, que apesar da boa recuperação, chegou apenas em 9°. Conhecido por sua capacidade e talento, não é a estréia que Tony esperava no retorno a um time grande, e ele vai precisar trabalhar mais do que pensava para reverter o atual momento.

Duelo Honda X Yamaha na MotoGP: Mais uma temporada, e mais um duelo pelo título na categoria máxima do motociclismo entre os dois gigantes da categoria: os times oficiais da Honda e da Yamaha. As duas equipes tem os melhores equipamentos, e os melhores pilotos. No momento, a Honda conta com o melhor equipamento, o que mostrou na etapa da Argentina, onde a Honda fez a dobradinha com seus dois pilotos, seguidos pela dupla da Yamaha, com Valentino Rossi a ocupar a posição mais baixa do pódio. As duas marcas prometem empenho total na luta pelo título, que no momento tem apenas um favorito ao campeonato, que é Marc Márquez. Fica a expectativa se a Yamaha vai conseguir reagir. E, embora as novas regras dividindo os times em "fábrica" e "aberto" tenha dado uma revigorada aos outros competidores, que andaram complicando as coisas para os favoritos em alguns momentos nas provas iniciais do campeonato, todos concordam que é questão de tempo até Honda e Yamaha dispararem na frente. Ou será que não? O duelo promete ser renhido durante o ano todo.



EM BAIXA:

Equipe Williams: O tradicional time inglês está mostrando este ano que vai ter muitos altos e baixos durante a temporada. O carro exibe potencial para render bons resultados, e a dupla de pilotos de pilotos titulares sabe o que tem de fazer para alcançar bons resultados na pista. Mesmo assim, a escuderia vem enfrentando pequenos percalços em detalhes que acabam reduzindo as chances de se obterem melhores resultados. O modelo FW36 possui algumas deficiências que estão sendo devidamente trabalhadas pelo time, mas que deveria ser mais ágil na sua solução. Isso quando o azar das circunstâncias do momento não jogam a estratégia do time no lixo, como aconteceu com o Safety Car no Bahrein, impossibilitando-os de aproveitarem melhor sua tática de pneus. E enquanto isso, os mecânicos conseguiram arruinar a corrida de Felipe Massa na China, ao inverterem as posições dos pneus traseiros, com isso fazendo o brasileiro perder um tempo precioso no box que não foi possível recuperar na pista. O time está pontuando bem, mas ao mesmo tempo continua no meio do "bolo" na tabela do mundial de construtores, ocupando o 6° lugar, superando apenas a Toro Rosso, Sauber,  Lotus, e as nanicas Marussia e Caterham.

Red Bull: O time sensação da F-1 já teve ares muito mais arejados e descontraídos. O sucesso parece ter feito mal à escuderia, que já aderiu aos "vícios" exibidos pelos outros times de ponta da categoria. Se na pista o time vem recuperando seu ritmo, a ponto de já ser a melhor escuderia do "resto", fora da pista o clima anda exaltado, com críticas à Renault, às novas regras técnicas, e principalmente à perda do recurso contra a desclassificação de Daniel Ricciardo na Austrália por irregularidades no fluxômetro de combustível. Integrantes do time ainda trocaram farpas bem agressivas contra a Mercedes, que inicialmente clamava por uma punição mais dura ao time no caso do fluxômetro. É, Red Bull, que diferença de alguns anos atrás, quando o time era o mais "cuca fresca" de todo o paddock, e mostrava uma desenvoltura e carisma que conquistava a todos. Tinha até um jornalzinho próprio, com matérias legais e umas tiradas fora de série que todo mundo adorava ler, algo que não existe mais hoje, assim como o bom humor que existia por lá em abundância...

