Mais
uma edição da seção Arquivo, com a coluna que escrevi para o dia 19 de janeiro
de 1996, comentando algumas das novidades que começavam a aparecer na
pré-temporada daquele ano. De quebra, alguns toques rápidos sobre a F-1 e
F-Indy. Uma boa leitura a todos, e em breve, trago mais colunas antigas...
AS PRIMEIRAS NOVIDADES DO ANO
Adriano de Avance Moreno
Esta
semana as equipes de F-1 começaram a se mexer pra valer, e começam a aparecer
alguns resultados, mas isso ainda não aponta muitas pistas de como será a
temporada deste ano. Todos os grandes times e alguns médios da categoria já
iniciaram seus testes visando a preparação para a nova temporada. Tudo continua
indicando que teremos provavelmente a temporada mais equilibrada dos últimos
anos, mas há um detalhe que ainda pode alterar isso: os novos carros.
Todos
os testes feitos até agora foram com modelos 95, incorporando novidades e
melhoramentos feitos para os modelos 96, que serão lançados em sua maioria
apenas em fevereiro.
Medir o desempenho dos modelos atuais de teste não é um dado
muito confiável para adivinhar qual será o desempenho do modelo que virá a
seguir. Os poucos e escassos confrontos de equipes em um mesmo circuito até
agora só serviram para se comparar o desempenho dos carros do ano passado. A
Williams continua na frente, dispondo do melhor carro da temporada 95, o chassi
FW 17/B, e agora modificado para a versão C de testes. O carro definitivo, o FW
18, só fica pronto no mês que vem. Damon Hill e Jacques Villeneuve têm andado
muito com os carros e tem conseguido sempre os melhores tempos. A única
novidade confirmada é que o novo motor Renault RS-8 só vai continuar sua fama
se ser o melhor propulsor da F-1 atual. A nova unidade não tem apresentado
nenhum problema, o que já faz prever que os desempenhos das escuderias Williams
e Benetton deverão ser boas. A Williams sai na frente em relação à Benetton, em
face de ter como base o melhor chassi de 95, enquanto o time multicolorido
tenta encontrar o desenvolvimento de um carro totalmente diferente ao concebido
pela equipe nos últimos anos. Jean Alesi e Gerhard Berger vão ter muito
trabalho para desenvolver o novo B196 a partir de seu lançamento.
A
McLaren também está enfrentando problemas para retornar à condição de equipe
vencedora: o novo chassi MP4/11 será apresentado em fevereiro e, até lá, a
equipe testa as inovações no chassi 95, o que impede uma compração direta de
evolução em virtude dos fracos desempenhos obtidos até agora. No circuito do
Estoril, onde acabou andando junto com a Williams, a McLaren ficou bem para
trás, tanto com Alain Prost quanto com David Couthard. O tetracampeão mundial
francês está auxiliando Couthard no desenvolvimento do carro da McLaren. Mika
Hakkinen ainda não tem data definida para retornar a pilotar.
Michael
Schumacher, por seu lado, prefere ser diplomático, mas parece que não vai
gostar de sua temporada este ano. Os testes com o novo motor V-10 da Ferrari
prosseguem, mas o alemão já diz que o propulsor não chega nem perto dos
Renault. A esperança é que o novo carro da escuderia italiana diminua a desvantagem.
A
Jordan é o primeiro time a apresentar mudanças substanciais até o momento. Ontem,
no Estoril, a equipe fez a apresentação de seu novo carro, o EJ196, projetado
por Gary Anderson. O carro ainda não mostrou potencial nas primeiras voltas,
pois fizeram apenas uma checagem de todos os seus sistemas. A Peugeot, por sua
vez, limitou-se a desenvolver o motor de 95, e agora garante que sua potência
equivale-se à dos melhores motores da F-1. Rubens Barrichello e Martin Brundle
começam os testes pra valer do novo carro neste fim de semana. Como primeira
equipe a mostrar o carro de 96, a Jordan pode sair na frente no desenvolvimento
do seu chassi, enquanto os outros times só poderão fazer o mesmo em seus
modelos a partir da segunda quinzena de fevereiro.
Até
todas as equipes testarem seus novos carros, as condições de disputa do mundial
deste ano na F-1 continuam sendo mera expectativa. O desempenho das equipes,
por melhores que sejam, podem mudar radicalmente com os novos modelos. Algumas
podem piorar, outras melhorar, ou até ficar na mesma. No momento, é preciso
esperar.
Dois nomes conhecidos na F-1 acabam de se mudar para as terras da
América para disputar a F-Indy este ano. Mark Blundell, que correu pela McLaren
em 95, vai ser o segundo piloto da PacWest, equipe onde corre o brasileiro
Maurício Gugelmim. Já o outro piloto é Michele Alboreto, que correu pela F-1
até 94, e agora vai disputar a nova IRL (Indy Racing League), liga paralela da
Indy, na equipe Scandia.
Sauber e Tyrrel fecharam suas equipes para 96: a Tyrrel fica como em
95, com Mika Salo e Ukyo Katayama; a Sauber pegou Johnny Herbert para ser o
companheiro de Heinz-Harald Frentzen.
Os primeiros testes de seus carros 96 deixaram os pilotos brasileiros
da F-Indy animados. Gil de Ferran, Maurício Gugelmim, Raul Boesel e Émerson
Fittipaldi terminaram os testes iniciais entre os mais rápidos, e já avisam que
ainda não exploraram todo o potencial de seus carros. Otimismo é o que não
falta para os pilotos brasileiros mandarem ver no campeonato deste ano da
F-Indy.
Briga à vista entre CART e IRL: ambas marcaram corridas para a mesma
data: 26 de maio. Pela IRL teremos as 500 Milhas de Indianápolis; pela CART,
que comandará o calendário oficial da F-Indy como a conhecemos, teremos as 500
Milhas de Michigan. Vamos só ver no que vai dar...
Scott Goodyear fechou contrato com a Walker para ser colega de equipe
de Robby Gordon na F-Indy este ano. Com isso, fecha-se a vaga na equipe, que
foi oferecida inicialmente ao brasileiro Ricardo Rosset.
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