quarta-feira, 28 de novembro de 2012

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – NOVEMBRO DE 2012



            Novembro está acabando, e trago agora a última edição da Cotação Automobilística, fazendo uma consideração do que a F-1 apresentou neste ano, em algumas linhas gerais. Não deu para falar de tudo e de todos, mas espero ter relacionado o que achei mais interessante de se comentar. O mesmo esquema de sempre: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima Cotação, já em 2013...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: O piloto alemão da Red Bull conquistou seu 3° título na F-1 e tornou-se o 3° piloto na história da categoria a vencer 3 campeonatos consecutivos. O primeiro a conseguir tal feito foi Juan Manuel Fangio, na década de 1950. Michael Schumacher foi o segundo piloto a faturar 3 títulos, na década passada. O jovem alemão ainda tornou-se o mais precoce de todos os tricampeões da história da F-1, ao vencer seu 3° campeonato com apenas 25 anos, e por pouco também não bateu o recorde de Jackie Stewart, que foi tricampeão com apenas 99 corridas disputadas: Vettel disputou seu 101° GP em Interlagos. Foi uma conquista cheia de drama e dificuldades, pois no início do ano, ninguém apostaria que a Red Bull conseguiria dar a volta por cima. E, quando conseguiu ter novamente um carro mais competitivo, coube a Sebastian aproveitar a oportunidade como ninguém, o que não foi conseguido por seu colega de time, Mark Webber, que acabou ficando novamente na sombra do seu parceiro de time.

Red Bull Racing: O time das bebidas energéticas conquistou seu 3° título consecutivo de pilotos e também de construtores. Vítima da mudança do regulamento que proibiu dos difusores aerodinâmicos, a escuderia austríaca havia perdido boa parte de sua competitividade, mas uma revisão no modelo RB-08 promovida durante as férias de agosto devolveram o time à dianteira na competição, ainda que sem aquela força monstruosa que havia demonstrado em 2011. E como a concorrência ficou meio perdida na segunda metade do campeonato, coube a Sebastian Vettel e ao time capitalizarem sua reconquistada competitividade, arrebatando 4 vitórias consecutivas que tornaram o jovem bicampeão o favorito ao título. A escuderia conviveu durante boa parte do ano com o preconceito dos outros times de ponta, por não ter a “tradição” nem ser uma escuderia ligada a algum grupo automobilístico, mas a Red Bull deu a melhor resposta dentro da pista. Não importa de onde o time tenha surgido e qual o seu principal controlador, pois dentro da pista o time sempre mostrou coesão e soube trabalhar os talentos que possui em seu staff técnico e de pilotos. E, desde já, é novamente a favorita ao campeonato de 2013. Os demais times que corram atrás, se não quiserem tomar outra lavada dos austríacos.

Campeonato 2012 da F-1: A categoria máxima do automobilismo teve este ano o seu maior campeonato de todos os tempos, com nada menos do que 20 corridas disputadas por todos os continentes (exceto a África). E a grande maioria das provas foi totalmente empolgante, com duelos a rodos, vencedores variados, alternância de líderes, disputas ferrenhas, etc. Tivemos 8 pilotos vencendo em 2012, por nada menos do que 6 times diferentes, e embora o campeonato tenha se afunilado na reta final para apenas 2 postulantes ao título, nem por isso as corridas finais deixaram de reservar emoção e competição aos amantes do esporte a motor. Interlagos viu uma decisão quase tão dramática e eletrizante quanto a de 2008, em um cenário de chove-não-molha que deixou público, equipes e pilotos tensos como não se via em uma decisão de campeonato. E a competição ainda viu o retorno de nomes tradicionais a vencerem uma corrida, ainda que tenham sido resultados esporádicos: Mercedes, Williams, e Lótus. Boa parte das emoções de várias corridas foram proporcionadas pelos pneus da Pirelli, que se mostraram mais difíceis de serem compreendidos este ano do que em 2011, deixando equipes e pilotos perdidos em muitas situações. Para 2013, espera-se que a situação se mantenha, e vejamos outro campeonato de perder o fôlego...

Kimmi Raikkonem: de volta à F-1 após dois anos afastado disputando ralis, o piloto finlandês foi uma das grandes e boas surpresas da temporada. Raikkonem levou a ex-Renault, agora com o nome Lótus, a figurar entre os primeiros lugares em vários GPs, mesmo sem o time ter a mesma performance dos principais nomes da categoria. Mas Kimmi fez da regularidade e constância sua principal arma, e enquanto seu colega de equipe Romains Grossjean acumulava encrencas e batidas, o finlandês nunca se envolveu em nenhuma confusão, deixando de pontuar apenas em uma corrida durante todo o ano, e completando praticamente todas as provas e voltas do campeonato mundial, alcançando e terminando o certame numa bela 3ª colocação, e ainda arrumando espaço para vencer novamente, em Abu Dhabi, quando  ninguém esperava mais que a equipe fosse capaz. Não fosse seu time se perder em estratégias conservadoras em algumas provas, o campeonato de Raikkonem poderia ter sido ainda mais impressionante nos resultados. De contrato renovado para 2013 com a Lótus, Kimmi tem tudo para continuar brilhando, basta que seu time acerte a mão no carro. Motivação, parece que Raikkonem já a recuperou, e isso é sua principal arma, pois seu talento nunca esteve em dúvida...

Fernando Alonso: o piloto espanhol mostrou que, mesmo na F-1 atual, o piloto ainda pode fazer a diferença, e mesmo não contando com um equipamento tão bom quanto o dos rivais em boa parte da temporada, conseguiu não apenas se manter entre os ponteiros como ainda liderar a classificação do campeonato por muito tempo. Tirando do F2012 mais do que o carro tinha para dar em várias ocasiões, Alonso praticamente não cometeu erros na pista durante o campeonato, vindo a sofrer dois abandonos por circunstâncias alheias a seu controle, que fulminaram com boa parte de suas expectativas de conquistar o tricampeonato mundial. Nas ocasiões em que teve um carro mais à altura para brigar com os rivais, Fernando não deixou escapar as oportunidades que teve para vencer, e conseguiu levar a disputa do título para a última corrida, feito que é reconhecido por todos no paddock e na imprensa especializada. E, diferente de 2010, quando o espanhol e a Ferrari perderam o título na corrida final por erro da estratégia, desta vez quem ficou devendo mais foi o time mesmo. Se Alonso tiver um carro competitivo desde o início em 2013, será um oponente dificílimo de bater...



NA MESMA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro conseguiu não apenas reverter a sua má fase na F-1, e conseguir o que muitos consideravam impossível, que era renovar com a Ferrari por mais uma temporada, voltou a andar como nos velhos tempos, conseguindo voltar ao pódio, e fazer boas corridas, como na Coréia do Sul, nos Estados Unidos, e no Brasil, mas suas chances de conseguir melhores resultados tiveram de ser tolhidas pela equipe, que não permitiu que o brasileiro ultrapassasse Fernando Alonso na pista, tendo obrigatoriamente de terminar atrás do espanhol, devido à disputa do título, mesmo quando o brasileiro estava andando mais rápido que o asturiano. O episódio de Austin, quando o time ainda o fez tomar uma punição desnecessária apenas para privilegiar Alonso já dá uma amostra que o espera possivelmente no próximo ano: liberdade para correr, apenas se Alonso estiver fora de combate, do contrário, deverá continuar ficando em 2º plano. Mas Felipe deve aproveitar a oportunidade para se relançar no mercado, e se mantiver a performance demonstrada nesta segunda metade de campeonato, tem tudo para se tornar um nome importante a ser considerado no mercado de pilotos para 2014, quando teoricamente várias vagas em potencial poderão se abrir. Neste ano, além das vagas terem sido poucas, seu péssimo início de temporada o fizeram ser praticamente ignorado como opção pelos demais times. Ganhou uma renovação com a Ferrari mais pela falta de opções do time italiano, que provavelmente não encontrou ninguém que aceitasse se submeter à política do time de preferência por Alonso do que por suas qualidades como piloto. Massa terá de ser a perfeição em pessoa no início de 2013 para anular as possibilidades de o time se focar em Alonso, e com isso ganhar mais chances de competir a fundo pelo campeonato. Vai ser uma tarefa hercúlea, mas Felipe demonstrou nas últimas corridas que tem condições de fazer isso. Resta saber se vai conseguir...

