Já
estamos chegando ao fim do mês de junho, e como sempre, é hora de fazer um
balanço de alguns dos acontecimentos que agitaram o mundo do esporte a motor
nas últimas semanas, em mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA. EM ALTA
(caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor
vermelho-claro), e fiquem agora com as minhas avaliações deste mês. E no final
de julho, tem nova cotação. Até lá então, e boa leitura...
EM ALTA:
Equipe
Audi nas 24 Horas de Le Mans: Em 15 participações na principal corrida de longa
duração do mundo, a Audi conquistou este ano sua 12ª vitória na prova, e contou
com dois de seus carros no pódio da tradicional corrida disputada em Sarthe. O
terceiro carro da escuderia, após enfrentar problemas, ainda terminou em 5º
lugar. A Porshe ainda é a maior vencedora em Le Mans, com 16 triunfos, e no ano
que vem estará de volta oficialmente para contestar o domínio da rival alemã,
que diz estar pronta para encarar o desafio à sua supremacia. Para completar a
boa forma, a escuderia ainda está invicta no campeonato de endurance, com 3
vitórias no certame de 2013, e não dá indicação de que vá deixar de fazer a
concorrência comer poeira.
Tom
Kristensen: O piloto dinamarquês de 45 anos aumentou ainda mais seu currículo
de vitórias nas 24 Horas de Le Mans, ao obter seu 9º triunfo na etapa deste
ano, em 17 participações na prova, e inscrevendo seu nome cada vez mais em
definitivo na galeria dos grandes campeões do automobilismo. Mas Tom teve menos
motivos para comemorar este ano, devido à morte de seu compatriota Allan
Simonsen, que bateu logo no início da corrida, competindo pela Aston Martin, e
não resistiu aos ferimentos sofridos. E ele promete que em 2014 continuará
firme na luta por mais uma vitória, e quem sabe, obter seu 10º triunfo na
corrida francesa. E se depender da Audi, as probabilidades do dinamarquês
faturar mais uma vitória são grandes.
Equipe
Andretti: a escuderia de Michael Andretti continua tendo um excelente
campeonato este ano na Indy Racing League: O time já conseguiu nada menos do
que 5 vitórias na competição. James Hinchcliffe é o piloto que mais vitórias já
teve no ano, com 3 triunfos, obtidos em São Petesburgo, São Paulo, e Iowa,
enquanto Ryan Hunter-Reay, o atual campeão, venceu no Alabama e em Milawukee. A
escuderia ocupa as 2º, 3º, e 4º colocações no campeonato, respectivamente com
Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, e James Hinchcliffe, na perseguição ao líder Hélio
Castro Neves, da Penske, único piloto que tem conseguido manter a constância no
certame e desafiar o poderio da escuderia. Quem destoa no time é o venezuelano
Ernesto Viso, que ocupa apenas a 11ª posição no campeonato, sem conseguir
exibir a mesma performance dos demais companheiros de equipe. O time é o
principal favorito na luta pelo título, enquanto os concorrentes se debatem com
desempenhos irregulares em sua maior parte do tempo.
Hélio
Castro Neves: o brasileiro da equipe Penske vem fazendo um campeonato com muita
constância de resultados, e lidera a competição, apesar do forte assédio dos
rivais, principalmente da equipe Andretti. O brasileiro, contudo, precisa
melhorar a qualidade de sua performance, tendo até agora apenas 1 vitória e uma
pole-position como resultados de monta. O ponto positivo é que Hélio está
deixando o companheiro de equipe Will Power para trás no atual campeonato, como
nunca conseguiu fazer nos últimos 3 anos. Mas apesar da boa fase no campeonato,
o brasileiro não pode abaixar a guarda, e precisa manter o foco no restante do
campeonato, que ainda está praticamente na metade. E com o equilíbrio de
performance apresentado pelos rivais mais próximos, um passo em falso pode ser
fatal para suas aspirações ao título. É também um momento decisivo para
Helinho, que desde que chegou à Penske já viu dois companheiros de equipe serem
campeões: Gil de Ferran, bicampeão da F-Indy em 2000 e 2001; e Sam Hornish Jr.,
campeão da Indy Racing League em 2006.
