Mais
um mês se passou, e aqui estamos nós de novo com a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA,
fazendo um balanço de alguns dos acontecimentos das últimas semanas no mundo da
velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA
MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa
leitura a todos, e até a Cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Nelsinho
Piquet: O filho do nosso primeiro tricampeão mundial fez uma bela homenagem ao
pai no fim de semana em que Nélson comemorou 60 anos: correu com uma réplica do
capacete com a pintura original de quando iniciou a carreira nos anos 1970, com
a inscrição “Piket”. E pelo visto o velho capacete trouxe bons ventos: Nelsinho
venceu a corrida de Michigan, conquistando assim sua primeira vitória na Truck
Series, categoria que escolheu para recomeçar a carreira o automobilismo. Aos
poucos, Nelsinho vai fazendo seu nome nos Estados Unidos, e podem apostar que
não tardará muito a chegar à Sprint Cup, a principal categoria da Nascar...
Will
Power: o piloto da equipe Penske, vice-campeão nos últimos dois anos da Indy
Racing League, caminha firmemente para desencalhar e conquistar o seu primeiro
título na categoria. Com duas provas para encerrar o campeonato, Power abriu 36
pontos para Ryan Hunter-Reay, e 41 para seu companheiro Hélio Castro Neves. O
australiano anda muito forte nas pistas mistas, e a probabilidade de encerrar a
disputa pelo título matematicamente na corrida de Baltimore são reais. Se
deixar a decisão para Fontana, um circuito oval, onde seu retrospecto não é dos
melhores neste tipo de pista, pode correr o risco de novamente perder o título,
embora as chances desta vez sejam menores. Mas, não dá para dizer que nos dois
últimos anos as chances de ganhar não tenham sido melhores. Sem vencer desde a
corrida do Brasil, Power precisa da vitória a todo custo em Baltimore para pôr
uma das mãos no título da categoria.
Dany
Pedrosa: Com duas vitórias consecutivas, em Indianápolis e Brno, o piloto
espanhol entrou de vez na luta pelo título. Seu compatriota Jorge Lorenzo ainda
lidera a competição, mas a vantagem para Pedrosa despencou para apenas 13
pontos. Com a desistência de Casey Stoner devido ao acidente sofrido em
Indianápolis, a disputa pelo título da MotoGP ficou restrita a Pedrosa e
Lorenzo, e a disputa entre os pilotos espanhóis promete levantar a torcida,
literalmente, como já ficou demonstrado no duelo eletrizante demonstrado por
ambos no GP da República Tcheca. Lorenzo, que já era considerado favorito
isolado ao título, vai precisar reagir se não quiser ver o sonho do
bicampeonato sumir na reta final. E Pedrosa, por sua vez, vai dar trabalho:
campeão em 2003 na categoria 125cc, Dany foi bicampeão nas 250cc nas temporadas
de 2004 e 2005. E ele está disposto a enfim levar o título na categoria
principal.
Stéphane
Peterhansel: O piloto francês, 11 vezes campeão do Dakar, o maior rali do
mundo, mostrou porque conseguiu vencer tantas vezes na categoria off-road: em
sua primeira participação no Rali dos Sertões, faturou a competição na
categoria carros. Sua participação na prova nacional, apesar de alguns altos e
baixos, foi praticamente sem maiores sustos, e usando de toda a sua experiência
de praticamente 20 anos no Dakar, venceu em sua primeira participação, o que
ajuda nossa maior prova off-road a ganhar cada vez mais prestígio
internacional, em sua 20ª edição. Alguém duvida que Peterhansel não tentará
repetir a dose no Dakar 2013, ou uma provável volta no Sertões do ano que vem?
Fórmula
Truck: A categoria de caminhões mostrou porque é atração automobilística mais
popular do Brasil na etapa disputada em Cascavel, no Paraná: mesmo com o
autódromo ainda com algumas finalizações da grande reforma que sofreu, mais de
55 mil pessoas estiveram presentes para verem o duelo dos gigantes na pista, em
uma corrida que foi vencida por Leandro Totti. A Stock Car pode se vangloriar de
sua fama, mas muitos fãs das corridas não tem pela categoria o mesmo apreço que
é visto nas corridas dos caminhões. E vale lembrar que a Truck é uma categoria
que não é transmitida pela Globo, o que aumenta ainda mais o seu feito de
popularidade entre os fãs da velocidade. Nesse ponto, a Stock fica em clara
desvantagem, ainda mais por deixar a Globo ditar seus horários e dias de
provas, que têm que se encaixar na grade da emissora global...
