quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – JANEIRO DE 1996 – 12.01.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a primeira coluna que escrevi em 1996. O assunto era como a F-1, apesar do ano trágico de 1994, continuava a mostrar sua força, atraindo importantes nomes que, dizia-se na época, estavam interessados em entrar/e ou retornar à competição. Alguns fatos se concretizaram, outros não, o que é natural, pois havia muita falação e pouca ação. Claro que, em algum momento, tudo o que se dizia, ou grande parte das histórias, tinha seu fundo de verdade. Entretanto, alguns dos projetos que se anunciavam na época acabaram frustrados, adiados, ou simplesmente esquecidos. Entre as voltas que se confirmaram, Michelin, BMW e Honda realmente voltaram, mas em momentos muito mais à frente do que era imaginado na época. Jackie Stewart realmente entrou na F-1 no ano seguinte, com sua própria escuderia. Já os planos da DAMS naufragaram, e hoje ela se ocupa da GP2, nunca mais tendo falado de adentrar a F-1. E teve quem nunca veio para a F-1, como os brasileiros Gil de Ferran e André Ribeiro, cotados para pilotar para a futura equipe Honda de F-1. E quem nunca retornou à categoria foi a BRM. Fiquem agora com o texto, e boa leitura. Em breve, mais textos antigos por aqui...