Sebastian
Vettel: O atual tricampeão mundial de F-1 vem fazendo um campeonato combinando
garra com constância. Com 3 vitórias no atual campeonato, Vettel tem procurado
se manter longe de encrencas e sempre terminar entre os primeiros colocados,
não tendo terminando nenhuma prova no ano fora dos 4 primeiros lugares. No
Canadá, andou sempre no ataque, partindo da pole-position e distanciando-se dos
adversários para controlar a corrida como melhor lhe conviesse, mostrando uma
grande domínio. E começa a se tornar o principal favorito para o título da
temporada, o que seria seu 4º campeonato consecutivo, igualando os feitos de
Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. E começa a assustar os concorrentes,
já tendo aberto 36 pontos de vantagem para seu perseguidor mais próximo, o
espanhol Fernando Alonso, que pode começar a se preparar para a hipótese de
aguardar mais um ano na fila para tentar o seu tricampeonato. Mas o atual
campeonato ainda está em aberto, com a possibilidade de tudo mudar na relação
de forças. Mesmo assim, a vantagem de Sebastian já lhe permitiria administrar
parte dos resultados na hipótese da concorrência se aproximar, ou até
ultrapassar seu time, por um bom número de corridas.
NA MESMA:
Toyota
no Mundial de Endurance: o time japonês continua lutando para tentar destronar
a Audi nas provas de longa duração, mas a parada está difícil. Em Le Mans, onde
o time nipônico estreou no ano passado, causando até um furor pela ofensiva
contra o domínio dos carros alemães, o time esperava poder desafiar abertamente
a rival germânica, mas teve de se contentar com o 2º lugar no pódio, com
praticamente 1 volta de desvantagem para o carro vencedor. Para piorar, o outro
carro do time ainda bateu na parte final da prova, e numa demonstração de
determinação e esportividade, foi consertado e retomou a corrida, terminando
ainda na 4ª posição. A Audi pode estar na dianteira, e contando com um carro
mais competitivo, mas os japoneses estão firmes em continuar na caça aos
bólidos da rival, e uma hora, esta perseverança deverá dar frutos. Mas, no
momento, os carros japoneses estão um pouco atrás, e a Audi não pretende dormir
sobre seus louros, permitindo uma reação da concorrente nipônica, como
aconteceu no campeonato do ano passado, quando a Toyota assumiu a dianteira nas
provas finais da competição, mesmo que não tenha podido tirar o título da
rival.
Valentino
Rossi: O “Doutor” retornou ao time onde foi campeão pela última vez, mas parece
que não consegue demonstrar mais a mesma garra de antes. Enquanto seu
companheiro, o bicampeão Jorge Lorenzo vai à luta e disputa ferozmente a
liderança da competição com seu conterrâneo Dani Pedrosa, Rossi até agora não
conseguiu sequer retornar ao pódio, onde começou com um belo 2º lugar na prova
de abertura da temporada. O resultado é que, com 6 etapas disputadas até agora,
Valentino tem apenas 60 pontos, pouco mais da metade de Lorenzo, vice-líder do
certame, com 116, e que já contabiliza 3 vitórias na temporada. Ainda há tempo
para reagir e reabilitar sua imagem, mas pelo visto, a reputação de Rossi como
grande campeão que só não venceu na Ducati por falta de equipamento, vai ficar
em dúvida.
Felipe
Nasr: O piloto brasileiro tem sido um dos destaques do campeonato da GP2 nesta
temporada, e sua ida para a F-1 é mais do que esperada para o próximo ano, mas
Nars diz que essa será uma ponte a ser cruzada no momento certo. E tem razão:
neste momento, sua disputa é pelo título da GP2, que certamente aumentaria seu
prestígio e cacife para negociar com os times da categoria máxima do
automobilismo. Mas Felipe está vendo que Stefano Coletti, com que disputa o
título, está sendo um páreo duro. O monegasco lidera a competição, com 118
pontos, contra 96 do brasileiro. Felipe tem sido inteligente e procura manter
constância nos resultados para ficar firme na luta pelo título, mas vai ter de
suar o macacão para descontar a vantagem aberta pelo rival na classificação.