NA MESMA:
Pastor
Maldonado: O intrépido piloto venezuelano conseguiu aprontar novamente. Em uma
exibição em seu país, a Venezuela, com um carro da equipe Williams, Pastor
conseguiu a proeza de se acidentar com o carro, resultando no estrago completo
da suspensão traseira. Certo, não era o carro deste ano, mas o que deveria ser
uma exibição alegre do piloto, que este ano conseguiu sua primeira vitória na
F-1 e de seu país na categoria máxima do automobilismo, terminou com um clima
diferente do esperado. Sem pontuar desde a vitória em Barcelona, Maldonado vai
sendo alcançado na classificação por Bruno Senna, que apesar de não ter feito
tanto estardalhaço quanto o venezuelano, pelo menos tem se envolvido em menos
confusões, dentro e fora da pista. Maldonado tem suas qualidades, mas a
continuar batendo com o carro, vai ficar fortemente marcado por ter lugar
apenas graças aos dólares da PDVSA, e ele certamente é melhor do que isso.
Sébastian
Loeb: O piloto francês continua em disparada rumo a mais um título do Mundial
de Rali, após vencer mais uma vez, agora na Alemanha. Loeb, após 9 etapas, tem
199 pontos na classificação, enquanto seu mais direto rival na tabela, Mikko
Hirvonen, não por acaso seu próprio companheiro de equipe na Citroen, tem 145
pontos. Com apenas 4 etapas para fechar o campeonato de 2012, alguém ainda acredita
numa reação de Hirvonen? E, mesmo que seja possível, será que a Citroen vai
deixar ambos duelarem abertamente nas provas finais? Seria o máximo, embora com
muita dificuldade de Loeb perder o título, pela vantagem acumulada, só resta
saber se a equipe vai deixar a competição rolar abertamente, depois de já ter
dado uma pequena indicação em uma das etapas, para que Hirvonen não ameaçasse
Sébastian na disputa pela vitória...
Campeonato
da Nascar: Entra ano, sai ano, e a competição da Sprint Cup, a principal
divisão da Nascar, a Stock Car americana, está sempre disputadíssima. Faltando
12 corridas para encerrar a competição, os 7 primeiros colocados no campeonato
estão separados por 59 pontos. Greg Biffle lidera o certame com 849 pontos, mas
na sua cola vem Jimmie Johnson, com 838, Dale Earnhardt Jr. com 834, Matt
Kenseth com 823, Martin Truex Jr. (797), Clint Bowyer (794), e Brad Keselowski
(790). E todas essas diferenças podem não significar praticamente nada, pois
tudo pode acontecer até o fim do campeonato, e não estou nem mencionando o
playoff da categoria, que ajuda a apimentar ainda mais a competição, mas
considero totalmente ridículo por limitar a competição na reta final. Mas o
torcedor da categoria parece não se importar se a medida é ruim ou não, e a
emoção e disputa vai estar presente até o último momento, e isso é o mais
importante.
Equipe
Ducati: A equipe italiana não conseguiu desencantar nesta sua segunda temporada
contando com o “Doutor” Valentino Rossi, a ponto de o piloto já ter decidido
retornar à Yamaha na próxima temporada, onde voltará a ter um equipamento mais
competitivo. Muitos esperavam que Rossi produzisse na escuderia o mesmo feito
de quando saiu da Honda para a Yamaha, mas o buraco mostrou ser muito mais
embaixo na Ducati, que com isso deve demorar mais do que imaginava para voltar
a vencer na categoria. E olhe que não foi por falta de esforço e tentativa.
Mas, no mundo das corridas, só isso muitas vezes não é o suficiente, e
lamentavelmente, a Ducati anda precisando mostrar mais competência no seu
projeto. Não vingou em 2011, e não está vingando em 2012. Será que eles
conseguem dar a volta por cima em 2013? A tarefa será mais complicada, sem um
piloto excepcional como Valentino, mas não impossível.
Rubens
Barrichello: Enfrentando uma temporada mais difícil do que imaginava nos testes
da pré-temporada da IRL, o piloto brasileiro voltou a atrair a atenção, e as
críticas destrutivas dos por assim chamados “fãs” brasileiros de corridas, ao
criticar algumas das condições de competição da Indy Racing League atualmente,
como os circuitos usados pela categoria, além de cobrar seu time, a KV, por não
ter o desempenho que ele esperava, além de confessar estar com saudade da F-1,
que disputa um campeonato muito equilibrado, onde ele gostaria muito de ainda
poder participar. Com vistas a trocar de equipe para 2013, Barrichello tem
razão quando cobra seu time por melhores condições em determinados setores, por
em mais de uma vez, estratégias equivocadas jogaram parte de seu esforço de
corrida pelo buraco, situação que afligiu também Tony Kanaan. E, ao fazer
certas críticas à maneira de competição da categoria, Rubens deu sua opinião
profissional comparando as diferentes condições impostas pela F-1 em relação à
IRL, que certamente tem padrões menos exigentes que a categoria máxima do
automobilismo. Ao contrário do que os torcedores pensam, um piloto tem e deve
ter liberdade de expressar suas opiniões. Nélson Piquet tinha uma língua muito
afiada, e nem por isso era detonado pelos brasileiros. Barrichello tem o
direito de se expressar como desejar, e os brasileiros não tem obrigação de
gostar ou não, só de respeitar seu direito de opinar.