Equipe Ferrari: O time italiano trabalhou como um louco durante todo o ano para finalmente voltar a ser campeão mundial, e novamente a taça escapou por pouco. Mais por culpa do time do que por Alonso, que fez dentro da pista tudo o que estava a seu alcance. Já a Ferrari teve um início de temporada que só não foi completamente catastrófico porque o espanhol salvou uma vitória completamente inesperada em Sepang, em um momento em que o F2012 mal permitia a seus pilotos largar entre os 10 primeiros no grid. A escuderia conseguiu maravilhas ao tornar o carro competitivo, mas o modelo 2012 raramente foi tão eficiente nas classificações como em corrida, e na parte final da temporada, exibiu sinais claros de ter alcançado o limite de seu desenvolvimento, uma vez que a base fraca do carro ainda permanecia. O grande mérito do time foi a fiabilidade de seus carros, que nunca apresentaram problemas em corrida. Por outro lado, continuando a praticar suas táticas de jogo de equipe lamentáveis, como a punição impingida a Felipe Massa no GP dos EUA, apenas para fazer Alonso largar mais à frente no grid e do melhor lado da pista, muitos preferiram ver o time italiano perder novamente um campeonato como forma de castigo por tais atos antiéticos e antidesportivos, ainda que não ilegais de acordo com o regulamento da categoria. O pior de tudo é que isso não fará diferença alguma em Maranello, que já demonstrou várias vezes que irá fazer novamente tais jogos, se necessário, e que na opinião deles dane-se o que os torcedores e o mundo irão achar...

Equipe McLaren: o time de Woking começou bem a temporada, mas infelizmente se perdeu a meio dela, tropeçando para entender melhor o comportamento dos pneus Pirelli deste ano. O fato de ser um ano muito equilibrado ajudou a mascarar a queda do time na classificação e na luta pelo título por algum tempo. Mas, mesmo quando corrigiu os defeitos de performance, voltando a ser o carro a ser batido, o time acabou vítima da falta de confiabilidade, que lhe roubou pelo menos duas vitórias certas, que poderiam ter deixado Lewis Hamilton em condições de disputar o título da temporada. Nem mesmo Jenson Button, com sua costumeira capacidade de guiar o carro com o fino da precisão, conseguiu se entender com os pneus durante todo o ano, ficando várias provas sem conseguir pontuar, quando também não era atingido por quebras mecânicas do próprio monoposto. A falta de fiabilidade, aliás, foi o principal calcanhar de Aquiles do time, que não conseguiu nem mesmo o vice-campeonato de construtores. O time ainda viu sua maior estrela, Lewis Hamilton, partir para a Mercedes. A maior aposta da McLaren agora é em seu novo contratado, Sérgio Perez, que terá enfim um carro vencedor para mostrar do que é capaz. Button, por sua vez, terá mais responsabilidade do que nunca em 2013, cabendo a ele liderar o time dentro da pista.

Pastor Maldonado: o intrépido piloto venezuelano assumiu a liderança da equipe Williams em 2013, e conseguiu o que muitos achavam impossível: fazer o time do velho Frank voltar a vencer, o que conseguiu em Barcelona, com direito a pole-position. O resultado, porém, foi ocasional, pois a partir dali, Maldonado envolveu-se em confusões durante quase todo o restante do campeonato, só conseguindo pontuar novamente nas últimas corridas da temporada. Piloto extremamente rápido, Pastor não perdeu o hábito de se envolver em confusões nas corridas e nos treinos, tendo tomado várias punições por causa disso, e perdendo inúmeras chances de pontuar. Seu maior mérito foi mostrar a velocidade do carro nas classificações, quase sempre indo para o Q3 na grande maioria das corridas. Infelizmente, as boas posições de largada acabaram comprometidas com as confusões em que Maldonado se envolveu, fazendo valer novamente o apelido de “Maldanado”. A vitória e pole em Barcelona foi o ponto alto de sua temporada, e ele tem seu lugar garantido na Williams para 2013, embora isso se deva muito mais ao polpudo patrocínio da PDVSA do que à sua capacidade de pilotagem, pois os inúmeros acidentes em que se envolveu custaram caro para o time. Em 2013, ele terá novamente chance para amadurecer sua pilotagem sem perder sua velocidade.

Equipe Sauber: o time de Peter Sauber teve sua melhor temporada em muitos anos. Conquistou pódios e, em alguns momentos, dava até pinta de conseguir poder vencer corridas. Mas a escuderia pecou durante parte do ano com uma certa instabilidade de performance de seu carro, que ora rendia muito, ora não rendia nada. Assim, enquanto em algumas pistas seus pilotos eram até candidatos ao pódio, em outras eles se mostravam incapazes até de pontuar. Conseguir uma performance mais estável será o principal foco do modelo 2013, pois neste ano, se o time suíço conseguiu até mesmo ter a expectativa de superar a Mercedes na classificação de construtores – o que faltou pouco para acontecer, é de se esperar que a concorrência venha mais forte no próximo ano. O ponto positivo é que o time manterá o vasto patrocínio da Telmex, graças à efetivação do jovem mexicano Esteban Gutierrez para o lugar de Sérgio Perez, que foi para a McLaren. E com a contratação de Nico Hulkenberg, a Sauber reforça seu caixa para ter um ano mais calmo em termos financeiros. A lamentar o despedimento de Kamui Kobayashi, que sem ter como arrumar patrocínios, foi rifado sem dó nem piedade pelo time, em prol de quem trouxesse verba.



EM BAIXA:

Michael Schumacher: o maior vencedor da história da F-1 se aposentou em definitivo neste fim temporada, novamente na pista de Interlagos. Diferente de 2006, quando deu um show de pilotagem e levou o público ao delírio com o que seria sua última prova, desta vez Michael sai pela porta dos fundos, sem maiores comoções. Dispensado pela Mercedes, que contratou Lewis Hamilton para seu lugar, Schumacher ainda teria tentado arrumar lugar em outros times, no que não conseguiu ser bem-sucedido. Michael teve um ano apático em sua maior parte, e se o carro não ajudou, é verdade que o piloto alemão também não conseguiu demonstrar aquela tenacidade aguerrida que sempre o caracterizou. Michael não conseguiu superar as limitações atuais da competição, e embora tenha voltado a competir em níveis satisfatórios, não conseguiu superar as deficiências do equipamento como fazia em seus tempos áureos. A ausência de 3 anos acabou por se mostrar implacável para ele, e embora ele tivesse todo o direito de ter voltado a competir, muitos consideram que seu retorno foi um erro mesmo. A idade parece ter cobrado seu preço, mas Michael foi dispensado mesmo porque a Mercedes precisa de maiores resultados, e o heptacampeão deu mostras de que não poderia mais dar este tipo de contribuição ao time.