Stefano Domenicali: Com a falta de performance do F14T, não seria surpresa nenhuma a Ferrari entrar em crise novamente, e desta vez Luca de Montezemolo começou a tirar satisfações antes do que todos esperavam. E o primeiro a pagar o pato foi Stefano Domenicali, que para muitos já deveria ter sido demitido a tempos, tamanha a quantidade de erros cometidos pela escuderia rossa nos últimos anos. Nem os 23 anos de carreira no time italiano pareceram significar alguma coisa para Montezemolo, que o despediu sumariamente, em que pese a versão oficial de que o italiano "pediu" demissão. Apesar de muitos dizerem que Montezemolo também deveria ir para a rua pelas derrapadas que o time deu nos últimos campeonatos, foi mais fácil demitir Domenicali. É como no futebol, onde se o time vai mal, o técnico é o primeiro a ser mandado embora. Infelizmente, Stefano nunca teve a capacidade administrativa e estratégica de Jean Todt e de Ross Braw, e sua gestão mais "aberta" e flexível em um ambiente onde impera a prepotência e arrogância na cobrança de resultados para ontem a todo instante acabaram sendo fatais para sua permanência no cargo de chefe esportivo da Ferrari, justamente o time mais enrolado quando o assunto é política na F-1.

Equipe McLaren: O time de Woking pretendia deixar a péssima temporada de 2013 para trás, e na etapa da Austrália, até deu motivos para acreditarmos que os dias ruins ficariam mesmo para trás. Mas dali em diante a escuderia só foi decaindo nos resultados, a ponto de ficar praticamente sem conseguir pontuar nas últimas duas corridas: no Bahrein, foi por quebra nos dois carros; na China, por simplesmente não conseguirem chegar dentro da zona de pontuação. Em algum canto escondido, Martin Withmarsh deve estar dando algumas risadas, depois de ter sido destituído do comando do time de F-1 por Ron Dennis, numa clara indicação de ser ele o culpado pela decadência do time observada em 2013. Pelo visto, o buraco é mais embaixo, e como desgraça pouca é bobagem, até o presente momento o time inglês segue praticamente sem patrocinadores fixos nos carros, um indício extremamente ruim para um time de sucesso histórico como o da McLaren.

Equipe Audi na estréia do Mundial 2014 de Endurance: No seu 3° campeonato de disputa, a Endurance acalentava a expectativa de um duelo tríplice entre as grandes escuderias de fábrica na categoria LMP1, Audi, Toyota, e a Porshe. Mas, na etapa inaugural do certame, em Silverstone, quem deu as cartas foi a Toyota. o time japonês conseguiu surpreender a favorita Audi já na classificação, ao roubar a pole-position do time das quatro argolas. Nada para preocupar a Audi, mas no domingo, debaixo de chuva, eis que a escuderia campeã dos primeiros 2 campeonatos amargou ver seus dois carros ficarem pelo caminho, e ver uma dobradinha dos rivais nipônicos, que festejaram como nunca a vitória, e já saem na dianteira do campeonato. Foi o pior momento da Audi na Endurance desde praticamente a criação do campeonato, em 2012. O jeito é esperar melhor sorte na próxima etapa, e se certificar de que os rivais não tenham encomendado nenhuma dança da chuva, o que pode ser meio complicado, quando se sabe que Spa-Francorchamps, local da próxima corrida do WEC, é conhecido pelo seu clima instável durante as corridas de carros. Os times da F-1 que o digam...

 


sexta-feira, 25 de abril de 2014

JÁ TEMOS O CAMPEÃO DE 2014?


Lewis Hamilton vem deixando todo mundo para trás nas últimas corridas, inclusive o parceiro de equipe Nico Rosberg. Será que o alemão consegue brecar a escalada do inglês rumo ao bi? Não é impossível, mas está parecendo cada vez mais difícil...

