Os pilotos da temporada 2013 fazendo a tradicional foto de encerramento da competição. Agora é partir para 2014... |
E
acabou o campeonato. A bandeirada do Grande Prêmio do Brasil, domingo passado,
encerrou muita coisa na F-1. Alguns pilotos trocarão de time, alguns se
despedirão da categoria, queiram ou não - Mark Webber é o único que está fazendo
isso porque quer, e os motores V-8, utilizados pela categoria nos últimos 7
anos, e com desenvolvimento congelado desde então, entram para os anais da
história da categoria. Em 2014, muita coisa nova nos espera, e também, um
campeonato melhor, todos torcem, porque a segunda fase este ano foi um samba de
uma nota só - Sebastian Vettel contra todo mundo, e todo mundo perdendo feio,
desde a prova da Bélgica.
Quem
esperava uma corrida mais agitada teve de se contentar com os treinos livres e
de classificação debaixo de chuva, onde tivemos o tradicional enguiço dos times
e pilotos com as condições do circuito. Mas até esse agito que São Pedro
costuma proporcionar foi mais do que morno. Teve piloto que nem treinou em
tempo integral, e mesmo assim, quem esperava que a chuva ajudasse a embaralhar
o grid, Vettel foi lá e mostrou que nem São Pedro poderia segurar o novo
tetracampeão mundial da categoria e sua Red Bull imparável. O garoto marcou um
tempo que deixou todo mundo de queixo caído. Enrosco mais sério mesmo, apenas
de Sérgio Perez, que estampou seu último carro da McLaren na subida do lago ao
fim do Q2.
Na
corrida, com esperança de que São Pedro ajudasse a prova final da temporada a
ser mais imprevisível, eis que a hora da prova estava com asfalto seco, o que
já prenunciava que outro passeio de Vettel iria acontecer. E aconteceu mesmo, e
nem uma largada levemente falhada perturbou o alemãozinho, que recuperou-se
rapidamente e no fechamento da 1ª volta já estava de volta à liderança, de onde
praticamente não mais saiu, nem mesmo quando seu time se enrolou numa das
paradas de box, tendo que ir buscar o pneu para a troca. Pelo menos atrás o
clima era mais competitivo, com disputas de posição entre vários pilotos,
virtude de um circuito de verdade como só Interlagos é capaz de proporcionar,
seja com tempo seco ou com chuva. Mark Webber, em sua última prova, estava
combativo, mas não o suficiente para ameaçar seu companheiro de equipe.
Disputou posição principalmente com Fernando Alonso, e ambos acabaram em 2° e 3°,
com o espanhol voltando ao pódio depois de vários GPs ausente dele. Com o 2°
lugar, Webber fechou o campeonato em 3° lugar, superando Kimi Raikkonem,
ausente nas últimas duas provas.
Felipe
Massa fez uma despedida emocionada da Ferrari. Mas dentro da pista, cometeu um
erro de passar sobre a linha de entrada dos boxes além do permitido e tomou uma
punição até correta, menos para ele, claro, e com isso, a esperança de pelo
menos terminar com um bom resultado meio que se desvaneceu. Ridícula foi a
punição a Lewis Hamilton pelo toque que deu em Valtteri Bottas em
disputa de posição, que acarretou o abandono do finlandês da Williams com uma
roda solta, enquanto o piloto da Mercedes teve o pneu furado e penou para
chegar os boxes e efetuar a troca. Para mim foi incidente de corrida normal, e
não precisava de nenhum drive through, o que só confirma que hoje em dia na F-1
os pilotos não podem arriscar tudo o que poderiam.
Todos
os pilotos que estão lá são profissionais o bastante para não ficarem batendo
rodas uns com os outros sem necessidade. Toques são normais em disputas de
posição, mas do jeito que as coisas andam... Não é de admirar que os pilotos
por vezes pensem duas vezes antes de arriscar uma manobra de ultrapassagem.
Fico imaginando Andrea De Cesaris pilotando nos dias de hoje...só de multas e
punições ele provavelmente faliria seu time com seu festival de batidas. E a
adoção de uma "carteira de pontos" a partir de 2014 não me dá muitas
esperanças de pararem com as frescuras, muito pelo contrário...