Equipes nanicas da F-1: Caterham, Marussia e Hispania (vulgo HRT) completaram seu 3° ano de competição na categoria máxima do automobilismo do mesmo jeito que começaram: sem conseguir marcar presença, a não ser na hora de virarem retardatárias nas corridas. Enquanto a Caterham continua demonstrando ser a única que parece levar a coisa mais a sério e de forma mais propensa a alcançar de fato o pelotão intermediário, a Marussia não parece ir a lugar algum, embora a resistência de seu carro este ano tenha levado o time a ficar teoricamente à frente da escuderia de Tony Fernandes. Esta, porém, não conseguiu evoluir este ano tanto quanto desejava, mesmo com maior experiência e contando pelo segundo ano consecutivo com o motor Renault, o mesmo da campioníssima Red Bull. E ainda temos o time espanhol, que há algumas semanas foi colocado à venda, e praticamente disputou as últimas duas corridas com o dinheiro contado. A corrida de Interlagos pode ter sido muito bem o adeus do time espanhol, que nunca conseguiu deixar de ser o pior do pelotão, ainda mais pelo modo como nasceu, mal gerido e sem conseguir demonstrar nenhuma qualidade técnica, situação que perdurou durante todas as 3 temporadas que disputou. No ritmo que a coisa vai, fica cada vez mais patente que a idéia de Max Mosley de incluir novos times era válida, mas seus critérios de escolha foram totalmente errados, preferindo escolher candidatos mais pelo perfil político do que pela competência técnica, e olhe que times de comprovado histórico, como a Prodrive, acabaram barrados para se aceitar estes times. Apenas a Caterham mostrou merecer a chance, enquanto tivemos até outro time que nem sequer chegou a estrear. Até os times pequenos de antigamente da F-1 pareciam que tinham mais capacidade, mas infelizmente a F-1 atual é ainda mais cruel com os pequenos do que antigamente...

Romain Grossjean: o piloto franco-suíço ganhou uma nova chance na F-1, embora muitos considerem que sua estréia, em 2009, não conte muito por ter sido jogado literalmente na fogueira que era a equipe Renault, com um carro pra lá de problemático, e ainda por cima com o time voltado unicamente para Fernando Alonso, além do clima quente no time pelo escândalo de Cingapura ocorrido no ano anterior. Grossjean precisou refazer a carreira, e ganhou sua nova chance na F-1 com todos os méritos. O piloto mostrou-se muito rápido desde o início, chegando a colocar em xeque a posição de Kimmi Raikkonem no time como líder da equipe. Mas Grossjean foi forte mesmo em colecionar confusões nas pistas durante toda a temporada, tendo como ponto “alto” o strike que criou na largada do GP da Bélgica, onde tirou vários pilotos da corrida, o que lhe valeu uma suspensão para a corrida seguinte, em Monza, além de uma bela multa. Os enroscos em que Romain se envolveu durante o ano lhe valeram a reprimenda de vários outros pilotos no grid, com críticas especialmente à sua postura demasiado agressiva na primeira volta, onde aconteceu a maioria dos acidentes. Mas Grossjean também mostrou certa predisposição para estar no lugar errado na hora errada, ou fazer a manobra errada, como na classificação para o GP do Brasil, onde acertou o guard-rail tentando passar um carro logo na tangência da curva para a reta dos boxes. Foi um ano cheio de altos e baixos, e com tantos acidentes pelo caminho, perdeu feio o duelo para Raikkonem conforme a temporada avançava, ainda mais com o finlandês não tendo se envolvido em praticamente nenhuma confusão o ano inteiro. Neste momento, sua posição no time é posta em dúvida para 2013. Seu maior trunfo é ter Eric Boullier como empresário, uma vez que ele também é diretor geral da Lótus.

Equipe Williams: O time de Frank Williams não podia ter um ano igual ao de 2011, precisando sair do buraco a qualquer custo. De certa forma, o time conseguiu, produzindo um carro que tinha muito potencial. Mas, ao escolher dois pilotos pagantes, a escuderia também assumiu o risco de os resultados não ficarem à altura do potencial do time, e foi isso que aconteceu: Pastor Maldonado mostrou-se muito rápido, especialmente nas classificações, mostrando a velocidade que o FW34 podia dar, dando esperança de um ano muito promissor. Mas o venezuelano, tirando a etapa de Barcelona, onde conseguiu uma pole, e principalmente, vitória, inesperadas até para o mais otimista dos membros do time, passou boa parte do campeonato envolvendo-se em confusões e acidentes durante as corridas, o que jogou muitos resultados potenciais no lixo, além dos prejuízos do conserto dos carros. Bruno Senna, por sua vez, embora envolve-se menos em confusões, também teve sua cota de batidas, e pior, demonstrou um ponto fraco persistente nas classificações durante todo o ano, raramente conseguindo demonstrar o potencial do carro como Maldonado. Bruno pontuou com mais constância que seu companheiro venezuelano, mas como largava sempre mais lá atrás, seus resultados eram muito menores, por ter de batalhar muito no pelotão intermediário. Todos no paddock concordaram que a dispensa de Rubens Barrichello foi um erro por parte da direção da equipe, pois o veterano piloto estava no mesmo nível de velocidade de Maldonado, e com certeza teria conseguido muito mais pontos para o time se tivesse permanecido. O resultado é que, mesmo tendo um ano muito melhor do que o de 2011, a Williams continuou na rabeira da classificação de construtores, superando apenas a Toro Rosso. A inexperiência, e as confusões em que seus pilotos se envolveram, minaram as chances de ficar à frente de outros times, como Sauber, e Force Índia, que tiveram anos muito mais expressivos.

Equipe Mercedes: pelo terceiro ano consecutivo, o time de Stutgart não conseguiu mostrar efetivamente a que veio na F-1. Uma pole e uma vitória, na China, deram a impressão de que o time prateado poderia enfim sonhar em desafiar os poderosos Red Bull, McLaren e Ferrari, mas tudo não passou de fogo de palha: o carro continuou não se entendendo com os pneus da Pirelli, os quais consumia demasiado, e a escuderia perdeu-se no desenvolvimento do modelo W-03. Michael Schumacher, apesar de ter voltado a recuperar boa parte de sua garra de pilotagem, começou a cometer diversos erros, e sua indefinição sobre o futuro indicava que o time precisaria de outro piloto para atingir seus objetivos. Assim, tudo ficou focado em concentrar forças para o campeonato de 2013, quando o time terá Lewis Hamilton para liderar a escuderia dentro da pista, e por tabela, alcançar os resultados que até agora não foram alcançados. Deve, também, ser a última cartada da Mercedes, que estuda seriamente voltar a ser apenas fornecedora de motores na categoria, se o time não demonstrar resultados condizentes ao investimento feito pela fábrica alemã, que nos últimos 3 anos, só viu sucesso com seus motores equipando seu ex-time oficial, a McLaren. Nico Rosberg que se cuide, pois se ele conseguiu cuidar de Schumacher, vai ter maiores dificuldades em domar Hamilton, que chega no time alemão aceitando o desafio de tornar a equipe uma potência na F-1. Há recursos e material técnico para isso. Resta saber se Ross Brawn e Norbert Haug vão finalmente acertar o passo e fazer o time desencantar de vez no próximo ano...


