Voltando
com mais uma de minhas antigas colunas, esta aqui foi lançada em 5 de julho de
1996, e o assunto era a disputa pelo campeonato da F-Indy, onde Jimmy Vasser,
depois de um excelente início de campeonato, dava sinais de estar sentindo não
apenas a pressão da concorrência, como do próprio companheiro de equipe, um
piloto italiano que, apesar de ser novato no certame, já começava a se mostrar
mais à vontade e mostrar do que era capaz. Seu nome: Alessandro Zanardi. Fiquem
agora com o texto, e boa leitura, que em breve tem mais textos antigos por
aqui...
FOGO CERRADO
Jimmy
Vasser que se cuide! A sua caminhada rumo ao título da F-Indy de 1996, que até
algumas semanas atrás parecia tranqüila, complicou de vez após a bandeirada
final do Grande Prêmio de Cleveland, disputado no último domingo.
O
californiano da equipe Chip Ganassi ainda é o líder do campeonato, com 102
pontos, mas a concorrência está em seus calcanhares: Al Unser Jr. vem na
segunda posição, com 99 pontos; e Gil de Ferran, depois de sua espetacular vitória
na última etapa, tem 92 pontos e promete engrossar a briga. Até Christian
Fittipaldi, que vem mais atrás, com 78 pontos no campeonato até aqui, promete
reagir e entrar na luta pelo caneco.
Da
parte dos pilotos brasileiros, a ameaça que Gil e Christian faziam era de que,
nos circuitos mistos, eles começariam a reagir. O resultado das últimas etapas
mostra que o aviso não foi um blefe. Tanto Gil quanto Christian marcaram pontos
em todas as etapas, enquanto Vasser via a sua confortável vantagem virar poeira
etapa a etapa. Al Unser Jr. e Michael Andretti engrossaram a briga, pontuando
mais que o líder do campeonato.
Problema
de Vasser ou do carro? A resposta é óbvia: Vasser. O desempenho dos carros nas
últimas duas corridas foi excelente: Alessandro Zanardi, companheiro de equipe de
Jimmy Vasser na Chip Ganassi faturou a vitória em Portland e lutou até a última
curva em Cleveland com Gil de Ferran, demonstrando ter o melhor carro da
corrida em ambas as ocasiões. Vasser, entretanto, parece sentir a pressão dos
rivais se avolumando em suas costas e começa a perder o controle na pista. Em
Portland, rodou no piso molhado; em Cleveland, acabou se atrapalhando na
estratégia de box, e para completar, atropelou meia dúzia de cones de pista,
sendo que passou a levar metade deles junto no carro, forçando-o a uma parada
extra nos boxes. Não é exagero perguntar o que Vasser irá aprontar na próxima
etapa, em Toronto, mas a opinião é que o líder do campeonato irá perder a
liderança na etapa da metrópole canadense.
As
apostas estão centradas em Al Unser Jr.
Sua capacidade de partir para corridas de recuperação, seja qual for a posição
de largada no grid o fazem um adversário altamente perigoso. Suas atuações em
Portland e Cleveland provam isso: chegou em 4º lugar em ambas, largando lá de
trás. Já Gil de Ferran mostra outro trunfo em sua manga: o motor Honda, o que o
deixa mais equiparado ao nível de equipamento em relação à Ganassi. O único
trunfo técnico da escuderia de Chip são os pneus Firestone, ainda bem superiores
aos da Goodyear, usados pelo piloto brasileiro, mas isso pode ser contornado na
corrida, se utilizar a estratégia corretamente.
Foi
o que aconteceu em Cleveland, onde Gil conquistou uma vitória na raça, em cima
de Alessandro Zanardi. Além do braço, foi uma vitória obtida na estratégia de
corrida. Depois do azar em algumas corridas como a do Brasil, desta vez a
equipe de Jim Hall foi perfeita em todos os momentos da prova, permitindo a Gil
poupar o seu equipamento e atacar quando foi necessário. E andar forte, tendo
de poupar o carro ao mesmo tempo, não é para qualquer piloto. Quando assumiu a
liderança, nas voltas finais, o piloto brasileiro mostrou força para reagir ao
ataque total de Zanardi. Não fossem os retardatários, a coisa poderia até ser
mais fácil, pois com pista livre, os tempos do brasileiro e do italiano eram
muito próximos e uma aproximação e eventual ultrapassagem seria muito difícil.