            O Grande Prêmio da China não foi tão divertido e emocionante quanto a corrida do Bahrein, mas serviu para vermos algumas coisas interessantes. A primeira delas, para citar o óbvio, é em qual momento Lewis Hamilton poderá comemorar o bicampeonato. Sim, depois de 3 vitórias consecutivas, o inglês é o favorito mesmo para o título deste ano na F-1. Caberá a Nico Rosberg quebrar esta escrita, mas sua tarefa não vai ser nada fácil.
            Nico pode ser um talento subestimado e tudo o mais, porém, se quiser mesmo ser campeão, vai precisar dar tudo e mais um pouco para bater seu companheiro de equipe. Por enquanto, ele ainda lidera o campeonato, mas Hamilton vem chegando bem rápido. E o alemão pode bater o inglês na pista efetivamente? Pode, mas vai precisar que os fatores se alinhem para favorê-lo: em uma disputa direta, sem que nenhum deles enfrente problema algum, Hamilton já mostrou que tem braço e determinação para permanecer na frente, como vimos no Bahrein, onde defendeu-se de forma espetacular contra um Rosberg muito mais eficiente com os pneus de que dispunha, e que mesmo assim não conseguiu vencer.
            Não é querer desmerecer Nico, mas pelo que vimos até agora na pista este ano, o alemão só esteve mesmo à altura de bater Hamilton no Bahrein mesmo. Na Austrália, uma vez que Lewis abandonou logo no começo, não dá para fazer uma avaliação precisa de como ele se sairia se tivesse que duelar roda a roda pela vitória com o companheiro de equipe. E, se na Malásia ele creditou a diferença de performance ao modo como fez o ajuste de seu carro - o que não soa de todo inverídico, por outro lado, na China, a largada complicada atrás das duas Red Bull e o toque com Valtteri Bottas tornaram a prova de Rosberg uma corrida de recuperação, com o alemão tendo de se livrar dos concorrentes enquanto Hamilton simplesmente corria solto. Uma vez em 2° lugar, a diferença para o companheiro de equipe já era grande, e mesmo que tentasse uma reação, era nítido ver que Hamilton tinha reservas para responder conforme a necessidade.
            Hamilton, por sua vez, está aproveitando o momento, e acelerando o que pode. Enquanto mantiver a cabeça no lugar, e seu carro corresponder como vem fazendo, bater o inglês será tarefa duríssima. Lewis é considerado o piloto mais rápido da F-1 atual, em se tratando da velocidade que consegue arrancar de seu bólido, e o estilo de condução mais arisco dos carros atuais parece ter casado com seu estilo arrojado de pilotagem. Rosberg, que já tem um estilo mais neutro, parece estar sofrendo mais para tirar a mesma velocidade do modelo W05, pelo menos com a mesma constância do inglês.
            E a concorrência? Por enquanto, ela não consegue se manter estável. Na Austrália, a Red Bull surpreendeu com a performance de Daniel Ricciardo, e de fato, o australiano tem se mostrado tremendamente rápido, e ajudando a equipe dos energéticos a se recuperar na competição. Mas o modelo RB10, em que pese parecer enfim demonstrar suas qualidades após o time dar duro nestas primeiras etapas, ainda tem um déficit de performance a ser superado apenas quando a Renault conseguir dar mais desenvolvimento a sua unidade de potência, algo um pouco difícil de fazer a curto prazo com o congelamento de desenvolvimento imposto pelo regulamento, que permite poucas mudanças. Mas a unidade francesa ainda tem espaço para melhorar, e a montadora trabalha com afinco para conseguir isso. O problema é que, enquanto isso, o time alemão dispara no campeonato com seus pilotos, tornando a reação tardia apenas um campeonato para ver quem será o melhor do "resto" do grid.
            E, neste "resto" dos times, as escuderias têm apresentado performances variáveis. Se a Red Bull até o momento tem sido mais constante em se apresentar como "segunda força", dependendo das corridas, outras equipes tem brilhado momentaneamente. Na Austrália, a McLaren subiu ao pódio, e dava a entender que o ano tenebroso de 2013 havia ficado para trás. Mas, dali em diante, o time foi despencando, a ponto de em Shangai nem ter conseguido pontuar. Depois de brilhar na pré-temporada e se credenciar até a voltar a ser um time de ponta, a Williams confirma parte do potencial exibido nos testes, mas uma série de empecilhos e azares momentâneos têm impedido a escuderia de aproveitar totalmente o que pode render. No Albert Park, Felipe Massa deu adeus cedo à corrida, abalroado por Kamui Kobayashi, e Valtteri Bottas acertou o muro de leve, precisando de uma parada extra no box e tendo de fazer uma corrida de recuperação. Na Malásia, más posições de largada obrigaram ambos os pilotos a corridas de recuperação; no Bahrein, o Safety Car veio na hora errada para validar a estratégia de uma parada a mais; enquanto na China, um pit stop desastroso arruinou a corrida de Massa.
            Na Bahrein, quem mostrou força no pelotão do "resto" foi a Force India, que subiu ao pódio e até assumiu a 2ª colocação no mundial de construtores. O time parece ter regularidade para pontuar, mas é difícil apontar o seu real potencial. Da mesma maneira, a Ferrari ainda é uma incógnita este ano. Fernando Alonso fez uma grande corrida na China, conseguindo um pódio que salva o time de afundar ainda mais na crise, que precipitou a demissão de Stefano Domenicali na semana passada, mas que ninguém se iluda: o F14T ainda é um carro abaixo da média para um time de ponta, e a menos que o corpo técnico de Maranello faça milagres, o time não tem muito o que aspirar nesta temporada.