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A BATALHA FINAL


            O circo da Fórmula 1 chegou a Interlagos, etapa final do campeonato  deste ano, pronta para assistir à batalha final de seus contendores ao título. Domingo, nesta pista, sairá um novo tricampeão mundial da categoria máxima do automobilismo. Fernando Alonso e Sebastian Vettel, um deles, irá subir um patamar no quadro de campeões da F-1. Foram os melhores pilotos do ano, em um campeonato que teve uma primeira metade eletrizante, onde não dava para apontar nenhum favorito, e onde tivemos um número inédito de vencedores de GPs diferentes para um início de temporada.
            Domingo passado, em Austin, assistimos à volta dos Estados Unidos ao calendário, e o novo circuito da categoria foi bem recebido por equipes e pilotos, e sobretudo pelo público amante de automobilismo, tendo mais de 250 mil torcedores em todo o final de semana. Na pista texana, o embate Vettel X Alonso terminou com ganho do bicampeão alemão, com sua 2ª colocação na prova, retomando a vantagem de 13 pontos sobre o bicampeão espanhol, que entrará na pista hoje na condição do tudo ou nada. E, infelizmente, Vettel está com a vantagem sobre Alonso.
            Se no quesito piloto a maioria é unânime em afirmar que Alonso está um pouco acima de Vettel, pelas suas qualidades de piloto mais completo, o piloto da Red Bull tem a vantagem de contar com o melhor equipamento. O RB-08 tem sido o carro a ser batido desde as férias de agosto, embora não exiba um domínio como o visto no ano passado. Mas tornou-se competitivo o suficiente para Vettel tornar-se o grande favorito. Prestes a se tornar o mais jovem tricampeão da história da F-1, Sebastian tem também guiado muito nas últimas corridas, e manteve-se sempre focado, estando sempre no pódio quando não venceu, como aconteceu em Abu Dhabi e Estados Unidos. Fernando Alonso, por mais que pilote, chegou ao limite do F2012. Em condições normais, não tem como tirar a diferença para Vettel. Sua única chance é apostar no azar do rival, ou em condições anormais de corrida.
            É neste último quesito que o asturiano aposta suas derradeiras chances de conquistar o título: salvo um problema inesperado, no seco a Red Bull é favorita, e não haverá como lutar de igual para igual. Mas a previsão do tempo avisa que teremos chuva no final de semana, muito provavelmente na classificação, e também na corrida. E nestas condições, a prova pode virar uma loteria. Mas a chuva pode ser uma faca de dois gumes: se por um lado Fernando Alonso é mestre em tirar proveito de corridas sob condições inesperadas, como se viu na Malásia neste ano, não se pode dizer que no piso molhado Vettel será um adversário menos temível. Basta lembrar de sua antológica vitória em Monza, em 2008, pilotando uma Toro Rosso. Se a chuva vier de fato, nada impede que a Red Bull possa também tirar proveito das condições meteorológicas adversas e talvez até ampliar sua vantagem frente à concorrência.
            Da mesma maneira que, não é por ser uma corrida de chuva que Alonso vai vencer a tudo e a todos. O espanhol anda bem na chuva, mas dependendo do tipo de chuva, ninguém é infalível no piso molhado. O próprio Alonso bateu de forma bisonha no GP do Japão de 2007, disputado sob forte chuva no circuito de Fuji. Alonso torce para que, no piso molhado, possa pelo menos ter chance mais otimista de vencer o rival. Mas ele tem de estar preparado também para o caso de acabar vitimado pelas interpéries, o que não é impossível de acontecer.
            Claro que, desde o início da semana, o espanhol procura sempre dar um jeito de desestabilizar seu rival. A guerra psicológica vem ficando maior nas últimas semanas, a ponto de Alonso desdenhar do talento de Vettel pura e simplesmente, dizendo que seu adversário não é o alemão, mas Adrian Newey, o genial projetista da Red Bull. Vettel tem procurado se manter indiferente às provocações, e até agora tem feito bem seu trabalho, colocando sempre mais pressão justamente no rival, e na própria Ferrari, onde todos estão mais do que nunca sentindo o peso de possivelmente falhar em mais uma conquista de título, ainda mais depois do que se viu em 2010, na etapa final, onde um erro de estratégia praticamente jogou por terra os esforços de conquista do campeonato na corrida final. O panorama agora é mais desolador, pois Alonso chegou a Interlagos com 13 pontos de desvantagem para Vettel. Tirar estes 13 pontos vai ser complicado, talvez até impossível. Mas a Ferrari e Alonso não desistirão sem luta, isso podem apostar.
            Vettel, por sua vez, já está merecendo atenção especial de Christian Horner, o chefe do time da Red Bull, para manter a calma a qualquer custo. Se a chuva tornar a corrida uma loteria, será preciso administrar a situação mais do que nunca. O fato de estar em vantagem na pontuação permite a Sebastian correr apenas marcando Alonso. Mas o melhor mesmo é partir para o ataque com tudo, e uma 4ª colocação basta para conquistar o título, não importa em que posição Alonso chegue. E ainda é preciso considerar a concorrência: Lewis Hamilton vem com tudo no Brasil para despedir-se da melhor maneira da McLaren, e que ninguém duvide que o inglês vai se meter na luta pela vitória. Em Austin, Vettel sucumbiu ao piloto da McLaren, e preferiu não forçar demais na luta pela vitória na prova estadunidense, procurando garantir a pontuação, até porque estava à frente de Alonso na prova o tempo todo. Ele pode repetir o plano em Interlagos, no caso de Hamilton novamente entrar na luta pela vitória.
            Claro, vai depender também de como Ferrari e Red Bull se acertarão em Interlagos. Mas, pela lógica, tudo indica que a equipe austríaca não deve ter surpresas: o time venceu aqui nos últimos 3 anos e deve manter sua forma. Na Ferrari, o ponto fraco, que é a classificação, deverá ditar a estratégia dos italianos para a corrida. Se forem mal no grid, as primeiras voltas, mais uma vez, se tornarão cruciais para um bom desempenho de Alonso, que precisará ganhar posições na marra e rapidamente para tentar um ataque ao rival direto. Mas uma pilotagem agressiva demais nas primeiras voltas pode ser também uma chance de se envolver em confusões, e no caso do autódromo paulistano, temos o “S” do Senna logo após a largada, que pode ser um local potencial para enroscos entre os pilotos. Alonso não terá opção a não ser partir com tudo e para cima de todos. E o menor erro pode ser fatal.
            E ainda será preciso considerar como a Ferrari poderá usar Felipe Massa nesta luta. Domingo passado, o time italiano usou de um artifício totalmente antiético e antidesportivo, ainda que, legal e permitido, para fazer com que o piloto espanhol ganhasse uma posição no grid e largasse do lado melhor da pista, o que foi crucial para sua boa arrancada e posicionamento logo a seguir em obter uma boa prova diante das circunstâncias. Alguns falam, na pior das hipóteses, em mandar Massa para cima de Vettel e forçar o abandono de ambos. Exagero? Pode até ser, mas em se tratando da Ferrari, será que não apelarão para algo extremo assim? Espero que não, mas falando do time italiano, podem esquecer os escrúpulos morais para manobras baixas na pista. Não quero dizer que tentarão algo tão baixo, mas depois do que vimos em Austin, quem pode garantir que não haverá outra manobra discutível de ponto de vista moral e esportivo? Seria, contudo, o anticlímax da decisão se algo assim acontecer. O campeonato chegou até aqui depois de vermos muitas corridas e duelos por vezes memoráveis. O título merece sair de forma justa, e mais do que tudo, ética e esportiva.
            Que prevaleça a justiça e a esportividade, então. E que vença o melhor. É a batalha final de 2012, e a F-1 aguarda ansiosa para conhecer seu novo tricampeão mundial. Todos nós, torcedores, profissionais da imprensa, amantes do esporte, equipes, aguardamos com ansiedade este momento da luta final de um campeonato que se mostrou um dos melhores de todos os tempos. Que possa ter um desfecho digno e à altura do que vimos durante todo o ano...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 08.03.1996


 
            Novamente com a seção Arquivo, que nesta semana, por problemas técnicos, está sendo publicada excepcionalmente nesta terça-feira, e não na quarta, trago a segunda coluna que escrevi em março de 1996. Assim como a coluna anterior, o assunto era o início de um campeonato mundial, agora o da F-1. Haviam várias novidades, como o novo local do GP da Austrália, em Melbourne, que sedia ate hoje a corrida da categoria, em substituição à velha e saudosa Adelaide. Michael Schumacher estreava na Ferrari prometendo reerguer o time italiano, e devolvê-lo às vitórias e títulos. E o campeonato apontava para o favoritismo disparado da Williams, pois todos sabiam que sem Schumacher, a Benetton não seria mais a mesma, o que se comprovou. Tínhamos também a estréia de Jacques Villeneuve, campeão da F-Indy e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, que prometia chegar chegando na categoria, e ele o fez, a bordo do melhor carro da categoria, o que ajudou bastante também. Fiquem agora com o texto, e boa leitura do que se esperava daquele ano...

