quarta-feira, 19 de junho de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JULHO DE 1996 – 12.07.1996



            Em mais uma de minhas antigas colunas, trago hoje este texto do dia 12 de julho de 1996, escrito às vésperas da disputa do Grande Prêmio da Inglaterra daquele ano, e que tinha um clima muito especial para os ingleses, pela expectativa de vitória quase certa de seu piloto da casa, Damon Hill, que guiava para o time favorito disparado na época, a Williams. Lembrando dos tempos em que Nigel Mansell levava seus torcedores à loucura com suas performances na prova inglesa, Hill não despertava o mesmo fervor do “Leão”, mas nem por isso os torcedores ingleses estavam menos eufóricos naquele ano. Uma boa leitura, e em breve, tem mais textos antigos...


HILL NA CABEÇA?

            Disputa-se neste fim de semana o Grande Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1, e os ingleses estão loucos pela corrida de domingo, e o motivo não poderia ser outro: Damon Hill. Apaixonado como ele só pelo automobilismo, o torcedor inglês parece reviver este ano a histeria criada até há pouco tempo atrás em torno de seu grande ídolo dos anos 1980 e início dos de 1990, Nigel Mansell. E a razão é uma só: os ingleses estão doidos para ver o seu novo ídolo arrasar com a concorrência na pista de Silverstone, mesmo que, em termos de competitividade, o favoritismo esteja mais no equipamento do que no piloto.

            Nigel Mansell disputou neste circuito prova memoráveis e conseguiu vencer por 4 vezes, levando os torcedores ingleses à loucura. A última vitória de Mansell, em 92, provocou a invasão da pista pelos fanáticos torcedores, lembrando as tradicionais invasões de pista que ocorrem na Itália. Naquele ano, Mansell corria também pela Williams, utilizando também o motor Renault. Era um carro imbatível, tal como hoje. A corrida praticamente não teve disputa pela ponta: Mansell largou na pole e simplesmente desapareceu da vista de seus perseguidores. Todas as vitórias de Mansell no GP da Inglaterra foram com a Williams. Em 1986 e 1987, com motores Honda; e em 91 e 92, com motores Renault. Estas duas últimas vitórias foram até fáceis, já as de 86 e 87 foram uma verdadeira guerra para o piloto inglês vencer e o motivo se resumia a um nome: Nélson Piquet, que era companheiro de Mansell na equipe Williams naqueles anos. Foram dois embates titânicos, que Mansell venceu até com certa dose de sorte, pois seu trato no equipamento era tão bruto que seu carro poderia quebrar a qualquer momento. A luta de 86, disputada no circuito de Brands Hatch, foi demolidora: só Mansell e Piquet terminaram a prova na mesma volta...

            O clima de euforia agora se repete. Em menor escala, já que Damon Hill, todos concordam, não tem o mesmo carisma de Nigel Mansell, mas é o maior ídolo inglês na F-1 no momento, e então, para quem torcer, afinal? E a superioridade da Williams na pista faz prever que, se largar na frente, ninguém conseguirá pegar Hill na corrida. O próprio Damon, que aqui venceu em 94, está decidido a não dar chance aos adversários: é o Grande Prêmio de seu país, em sua terra natal. Quem não está gostando muito são os apostadores: a tradicional bolsa de apostas para o GP inglês está refletindo o favoritismo de Hill na temporada até aqui, a cotação de pagamento caiu muito. Se não houverem imprevistos, todos concordam que está no papo para Damon Hill faturar a prova.

            Este clima de euforia toda torna muita coisa difícil aqui neste circuito. A principal é conseguir chegar ao circuito: se o autódromo evoluiu muito nestas décadas em que recebeu a F-1, o mesmo não se pode dizer das estradas que dão acesso ao circuito: são estreitas e nada favoráveis às ultrapassagens. A torrente de fãs ingleses só piora as coisas, fazendo com que se leve horas para conseguir chegar ao autódromo. Só os pilotos mais cotados e os Vips do GP driblam o tráfego até a pista: vão de helicóptero, tornando Silverstone o aeroporto mais movimentado da Inglaterra no fim de semana de GP. Em 1992, no auge da “Mansellmania”, o caos nas estradas foi tamanho que, terminada a prova, tinha de se esperar horas até o trânsito desafogar as estradas. Haja paciência...