            No restante do grid, não dá para esperar nada demais além de brilhos ocasionais, pelo menos em se tratando de disputa pelas primeiras posições. E enquanto os times com maiores recursos não acertarem seus carros ou as circunstâncias de fazer uma corrida perfeita para seus pontos fortes, a Mercedes vai se distanciando. No mundial de construtores, a equipe sediada em Brackley já tem 154 pontos, enquanto a Red Bull, 2ª colocada, apenas 57. O que impressiona é quanto os times estão equilibrados na pontuação, ignorando-se as flechas prateadas de Stuttgart: Red Bull em 2° com 57 pontos; Force India em 3° com 54; Ferrari em 4° com 52; McLaren em 5° com 43; e Williams em 6° com 36 pontos. Da mesma forma, do 3° ao 8° lugar no campeonato, temos 6 pilotos separados por 18 pontos, o equivalente a um 2° lugar: Fernando Alonso (41), Nico Hulkenberg (36), Sebastian Vettel (33), Valtteri Bottas e Daniel Ricciardo (24), e Jenson Button (23).
            Podemos ver que está havendo uma boa competição na F-1 este ano, se ignorarmos a supremacia da Mercedes. Uma supremacia que deve demorar a ser desafiada de fato. Por mais que os times da Red Bull, Ferrari, e talvez Williams e Force India, evoluam seus carros, a escuderia de Hamilton e Rosberg também não está parada, projetando modificações e evoluções para aplicar no seu bom modelo. Daqui a duas semanas, no início da fase européia da competição, é previsto um grande rol de novidades em todos os carros do grid, com trabalhos desenvolvidos com os dados acumulados nestas primeiras corridas do campeonato. Com a dianteira que possui, a Mercedes tem mais tranquilidade para trabalhar, enquanto as demais estarão sob pressão para tentarem não passar o ano em branco.
            A rigor mesmo, a maior ameaça à Mercedes vem de seus próprios pilotos. Lewis Hamilton e Nico Rosberg até agora só duelaram roda a roda em uma única corrida, e apesar do panorama amistoso entre ambos, o clima andou esquentando um pouco nos bastidores da prova de Sakhir. Ainda estamos no início da competição, e é prematuro afirmar que Hamilton já ganhou o campeonato. Tudo pode mudar durante o ano, mas numa expectativa teórica, Hamilton leva vantagem sobre Nico Rosberg, o que não quer dizer que o alemão vai ficar sobrando novamente. Nico tem condições de surpreender e assumir as rédeas da disputa. Por enquanto, sua regularidade vai lhe garantindo a liderança do campeonato, mas vai precisar mostrar mais do que já demonstrou até agora se quiser brecar a escalada de Lewis, que se repetir a dose em Barcelona, assumirá efetivamente a liderança do mundial.
            Em 1988, o arrojo e determinação ímpar de Ayrton Senna, que foi campeão em cima de Alain Prost, provocaram certo abalo na imagem do bicampeão francês. Conhecido por ser um piloto mais cerebral do que arrojado, muitos diziam que o "Professor", como era chamado por raramente errar, agora precisava voltar a ser aluno e aprender a ser "arrojado". Mas Prost deu o troco, ainda que de forma questionável na decisão em Suzuka, na pista em 1989, mantendo-se veloz e até surpreendendo Senna algumas vezes, por mais que o brasileiro sempre se mostrasse mais rápido na pista.
            Portanto, se Hamilton agora parece imbatível, mesmo frente ao companheiro de equipe, seria um erro menosprezar Nico Rosberg. O problema é que fica a dúvida se o filho de Keke pode realmente efetuar uma reviravolta nas expectativas da disputa, que por enquanto dão o inglês como favorito destacado, até mesmo dentro da Mercedes. Se não houver nada que quebre a concentração de Hamilton, como seu namoro novamente entrar em crise, tudo parece ficar mesmo difícil para Nico finalmente desencalhar como piloto de ponta na F-1. E Lewis, por sua vez, parece estar mais maduro e confiante depois que saiu da McLaren e assumiu o desafio de vencer pelo time alemão. Tudo de fato parece conspirar a favor de presenciarmos o bicampeonato do inglês no fim do ano.
            Mas, nada impede que tenhamos alguma surpresa, e tenhamos outro resultado. Seja qual for o piloto da Mercedes a ser campeão - isso sim, parece certo, que a disputa seja na pista e de forma limpa e direta, sem os favoritismos que existiram nos times da categoria nos últimos anos. Que a Mercedes permita uma briga direta e franca entre seus pilotos. É o mínimo que os fãs merecem em um ano que promete ser dominado pelas flechas de prata. Esse, aliás, é o maior perigo que ronda a escuderia prateada. Se a concorrência conseguir se aproximar, Toto Wolf já admitiu que o time pode rever sua política de deixar a briga na pista correr solta, como forma de garantir a conquista do título. Resta saber se os pilotos vão aceitar isso passivamente. Por enquanto, o relacionamento da dupla se mantém calmo e sem atritos, mas as disputas na pista já começam a deixar evidentes alguns sinais de acirramento dos ânimos, que até agora não atingiram níveis que preocupem, mas que sinalizam que mais à frente a situação pode exigir ser trabalhada com mais afinco, a fim de se evitar desgastes que possam ser evitados.
            Um clima de guerra interno é tudo o que a Mercedes não precisa neste momento...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