VAI SER DADA A LARGADA! - II

            Nesta madrugada de sábado para domingo, a maior categoria automobilística do mundo dá a largada para a sua 47ª temporada, com perspectivas de muita disputa e emoção.
            A F-1 já começa o ano de 96 com uma novidade: a prova da Austrália, que há anos encerrava o campeonato, agora é o palco para o início da disputa. Outra novidade é o novo circuito onde a prova será disputada, situado também em outra cidade, Melbourne. O novo circuito, tal como Adelaide, também está montado dentro da cidade, mas as características da nova pista são muito melhores. O traçado, montado dentro do Albert Park, tem cerca de 5,269 Km de extensão, com uma pista bem larga e uniforme. Para melhorar, o circuito dispõe de bons trechos de reta, o que deve proporcionar bons pegas e ultrapassagens.
            Até o momento, tudo indica que este será um ano equilibrado na disputa pelo título. A Williams larga como franca favorita na disputa pelo campeonato. Damon Hill está muito mais motivado do que no ano passado, e Jacques Villeneuve não veio para figurar no circo. Apesar de ser um estreante, o fato de correr pela Williams o credencia a disputar as vitórias e o título. Para desafiar novamente a Williams, a Benetton agora conta com Gerhard Berger e Jean Alesi. O que ainda pesa é a confiabilidade do novo modelo B196, que mostrou muitos problemas mecânicos nos testes. Este problema, que ajudou a Williams a ser derrotada pela Benetton em 95, é a fiabilidade mecânica, e agora parece que vai ser o drama da Benetton nas primeiras etapas. Enquanto não quebrou, o carro mostrou-se rápido. O mesmo dilema parece estar presente na McLaren, onde Mika Hakkinem conseguiu tempos expressivos nos testes do Estoril, mas vários motores Mercedes quebraram no período.
            A Jordan foi a equipe que mais testou com o novo modelo 96. Mais de 800 Km rodados sem nenhum problema de monta, apenas pequenos defeitos aqui e ali, normais no desenvolvimento de um novo carro. Os excelentes tempos conseguidos por Rubens Barrichello e Martin Brundle podem até repetir o clima criado em torno da equipe no início de 95, mas desta vez a Jordan não quer repetir o mesmo erro. E, de lição aprendida, pilotos e escuderia estão determinados a levar o time a melhores dias.
            A Ferrari até o momento é uma incógnita. Os testes feitos até agora com o novo modelo F-310 foram tão cheios de altos e baixos que a crise está novamente nas vizinhanças da escuderia. O próprio Michael Schumacher garante que só vai poder lutar pelo título em 97, mas é preciso admitir que a Ferrari não pode ser subestimada. Talvez a equipe não vá bem nas primeira corridas, mas pode vir a surpreender mais à frente no campeonato. É bom ficar de olho.
            Outras equipes que podem vir a surpreender são a Tyrrel, a Sauber, e a Ligier. A Tyrrel marcou bons tempos com Mika Salo, e pode incomodar o pelotão da frente. A Ligier vem com a perspectiva de fazer sua melhor temporada em vários anos, e a Sauber vem renovada com a força do novo motor Ford V-10.
            Arrows, Minardi e Forte Corse completam o panorama da F-1. Quem vai sair na disputa pelo título? No momento em que esta coluna estiver sendo lida, já terão ocorrido os treinos livres da quinta-feira, por se tratar de um novo circuito na F-1, além dos treinos de sexta-feira. A classificação ocorre hoje à noite, pelo horário brasileiro, na madrugada de sexta para sábado. Façam suas apostas e vamos ver no que vai dar...


No domingo passado, a F-Indy realizou a sua primeira prova do campeonato de 96, e apesar de alguns percalços relativos ao tempo, que complicou um pouco a corrida, a prova teve muita emoção. Gil de Ferran subiu ao pódio pela 3ª vez consecutiva e confirma ser um dos favoritos ao título. Os outros brasileiros tiveram inúmeros problemas na corrida e ficaram aquém do esperado. Confirmou-se o favoritismo dos motores Honda e dos pneus Firestone. Jimmy Vasser venceu usando um chassi Reynard/Honda equipado com os pneus Firestone. A Honda ainda fez dobradinha no pódio, com o 2º lugar de Gil de Ferran, que também usa o propulsor japonês. Paul Tracy, a grande estrela do fim de semana, mais uma vez morreu na praia, vítima da quebra do câmbio de seu Penske. Os pilotos com chassis Penske, aliás, tiveram inúmeros azares: Al Unser jr perdeu o bico do carro em uma ultrapassagem e também as chances de vitória, ficando apenas em 8º lugar; Émerson Fittipaldi teve um pneu furado na parte final da corrida e teve de trocá-lo, perdendo até as chances de pontuar. Mas, problemas à parte, incluindo os dos pilotos brasileiros, a prova mostrou que a F-Indy este ano deverá ter um grande equilíbrio. E equilíbrio significa emoção e disputa, e podem apostar, isso não vai faltar até o encerramento da temporada. E a próxima etapa já garante emoção redobrada por ser aqui no Brasil. Fãs do automobilismo, preparem-se.


A Jordan está com um novo patrocinador. São os cigarros Benson & Hedge. A cor dos carros, que era branca e verde, passou a ser amarelo dourado. Algumas fofocas dizem que o valor do patrocínio é de mais de US$ 20 milhões.


Novidade em relação aos treinos classificatórios: somente o treino de sábado valerá para a formação do grid de largada a partir deste ano. O treino terá 60 minutos, e o limite de 12 voltas para cada piloto continua valendo.


A pista do circuito oval Émerson Fittipaldi, dentro do autódromo Nélson Piquet, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, está pronta para o Grande Prêmio do Brasil de F-Indy. As equipes começam a chegar já na segunda-feira. A prova vai ser realizada no dia 17 de março.


Atenção, fãs do automobilismo: o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO acaba de estrear uma coluna com o tricampeão Nélson Piquet. Piquet irá analisar os fatos recentes do automobilismo e contar inúmeras histórias de sua carreira. E, como não poderia deixar de ser, com o seu estilo todo pessoal de comentar as situações, doa a quem doer...


Piquet, aliás, está sendo cogitado para ser a principal atração do Grande Prêmio do Brasil de F-1 este ano. A organização da prova quer ver o tricampeão ao volante de um F-1 para algumas voltas pelo circuito. Seria um delírio para a torcida ver nosso tricampeão acelerar novamente um carro da categoria em Interlagos.


Alguns números comparativos da F-1 e F-Indy: a F-1 é transmitida para 201 países, e com exceção da África, tem provas em todos os continentes. A F-Indy atinge 152 países e suas corridas limitam-se aos Estados Unidos, com exceção de 4 corridas (2 no Canadá, 1 no Brasil, e 1 na Austrália). Na F-1, uma temporada exige um orçamento em torno de US$ 40 milhões; na Indy, uma boa temporada por exigir US$ 10 milhões em termos de orçamento.

