quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1996 – 26.04.1996


            Mais uma postagem da seção Arquivo, e hoje trago a coluna publicada em 26 de abril de 1996. O assunto era a volta da F-1 ao continente europeu, para iniciar a principal fase do certame, com uma pequena descrição da pista de Nurburgring, um dos circuitos mais desafiadores já utilizados pela categoria em toda a sua história. Uma boa leitura a todos, e em breve tem mais textos antigos...


EUROPA À FRENTE


            Depois de 3 semanas, a F-1 volta a se reunir neste fim de semana para dar início à fase européia do calendário. Depois das 3 primeiras etapas serem feitas pelo mundo afora, a categoria retorna ao velho continente onde nasceu há décadas atrás. E é aqui no Velho Continente que a F-1 respira o seu clima de “Grand Prix”. A época romântica da categoria pode ter ficado no passado, mas o charme e o clima dos GPs na Europa ainda conservam boa parte do encanto daquela época: cada GP é praticamente uma festa, e a idolatria do público por seus ídolos e pelos carros não tem igual em nenhuma outra parte do planeta.
            E a primeira parada é Nurburg, na Alemanha, que pelo 2º ano consecutivo sedia o Grande Prêmio da Europa. O palco é o circuito de Nurburgring, um nome célebre no automobilismo internacional. Se o nome é célebre, o circuito que será palco da corrida já não é tão célebre assim: a prova será disputada no novo circuito de Nurburgring, e não no clássico circuito que imortalizou seu nome.
            Nurburgring foi, sem dúvida, o circuito mais desafiador já utilizado pela F-1. O circuito, construído por volta de 1925, tinha cerca de 28,2 Km de extensão, sendo pouco tempo depois reduzido para 22,8 Km. Esta extensão, aliás, foi a usada pela F-1, que aqui correu durante inúmeros anos, de 1951 a 1976. Para se ter uma idéia do que era correr um GP de F-1 nesta pista, basta saber que a prova era disputada em apenas 14 voltas, devido à incrível extensão. A volta mais rápida do velho traçado é de 7min10s800, obtida por Jody Schekter, ao volante de um Tyrrel/Ford, em 1976. Incrível se compararmos com o recorde do novo circuito, de apenas 4,556 Km de extensão, que é de 1min21s180, obtido por Michael Schumacher com Benetton/Renault, em 1995.
            Nurburgring era incomparável: em seus 22,8 Km de extensão, possuía nada menos do que 172 curvas; o ponto mais alto do circuito estava situado a uma altura de 300 metros a mais do que o ponto mais baixo, o que dá uma idéia das subidas e descidas enfrentadas pelos pilotos e seus carros. Não foi à toa que recebeu o apelido de “Inferno Verde”. O “Inferno” era devido às suas inúmeras curvas, já o “verde” era pelo fato de o circuito cortar a Floresta Negra: a pista era rodeada pela floresta totalmente. E isso não era tudo: havia ainda aclives e declives curtos na pista, sendo que os carros chegavam literalmente a decolar nesses pontos.
            O circuito de 22,8 Km saiu do calendário da F-1 por causa justamente de sua longa extensão, sem falar no forte acidente que quase matou Niki Lauda em 1976, última vez que o traçado original foi usado pela categoria. De fato, seria impraticável nos dias de hoje a F-1 correr em um circuito tão longo. Não haveria como garantir totalmente a segurança necessária para a realização da corrida. Lauda teve muita sorte de escapar vivo naquela época. Para os saudosistas daquele tempo, há a satisfação de saber que o velho traçado ainda existe e está muito bem conservado. E mais ainda: por cerca de 20 marcos, qualquer um pode ter direito a dar uma volta na pista e sentir por si mesmo como os pilotos encaravam o mais desafiador de todos os circuitos que já existiram. Mas não convém exagerar, pois se naquela época os acidentes eram mais ou menos freqüentes, é bom não acelerar muito se quiser ficar inteiro até o fim do traçado.
            Em 1984, Nurburgring voltou ao calendário da F-1, mas com um circuito novo e de apenas 4,556 Km de extensão, e que nem chega perto da grandiosidade do antigo circuito. A vitória foi justamente de Niki Lauda, com a McLaren. Em 1985, Nurburgring sediou o GP da Alemanha pela última vez e a vitória foi de Michele Alboreto, com a Ferrari. Ano passado, o circuito sediou o GP da Europa, e foi vencido por Michael Schumacher.
            Esta é a primeira parada da F-1 na Europa. Depois virão outras. É hora de seguir a estrada da F-1, e a Europa está à frente...


Émerson Fittipaldi parte para o “vai ou racha” neste fim de semana, em Nazareth. Foi neste circuito que Émerson venceu pela última vez na F-Indy, há 1 ano atrás, e o piloto brasileiro considera o local o palco ideal para encerrar a fase de azar que o tem perseguido nos últimos meses.



Michael Andretti levou um “puxão de orelhas” da CART devido às suas últimas estripulias na pista. Até o fim do campeonato, ele estará sob “observação”, e se causar novos acidentes, poderá sofrer punições que vão desde a suspensão por uma ou várias provas, até a perda total de pontos do campeonato.



A F-1 começa sua temporada européia prometendo muita briga. A Benetton conseguiu melhorar bastante o rendimento de seus carros nos testes realizados após o GP da Argentina. Por seu lado, a Jordan conseguiu grandes progressos testando novos componentes aerodinâmicos. Ambas as equipes prometem dar todo o “gás” novo na luta contra a Williams, que pra variar, continuam favoritas como sempre.



Michael Schumacher já avisa que não poderá pensar em vitória no GP da Europa, em Nurburgring, mas o pódio é possível, garante o bicampeão alemão. A Ferrari anda meio desesperada por resultados, tanto que vai correr novamente com o câmbio novo desenhado por John Barnard, para ganhar em desempenho, mesmo que o dispositivo ainda não seja totalmente fiável. A volta que Schumacher levou de Damon Hill em Interlagos incomodou os italianos mais do que se imaginava...



A equipe Newmann-Hass desistiu de realizar testes no circuito de Michigan esta semana. Michael Andretti estourou um carro no muro do circuito semanas atrás, e com os percalços enfrentados por Christian Fittipaldi e Michael em Long Beach, a equipe ficou com medo de não ter carro para disputar a prova de Nazareth, neste fim de semana. O motivo: Michael Andretti mora em Nazareth, e sua ausência na corrida poderia ser um desastre para a repercussão da corrida...



O reabastecimento dos carros na F-1 pode estar com os dias contados. Já faz algum tempo que os donos de equipe nã9o vêem com bons olhos esta regra que voltou a ser utilizada em 1994 com o intuito de reequilibrar a F-1 e trazer mais emoção à categoria. Os acidentes de Jos Verstappen (94), Eddie Irvinne (95), e de Pedro Paulo Diniz (este ano), jogam a favor dos chefes de equipe, que acham o reabastecimento, mesmo com todos os cuidados possíveis, muito perigoso para a categoria. O único que ainda defende a regra do reabastecimento no regulamento é Max Mosley, mas ele está ficando cada vez mais sozinho nesta luta. Alguns apostam que o reabastecimento não passa da temporada de 1997.

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