RINDO COM A F-1



            Além de ser a categoria máxima do automobilismo mundial, a Fórmula 1 é conhecida por ser uma categoria sisuda e carrancuda, séria ao extremo, com um clima pesado que um dia já foi bem mais tranquilo e menos tenso do que é atualmente, com raras exceções. E já que a categoria parece por vezes não saber relaxar e rir um pouco, cabe aos fãs internautas inventarem algumas boas tirações de sarro com algumas imagens bem montadas que se pode encontrar na rede mundial de computadores.
            Tentando descontrair e mostrar um pouco destas inspiradas "fotos" e montagens que vejo pela net, trago aqui alguns exemplos de como se pode rir um pouco da F-1 e dar algumas risadas. Se a categoria não sabe rir de si mesma, definitivamente não sabe o que está perdendo. Curtam agora as tiradas bem-humoradas:


Vocês certamente já ouviram falar do filme "Rush", que retrata a temporada de 1976, com o duelo entre James Hunt e Niki Lauda. E que tal o duelo entre Kimmi Raikkonem e Fernando Alonso dentro da Ferrari? Esperado como o pega mais explosivo do ano pelo fato de ambos dividirem a equipe Ferrari, e com o fato de que cada um deles gosta de cantar de galo único em seus terreiros, todo mundo esperava que o time italiano "pegasse fogo" este ano. Infelizmente, até o momento a falta de competitividade minou este duelo, e na luta para carregar o carro além do que ele permite dar, Alonso vem se dando melhor do que o parceiro finlandês. Mas claro que, antes da temporada começar, todo mundo esperava um duelo renhido dentro do time. E o "cartaz" do duelo até que ficou legal...

Não é segredo para ninguém que o heptacampeão de motociclismo Valentino Rossi já foi bem cortejado por Bernie Ecclestone, que adoraria ver o italiano guiando na F-1, dado o seu carisma e talento. Rossi chegou a testar o carro da Ferrari algumas vezes, para ver se ficava empolgado com as 4 rodas a fim de largar as 2 rodas, mas a paixão acabou não se consumando. Talvez porque o italiano insistisse em correr com a Ferrari como nesta "foto" acima, mostrando que é difícil largar certos "hábitos"...

