quarta-feira, 12 de junho de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – JULHO DE 1996 – 05.07.1996



            Voltando com mais uma de minhas antigas colunas, esta aqui foi lançada em 5 de julho de 1996, e o assunto era a disputa pelo campeonato da F-Indy, onde Jimmy Vasser, depois de um excelente início de campeonato, dava sinais de estar sentindo não apenas a pressão da concorrência, como do próprio companheiro de equipe, um piloto italiano que, apesar de ser novato no certame, já começava a se mostrar mais à vontade e mostrar do que era capaz. Seu nome: Alessandro Zanardi. Fiquem agora com o texto, e boa leitura, que em breve tem mais textos antigos por aqui...


FOGO CERRADO

            Jimmy Vasser que se cuide! A sua caminhada rumo ao título da F-Indy de 1996, que até algumas semanas atrás parecia tranqüila, complicou de vez após a bandeirada final do Grande Prêmio de Cleveland, disputado no último domingo.

            O californiano da equipe Chip Ganassi ainda é o líder do campeonato, com 102 pontos, mas a concorrência está em seus calcanhares: Al Unser Jr. vem na segunda posição, com 99 pontos; e Gil de Ferran, depois de sua espetacular vitória na última etapa, tem 92 pontos e promete engrossar a briga. Até Christian Fittipaldi, que vem mais atrás, com 78 pontos no campeonato até aqui, promete reagir e entrar na luta pelo caneco.

            Da parte dos pilotos brasileiros, a ameaça que Gil e Christian faziam era de que, nos circuitos mistos, eles começariam a reagir. O resultado das últimas etapas mostra que o aviso não foi um blefe. Tanto Gil quanto Christian marcaram pontos em todas as etapas, enquanto Vasser via a sua confortável vantagem virar poeira etapa a etapa. Al Unser Jr. e Michael Andretti engrossaram a briga, pontuando mais que o líder do campeonato.

            Problema de Vasser ou do carro? A resposta é óbvia: Vasser. O desempenho dos carros nas últimas duas corridas foi excelente: Alessandro Zanardi, companheiro de equipe de Jimmy Vasser na Chip Ganassi faturou a vitória em Portland e lutou até a última curva em Cleveland com Gil de Ferran, demonstrando ter o melhor carro da corrida em ambas as ocasiões. Vasser, entretanto, parece sentir a pressão dos rivais se avolumando em suas costas e começa a perder o controle na pista. Em Portland, rodou no piso molhado; em Cleveland, acabou se atrapalhando na estratégia de box, e para completar, atropelou meia dúzia de cones de pista, sendo que passou a levar metade deles junto no carro, forçando-o a uma parada extra nos boxes. Não é exagero perguntar o que Vasser irá aprontar na próxima etapa, em Toronto, mas a opinião é que o líder do campeonato irá perder a liderança na etapa da metrópole canadense.

            As apostas estão centradas em Al Unser Jr. Sua capacidade de partir para corridas de recuperação, seja qual for a posição de largada no grid o fazem um adversário altamente perigoso. Suas atuações em Portland e Cleveland provam isso: chegou em 4º lugar em ambas, largando lá de trás. Já Gil de Ferran mostra outro trunfo em sua manga: o motor Honda, o que o deixa mais equiparado ao nível de equipamento em relação à Ganassi. O único trunfo técnico da escuderia de Chip são os pneus Firestone, ainda bem superiores aos da Goodyear, usados pelo piloto brasileiro, mas isso pode ser contornado na corrida, se utilizar a estratégia corretamente.