No
fim, a chuva finalmente apareceu, mas tão tímida que não foi o suficiente para
alterar o panorama da prova, nem mesmo provocar trocas de pneu. Tirando Vettel,
que deu um passeio sem ter tanta vantagem como de costume, mostrou que andou
para o gasto, apertando o ritmo quando sentia a aproximação de alguém. Finda a
corrida, o campeão mostrou novamente seus zerinhos para a torcida na reta dos
boxes, que também foi imitado por Felipe Massa, encerrando oficialmente seus
dias como piloto da Ferrari, após mais de uma década sob contrato com o time de
Maranello. E Webber ainda emocionou todo mundo ao fazer sua volta de retorno
aos boxes sem o capacete e as luvas, pilotando de rosto para o vento,
apreciando seus últimos momentos ao volante de F-1. Completando o final do dia,
alguns times, entre eles a Red Bull, mandaram seus últimos motores V-8 pelos
ares acelerando eles ao limite nos boxes, encerrando um período de 25 anos de
motores aspirados na categoria máxima do automobilismo mundial.
Agora
é hora de recarregar as baterias. As escuderias embalaram todo o seu material
para, no dia seguinte, mandarem tudo de volta à Europa. Das equipes, alguns
pilotos foram embora domingo à noite mesmo. Alguns mecânicos acompanhariam os
equipamentos de volta às fábricas, enquanto outros iriam curtir mais alguns
dias por aqui mesmo, aproveitando o fato de estarem no Brasil, que não irá
fechar o campeonato de 2014, então curtirem nosso país por mais alguns dias
passou a ser programa quase obrigatório. Para o pessoal nas fábricas, o
trabalho continua firme e acelerado, agora com a construção dos novos carros da
próxima temporada, que já no dia 25 de janeiro, praticamente daqui a dois
meses, já entrarão na pista com os novos motores turbo V-6 iniciando a
preparação final do próximo campeonato.
Para
jornalistas do mundo inteiro que seguem a categoria, é hora de dar uma pausa e
relaxarem, depois de um ano extenso e cansativo. Toda essa turma também viaja e
corre um bocado, tendo às vezes de correr até mais do que os pilotos. falando de
forma figurada. Certo que hoje a tecnologia ajuda bastante em alguns momentos,
mas isso não significa que o trabalho seja menos cansativo. Tem seus momentos
onde se aproveita o fato de viajar tanto, mas na maior parte do tempo são
compromissos, prazos, pautas, etc.
Agora
é hora de aguardar pelo próximo ano, e torcer para que as mudanças nas regras e
nos motores propiciem uma boa remexida na ordem de forças do próximo
campeonato, e que venham tantas surpresas quantas forem possíveis. A F-1,
afinal, nunca pára...
Davide Valsecchi teria saído de Interlagos com um sorrisinho sádico
depois do fim da corrida, ao ver Heikki Kovalainem, em sua segunda corrida pelo
time, substituindo Kimi Raikkonem, ter saído sem pontos novamente, como
aconteceu na semana anterior, em Austin. Contrariado pelo time ter chamado alguém
de fora, e não utilizado seu reserva para correr, Valsecchi tinha toda razão de
chiar. No fim, apesar de ter andado bem nos treinos, Kovalainem acabou não
sendo de nenhuma ajuda ao time no mundial de construtores, e a escuderia ficou
mesmo em 4° lugar na classificação final, quando tinha sérias aspirações de
tentar pelo menos roubar o 3° lugar da Ferrari. Quem também saiu de Interlagos
com sensação ruim foi Romain Grossjean, que viu seu motor estourar logo no
início da corrida, após a subida da junção, e por alguns momentos, alguns
piadistas disseram que ele estava querendo competir com a chaminé de uma
indústria nas redondezas do circuito, que sempre lança uma espessa coluna de
fumaça...
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Juan Pablo Montoya fez esta semana, em Sebring, na Flórida, sua estréia
na equipe Penske, dando suas primeiras voltas com o chassi DW12 utilizado pelas
equipes da Indy Racing League. Foi mais um teste de adaptação para o
colombiano, que não guiava um monoposto de competição praticamente desde que
foi despedido da McLaren, em 2006. Foi o retorno de Montoya a um carro Indy,
que pilotou pela última vez em 2000, quando guiava pela Ganassi na Fórmula Indy.
Vai ser a estréia para valer do piloto no certame da IRL, na qual havia
disputado apenas uma única corrida, em 2000, a Indy500, da qual foi o vencedor. Mas,
mesmo para um primeiro treino, o colombiano já andou forte, quase encostando
nos tempos de Will Power. O australiano e o brasileiro Hélio Castro Neves que
se preparem, pois a manter essa toada, ainda apenas se readaptando, mostram que
seu novo companheiro de equipe vai ser um páreo tremendamente duro...