Mais
uma postagem da seção Arquivo, e hoje trago a coluna publicada em 26 de abril
de 1996. O assunto era a volta da F-1 ao continente europeu, para iniciar a
principal fase do certame, com uma pequena descrição da pista de Nurburgring,
um dos circuitos mais desafiadores já utilizados pela categoria em toda a sua
história. Uma boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos...
EUROPA À FRENTE
Depois
de 3 semanas, a F-1 volta a se reunir neste fim de semana para dar início à
fase européia do calendário. Depois das 3 primeiras etapas serem feitas pelo
mundo afora, a categoria retorna ao velho continente onde nasceu há décadas
atrás. E é aqui no Velho Continente que a F-1 respira o seu clima de “Grand
Prix”. A época romântica da categoria pode ter ficado no passado, mas o charme
e o clima dos GPs na Europa ainda conservam boa parte do encanto daquela época:
cada GP é praticamente uma festa, e a idolatria do público por seus ídolos e
pelos carros não tem igual em nenhuma outra parte do planeta.
E
a primeira parada é Nurburg, na Alemanha, que pelo 2º ano consecutivo sedia o
Grande Prêmio da Europa. O palco é o circuito de Nurburgring, um nome célebre
no automobilismo internacional. Se o nome é célebre, o circuito que será palco
da corrida já não é tão célebre assim: a prova será disputada no novo circuito
de Nurburgring, e não no clássico circuito que imortalizou seu nome.
Nurburgring
foi, sem dúvida, o circuito mais desafiador já utilizado pela F-1. O circuito,
construído por volta de 1925, tinha cerca de 28,2 Km de extensão, sendo pouco
tempo depois reduzido para 22,8 Km. Esta extensão, aliás, foi a usada pela F-1,
que aqui correu durante inúmeros anos, de 1951 a 1976. Para se ter uma idéia do
que era correr um GP de F-1 nesta pista, basta saber que a prova era disputada
em apenas 14 voltas, devido à incrível extensão. A volta mais rápida do velho
traçado é de 7min10s800, obtida por Jody Schekter, ao volante de um
Tyrrel/Ford, em 1976. Incrível se compararmos com o recorde do novo circuito,
de apenas 4,556 Km de extensão, que é de 1min21s180, obtido por Michael
Schumacher com Benetton/Renault, em 1995.
Nurburgring
era incomparável: em seus 22,8 Km de extensão, possuía nada menos do que 172
curvas; o ponto mais alto do circuito estava situado a uma altura de 300 metros
a mais do que o ponto mais baixo, o que dá uma idéia das subidas e descidas
enfrentadas pelos pilotos e seus carros. Não foi à toa que recebeu o apelido de
“Inferno Verde”. O “Inferno” era devido às suas inúmeras curvas, já o “verde”
era pelo fato de o circuito cortar a Floresta Negra: a pista era rodeada pela
floresta totalmente. E isso não era tudo: havia ainda aclives e declives curtos
na pista, sendo que os carros chegavam literalmente a decolar nesses pontos.
O
circuito de 22,8 Km saiu do calendário da F-1 por causa justamente de sua longa
extensão, sem falar no forte acidente que quase matou Niki Lauda em 1976,
última vez que o traçado original foi usado pela categoria. De fato, seria
impraticável nos dias de hoje a F-1 correr em um circuito tão longo. Não
haveria como garantir totalmente a segurança necessária para a realização da
corrida. Lauda teve muita sorte de escapar vivo naquela época. Para os
saudosistas daquele tempo, há a satisfação de saber que o velho traçado ainda
existe e está muito bem conservado. E mais ainda: por cerca de 20 marcos,
qualquer um pode ter direito a dar uma volta na pista e sentir por si mesmo
como os pilotos encaravam o mais desafiador de todos os circuitos que já
existiram. Mas não convém exagerar, pois se naquela época os acidentes eram
mais ou menos freqüentes, é bom não acelerar muito se quiser ficar inteiro até
o fim do traçado.
Em
1984, Nurburgring voltou ao calendário da F-1, mas com um circuito novo e de
apenas 4,556 Km de extensão, e que nem chega perto da grandiosidade do antigo
circuito. A vitória foi justamente de Niki Lauda, com a McLaren. Em 1985,
Nurburgring sediou o GP da Alemanha pela última vez e a vitória foi de Michele
Alboreto, com a Ferrari. Ano passado, o circuito sediou o GP da Europa, e foi
vencido por Michael Schumacher.
Esta
é a primeira parada da F-1 na Europa. Depois virão outras. É hora de seguir a
estrada da F-1, e a Europa está à frente...
Émerson Fittipaldi parte para o “vai ou racha” neste fim de semana, em Nazareth. Foi neste
circuito que Émerson venceu pela última vez na F-Indy, há 1 ano atrás, e o
piloto brasileiro considera o local o palco ideal para encerrar a fase de azar
que o tem perseguido nos últimos meses.
Michael Andretti levou um “puxão de orelhas” da CART devido às suas
últimas estripulias na pista. Até o fim do campeonato, ele estará sob “observação”,
e se causar novos acidentes, poderá sofrer punições que vão desde a suspensão
por uma ou várias provas, até a perda total de pontos do campeonato.
A F-1 começa sua temporada européia prometendo muita briga. A Benetton
conseguiu melhorar bastante o rendimento de seus carros nos testes realizados
após o GP da Argentina. Por seu lado, a Jordan conseguiu grandes progressos
testando novos componentes aerodinâmicos. Ambas as equipes prometem dar todo o
“gás” novo na luta contra a Williams, que pra variar, continuam favoritas como
sempre.
Michael Schumacher já avisa que não poderá pensar em vitória no GP da
Europa, em Nurburgring, mas o pódio é possível, garante o bicampeão alemão. A
Ferrari anda meio desesperada por resultados, tanto que vai correr novamente
com o câmbio novo desenhado por John Barnard, para ganhar em desempenho, mesmo
que o dispositivo ainda não seja totalmente fiável. A volta que Schumacher
levou de Damon Hill em Interlagos incomodou os italianos mais do que se
imaginava...
A equipe Newmann-Hass desistiu de realizar testes no circuito de
Michigan esta semana. Michael Andretti estourou um carro no muro do circuito
semanas atrás, e com os percalços enfrentados por Christian Fittipaldi e
Michael em Long Beach ,
a equipe ficou com medo de não ter carro para disputar a prova de Nazareth,
neste fim de semana. O motivo: Michael Andretti mora em Nazareth, e sua
ausência na corrida poderia ser um desastre para a repercussão da corrida...
O
reabastecimento dos carros na F-1 pode estar com os dias contados. Já faz algum
tempo que os donos de equipe nã9o vêem com bons olhos esta regra que voltou a
ser utilizada em 1994 com o intuito de reequilibrar a F-1 e trazer mais emoção
à categoria. Os acidentes de Jos Verstappen (94), Eddie Irvinne (95), e de
Pedro Paulo Diniz (este ano), jogam a favor dos chefes de equipe, que acham o
reabastecimento, mesmo com todos os cuidados possíveis, muito perigoso para a
categoria. O único que ainda defende a regra do reabastecimento no regulamento
é Max Mosley, mas ele está ficando cada vez mais sozinho nesta luta. Alguns
apostam que o reabastecimento não passa da temporada de 1997.
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