            Foi o que aconteceu em Cleveland, onde Gil conquistou uma vitória na raça, em cima de Alessandro Zanardi. Além do braço, foi uma vitória obtida na estratégia de corrida. Depois do azar em algumas corridas como a do Brasil, desta vez a equipe de Jim Hall foi perfeita em todos os momentos da prova, permitindo a Gil poupar o seu equipamento e atacar quando foi necessário. E andar forte, tendo de poupar o carro ao mesmo tempo, não é para qualquer piloto. Quando assumiu a liderança, nas voltas finais, o piloto brasileiro mostrou força para reagir ao ataque total de Zanardi. Não fossem os retardatários, a coisa poderia até ser mais fácil, pois com pista livre, os tempos do brasileiro e do italiano eram muito próximos e uma aproximação e eventual ultrapassagem seria muito difícil. As últimas voltas foram dramáticas, e Gil conquistou a melhor vitória de sempre, mostrando todo o seu imenso talento.

            Das provas de agora em diante até o encerramento da temporada, a coisa tende a ficar preta para Jimmy Vasser: com exceção das 500 Milhas de Michigan e da prova de Road America, aquela a última em circuito oval e esta o mais longo circuito misto do calendário, todas as demais etapas privilegiam mais um carro bem acertado do que a potência do motor. As etapas em circuitos travados devem dificultar as coisas para Vasser, enquanto seus perseguidores não vêem a hora de chegar nestas pistas.

            Mas, para não dizer que desgraça pouca é bobagem, há outros pilotos que podem azarar os planos de Vasser, dada a competitividade da F-Indy. Por azarar entenda-se entrar na luta pelas vitórias nos circuitos que faltam. Candidatos não faltam: Christian Fittipaldi, André Ribeiro, Greg Moore, Bobby Rahal, Al Unser Jr., Paul Tracy, etc...

            O tempo promete fechar nas próximas etapas. Que feche então, e que o melhor vença, é claro!





Damon Hill segue em disparada para seu primeiro título mundial. Embora o campeonato ainda esteja em aberto, ninguém duvida que o filho de Graham Hill ganhará o título. O que se viu nas últimas etapas foi Hill dominando a corrida e nem mesmo Jacques Villeneuve consegue dar luta contra o inglês. Michael Schumacher, por sua vez, ficou a ver navios nas últimas etapas e já admite estar fora de combate. Para as próximas etapas, a situação não é boa para os rivais. A próxima parada, na Inglaterra, deve dar Hill. Além do favoritismo de equipamento, por ser o seu GP caseiro, Damon não deve dar colher de chá para ninguém. Depois vem a Alemanha, onde o piloto inglês deve arrasar Schumacher perante sua torcida, segundo alguns comentam, por uma questão de honra. Será que vai ser assim, tão previsível?





Quem apostava em um declínio da Renault, logo após o seu anúncio de se retirar da F-1 ao fim de 97, deu com os burros n’ água: a fábrica francesa conquistou as 4 primeiras posições em Magny-Cours, no GP de seu país...





Para quem gosta de detalhes interessantes: a Honda também conseguiu, em uma corrida, conquistar os 4 primeiros lugares com carros equipados com seus motores. A ocasião foi no Grande Prêmio da Inglaterra de 1987. Nigel Mansell venceu a corrida, com Williams/Honda. Logo a seguir, veio Nélson Piquet (Williams/Honda), Ayrton Senna (Lótus/Honda), e Satoru Nakajima (Lótus/Honda.





A torcida italiana vive um inferno astral: além da “Squadra Azurra” ter perdido a Eurocopa, a Ferrari está desiludindo a cada corrida. O estouro do motor da Ferrari de Michael Schumacher, na volta de apresentação do GP da França, foi classificada pela imprensa italiana de “vergonhosa”. Sinceramente, um motor estourar em plena volta de apresentação...Sem comentários...





O dia dos pilotos brasileiros na F-Indy, em Cleveland, não foi dos melhores, à exceção de Gil de Ferran. Émerson Fittipaldi ficou novamente pelo caminho, quando seu motor Mercedes engoliu uma pedra; André Ribeiro ficou sem marchas e sem corrida, enquanto Raul Boesel descobre um defeito novo a cada curva que seu carro faz. Maurício Gugelmim e Roberto Moreno, com carros desequilibrados, ficaram fora da zona de pontuação. Christian Fittipaldi, por sua vez, ainda salvou o 7º lugar, mantendo-se na luta pelo título.

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