Alguém imagina o que aconteceria com o pessoal da F-1 se tivessem que dividir um ônibus? Pela montagem acima, sempre cabe mais um, mas os lugares nem sempre são os melhores...

Definitivamente, Pastor Maldonado deve ter um jeito esquisito de curtir certos jogos, mas depois dessa, um certo mexicano vai passar longe do próximo convite que receber do venezuelano para disputarem uma partidinha...

Maldonado, aliás, saiu brigado da Williams, achando que o carro do time inglês era uma barca furada a caminho do naufrágio. Graças a seus petrodólares, o venezuelano foi acolhido de mala e cuia na Lotus, um time que de fato estava naufragando, mas financeiramente. E, depois de ver que caiu em uma furada, certamente a imagem acima deve ilustrar muito bem seus sentimentos, ainda mais depois de ver seu ex-time andando tão bem este ano...

Pode parecer maldade a piada desta imagem, mas em seu retorno da aposentadoria, Michael Schumacher ganhou mais notoriedade por suas barbeiragens na pista do que por bons resultados durante as 3 temporadas que guiou para a Mercedes, daí o "sinal" colocado no piloto, para alertar quem estiver à sua volta. Fico imaginando o que fariam com Andrea de Cesaris, até hoje reconhecido como o maior "batedor" de carros da F-1...


Conhecido como "Homem de Gelo" por dar poucas demonstrações de emoção, Kimmi Raikkonem costuma ser um prato cheio para alguns piadistas. Eis aqui uma amostra do finlandês "estrelando" seu próximo "filme"...


Conhecido por dirigir a área comercial da F-1 com mão de ferro, Bernie Ecclestone sempre manifestou simpatia por ditadores, então, que tal fazê-lo o "astro" de um filme do gênero. Só não se surpreenda se todo o cinema estiver cheio de anúncios publicitários e precisar pagar um "extra" por uma área "VIP" dentro do cinema...


Todo mundo sempre vê imagens dos pilotos nos boxes dentro de seus carros olhando para seus monitores. Observando informações da telemetria, dados de pista e analisando compenetrados as informações? Pense duas vezes...

Acreditem, já fizeram piadas mais vergonhosas com Felipe Massa, mas como na hora de escrever esta matéria não consegui achar as imagens das danadas, vai essa mesma...

Eis aqui certamente o remédio mais indicado para tomar em um dia ruim, com resultados ainda piores, pela cara de Mark Webber. Dr. Helmut recomenda...


Convenhamos, quem nunca passou por isso na F-1...?

Sempre dizem que é bom ter confiança e determinação em suas convicções, e talvez isso explique algumas coisas nas imagens acima...


Baseado na capa do filme sobre Ayrton Senna, fizeram uma sobre Pastor Maldonado. Claro, os adjetivos não poderiam ser os mesmos a respeito do brasileiro...


Mas o venezuelano é presa "fácil" para os piadistas. A imagem acima não deixa dúvidas...
 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

FIM DA ERA DOMENICALI


Com um chefe como Luca de Montezemolo, Stefano Domenicali certamente não precisava de inimigos...

