quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – MAIO DE 1996 – 03.05.1996


            Trazendo mais um texto antigo na seção Arquivo, esta coluna foi lançada no dia 03 de maio de 1996, fazendo um pequeno balanço dos campeonatos da F-1 e da F-Indy até o fim do mês de abril daquele ano. Campeonatos nos quais se esperava uma supremacia de certos times e pilotos, mas que felizmente, não se confirmou na intensidade que se esperava, permitindo que a disputa oferecesse algumas opções e variáveis. Uma boa leitura para todos...


A REAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

            Até agora, antes das corridas da F-1 e F-Indy do último domingo, tinha-se a sensação de que os campeonatos deste ano das respectivas categorias, apesar da emoção apresentada nas primeiras provas, seriam monótonos em termos de disputa de título. E as razões eram bem óbvias: na F-1, Damon Hill estava despachando os rivais na pista. Se a supremacia da Williams já era esperada, Jacques Villeneuve era dúvida com relação a poder combater Hill na pista em corrida; já na F-Indy, a combinação Honda-Firestone estava vencendo tudo, e com uma campanha excelente de Jimmy Vasser, que venceu 3 das 4 corridas disputadas até então.
            Mas tudo, felizmente, começou a mudar um pouco no último domingo. Os favoritos até então em ambos os campeonatos não conseguiram repetir o mesmo desempenho, e abriram espaço para uma reação da concorrência. Foi muito gratificante, e de certa forma, os resultados significaram, na prática, o renascer da disputa pelos campeonatos. Apesar de estarem longe do fim, o clima que vínhamos sentindo não era dos melhores.
            Começando pela F-1, o campeonato começa a ficar mais interessante. Apenas uma questão permanece: a Williams ainda é a favorita para levar o título. Venceu sua 5ª corrida consecutiva desde o GP da Austrália do ano passado, só que desta vez foi Jacques Villeneuve a receber a bandeirada de vencedor. Para melhorar, Michael Schumacher, em excelente prova, cruzou a linha de chegada em 2º lugar, colado em Villeneuve. Uma largada ruim e um pit stop desastroso relegaram Hill para o pelotão intermediário, obrigando o inglês a fazer uma prova de recuperação. Hill terminou em 4º, mas mostrou na sua corrida que ainda comete vários erros sob pressão. Um deles quase fez com que se chocasse com violência com Pedro Paulo Diniz quando disputavam posição. Diniz tirou o carro da trajetória, e ambos os bólidos só tocaram rodas e saíram levemente da pista. Não fosse estes problemas e provavelmente o inglês poderia estar comemorando mais uma vitória consecutiva: nos treinos, seu desempenho foi tamanho que nem mesmo Villeneuve, o 2º mais rápido, conseguia se aproximar; e Schumacher, menos ainda.
            Destaque positivo para Jordan e McLaren, que mostraram bom desempenho na corrida. Mika Hakkinem teve um fim de semana atribulado, com o motor de seu carro titular quebrado na primeira volta da classificação, obrigando-o a usar o carro reserva, ficando atrás de David Couthard no grid. Mas na corrida o finlandês mostrou sua velocidade, e só não ficou em 3º lugar devido a duas penalizações por exceder a velocidade permitida nos boxes. Couthard ficou com o lugar no pódio, depois de defender muito bem a colocação dos ataques de Damon Hill nas voltas finais. A Jordan também mostrou força: Rubens Barrichello teve um desempenho fantástico no início da prova, segurando atrás de si Damon Hill e Michael Schumacher. Ambos só conseguiram ultrapassar o piloto brasileiro nos pit stops, melhores que os da Jordan. Mas a equipe descobriu que ainda precisa melhorar muito nos boxes e no próprio carro. Rubinho ficou com os freios dando problemas na parte final da corrida, o que impediu-o de consumar seu ataque a Hill e Couthard.