AUTOMOBILISMO X FUTEBOL

Devido a problemas técnicos, está sendo publicada hoje a coluna de automobilismo que deveria ter ido ao ar na última sexta-feira. Minhas desculpas pelo atraso. Fiquem agora com o texto que escrevi para a semana passada:
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            A Fórmula 1 chegou aos Estados Unidos, onde estréia o novíssimo circuito de Austin, no Texas, com o qual pretende, mais uma vez, tentar cativar os estadunidenses para a categoria máxima do automobilismo. É uma tarefa até certo ponto inglória, pois os EUA possuem um automobilismo local muito forte, e para piorar, o estilo elitista/arrogante/prepotente que impregna a F-1 nunca foi do agrado dos fãs por estas paragens, e isso não é de hoje.
            Mas o dilema do fim de semana é o fato de, pela primeira vez em muitos anos, a Globo, emissora que detém a exclusividade de transmissão da F-1 no Brasil, deixar de apresentar uma corrida ao vivo. A culpa é do futebol: a corrida estadunidense começa às 17 horas de domingo, justamente o horário da emissora carioca dedicado ao futebol. Certo, o campeonato brasileiro já tem o seu campeão, o Fluminense, desde domingo passado. Esperava-se que a rodada de domingo agora definisse o campeão da competição, mas o time carioca encerrou a fatura antes do que se esperava. Méritos para o Fluminense, que foi o melhor time de todo o certame, e culpa dos adversários, por permitirem a disparada da equipe carioca a ponto de ser campeão antes do fim do torneio, mérito também do sistema de pontos corridos, que premia o time que parte para o ataque desde logo, e que valoriza o desempenho de todo o campeonato, e não de apenas um jogo. A decisão era o principal motivo para se deixar a F-1 de lado e firmar pé no futebol.
            E agora, qual é o motivo? A desgraça palmerense. O verdão está prestes a despencar para a segunda divisão do campeonato brasileiro no ano que vem, e só um milagre pode salvá-lo do rebaixamento. Mas, do jeito que o time de Parque Antártica vem jogando, é difícil acreditar neste milagre, e tudo indica que o jogo de domingo irá sepultar a queda do Palmeiras para a série B. E é com base nisso que a Globo norteia a sua decisão de priorizar o futebol, e esquecer, pelo menos neste domingo, a F-1, que vive um dos campeonatos mais emocionantes dos últimos tempos. Logicamente, os torcedores do Palmeiras não teriam problema nenhum em ficar sem ver o jogo fatídico ser transmitido na TV aberta, mas muita gente está a fim de se deliciar com a desgraça do time paulista, então...
            Teoricamente, não se pode culpar apenas a Globo por tal decisão. A culpa é também da grande maioria dos torcedores esportivos deste país, para os quais parece não existir nada mais além de futebol. Mas também não dá para culpar totalmente o torcedor, pois cada país sempre tem o seu esporte favorito, e quando acontece um embate de grandes proporções, a TV sempre vai escolher um em detrimento do outro. No caso do Brasil, se ainda vivêssemos a era de glórias de nossos campeões na F-1, e um deles estivesse na luta pelo título, ainda teríamos um impasse nas prioridades da emissora carioca em decidir qual evento seria sacrificado. Mas do jeito que está a situação de nossos pilotos na categoria máxima do automobilismo, não houve nem o que discutir. Dá para entender perfeitamente a lógica da decisão da Globo em passar o futebol, e não a F-1. Portanto, não dá para agradar a todos, e o futebol, via de regra, sempre foi mais popular neste país, a tal ponto que o muito brasileiro, se dedicasse a atenção que dá a seu time de futebol para alguns assuntos realmente sérios, poderíamos ter um país muitíssimo melhor do que temos atualmente...
            O que se pode criticar a fundo mesmo é a emissora resolver apresentar um VT da corrida ao fim da noite de domingo, depois do Fantástico. Muitos, inclusive eu, defendem que a Globo deveria exibir o VT da prova logo após o futebol. O problema é que aí entra o programa do Faustão, na opinião de muitos, totalmente dispensável. Mas não, vai ser preciso agüentar Fausto Silva e o Fantástico antes que muitos fãs possam ver o que aconteceu em Austin. E, com o acesso à internet, muitos deles já estarão sabendo de tudo o que rolou na corrida a esta altura. A Globo que não reclame se a audiência for baixa. Nesse ponto, é um ponto negativo para a emissora carioca e sua política besta de tratar tudo o que ela não produz ou é dona de “acessório” em sua programação. Se bater de frente o horário com alguns de seus medalhões, como as novelas, sai de baixo: nem mesmo o fim do mundo faria a emissora alterar seus horários para exibir alguma coisa diferente. Ou as produções se ajeitam na sua grande, ou dane-se as produções. Os produtos globais têm sempre a prioridade, mesmo que sejam os piores produtos possíveis, como a cretinice do Big Brother, que há mais de uma década é um câncer que infesta a programação noturna na Globo a cada início de ano.
            Desta vez, os fãs de automobilismo precisarão recorrer ao SporTV, um dos canais por assinatura da Globo, que irá transmitir ao vivo a prova estadunidense. Normalmente o canal pago só transmite ao vivo os treinos livres, ficando de passar o treino de classificação e a corrida em VT, enquanto estes últimos passam ao vivo na Globo, em canal aberto. Desta vez, até mesmo o treino classificatório será exibido ao vivo, embora este treino também seja mostrado ao vivo pela Globo, no sábado, às 16 horas. A encrenca, como já havia dito, ficava mesmo para o domingo. O problema aí dos fãs de corridas é que nem todos têm TV por assinatura, produto que ainda é considerado acessível por poucos neste país.
            Esta situação não é exatamente novidade, pois em algumas ocasiões passadas, embora raras, a emissora já deixou a F-1 de lado para transmitir outra coisa. Não chega a ser a palhaçada que é o tratamento que a Bandeirantes dá à Indy Racing League, onde nunca sabemos em qual canal a emissora vai transmitir a corrida, passando do canal aberto para o canal esportivo pago, e vice-versa, sem muitas vezes definir um horário padrão para quem sabe exibir as corridas em VT no canal aberto. Devido a essa exibição “roleta russa” que a Bandeirantes faz, e já não é de hoje, temos como resultado a BMC, empresa que patrocinou Rubens Barrichello nesta temporada da IRL, reclamar da falta de “retorno comercial”, pois não houve muita exposição na TV aberta. Claro que não houve. Só houve na TV fechada, onde sempre que o carro de Barrichello aparecia, lá estava bem claro e visível a marca BMC. Podem reclamar muito da Globo, mas estruturalmente, pelo menos na comparação da transmissão da F-1 e da IRL, a emissora do Jardim Botânico ganha disparado.
            Felizmente, não estarei preocupado com a queda do Palmeiras. Um interesse estará na pista, não apenas por motivos profissionais, mas por gostar mesmo do automobilismo. Não vou criticar quem prefere outro esporte, pois todos têm o direito de gostar do que quiserem, e principalmente, tem também o dever de respeitar quem gosta de outro esporte. Quem gosta de futebol deve ser respeitado, e o mesmo respeito deve ser dado àqueles que gostam do automobilismo. Seria muito bom se não surgissem brigas por causa da disputa de preferência, já que muitas vezes há fãs que simplesmente não ficam contentes em exercer sua escolha preferencial, optando por querer impor sua preferência aos outros.
            Infelizmente, não há como ter espaço para todos na TV, e neste momento, a maioria sempre será levada em consideração, em detrimento da minoria. Uma realidade nua e crua, e também muito simples...


O GP dos Estados Unidos, no novo Circuito das Américas, marca a volta da F-1 aos Estados Unidos após 5 anos. A última corrida foi realizada em 2007, no circuito misto do autódromo de Indianápolis, que recebeu a categoria desde o ano 2000. Lewis Hamilton, da McLaren, foi o vencedor daquela corrida, e o campeão de 2008 entrará na pista hoje decidido a ser o vencedor novamente. Mas, sendo um circuito novo, fica a dúvida de como os times irão se encontrar na pista. Por mais dados e simulações que tenham feito, encarar a pista e o traçado reais pode sempre levantar variáveis desconhecidas para os engenheiros e pilotos. E ninguém pode garantir que não tenhamos surpresas por aqui. Poderão ser nos treinos, ou mesmo na corrida. E, na melhor temporada da categoria dos últimos anos, mais surpresas são totalmente bem-vindas. Que Austin nos presenteie com boas disputas...