            E o sinal de mais uma crise na Ferrari, ainda antes do pífio desempenho obtido pela escuderia no GP do Bahrein, havia soado novamente no time italiano quando Luca de Montezemolo foi a Sakhir para desfilar novamente seu rol de críticas à "nova" F-1. Críticas que caíram em ouvidos surdos após a espetacular prova barenita, confirmando mesmo que o dirigente italiano estava de novo indignado pelo fato de a Ferrari não estar onde, na opinião dele, sempre deveria estar: na frente e ditando ritmo. A única coisa certa era de que mudanças seriam necessárias: pelo segundo ano consecutivo, a escuderia inicia o campeonato com um carro abaixo das expectativas. E as mudanças vieram: nesta semana, Stefano Domenicali, o chefe da escuderia de F-1, "pediu" demissão. Em seu lugar, assume, já neste fim de semana, na etapa chinesa, o italiano Marco Mattiacci.
            Falando em termos mais francos, Domenicali foi é demitido sim, e não "pediu" demissão. Foi uma maneira mais elegante de dizer que o italiano, com nada menos do que 23 anos dentro do time italiano, deixou o time, do que afirmar simplesmente que foi mandado embora. Luca de Montezemolo nos últimos tempos já vem enchendo o saco todo ano que a Ferrari não conquista o título, e a rigor, poderia muito bem também, na opinião de muitos, "pedir" demissão e pular fora da Ferrari. Além de tumultuar o ambiente, ele próprio não ajuda muito a resolver os problemas. Domenicali tem culpa pelos altos e baixos que o time rosso vem enfrentando nas últimas temporadas? Tem, mas não é o único culpado.
            Desde que assumiu o comando da escuderia, em 2008, sucedendo Jean Todt, Domenicali tentou dar uma gestão mais "humana" e menos sisuda à Ferrari. No primeiro ano, o time conquistou o campeonato de construtores, e perdeu o de pilotos para a McLaren por apenas 1 ponto. No ano seguinte, a escuderia não se achou direito no ano, e depois, resolveu mandar Kimmi Raikkonen embora e contratar Fernando Alonso. Turbulências à parte, os resultados não foram de todo ruins: o espanhol não foi campeão por pouco em 2010 e 2012, sendo que em 2011 pouco se podia fazer frente ao domínio da Red Bull, assim como no ano passado, quando Sebastian Vettel venceu as 9 últimas corridas do ano, deixando todo mundo comendo poeira.
            Em 2010, Alonso ficou a apenas 4 pontos de Vettel, que conquistou seu 1° título; em 2012, a diferença foi de apenas 3 pontos para o mesmo Vettel. E, se somarmos o vice-campeonato de Felipe Massa em 2008, apenas 1 ponto atrás de Lewis Hamilton, podemos dizer que a "Era Domenicali" teve um aproveitamento perto de 50% em termos de disputa de título, com 3 anos quase chegando lá, perdendo por pouco, enquanto em outros 3 anos o time ficou de fora da disputa. O problema é o "quase", que na opinião de muita gente, não conta. Ao invés de admitirem que deram o melhor, e ainda assim perderam, o resultado é tratado com desdém, como se o ano tivesse sido de perda total. Não é ser conformista com a derrota, porque ninguém ali corre para ser 2°, mas para ser campeão. E assim, nada além do título serve.
            Se por acaso tivesse conquistado os títulos de 2008, 2010 e 2012, certamente Domenicali não teria sido despedido, ou poderia ter sido mandado embora do mesmo jeito. A politicagem dentro da Ferrari é sua maior desgraça, e neste quesito, posso dizer que Luca de Montezemolo está sendo um sucessor à altura de Enzo Ferrari, que também coordenava o time com mão de ferro e só ajudava a conturbar o ambiente ao invés de ajudá-lo a ficar mais eficiente. Um exemplo é que a escuderia não conseguiu formar um grupo técnico coeso após a saída de Rory Byrne. Da mesma maneira, não conseguiu construir uma liderança firme e coesa para assumir depois que Jean Todt terminou sua gestão. Para muitos, a Ferrari voltou à sua situação vista nos anos 1980 e início dos anos 1990: muita politicagem, desconexão entre seus departamentos, e desperdício de recursos. Pior, o time ainda se dá ao luxo de mandar profissionais relevantes embora, ao calor do momento. Deve ter sido irritante para Montezemolo ver Aldo Costa no pódio em Sakhir, recebendo o troféu em nome da Mercedes. Costa foi um dos que foram rifados em Maranello há pouco tempo atrás, em razão das impaciências de Montezemolo em conquistar um título.