Ainda tem 7 etapas em rodadas duplas até o fim do certame, mas Nasr tem de
evitar perder contato com Coletti. A disputa promete ficar entre os dois
pilotos, até porque os demais competidores estão bem pra trás, com o 3º
colocado, o inglês Sam Bird, tendo apenas 58 pontos até o momento.
Equipe
Chip Ganassi: O time do velho Chip Ganassi parece que ainda não conseguiu se
entender com o novo chassi DW12 da Dallara, adotado a partir do ano passado
como carro padrão do campeonato da Indy Racing League. Se no ano passado a
escuderia ainda conseguiu 3 vitórias, uma delas na Indy500, este ano a situação
não parece muito mais promissora. E o panorama de 2012 parece estar se repetindo
no atual campeonato: enquanto o neozelandês Scott Dixon está conseguindo alguns
resultados mais razoáveis, embora não tenha vencido nenhuma prova e acumule
apenas 1 pódio até o momento, Dario Franchiti está ainda pior. Desde 1995,
quando disputava a F-Indy, a Ganassi não sabe o que é passar um ano sem vencer,
seja na antiga F-Indy, seja na Indy Racing League. Será que vai conseguir
reagir? Enquanto isso, os principais concorrentes vão deixando o time de Chip
comendo poeira no campeonato...
Equipe
Mercedes: o time alemão sediado em Brackley, na Inglaterra, acabou sendo levado
ao banco dos réus do Tribunal Internacional da FIA, por violação do regulamento
ao efetuar o teste secreto para a Pirelli no mês de maio, quando testaram com o
modelo atual e os pilotos titulares. No fim, o time recebeu uma reprimenda, e
uma pena que não fará diferença alguma à escuderia, que é ficar de fora dos 3
dias de testes que haverá depois do GP da Inglaterra, na pista de Silverstone,
dedicado aos pilotos novatos. Entre treinar com novatos e com os pilotos
titulares, não há dúvida de que a Mercedes não vai se lamentar ficar fora dos
testes dos novatos, tendo aceitado a “punição” com muito boa vontade. Na
prática, o time saiu ileso da enrascada, promovia em boa parte pela FIA quando
deu autorização para o teste, quando foi consultada, e que saiu como a
verdadeira perdedora do episódio, por dar o dito pelo não dito, ao mudar de
idéia depois do consumado. O time alemão de fato conseguiu promover algumas
melhorias no modelo W04, mas ainda precisa evoluir para desafiar abertamente os
carros da Red Bull e Ferrari em igualdade de condições, e sem depender do tipo
de circuito, ou interpéries.
EM BAIXA:
Federação
Internacional de Automobilismo: a FIA meteu os pés pelas mãos ao querer levar a
equipe Mercedes ao Tribunal Independente, alegando quebra das regras pelo teste
de pneus com a Pirelli que a própria entidade autorizou no início de maio. O
julgamento do tribunal, que foi considerado brando por concorrentes que
reclamam de não terem tido a mesma oportunidade, só evidencia que a entidade
que comanda o esporte a motor simplesmente deu um tiro em sua própria
credibilidade, ao autorizar o teste, e depois mudar de idéia, quando não
poderia fazê-lo. A punição foi coerente pelo fato de que, se a entidade
autorizou o teste, não tinha justificativa que querer aplicar uma punição firme
à escuderia alemã. O problema agora é os outros times reivindicarem o direito
de testar e a FIA, querendo botar ordem na casa, proibir. Durma-se com um barulho
desses...
Dario
Franchiti: o tetracampeão escocês, maior vencedor da Indy Racing League em
número de títulos, vem fazendo seu pior campeonato de que há memória. O piloto
da equipe Chip Ganassi vem tendo um ano pior do que se imaginava. Dario ocupa
apenas a 12ª posição na competição, e vem perdendo a briga para o companheiro
Scott Dixon, que mesmo fazendo um campeonato fraco, já conseguiu pelo menos um
pódio, e é o 7º colocado na tabela. Dario teve o azar de abandonar as duas
primeiras corridas, e mesmo depois disso, seus resultados não melhoraram muita
coisa: sua melhor prova foi em Long Beach, onde terminou em 4º lugar. Depois
disso, conseguiu um 6º lugar na primeira prova de Detroit. Nas outras provas,
os resultados foram ainda piores. Para alguém que contabiliza 4 títulos na
categoria, já começam a se perguntar se Dario perdeu a motivação, ou se está
começando a decair. Qualquer que seja o motivo, não é nada bom para Franchiti,
que vai passar mais um ano sem disputar o título, e talvez, ficar até sem vencer,
no ritmo em que a coisa vai.