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 01.03.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a primeira coluna do mês de março de 1996. O assunto era o início do campeonato da F-Indy, que teria uma presença maciça de pilotos brasileiros naquele ano, a maioria deles com condições de vencer corridas, e boa parte até de entrar na luta pelo título. Claro que, infelizmente, a expectativa não acabou sendo correspondida, mas é um sinal de como diminuiu o número de nossos representantes hoje em categorias TOP pelo mundo. Nem dá para comparar com a IRL, que está muito abaixo do que a F-Indy era naqueles tempos. Foi a última temporada de Émerson Fittipaldi como piloto profissional também. Émerson, que abriu as portas para nossos pilotos na F-1, fez o mesmo na F-Indy. Fiquem agora com o texto, e boa leitura. Semana que vem, tem mais uma coluna das antigas...


VAI SER DADA A LARGADA


Neste domingo começa pra valer a temporada 96 do automobilismo. Mais precisamente às 15h30min, os motores irão roncar em plena aceleração na pista do Homestead Motorsport Complex, próximo à Miami, abrindo oficialmente a temporada da F-Indy de 1996. Na pista, diversos pilotos darão por iniciada a luta pelo título da categoria, que promete ser uma das mais equilibradas de todos os tempos.
E, no meio de todos eles, teremos 8 pilotos brasileiros, um recorde na categoria. Com exceção de 2 deles, Roberto Moreno e Marco Greco, todos os demais são candidatos a vitórias e até mesmo ao título da F-Indy.
Encabeçando a lista de nossos pretendentes ao título, Émerson Fittipaldi dispensa apresentações. Émerson terá nas mãos o eficiente conjunto Penske/Mercedes e toda a estrutura da Penske, o maior time da categoria. Oficialmente, Émerson corre na equipe Hogan-Penske, onde terá todo um esquema voltado para si, mas a equipe é uma “filial” da Penske, e o piloto brasileiro terá todo o apoio da fábrica para si, e toda a troca de informações técnicas com os pilotos e engenheiros da Penske “oficial”, Paul Tracy e Al Unser Jr.. Nos testes, o chassi Penske 96 parece ter sanado os defeitos apresentados pelo carro de 95, sendo que Paul Tracy conseguiu o maior número de voltas rápidas nos testes de Homestead há 2 semanas. O novo motor Mercedes também dá mostras de poder encarar o poderio dos Ford e Honda.
Logo depois de Émerson, Christian Fittipaldi é o mais cotado por dispor da excelente estrutura da equipe Newmann-Hass, o segundo melhor time da F-Indy, só perdendo para a Penske. Christian terá o eficiente chassi Lola T9600, sem falar na mais evoluída versão XD V-8 do motor Ford turbo. Nos testes feitos no oval de Texas World, o brasileiro atingiu a incrível marca de 377,72 km/h, recorde do circuito, que não faz parte do calendário da Indy. O time também costuma primar pela fiabilidade mecânica, e os testes mostraram poucos problemas técnicos, o que só aumenta as expectativas de Christian.
Raul Boesel vem a seguir, defendo a equipe Brahma Sports Team, antiga Green, campeã de 95 com Jacques Villeneuve. Boesel vem impressionando a equipe com sua rapidez e profissionalismo, e a equipe também impressionou Raul pela sua eficiência. Boesel terá o bom chassi Reynard aliado ao motor Ford XD última série. Com talento e competência de sobra nas mãos, a equipe tem tudo para entrar firme na briga pelo título.
Gil de Ferran também está no páreo: piloto exclusivo da Hall Racing, Gil terá como equipamento o poderoso motor Honda turbo, o mais potente da categoria, impulsionando o seu chassi Reynard. Gil foi o “estreante do ano” em 95, e agora que já não é mais um “calouro” na categoria, a meta é disputar o título. Para ajudar, a Hall tem uma equipe muito competente e seu proprietário, Jim Hall, não é de ser desprezado. Os testes foram animadores e que ninguém duvide que as metas traçadas por Gil e pela equipe sejam mais do que possíveis.
André Ribeiro é o brasileiro que, a nível técnico, é o mais favorecido. Tem nas mãos o poderoso motor Honda, os pneus Firestone, que mostraram ligeira superioridade sobre os Goodyear; e o eficaz chassi Lola T9600. Em 95, os objetivos da Tasman era ganhar experiência, e com sorte, ganhar uma corrida. Estes objetivos foram atingidos e agora em 96, eles querem o título. Pelo suporte técnico que possuem, a Tasman não está sonhando alto demais.
Maurício Gugelmim completa a lista de brasileiros favoritos. Liderando a equipe PacWest, Gugelmim elevou o nível da escuderia em 95 com seus desempenhos na pista. A temporada foi muito irregular, mas a PacWest aprendeu muito com isso. Para 96, as condições são ainda melhores, devido ao maior investimento na equipe. Maurício corre com o chassi Reynard e o motor Ford XD versão 95. Apesar de ser uma versão mais antiga do motor Ford, Gugelmim aposta na sua confiabilidade para desafiar a nova versão mais potente.
Todos os pilotos brasileiros mencionados dão mostras de estarem em igualdade de condições, apesar de um indício ou outro de alguma primazia técnica. Talento não lhes falta, e com a sorte e a estrutura de seus times, irão disputar o título, com toda a certeza.
Já os dois últimos brasileiros, Marco Greco e Roberto Moreno, deverão ficar de fora da briga pela falta de suporte técnico de suas escuderias atuais. Greco correrá pela Scandia, antiga Dick Simon, que costuma ficar apenas disputando posições no pelotão intermediário. Já a Payton-Coyne, equipe de Moreno, em 95 frequentou sempre as últimas posições do grid e não deve melhorar muito este ano. Ambos irão correr com carros Lola/Ford de série. Devem marcar pontos apenas.
Bem, todas as apostas na mão, é esperar pelo resultado, assim que for dada a bandeira verde aos corredores e for dada a largada de mais um campeonato da F-Indy. É hora de torcer por nossos pilotos e que vença o melhor.



A Forti Corse finalmente definiu seus pilotos para a temporada 96 da F-1: serão os italianos Andrea Montermini e Luca Badoer. A Forti até agora não fez praticamente nenhum teste e só vai estrear o novo carro possivelmente em San Marino. Até lá, vai usar o modelo 95 adaptado ao novo regulamento e ao motor Ford Zetec-R V-8 da Ford.


 

O Brasil vai ter um número recorde de pilotos também no campeonato da Indy Lights deste ano. Vão disputar a temporada de 96 os pilotos Hélio Castro Neves, José Córdova, Gualter Salles Júnior, Tony Kanaan, Felipe Giaffone, e Zequinha Giaffone. O caso dos irmãos Giaffone é o mais curioso: com pouco patrocínio, eles vão se revezar nas corridas durante a temporada. Em Miami, Felipe corre; já em Long Beach, vai ser a vez de Zequinha, e assim por diante.



Mika Hakkinem fez o melhor tempo nos testes da F-1 no circuito de Estoril semana passada. Mika cravou o excelente tempo de 1min19s65, à frente da Williams, Benetton e Jordan, e a McLaren-Mercedes mostra que tem potencial para o mundial deste ano. A fiabilidade, entretanto, ainda não é lá essas coisas: cerca de 6 motores da Mercedes quebraram durante os testes...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

