Novamente com a seção Arquivo, que nesta semana, por problemas técnicos, está sendo publicada excepcionalmente nesta terça-feira, e não na quarta, trago a segunda coluna que escrevi em março de 1996. Assim como a coluna anterior, o assunto era o início de um campeonato mundial, agora o da F-1. Haviam várias novidades, como o novo local do GP da Austrália, em Melbourne, que sedia ate hoje a corrida da categoria, em substituição à velha e saudosa Adelaide. Michael Schumacher estreava na Ferrari prometendo reerguer o time italiano, e devolvê-lo às vitórias e títulos. E o campeonato apontava para o favoritismo disparado da Williams, pois todos sabiam que sem Schumacher, a Benetton não seria mais a mesma, o que se comprovou. Tínhamos também a estréia de Jacques Villeneuve, campeão da F-Indy e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, que prometia chegar chegando na categoria, e ele o fez, a bordo do melhor carro da categoria, o que ajudou bastante também. Fiquem agora com o texto, e boa leitura do que se esperava daquele ano...
VAI SER DADA A LARGADA! - II
Nesta madrugada de sábado para domingo, a maior categoria automobilística do mundo dá a largada para a sua 47ª temporada, com perspectivas de muita disputa e emoção.
A F-1 já começa o ano de 96 com uma novidade: a prova da Austrália, que há anos encerrava o campeonato, agora é o palco para o início da disputa. Outra novidade é o novo circuito onde a prova será disputada, situado também em outra cidade, Melbourne. O novo circuito, tal como Adelaide, também está montado dentro da cidade, mas as características da nova pista são muito melhores. O traçado, montado dentro do Albert Park, tem cerca de 5,269 Km de extensão, com uma pista bem larga e uniforme. Para melhorar, o circuito dispõe de bons trechos de reta, o que deve proporcionar bons pegas e ultrapassagens.
Até o momento, tudo indica que este será um ano equilibrado na disputa pelo título. A Williams larga como franca favorita na disputa pelo campeonato. Damon Hill está muito mais motivado do que no ano passado, e Jacques Villeneuve não veio para figurar no circo. Apesar de ser um estreante, o fato de correr pela Williams o credencia a disputar as vitórias e o título. Para desafiar novamente a Williams, a Benetton agora conta com Gerhard Berger e Jean Alesi. O que ainda pesa é a confiabilidade do novo modelo B196, que mostrou muitos problemas mecânicos nos testes. Este problema, que ajudou a Williams a ser derrotada pela Benetton em 95, é a fiabilidade mecânica, e agora parece que vai ser o drama da Benetton nas primeiras etapas. Enquanto não quebrou, o carro mostrou-se rápido. O mesmo dilema parece estar presente na McLaren, onde Mika Hakkinem conseguiu tempos expressivos nos testes do Estoril, mas vários motores Mercedes quebraram no período.
A Jordan foi a equipe que mais testou com o novo modelo 96. Mais de 800 Km rodados sem nenhum problema de monta, apenas pequenos defeitos aqui e ali, normais no desenvolvimento de um novo carro. Os excelentes tempos conseguidos por Rubens Barrichello e Martin Brundle podem até repetir o clima criado em torno da equipe no início de 95, mas desta vez a Jordan não quer repetir o mesmo erro. E, de lição aprendida, pilotos e escuderia estão determinados a levar o time a melhores dias.
A Ferrari até o momento é uma incógnita. Os testes feitos até agora com o novo modelo F-310 foram tão cheios de altos e baixos que a crise está novamente nas vizinhanças da escuderia. O próprio Michael Schumacher garante que só vai poder lutar pelo título em 97, mas é preciso admitir que a Ferrari não pode ser subestimada. Talvez a equipe não vá bem nas primeira corridas, mas pode vir a surpreender mais à frente no campeonato. É bom ficar de olho.
Outras equipes que podem vir a surpreender são a Tyrrel, a Sauber, e a Ligier. A Tyrrel marcou bons tempos com Mika Salo, e pode incomodar o pelotão da frente. A Ligier vem com a perspectiva de fazer sua melhor temporada em vários anos, e a Sauber vem renovada com a força do novo motor Ford V-10.