            E o que acontece agora? Marco Mattiacci não tem praticamente nenhuma experiência com a F-1, e ocupava a função de chefe de operações do grupo Ferrari na América do Norte. Tem sido bem eficiente na função, e talvez seja a qualidade que justifique sua indicação para o cargo de chefe do time de F-1: identificar as fraquezas do time, coordenar melhor os setores, e potencializar os profissionais em suas respectivas áreas. Ninguém discorda que o comando de Domenicali foi flexível demais, ou para dizer em termos mais ofensivos, fraco. Stefano praticamente não tinha pulso firme para agir em determinados momentos, e esta falta de controle firme certamente foi um dos motivos para sua demissão, em que pese o fator mais crucial ter sido mesmo a falta de títulos, único resultado que aplacaria a ira de Montezemolo. Não custa lembrar que, no início dos anos 1990, Cesare Fiorio, que dirigia a escuderia, também tinha pulso firme e sabia administrar muito bem as coisas. Mas a falta de um título pesou muito, e ele acabou mandado embora sem mais nem menos, muito a ver com o estilo "Ferrari" de conduzir sua política interna.
            Fica a pergunta sobre o que Mattiacci pode realizar. O modelo F14T ainda pode ser mais desenvolvido, a fim de permitir que seus pilotos tenham melhor performance, a exemplo do que aconteceu com o carro de 2012, que também teve um início catastrófico, mas foi sendo melhorado a ponto de Alonso quase conquistar o título daquele ano. Será difícil, mas não totalmente impossível, embora todos afirmem que o melhor mesmo é se voltar para 2015 e esquecer 2014 de vez. Mattiacci vai precisar de tempo para "organizar" as coisas na Ferrari e desenvolver maior eficiência na escuderia, e esse pode ser um fator complicador. Quando foi contratado para colocar a Ferrari em ordem e devolvê-la à luta pelo campeonato, Jean Todt levou nada menos do que 4 anos para realizar a façanha. O francês iniciou sua gestão em 1993, e aos poucos o time foi se reerguendo. Todt conseguiu impôr ordem e coordenação à escuderia, e ao fim de 1995, conseguiu trazer Michael Schumacher para liderar o time na pista, completando o processo em 1996 com a vinda do staff técnico que havia trabalhado com Michael na Benetton, entre eles Rory Byrne e Ross Brawn. E a partir de 1997, o time estava de fato de volta à luta pelo título.
            Será que o novo chefe do time vai ter este tempo todo? Com o ano de 2014 sendo considerado perdido, ele provavelmente terá a chance de analisar a escuderia a fundo, e provavelmente identificar as falhas e os setores que precisarão ser corrigidos e otimizados. Pode ser algo positivo, sem cobranças para já, uma vez que há realmente poucas chances de efetivamente alcançar a Mercedes. Mas, mesmo por isso, a cobrança por resultados já em 2015 será ainda mais forte, por ter passado a maior parte de 2014 organizando tudo para o próximo campeonato, e se o time enfrentar outro início de competição claudicante, Mattiacci poderá ver sua gestão ser interrompida abruptamente a qualquer momento.
            No momento, o único ponto positivo da Ferrari é ter a dupla de pilotos mais forte do grid. Mas isso também pode mudar: Fernando Alonso já não esconde a frustração de passar mais um ano na fila, e se no ano passado levou um cala-boca de Montezemolo por suas insinuações de ir para a concorrência, este ano o espanhol alimenta possibilidade de ir para a McLaren em 2015, e pode usar isso a seu favor para novamente criticar o time. O espanhol, aliás, tinha boas relações com Domenicali, e não escondeu que sua "demissão" não deve gerar melhoras a curto prazo como Montezemolo deseja. Podemos assistir a mais turbulências entre o asturiano e Luca, se o ambiente na escuderia não melhorar com resultados mais condignos. E Raikkonen, com seu estilo desligado e franco, também pode desanimar se as condições não melhorarem. E quando o finlandês desanima, os resultados e performances caem na mesma proporção, como o que o levou a ser dispensado em fins de 2009.
            Marco Mattiacci tem uma grande tarefa nas mãos. Se o deixarem trabalhar, e lhe derem tempo, e os recursos necessários para tanto, ele pode conseguir produzir os resultados que Montezemolo deseja tanto. Mas a impaciência de Luca joga contra, e certamente vai ser o seu pior adversário. Ou Montezemolo cala a boca e aprende a ter paciência, ou a escassez de títulos da Ferrari pode viver outra entressafra como a vista entre 1980 e 1999.