Voltando
com a seção Arquivo, trago hoje a primeira coluna que escrevi em 1996. O
assunto era como a F-1, apesar do ano trágico de 1994, continuava a mostrar sua
força, atraindo importantes nomes que, dizia-se na época, estavam interessados
em entrar/e ou retornar à competição. Alguns fatos se concretizaram, outros
não, o que é natural, pois havia muita falação e pouca ação. Claro que, em
algum momento, tudo o que se dizia, ou grande parte das histórias, tinha seu
fundo de verdade. Entretanto, alguns dos projetos que se anunciavam na época
acabaram frustrados, adiados, ou simplesmente esquecidos. Entre as voltas que se
confirmaram, Michelin, BMW e Honda realmente voltaram, mas em momentos muito
mais à frente do que era imaginado na época. Jackie Stewart realmente entrou na
F-1 no ano seguinte, com sua própria escuderia. Já os planos da DAMS
naufragaram, e hoje ela se ocupa da GP2, nunca mais tendo falado de adentrar a
F-1. E teve quem nunca veio para a F-1, como os brasileiros Gil de Ferran e
André Ribeiro, cotados para pilotar para a futura equipe Honda de F-1. E quem
nunca retornou à categoria foi a BRM. Fiquem agora com o texto, e boa leitura.
Em breve, mais textos antigos por aqui...
NOVOS HORIZONTES NA F-1
Adriano de Avance Moreno
Durante
as duas últimas temporadas têm se falado muito sobre que a categoria TOP do
automobilismo mundial estivesse vivendo uma crise de custos, que estaria
tornando a categoria cada vez mais cara e inacessível, sem falar que a F-1 como
esporte estaria perdendo o seu interesse.
Há
os que ainda apregoam estas idéias ultimamente, mas tudo indica que estão
remando contra a maré. Apesar do trágico ano de 1994 onde tivemos a perda de um
dos maiores ídolos da categoria em sua história, Ayrton Senna, e a morte de
Roland Ratzemberger, sem falar nos violentos acidentes de Karl Wedlinger e
Andrea Montermini, sem falar do de Pedro Lamy em 1995, a F-1 deu a volta por
cima. Tivemos corridas cheias de emoção e disputa, como há muito não se via na
categoria. Tivemos um campeonato que acabou ficando até de forma óbvia para
Michael Schumacher, mas os ares de novos tempos estava delineado. E, para 96,
as perspectivas no aspecto esportivo são muito animadoras, com uma forte
disputa pelo título, que pode ter como participantes a Benetton, a Williams, a
Ferrari, e com sorte, também a McLaren, com Jordan e Sauber um pouco atrás. Mas
não é apenas no quesito esportivo que a F-1 está recuperando sua forma, mas
também no quesito técnico e financeiro. Várias são as empresas que estão
buscando novos horizontes, e a F-1 é o melhor meio de se atingir este objetivo.
Desde
93 que novas equipes estão estreando na F-1. Apesar de termos tido duas delas
que faliram (a Simtek fechou após o GP de Mônaco do ano passado, enquanto a
Pacific sucumbiu após o fim da temporada de 95), tivemos um bom exemplo de
equipe iniciante que se prepara para dar vôos mais altos, como a Forti Corse,
que teve um desenvolvimento notável em 95 para uma escuderia estreante, apesar
de não marcar pontos, e se prepara para disputar uma temporada de 96 bem mais
competitiva. E para confirmar a regra de novas investidas na F-1, esta
temporada também deverá ter sua equipe estreante: a DAMS, time da F-3000 que
está se preparando para correr na F-1. O carro já está pronto, e o piloto Nº 1
do time será Erik Comas, que já vem testando exaustivamente o carro.
Mas
os horizontes da categoria deverão se alargar mesmo em 97. Tudo indica que a
Honda, que foi a maior vencedora dos anos 1980 como fornecedora de motores, vai
retornar à F-1 em grande estilo, com equipe completa, construindo tanto carro
quanto motor. E há rumores de que a fábrica japonesa deverá escolher um piloto
brasileiro para comandar sua investida nas pistas. Os nomes prováveis são Gil
de Ferran e André Ribeiro, pilotos oficiais da Honda no campeonato de F-Indy.
Como a Honda não é de brincar em serviço, os japoneses não virão para serem
figurantes, mas para ficar entre as estrelas da categoria.