EM BAIXA:
Punições
na Indy Racing League: a IRL parece que andou pegando a praga da F-1 de tacar
punições a torto e a direito. Na pista do Infineon Raceway, em Sonoma, vários
pilotos tomaram punição por toques uns nos outros, tendo de atravessar o pit
line em velocidade reduzida, e com isso, acabando com boa parte de suas provas.
Hélio Castro Neves e Scott Dixon, dois dos postulantes ao título, foram alguns
que acabaram tomando punição, e despencando lá para trás na corrida. Helinho
ainda conseguiu minimizar o prejuízo, mas Dixon meio que ficou sem chances de
continuar efetivamente na luta pelo título, ficando 54 pontos atrás do líder
Will Power. Nem preciso dizer que as punições para troca de motor também foram
instituídas na categoria americana, assim como a regra de congelamento dos
motores. A F-Indy original tinha mais méritos no seu regulamento no que tange à
restrição técnica para contenção de custos.
Circuito
de Valência: O que todos esperavam se confirmou quando Bernie Ecclestone
afirmou com todas as letras que Valência está fora do calendário da F-1 na
próxima temporada. Com a economia espanhola em crise, Bernie não tardou em
tirar a corrida das ruas da cidade, que diga-se de passagem, nunca conseguiu
empolgar muito os fãs, e muito menos os moradores da cidade, em que pese a
idéia original da prova não ser ruim. Mas Ecclestone precisava de lugar no
calendário para colocar a prova de New Jersey, então... De qualquer maneira,
dificilmente Valência deixará saudades, embora a chance de a cidade voltar não
seja impossível, fazendo um possível revezamento com Barcelona, sede do GP da
Espanha desde 1991, que deve continuar no calendário sem maiores problemas.
Felipe
Massa: O piloto brasileiro enfrenta uma verdadeira montanha-russa no que tange
aos prospectos de sua continuidade na F-1 em 2013. Visto com uma renovação
quase certa, Massa já foi descartado há algumas semanas, e nos últimos dias,
novamente cogitado como principal opção para continuar sendo o companheiro de
Fernando Alonso no time italiano na próxima temporada. O problema é saber
porque ele deve continuar em Maranello, depois de andar sem render tudo o que
pode nas últimas duas temporadas, e as hipóteses apontam para o fato de não ser
considerado uma ameaça no time por Fernando Alonso, que se reservou em contrato
o direito de opinar sobre seu companheiro de time, e o fato de a Ferrari não
achar ninguém mais capacitado ou experiente para a vaga. Nenhuma das hipóteses
ajuda a elevar o astral ou a cotação de Felipe, infelizmente. E, saindo da
Ferrari, o pior é saber que, no momento, não há times competitivos que poderiam
desejar seus serviços...
Casey
Stoner: O piloto australiano viu seus planos de despedir-se da MotoGp com um
título evaporarem depois do acidente sofrido em Indianápolis, e ainda saiu
atirando contra Valentino Rossi, a quem acusou de ser desleal e abandonar a
Ducati depois de todo o esforço feito pelos italianos para evoluir sua moto nos
últimos dois anos, depois do comunicado de que o “Doutor” voltará para a Yamaha
em 2013. Stoner já vinha disparando farpas contra a própria categoria, alegando
que ela não mais o motivava a competir como antes, e por isso anunciando seu
abandono das motos ao fim do ano. Pelo visto, Stoner não vai se despedir da
maneira como esperava, muito pelo contrário, e pelas suas últimas atitudes,
pode deixar o pessoal sem sentir muita saudade de sua presença...
Equipe
KV: O time da IRL, que foi sensação no ano passado com Tony Kanaan, não
conseguiu crescer como se esperava nesta temporada, muito pelo contrário, os
bons resultados parecem até ter ficado mais escassos. E, tencionando concentrar
suas atenções, a escuderia pode encolher, passando a correr com apenas um carro
em 2013, com Tony Kanaan, o único que tem contrato firmado com o time para a
próxima temporada. Ernesto Viso não fará falta, e Rubens Barrichello, embora
continue sendo desejado de ser mantido pela escuderia, já anda conversando com
outros times. Seria um retrocesso para o time, que cresceu muito no ano
passado, mas meio que desandou um pouco neste ano. A escuderia não investiu o
que deveria em melhorar sua estrutura, que ainda é muito limitada, e isso se refletiu
no campeonato, onde os times com melhor retaguarda mostraram-se muito
superiores, como a Penske, Ganassi, e Andretti.
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