            Destaque negativo para a Benetton: Jean Alesi dirigiu como um barbeiro, colidindo com Mika Salo e saiu da corrida. Já Gerhard Berger fez uma prova irregular, acabando em 9º lugar. Depois dos bons resultados dos testes de Jerez de La Fronteira, esperava-se mais da equipe campeã do mundo. E a culpa disso é da própria Benetton, que ficou dependente demais de Schumacher nos últimos anos. O esquema de criar os carros especificamente para o estilo de pilotagem do alemão tornou-se impraticável com Berger e Alesi, e o time teve de partir do zero para criar um carro mais “convencional” para qualquer piloto, e até agora ainda não conseguiu recuperar a competitividade exibida em 94 e 95.
            Mudando para a prova da F-Indy, a melhor notícia foi a volta de Émerson Fittipaldi às disputas pelos primeiros lugares, de onde estava ausente há exatos 12 meses, quando venceu pela última vez uma corrida da Indy, e exatamente em Nazareth. Desde o início dos treinos, Émerson se tornou o homem a ser batido, feito conseguido apenas por Paul Tracy. Na corrida, entretanto, Émerson perdeu as chances de vitória nas voltas finais por problemas de estabilidade no carro, o que permitiu as ultrapassagens de Greg Moore e Al Unser Jr. Mas a briga foi dura, sendo que Al Unser Jr. Só ganhou a 3ª posição na linha de chegada por meio carro. Michael Andretti voltou a sentir o gosto de liderar e vencer uma corrida, ainda mais em sua cidade natal. Toda a família Andretti reside em Nazareth, e a festa pela vitória do piloto “da casa” atravessou a noite, e com razão: foi uma maneira de calar os críticos do piloto americano, que dias antes tinha sido advertido pela direção da CART por seus inúmeros acidentes nas últimas corridas, e que se aprontasse de novo poderia ser punido com a perda de pontos, ou até com a suspensão por uma ou várias corridas.
            Paul Tracy, um dos pilotos mais rápidos da corrida, perdeu as chances de vitória por culpa própria: atropelou um de seus mecânicos ao fazer o seu primeiro pit stop. Acabou punido com um “stop and go”, além de ter de parar novamente para reabastecer e trocar pneus.
            Desta vez a combinação motores Honda/pneus Firestone não conseguiu impor a sua força. Os novos compostos desenvolvidos em tempo recorde pela Goodyear mostraram que conseguiram reequilibrar a briga. A nova versão do motor Ford XD deu sinais de conseguir encarar a força dos Honda, assim como os motores Mercedes.
            Émerson Fittipaldi, por sua vez, parece ter espantado o azar: com pista livre, era o piloto mais rápido na pista, e apesar de não ter liderado a corrida, era um adversário perigoso a qualquer momento, algo que não tinha se visto nas provas iniciais. E Émerson já avisa que seu carro vai melhorar ainda mais.
            Jimmy Vasser agora está com Al Unser Jr. em seus calcanhares. Ainda tem uma boa vantagem, mas isso pode mudar nas próximas corridas. Todos sabem disso e esperam com ansiedade pela próxima prova, a US 500.
            F-1 e F-Indy: ambos os certames recomeçam sua disputa. Há novas peças no jogo e o panorama tende a mudar. A emoção, que já era boa, agora sim, deve ficar ainda melhor...


As corridas de F-1 e F-Indy do último domingo tiveram uma curiosa coincidência: ambas foram disputadas em vilarejos. Nurburg, na Alemanha, é uma pequena vila com cerca de 5 ruas e população de cerca de mil habitantes; já Nazareth, na Pensilvânia, Estados Unidos, só tem praticamente uma rua, e sua população é de cerca de 5 mil pessoas. Ambas as cidades vivem para os autódromos que possuem...



Semana passada alguns pilotos já fizeram treinos em Michigan, visando as provas do circuito, a US 500 e as 500 Milhas de Michigan. Émerson Fittipaldi mostrou a força do conjunto Penske/Mercedes, alcançando quase 369 Km/h. Bryan Herta, com Reynard/Mercedes, ficou com cerca de 362 Km/h. Raul Boesel, com Reynard/Ford, ficou com 366 Km/h. Resta saber como andarão os carros com motor Honda neste circuito...

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