NOVOS HORIZONTES NA F-1

Adriano de Avance Moreno

            Durante as duas últimas temporadas têm se falado muito sobre que a categoria TOP do automobilismo mundial estivesse vivendo uma crise de custos, que estaria tornando a categoria cada vez mais cara e inacessível, sem falar que a F-1 como esporte estaria perdendo o seu interesse.
            Há os que ainda apregoam estas idéias ultimamente, mas tudo indica que estão remando contra a maré. Apesar do trágico ano de 1994 onde tivemos a perda de um dos maiores ídolos da categoria em sua história, Ayrton Senna, e a morte de Roland Ratzemberger, sem falar nos violentos acidentes de Karl Wedlinger e Andrea Montermini, sem falar do de Pedro Lamy em 1995, a F-1 deu a volta por cima. Tivemos corridas cheias de emoção e disputa, como há muito não se via na categoria. Tivemos um campeonato que acabou ficando até de forma óbvia para Michael Schumacher, mas os ares de novos tempos estava delineado. E, para 96, as perspectivas no aspecto esportivo são muito animadoras, com uma forte disputa pelo título, que pode ter como participantes a Benetton, a Williams, a Ferrari, e com sorte, também a McLaren, com Jordan e Sauber um pouco atrás. Mas não é apenas no quesito esportivo que a F-1 está recuperando sua forma, mas também no quesito técnico e financeiro. Várias são as empresas que estão buscando novos horizontes, e a F-1 é o melhor meio de se atingir este objetivo.
            Desde 93 que novas equipes estão estreando na F-1. Apesar de termos tido duas delas que faliram (a Simtek fechou após o GP de Mônaco do ano passado, enquanto a Pacific sucumbiu após o fim da temporada de 95), tivemos um bom exemplo de equipe iniciante que se prepara para dar vôos mais altos, como a Forti Corse, que teve um desenvolvimento notável em 95 para uma escuderia estreante, apesar de não marcar pontos, e se prepara para disputar uma temporada de 96 bem mais competitiva. E para confirmar a regra de novas investidas na F-1, esta temporada também deverá ter sua equipe estreante: a DAMS, time da F-3000 que está se preparando para correr na F-1. O carro já está pronto, e o piloto Nº 1 do time será Erik Comas, que já vem testando exaustivamente o carro.
            Mas os horizontes da categoria deverão se alargar mesmo em 97. Tudo indica que a Honda, que foi a maior vencedora dos anos 1980 como fornecedora de motores, vai retornar à F-1 em grande estilo, com equipe completa, construindo tanto carro quanto motor. E há rumores de que a fábrica japonesa deverá escolher um piloto brasileiro para comandar sua investida nas pistas. Os nomes prováveis são Gil de Ferran e André Ribeiro, pilotos oficiais da Honda no campeonato de F-Indy. Como a Honda não é de brincar em serviço, os japoneses não virão para serem figurantes, mas para ficar entre as estrelas da categoria.
            Há ainda a estréia, já anunciada em Detroit há vários dias, da Stewart Racing, equipe que terá no comando ninguém menos do que Jackie Stewart, tricampeão da F-1. A idéia já não era nova, e vinha sendo estudada já há alguns anos, mas que só agora está decolando. A nova escuderia deverá dividir com a Sauber o status de time oficial da Ford na F-1. E como a Ford está investindo pesado no seu programa de F-1, deverá ser mais um time para bagunçar a concorrência. Nada ainda está definido, mas o principal piloto do time deverá ser Paul Stewart, filho do tricampeão de F-1.
            Ainda no rastro de possíveis novas escuderias, podemos especular sobre o retorno da AGS à F-1. Fora da categoria há algumas temporadas, a AGS estaria se reestruturando em categorias menores para conseguir retornar à categoria principal do automobilismo, possivelmente em 97 ou 98. E há também a Lola, que abandonou a F-1 em 93 devido aos péssimos resultados conseguidos, mas que pretende retornar à categoria para recuperar sua reputação como construtor. A idéia é ter na F-1 o sucesso que a marca tem na F-Indy como construtor de carros. Ainda não há uma data especulada para isso acontecer, mas deve ocorrer até 1999.
            Além de novas possíveis equipes, há outros interessados em estrear ou retornar à F-1. O caso mais provável é o da BMW, que foi a primeira campeã da Era Turbo da F-1, em 1983, com Nélson Piquet e a Brabham. A BMW estaria preocupada com o possível sucesso da Mercedes na categoria, e com a fama da F-1 em alta na Alemanha pelo sucesso de Michael Schumacher, a alternativa de fornecer novamente motores às escuderias não pode ser descartada, visto que BMW e Mercedes disputam um vasto mercado nas economias alemã e européia.
            No campo japonês, o provável retorno da Honda pode motivar a vinda de concorrentes. Há algum tempo que a Toyota pretende tentar vir para a F-1, assim como a Nissan. A Toyota faz este ano sua estréia na F-Indy, e dependendo dos resultados, pode tentar a F-1 em 97 ou 98. Outro concorrente interessado no assunto é a Mazda, mas por enquanto são só boatos.
            A Michelin também está interessada em um provável regresso à F-1. A última participação da fábrica francesa de pneus foi em 1984, e foi campeã com a McLaren/TAG-Porshe. Comenta-se que a Firestone, tão logo consiga consolidar seu domínio na F-Indy, também tentará vir para a F-1.
            A última fofoca é de uma possível volta da BRM à F-1. A BRM, sigla de British Racing Motor, já competiu na F-1 nos anos 1970, e estaria interessada em tentar novamente. Até o momento, tudo não passa de boato, mas é a partir disso que começam a surgir as notícias verdadeiras. A F-1 continua atraindo cada vez mais interessados, e com o maior equilíbrio de forças, estará cada vez mais disputada e emocionante. Vamos torcer para que dê certo, e todos estes boatos e fofocas sejam verdadeiros. Com tantos bons indícios assim, tudo indica que a F-1 estará melhor do que nunca, fazendo juz ao título de categoria TOP do automobilismo mundial.


Michael Schumacher já estreou seu novo macacão de piloto Ferrari. A estréia foi no circuito de Paul Ricard esta semana, onde o time italiano já mostrou o seu novo visual para 96. Além de levar o número 1 em seus bólidos, o logotipo da Shell ocupa o lugar que até 95 era ocupado pela Agip, que nos últimos anos foi a fornecedora de combustíveis e lubrificantes para o time de Maranello.


A McLaren também estreou seu novo piloto, David Couthard, nos testes feitos no circuito do Estoril. Couthard teve como colega de testes Alain Prost, que vai ajudar no desenvolvimento do carro e é o novo consultor técnico da equipe.


McLaren e Ferrari não conseguiram nada de produtivo nos testes. Choveu de maneira torrencial tanto no Estoril como em Paul Ricard, obrigando ambas as escuderias a abreviar os testes.


Começaram também os testes da F-Indy, ocupando os circuitos de Firebird, no Arizona, e em Sebring, na Flórida. Maurício Gugelmim, Raul Boesel, André Ribeiro, Gil de Ferran, Émerson e Christian Fittipaldi, todos com seus carros modelo 96, já estão de prontidão para iniciar os testes da pré-temporada.

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