Arrows, Minardi e Forte Corse completam o panorama da F-1. Quem vai sair na disputa pelo título? No momento em que esta coluna estiver sendo lida, já terão ocorrido os treinos livres da quinta-feira, por se tratar de um novo circuito na F-1, além dos treinos de sexta-feira. A classificação ocorre hoje à noite, pelo horário brasileiro, na madrugada de sexta para sábado. Façam suas apostas e vamos ver no que vai dar...
No domingo passado, a F-Indy realizou a sua primeira prova do campeonato de 96, e apesar de alguns percalços relativos ao tempo, que complicou um pouco a corrida, a prova teve muita emoção. Gil de Ferran subiu ao pódio pela 3ª vez consecutiva e confirma ser um dos favoritos ao título. Os outros brasileiros tiveram inúmeros problemas na corrida e ficaram aquém do esperado. Confirmou-se o favoritismo dos motores Honda e dos pneus Firestone. Jimmy Vasser venceu usando um chassi Reynard/Honda equipado com os pneus Firestone. A Honda ainda fez dobradinha no pódio, com o 2º lugar de Gil de Ferran, que também usa o propulsor japonês. Paul Tracy, a grande estrela do fim de semana, mais uma vez morreu na praia, vítima da quebra do câmbio de seu Penske. Os pilotos com chassis Penske, aliás, tiveram inúmeros azares: Al Unser jr perdeu o bico do carro em uma ultrapassagem e também as chances de vitória, ficando apenas em 8º lugar; Émerson Fittipaldi teve um pneu furado na parte final da corrida e teve de trocá-lo, perdendo até as chances de pontuar. Mas, problemas à parte, incluindo os dos pilotos brasileiros, a prova mostrou que a F-Indy este ano deverá ter um grande equilíbrio. E equilíbrio significa emoção e disputa, e podem apostar, isso não vai faltar até o encerramento da temporada. E a próxima etapa já garante emoção redobrada por ser aqui no Brasil. Fãs do automobilismo, preparem-se.
A Jordan está com um novo patrocinador. São os cigarros Benson & Hedge. A cor dos carros, que era branca e verde, passou a ser amarelo dourado. Algumas fofocas dizem que o valor do patrocínio é de mais de US$ 20 milhões.
Novidade em relação aos treinos classificatórios: somente o treino de sábado valerá para a formação do grid de largada a partir deste ano. O treino terá 60 minutos, e o limite de 12 voltas para cada piloto continua valendo.
A pista do circuito oval Émerson Fittipaldi, dentro do autódromo Nélson Piquet, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, está pronta para o Grande Prêmio do Brasil de F-Indy. As equipes começam a chegar já na segunda-feira. A prova vai ser realizada no dia 17 de março.
Atenção, fãs do automobilismo: o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO acaba de estrear uma coluna com o tricampeão Nélson Piquet. Piquet irá analisar os fatos recentes do automobilismo e contar inúmeras histórias de sua carreira. E, como não poderia deixar de ser, com o seu estilo todo pessoal de comentar as situações, doa a quem doer...
Piquet, aliás, está sendo cogitado para ser a principal atração do Grande Prêmio do Brasil de F-1 este ano. A organização da prova quer ver o tricampeão ao volante de um F-1 para algumas voltas pelo circuito. Seria um delírio para a torcida ver nosso tricampeão acelerar novamente um carro da categoria em Interlagos.
Alguns números comparativos da F-1 e F-Indy: a F-1 é transmitida para 201 países, e com exceção da África, tem provas em todos os continentes. A F-Indy atinge 152 países e suas corridas limitam-se aos Estados Unidos, com exceção de 4 corridas (2 no Canadá, 1 no Brasil, e 1 na Austrália). Na F-1, uma temporada exige um orçamento em torno de US$ 40 milhões; na Indy, uma boa temporada por exigir US$ 10 milhões em termos de orçamento.
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