Voltando
com uma nova postagem da seção Arquivo, esta coluna foi publicada no dia 19 de
abril de 1996, e fazia um pequeno balanço da situação de nossos pilotos nas
primeiras corridas do campeonato da F-Indy naquele ano. Com altos e baixos,
nossos representantes não conseguiam ter
uma estabilidade para trazer resultados condizentes á altura de seus talentos,
algo que prejudicava muito em um certame tão equilibrado como era a F-Indy. Uma
boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos...
ALTOS E BAIXOS
Há
momentos na vida cheios de altos e baixos, e no automobilismo, pode-se notar
como isso acontece com grande freqüência. Um exemplo foi o GP de Long Beach de
F-Indy, disputado no último domingo. Gil de Ferran que o diga: liderou a
corrida de ponta a ponta e acabou ficando pelo caminho nas voltas finais. Não é
de admirar que o Gil tenha ficado arrasado literalmente, não tendo nem ânimo
para sair do carro, após a prova.
A
temporada de Gil está sendo mesmo de altos e baixos. Cotado como um dos mais
prováveis campeões da Indy em 96 no quesito favoritismo, o piloto brasileiro
tem vivido um inferno ocasionado por acontecimentos rápidos e até discretos,
mas que acabaram por jogar por terra boa parte do esforço do piloto até agora. Em Long Beach , foi a vez
do cano do turbo do motor se soltar e fazer o piloto brasileiro, que já sonhava
com a vitória, se arrastar pela pista e relegá-lo a um mísero 5º lugar. A
frustração foi tão grande que Gil nem conseguiu dormir à noite.
Mas
não é só Gil que anda tendo esses dissabores. Nosso grande campeão, Émerson
Fittipaldi, anda em uma fase que parece lembrar até as agruras da época da
equipe Copersucar de F-1. Quando o carro está OK, aparece alguma outra coisa, e
Émerson não consegue resultados à altura de seu talento. Em Miami, um pneu
furado na parte final da corrida o tirou da zona de pontuação; no Rio de
Janeiro, a falta de metanol tirou-lhe as chances de chegar entre os primeiros.
Na Austrália, o motor resolveu estragar os planos de Fittipaldi, enquanto em Long Beach acabou
colhendo os frutos da impetuosidade de Greg Moore, que também acertou Christian
Fittipaldi numa tentativa de ultrapassagem. Os últimos meses parecem ser de
mais baixos que altos para Émerson.
Raul
Boesel também não vem tendo os resultados que esperava. E tudo indica que tão
cedo ele não conseguirá atingir seu objetivo de vencer na Indy. Depois do
excelente ano de 1995, a equipe Green, chamada atualmente de Brahma, não parece
conseguir repetir o feito em 96.
Marco
Greco está novamente a pé, depois de desentendimentos com a equipe Scandia.
Greco, aliás, é outro piloto que vem tendo mais baixos que altos na F-Indy.
Maurício Gugelmim também passa por fases de altos e baixos. André Ribeiro idem:
venceu no Brasil, mas não teve a mesma sorte nas demais etapas. E Christian
Fittipaldi, apesar de estar num nível bom, parece que é o piloto que menos teve
problemas até agora, com exceção de Long Beach.
Dos
brasileiros, apenas Roberto Moreno está em boa fase. Apesar do fraco
equipamento de que dispõe, Roberto já conseguiu vários pontos no campeonato, e
vem impressionando sua equipe com sua capacidade , tanto de pilotagem como de
acerto de carros. É uma fase mais positiva que a de 95, quando pilotou a Forti
Corse na F-1 e ficou sempre entre os últimos colocados.
E
como se vence essa fase? Com garra e perseverança. A Motivação de se superar os
problemas é aprender com eles e garantir que isso não se repita no futuro. É
seguir em frente e não olhar para trás. Vamos em frente, então...
Os gozadores de plantão diriam que Michael Andretti pintou um alvo no
carro de Maurício Gugelmim: depois de Miami, agora em Long Beach o piloto
brasileiro foi novamente acertado pelo piloto americano. Gugelmim resolveu
tirar satisfações e foi aos boxes da equipe Newmann-Hass para “acertar” as
diferenças com Michael Andretti. Quase houve briga. Téo Fabi, que substitui
Mark Blundell até sua recuperação, também foi vítima de Michael. Os ânimos
exaltados de Gugelmim ocasionaram uma multa à equipe PacWest por conduta
antidesportiva.
Já Christian Fittipaldi ficou ainda mais inflamado com a batida que
levou de Greg Moore por trás, quando o canadense tentava recuperar a posição
que perdera para o brasileiro. Christian chegou a pegar Greg pelo macacão ainda
dentro do carro e por pouco não teve briga. A discussão se estendeu também aos
boxes, e Christian acabou sendo multado em US$ 5 mil por conduta antidesportiva
também.
Se os pilotos brasileiros tiveram azar na prova da F-Indy, na corrida
preliminar, da Indy Lights, nossos pilotos brilharam: Tony Kanaan ficou em 2º
lugar; Guálter Salles ficou na 3ª posição, além de ter feito a pole e ter
batido o recorde do circuito na corrida; Hélio Castro Neves chegou em 4º lugar.
A prova foi vencida pelo canadense David Empringham.
John Barnard pode estar com os dias contados na Ferrari. A escuderia já
começou a transferir boa parte da tecnologia de seu centro na Inglaterra para a
Itália, e aumenta a insatisfação dos dirigentes da escuderia com a nova Ferrari
F-310. Caso se confirme a saída do projetista inglês da escuderia italiana, Ron
Dennis, da McLaren, já está de olho nele para integrar novamente a equipe em
97. Barnard construiu sua fama na F-1 com os primeiros modelos MP4 da McLaren
no início da década de 1980, e seus carros conquistaram os títulos de 1984,
1985 e 1986.
Tom Walkinshaw deixou a Ligier e a partir de agora está associado à
equipe Arrows. Walkinshaw desfez sua sociedade com Flavio Briatore na direção
da Ligier e agora assume a direção do time de Jos Vestappen e Ricardo Rosset. A
primeira mudança é a pintura dos carros, que passarão a ser vermelhos e azuis.
Michael Schumacher voltou a alfinetar Damon Hill nesta semana. O
bicampeão alemão tachou seu rival e atual líder do campeonato mundial de
“incompetente” e de “não ser um piloto rápido”. Schumacher fez uma
classificação segundo critérios de talento e velocidade, e disse que Hill não
está entre os melhores pilotos da categoria.
Esta semana a Jordan iniciou novos testes em Silverstone. Na
pauta, a introdução de alguns novos componentes, entre os quais um novo
assoalho, com o objetivo de aumentar a estabilidade sem perder em velocidade
final. Eddie Jordan, proprietário da escuderia, já definiu as metas para o
campeonato, que é conseguir vencer corridas.
De fato, a Jordan precisa melhorar a estabilidade de seus carros nas
curvas. Nas retas, o carro já é um foguete, rivalizando até com as Williams. Em Buenos Aires , Rubinho
era o piloto mais rápido na linha de chegada, atingindo cerca de 242 Km/h. O
piloto brasileiro já admite que a Jordan tem mais carro que a Ferrari, e a
Benetton está muito próxima. Superar a Williams já será mais difícil, mas
incomodar, nem tanto.
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