DUELO A DOIS



            No melhor e mais equilibrado campeonato dos últimos tempos, uma hora a brincadeira ia acabar, e toda aquela bela equiparação de pilotos e times, uma hora ia acabar. Pois bem, a farra acabou mesmo, e a duas corridas do final da temporada de 2012 da Fórmula 1, a briga ficou mesmo restrita a apenas dois nomes: Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Dois bicampeões que vão dar tudo por tudo para conquistarem o seu terceiro título. Uma briga que poderia ser ainda mais eletrizante, se ambos estivessem com carros de igual quilate. É nesse ponto que a disputa desanda um pouco, mas ainda assim, permanece em alta consideração.
            Até as férias de agosto, Sebastian Vettel vinha fazendo uma temporada apenas normal: tinha apenas uma vitória no campeonato, e nem era cotado como favorito para a disputa do título. Mas, bastou Adrian Newey descobrir um meio de recuperar a competitividade do modelo RB-08 que o atual bicampeão mundial praticamente renasceu na competição, e com 4 vitórias consecutivas, mostrou que é na reta final que tudo se decide, e no atual momento, é o mais cotado para levar o caneco da temporada, podendo até mesmo fechar a conquista no próximo final de semana, no novíssimo circuito de Austin, no Texas, que marca a volta dos Estados Unidos ao calendário da F-1 depois de vários anos. E o show de pilotagem do jovem alemão da Red Bull domingo passado, em Yas Marina, ainda que tenha tido uma ajuda da sorte com as duas intervenções do Safety Car, carimbaram definitivamente seu crédito de merecimento pelo título de 2012.
            A recuperação de Vettel deve ser medida não pelo carro revigorado da Red Bull, mas pela performance de seu companheiro Mark Webber, que mesmo dispondo do mesmo equipamento, brilhou mais apenas nas classificações, não tendo tido a mesma constância de resultados. Domingo passado, mesmo largando entre os primeiros, não conseguiu aproveitar para tirar vantagem, e depois ainda acabou abandonando depois de um enrosco com outros pilotos na disputa de posições pontuáveis intermediárias. E vale lembrar que o carro da Red Bull, se é considerado o melhor hoje, não pode ser chamado de dominador, como foi no ano passado. E a performance de Webber justifica muito bem essa afirmação, pois o australiano nem de longe está conseguindo se impor como deveria. A continuar assim, 2013 deve mesmo ser sua última temporada na F-1. Mas, o mundo costuma dar voltas, e tudo pode mudar ainda nas provas finais, em Austin, e aqui, em Interlagos, onde muito provavelmente se dará a definição do campeão, esperam todos.
            E é na expectativa de tudo ainda poder acontecer que residem as esperanças de Fernando Alonso. O piloto espanhol vem dando aulas de pilotagem em praticamente todos os GPs da temporada, tirando do modelo F2012 mais do que o carro normalmente pode dar. O carro italiano não é mais aquele chassi horroroso do início do ano, que condenava seus pilotos a ficarem pelo Q2 nas classificações, mas aparentemente chegou ao limite do que pode ser desenvolvido. E quando a base não é das melhores, as chances de aprimorar a performance são sempre mais problemáticas a partir de certo nível. É o que parece estar acontecendo nesta reta final do certame. A Ferrari tem produzido diversas peças para melhorar o comportamento do F2012, mas os resultados não tem sido animadores, com o esforço despendido não tendo sido correspondido à altura na pista. Fosse outro piloto que não Alonso, a conquista do título talvez até já estivesse decidida a esta altura, mas o asturiano vem dando tudo de si e até mais um pouco. Em Abu Dhabi, mais uma vez levou seu carro aonde poderia ser impossível, aproveitando todas as oportunidades que surgiam à sua frente.
            O problema é que Alonso, por mais que pilote, tem seus limites. E para piorar a situação, se em muitas ocasiões na temporada deste ano ele contou com a sorte e azar dos adversários, ele também sofreu alguns azares, com os dois abandonos, na Bélgica e no Japão, que se mostraram cruciais para a perda da vantagem que tentava administrar na reta final da competição. E, se a Ferrari, por mais que se esforce, não consegue fazer o seu F2012 melhorar a olhos vistos, o pessoal da Red Bull também não tem ficado parado, e tem conseguido anular as melhorias de Maranello melhorando o ritmo do RB-08, que com Vettel pilotando como nunca, tem feito a balança pender para o lado do time austríaco. E, para completar o quadro de complicações, Vettel também tem tido sorte nas últimas corridas. Domingo passado, quando precisou largar dos boxes após a furada do time na classificação, parecia que teríamos uma corrida com resultado totalmente favorável a Alonso. Bem, a sorte mudou de lado, e quem saiu realmente vitorioso no domingo acabou sendo Sebastian Vettel. Não admira Fernando Alonso estar com cara de desconsolado em plena comemoração no pódio de Abu Dhabi...
            Austin é uma pista desconhecida, e pode ser palco de surpresas na temporada. Aliás, a prova de Yas Marina, este ano, foi a melhor que o circuito já teve, contrariando as previsões e o histórico da prova, normalmente chata, desde que estreou na competição, em 2009. Tivemos uma corrida agitada, com algumas brigas até boas em todos os pelotões, e pelo menos um acidente que deixou o pessoal assustado, entre uma Mercedes e uma Hispania, felizmente sem nenhum ferido. E, ainda que com atraso, a categoria conheceu seu 8° vencedor diferente no ano: Kimmi Raikkonem, que vinha abatendo na trave na primeira metade do ano, e agora finalmente deu tudo certo para ele e a Lótus, em um momento onde o time já parecia ter ficado sem chances de subir ao degrau mais alto do pódio. Verdade que Lewis Hamilton ganharia com um pé nas costas se não quebrasse, mas quando ele ficou fora de combate, Kimmi estava logo ali para agarrar a oportunidade, e ele ainda sofreu forte pressão no final da prova de Fernando Alonso. Mas o piloto finlandês sempre esteve com tudo sob controle, como ainda fez questão de falar pelo rádio com seu engenheiro, onde Raikkonem só faltou falar expressamente para seu engenheiro calar a boca e deixá-lo guiar sossegado. O fato de assistirmos novamente a corridas com resultados inesperados mostra que o campeonato, mesmo em sua reta final, ainda pode nos surpreender, e se caímos novamente no velho panorama de vermos apenas dois nomes na disputa pelo título nas corridas que faltam, isso não significa que as provas restantes não sejam inesquecíveis.
            Austin é uma pista que parece ser das boas. Todo mundo torce para Hermann Tilke, odiado por 9 entre 10 pilotos da categoria por criar traçados de autódromos totalmente insossos (Yas Marina que o diga...), tenha acertado a mão e repetido o feito de quando criou a pista da Turquia. E o fato de ser um circuito novo pode fazer diferença entre as equipes, podendo surgir alguma surpresa inesperada. E Interlagos é um circuito altamente seletivo, onde também tudo pode acontecer, não sendo possível apontar com exatidão quem vai se dar melhor no circuito paulistano. O problema são os 10 pontos de vantagem que Vettel dispõe sobre Alonso, que podem fazer toda a diferença do mundo.
            Isso nem de longe significa que a Red Bull vai mandar Vettel administrar o resultado, muito pelo contrário: a ordem é ir para o ataque, e fechar a conta o quanto antes. Aliás, muito provavelmente o time das bebidas energéticas já deve fechar a fatura do campeonato de construtores em Austin mesmo. Já a Ferrari ainda está na alça de mira da McLaren na luta pelo vice de equipes, mas o foco principal de Maranello é mesmo o título de pilotos, e é nesse ponto que a tarefa de Alonso é mais dura do que nunca. O espanhol promete lutar até o fim, e nem poderia ser de outro jeito. Mas, diferente de 2010, quando time errou feio na estratégia na corrida final, e entregou o título para Vettel, agora se perder novamente para o alemão, quem terá ficado devendo foi a Ferrari como time, pois dentro da pista, Alonso pilotou como nunca.
            Como no tradicional duelo dos filmes de faraoeste, o palco está armado para o duelo entre os dois protagonistas. E, por mais que tenham mostrado serem merecedores, só poderá haver um ganhador. Não importa quem ganhe, o perdedor vai sair de certa forma até com certa injustiça, pois faz juz tanto quanto o outro ao título. Na melhor das hipóteses, que daqui a duas semanas fiquemos sabendo quem vai levantar taça de campeão de 2012. O duelo pode ter ficado mais restrito, mas nem por isso deixou de ser empolgante e disputado. Fiquem firmes em seus lugares. Ainda tem muito show pela frente, podem apostar...