Equipe
Williams: o terceiro time mais antigo da F-1, perdendo apenas para Ferrari e
McLaren (e descontando-se a atual Lotus, que não é o time original de Colin
Chapman) continua seu calvário em 2013. O treino embaralhado pela chuva no
Canadá permitiu um brilho momentâneo de Valtteri Bottas, que largou em 3º
lugar, lembrando um pouco os bons dias da escuderia. Mas a corrida tratou de
colocar as coisas em seu devido lugar, e Bottas terminou num melancólico 14º
lugar, sem ritmo para se defender dos carros mais velozes, e mostrando como o
time vem se arrastando na pista neste ano. Na próxima corrida, na Inglaterra,
quando a escuderia planeja comemorar 600 corridas com atual denominação, o
clima da comemoração vai estar longe dos melhores dias que o time já teve
oportunidade de viver no passado. A escuderia não conseguiu pontuar no atual
campeonato, e do jeito que as coisas estão, mesmo com motor garantido para o
próximo ano, quando usará os novos Mercedes V-6 turbo, fica a dúvida se o time
terá patrocínio garantido para a próxima temporada. O mal ano de Maldonado pode
colocar em risco o patrocínio da PDVSA, ainda mais pelo atual momento de
turbulência do governo chavista na Venezuela, que pode dar novos rumos à verba
da petrolífera nacional.
Automobilismo
brasileiro: Se o automobilismo no Brasil já não tem mais a força e o vigor de
antes, acaba de surgir mais uma má notícia para quem curte corridas em nosso
país: o autódromo de Curitiba deverá ser fechado em breve, pois a propriedade
tem uma dívida pendente de débitos trabalhistas de seu dono original em uma
empresa da qual era sócio. Como a empresa que arrenda o autódromo não tem
recursos para adqurir a área, ela deve ir a leilão, e segundo dizem, seu futuro
destino já estaria traçado, virar loteamento de condomínios. Por se tratar de
um problema de propriedade privada, e não de órgão público, dificilmente se
achará alguém que resolva a situação, uma vez que o governo do estado do Paraná
não deve se meter no assunto. Infelizmente, como a Confederação Paranaense de
Automobilismo também parece não se mobilizar sobre o problema, em breve o país
perderá outro de seus autódromos, assim como aconteceu com Jacarepaguá,
engolido pelas picaretagens de políticos e especuladores imobiliários. A
desativação deve ocorrer até 2015.
Bernie
Ecclestone: O dirigente máximo da F-1 está enrolado com um processo de acusação
de corrupção e suborno na justiça alemã, e apesar de se dizer inocente, já
começa a afirmar que precisará encarar a realidade, caso acabe preso. O
processo deve ter uma decisão em breve, e pipocam hipóteses sobre o que pode
acontecer à F-1 se seu principal dirigente acabar atrás das grades. Se há quem
defenda Ecclestone pelo conjunto de sua obra, por outro lado, Bernie atrai a
ira dos fãs do esporte a motor com algumas de suas declarações sobre como tem
planos para a categoria, como nesta semana, ao afirmar que, em busca de
estabelecer GPs em “novos mercados”, entenda-se países que aceitem pagar as
taxas exorbitantes sobradas pela FOM, entidade que dirige os interesses
comerciais da F-1, e que é presidida por Ecclestone, pode tirar o circuito de
Monza do calendário da categoria. Sede do GP da Itália e uma das mais
tradicionais do mundo do automobilismo, muita gente já ficou irada com a
declaração, e embora muitos achem que o dirigente inglês está apenas blefando,
é bom lembrar que ele já tirou Spa-Francorchamps do calendário em tempos
recentes. Ou seja, pode não estar nada certo nesse sentido, mas não achem que
ele não teria coragem de rifar Monza do calendário se surgir uma proposta que
valha a pena...
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