Há
ainda a estréia, já anunciada em Detroit há vários dias, da Stewart Racing,
equipe que terá no comando ninguém menos do que Jackie Stewart, tricampeão da
F-1. A idéia já não era nova, e vinha sendo estudada já há alguns anos, mas que
só agora está decolando. A nova escuderia deverá dividir com a Sauber o status
de time oficial da Ford na F-1. E como a Ford está investindo pesado no seu
programa de F-1, deverá ser mais um time para bagunçar a concorrência. Nada
ainda está definido, mas o principal piloto do time deverá ser Paul Stewart,
filho do tricampeão de F-1.
Ainda
no rastro de possíveis novas escuderias, podemos especular sobre o retorno da
AGS à F-1. Fora da categoria há algumas temporadas, a AGS estaria se
reestruturando em categorias menores para conseguir retornar à categoria
principal do automobilismo, possivelmente em 97 ou 98. E há também a Lola, que
abandonou a F-1 em 93 devido aos péssimos resultados conseguidos, mas que
pretende retornar à categoria para recuperar sua reputação como construtor. A
idéia é ter na F-1 o sucesso que a marca tem na F-Indy como construtor de
carros. Ainda não há uma data especulada para isso acontecer, mas deve ocorrer
até 1999.
Além
de novas possíveis equipes, há outros interessados em estrear ou retornar à
F-1. O caso mais provável é o da BMW, que foi a primeira campeã da Era Turbo da
F-1, em 1983, com Nélson Piquet e a Brabham. A BMW estaria preocupada com o
possível sucesso da Mercedes na categoria, e com a fama da F-1 em alta na
Alemanha pelo sucesso de Michael Schumacher, a alternativa de fornecer
novamente motores às escuderias não pode ser descartada, visto que BMW e
Mercedes disputam um vasto mercado nas economias alemã e européia.
No
campo japonês, o provável retorno da Honda pode motivar a vinda de
concorrentes. Há algum tempo que a Toyota pretende tentar vir para a F-1, assim
como a Nissan. A Toyota faz este ano sua estréia na F-Indy, e dependendo dos
resultados, pode tentar a F-1 em 97 ou 98. Outro concorrente interessado no
assunto é a Mazda, mas por enquanto são só boatos.
A
Michelin também está interessada em um provável regresso à F-1. A última
participação da fábrica francesa de pneus foi em 1984, e foi campeã com a
McLaren/TAG-Porshe. Comenta-se que a Firestone, tão logo consiga consolidar seu
domínio na F-Indy, também tentará vir para a F-1.
A
última fofoca é de uma possível volta da BRM à F-1. A BRM, sigla de British
Racing Motor, já competiu na F-1 nos anos 1970, e estaria interessada em tentar
novamente. Até o momento, tudo não passa de boato, mas é a partir disso que
começam a surgir as notícias verdadeiras. A F-1 continua atraindo cada vez mais
interessados, e com o maior equilíbrio de forças, estará cada vez mais
disputada e emocionante. Vamos torcer para que dê certo, e todos estes boatos e
fofocas sejam verdadeiros. Com tantos bons indícios assim, tudo indica que a
F-1 estará melhor do que nunca, fazendo juz ao título de categoria TOP do
automobilismo mundial.
Michael Schumacher já estreou seu novo macacão de piloto Ferrari. A
estréia foi no circuito de Paul Ricard esta semana, onde o time italiano já
mostrou o seu novo visual para 96. Além de levar o número 1 em seus bólidos, o
logotipo da Shell ocupa o lugar que até 95 era ocupado pela Agip, que nos
últimos anos foi a fornecedora de combustíveis e lubrificantes para o time de
Maranello.
A McLaren também estreou seu novo piloto, David Couthard, nos testes
feitos no circuito do Estoril. Couthard teve como colega de testes Alain Prost,
que vai ajudar no desenvolvimento do carro e é o novo consultor técnico da equipe.
McLaren e Ferrari não conseguiram nada de produtivo nos testes. Choveu
de maneira torrencial tanto no Estoril como em Paul Ricard, obrigando
ambas as escuderias a abreviar os testes.
Começaram também os testes da F-Indy, ocupando os circuitos de Firebird,
no Arizona, e em Sebring, na Flórida. Maurício Gugelmim, Raul Boesel, André
Ribeiro, Gil de Ferran, Émerson e Christian Fittipaldi, todos com seus carros
modelo 96, já estão de prontidão para iniciar os testes da pré-temporada.
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