As últimas voltas foram dramáticas, e Gil conquistou a melhor vitória de
sempre, mostrando todo o seu imenso talento.
Das
provas de agora em diante até o encerramento da temporada, a coisa tende a
ficar preta para Jimmy Vasser: com exceção das 500 Milhas de Michigan e da
prova de Road America, aquela a última em circuito oval e esta o mais longo
circuito misto do calendário, todas as demais etapas privilegiam mais um carro
bem acertado do que a potência do motor. As etapas em circuitos travados devem
dificultar as coisas para Vasser, enquanto seus perseguidores não vêem a hora
de chegar nestas pistas.
Mas,
para não dizer que desgraça pouca é bobagem, há outros pilotos que podem azarar
os planos de Vasser, dada a competitividade da F-Indy. Por azarar entenda-se
entrar na luta pelas vitórias nos circuitos que faltam. Candidatos não faltam:
Christian Fittipaldi, André Ribeiro, Greg Moore, Bobby Rahal, Al Unser Jr.,
Paul Tracy, etc...
O
tempo promete fechar nas próximas etapas. Que feche então, e que o melhor
vença, é claro!
Damon Hill segue em disparada para seu primeiro título mundial. Embora
o campeonato ainda esteja em aberto, ninguém duvida que o filho de Graham Hill
ganhará o título. O que se viu nas últimas etapas foi Hill dominando a corrida
e nem mesmo Jacques Villeneuve consegue dar luta contra o inglês. Michael
Schumacher, por sua vez, ficou a ver navios nas últimas etapas e já admite
estar fora de combate. Para as próximas etapas, a situação não é boa para os
rivais. A próxima parada, na Inglaterra, deve dar Hill. Além do favoritismo de
equipamento, por ser o seu GP caseiro, Damon não deve dar colher de chá para
ninguém. Depois vem a Alemanha, onde o piloto inglês deve arrasar Schumacher
perante sua torcida, segundo alguns comentam, por uma questão de honra. Será
que vai ser assim, tão previsível?
Quem apostava em um declínio da Renault, logo após o seu anúncio de se
retirar da F-1 ao fim de 97, deu com os burros n’ água: a fábrica francesa
conquistou as 4 primeiras posições em Magny-Cours, no GP de seu país...
Para quem gosta de detalhes interessantes: a Honda também conseguiu, em
uma corrida, conquistar os 4 primeiros lugares com carros equipados com seus
motores. A ocasião foi no Grande Prêmio da Inglaterra de 1987. Nigel Mansell
venceu a corrida, com Williams/Honda. Logo a seguir, veio Nélson Piquet
(Williams/Honda), Ayrton Senna (Lótus/Honda), e Satoru Nakajima (Lótus/Honda.
A torcida italiana vive um inferno astral: além da “Squadra Azurra” ter
perdido a Eurocopa, a Ferrari está desiludindo a cada corrida. O estouro do
motor da Ferrari de Michael Schumacher, na volta de apresentação do GP da França,
foi classificada pela imprensa italiana de “vergonhosa”. Sinceramente, um motor
estourar em plena volta de apresentação...Sem comentários...
O dia dos pilotos brasileiros na F-Indy, em Cleveland, não foi dos
melhores, à exceção de Gil de Ferran. Émerson Fittipaldi ficou novamente pelo
caminho, quando seu motor Mercedes engoliu uma pedra; André Ribeiro ficou sem
marchas e sem corrida, enquanto Raul Boesel descobre um defeito novo a cada
curva que seu carro faz. Maurício Gugelmim e Roberto Moreno, com carros
desequilibrados, ficaram fora da zona de pontuação. Christian Fittipaldi, por
sua vez, ainda salvou o 7º lugar, mantendo-se na luta pelo título.
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