            Tirando esses pequenos inconvenientes, Silverstone, apesar de tudo, é um circuito sagrado do automobilismo mundial. Foi aqui que, no dia 13 de maio de 1950, teve início a F-1 como a conhecemos: neste dia foi disputado o primeiro Grande Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1, o primeiro da história. A pole foi de Giuseppe Farina, com um Alfa Romeo. Farina também venceu a corrida, e ao fim do campeonato, foi o primeiro campeão de F-1 da história.

            O circuito, montado em um antigo campo de aviação da Segunda Guerra Mundial, acompanhou a F-1 em toda a sua evolução. Assim como Monza é o templo italiano do automobilismo, Silverstone é o templo inglês das corridas. É aqui que o torcedor inglês sempre reverenciou os ídolos que produziu, começando por Stirling Moss, e chegando aos dias atuais com Damon Hill. Até 1990, era o circuito mais veloz do campeonato da F-1; para 1991 foi reformado, ganhando mais curvas e tendo sua velocidade média reduzida, mas ainda assim, continuando a ser uma das pistas mais velozes da categoria. Suas curvas características, como a Copse, a Stowe, e a bela Woodcote são suas marcas registradas, desafiando o ímpeto dos pilotos em seus bólidos. Silverstone vinha se revezando com Brands Hatch na realização do Grande Prêmio da Inglaterra até 1986. A partir de 87, o GP inglês passou a ser feito em definitivo em Silverstone. Desde então, só houve uma única corrida de F-1 em solo inglês que não foi feita nesta pista: o GP da Europa de 1993, disputando em Donnington Park.

            Nos últimos 10 anos, Nigel Mansell e Alain Prost foram os maiores vencedores deste GP. Mansell venceu em 86, 87, 91 e 92. Prost faturou as corridas de 89, 90 e 93. Ayrton Senna venceu apenas em 1988. Damon Hill ganhou em 94 e em 95 o triunfo coube a Johnny Herbert. Quem vence este ano? Todas as apostas estão centradas em Damon Hill. Hill na cabeça, então? Tudo indica que sim...





As atrações em Silverstone não se limitam à corrida. Após a prova terminar, as atenções se voltam para o paddock, no fim da tarde, quando a equipe Jordan promove seu “show” de rock, numa tremenda farra encabeçada pelo próprio Eddie Jordan. Eddie, com seu estilo todo irreverente, dá vazão aos seus talentos musicais com inúmeros “convidados ilustres” para abrilhantar o evento. Ano passado, o solo de guitarra de Damon Hill foi contagiante, assim como os embalos de Johnny Herbert, ainda embriagado com a primeira vitória de sua carreira, poucas horas antes. Todos até concordam que, em se tratando de guitarra, Hill é fera no instrumento. Se Michael Schumacher tivesse de disputar um solo com o inglês , levaria uma surra tremenda...





A F-Indy reúne-se neste fim de semana em Toronto. Em jogo, a liderança do campeonato mundial. Jimmy Vasser está apenas 3 pontos à frente de Al Unser Jr., e 10 na frente de Gil de Ferran, seus perseguidores mais diretos. Muitos apostam que, ao fim da corrida, Vasser já não mais será o líder do certame, dado o seu desempenho nas últimas provas. Para a corrida, o favoritismo pende para Michael Andretti, que venceu a corrida nos últimos dois anos...





Christian Fittipaldi, que também busca em Toronto aproximar-se dos líderes na luta pelo título da F-Indy, teve uma atividade bem interessante no início da semana: o piloto brasileiro conduziu, na última segunda-feira, pelas ruas de Orlando, na Flórida, a chama olímpica, que está sendo conduzida para Atlanta. Apesar do curto percurso que conduziu a tocha, Christian se disse muito honrado com a chance. A chama deve chegar a Atlanta no próximo dia 19, quando será feita a cerimônia de abertura da 100ª Olimpíada da Era Moderna...





Tal como na F-Indy, a Indy Lights também promete pegar fogo na disputa do campeonato de 1996. O canadense David Empringham, que vinha liderando com folga o campeonato, já começa a ser pressionado. A maior ameaça chama-se Guálter Salles, que se encontra 22 pontos atrás do líder do certame, mas vem se aproximando. Ainda é uma distância folgada, mas faltando apenas 4 etapas para encerrar o campeonato da Indy Lights, tudo ainda pode acontecer...

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