Fim
de mês se aproximando, e lá vamos nós de novo com a COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA,
fazendo um balanço de alguns dos acontecimentos deste mês no mundo da
velocidade. Rotineiramente, o mesmo esquema: EM ALTA (caixa na cor verde); NA
MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa
leitura a todos, e até a Cotação do mês que vem...
EM ALTA:
Fernando
Alonso: O asturiano fechou a primeira metade do campeonato de 2012 com 3
vitórias, e 34 pontos de vantagem sobre o mais próximo concorrente, Mark
Webber. Mas enquanto os concorrentes têm tido desempenhos oscilantes, Alonso
vem pontuando em todas as corridas, e de Valência para cá esteve sempre no
pódio, com 2 triunfos, sendo o de Hockenhein o mais significativo, tendo
dominado a corrida inteira sem ajuda de fatores incomuns. Podem exagerar o que
for, mas que o piloto espanhol da Ferrari assumiu ares de principal favorito ao
título da temporada, isso ele assumiu. Claro que ainda tem muita água para
rolar até o fim do campeonato, mas no que depender do espanhol, parece que a
Ferrari vai finalmente se redimir este ano.
Hélio
Castro Neves: O piloto brasileiro da equipe Penske venceu a corrida em
Edmonton, que estava entalada na garganta desde 2010, e assumiu a
vice-liderança do campeonato da Indy Racing League. Faltando apenas 4 corridas
para encerrar a competição, Helinho mostra que pretende entrar com tudo na luta
pelo título. E ele precisará mostrar nas corridas finais o desempenho calculado
e metódico exibido na corrida canadense, atacando no momento certo e
controlando a concorrência com maestria. O brasileiro também precisa mostrar
que a Penske ainda pode contar com ele para ser campeão, pois desde a chegada
de Will Power ao time, o australiano tem deixado seus colegas na sombra. E
Helinho, com mais de uma década como piloto de Roger Penske, está mais do que
na hora de conseguir enfim um campeonato pela equipe. Desde que entrou para a
Penske, Helinho já viu dois companheiros serem campeões. Está na hora de se
juntar ao grupo, mas a parada não vai ser fácil...
Equipe
Sauber: o time suíço teve em Hockenhein seu melhor desempenho conjunto do ano,
com seus dois pilotos largando lá de trás e chegando firmes nos pontos. O time
de Peter Sauber ainda carece de mais consistência, mas vai chegando mais à
frente, e já começa a ameaçar potencialmente a Mercedes na classificação de
construtores. Se Kamui Kobayashi e Sérgio Perez conseguirem manter o nível e se
livrarem dos enroscos na pista, a escuderia pode ter o seu melhor campeonato
desde que estreou na F-1 (os anos que passou como time oficial da BMW não
entram na conta).
Equipe
Ferrari: Não há como negar que o time italiano, que começou o campeonato mais
perdido que cego em tiroteio, com a perspectiva mais pessimista possível,
conseguiu o que muitos consideravam impossível: consertou o projeto do F2012, e
ainda por cima lidera o campeonato de pilotos com Fernando Alonso, que encerrou
a primeira metade do campeonato sendo considerado o franco favorito ao título.
Outrora um carro que nem conseguia levar seus pilotos ao Q3, o monoposto ganhou
inúmeras modificações, e já conseguiu 2 poles na temporada, em grande parte ao
mérito do piloto espanhol, é verdade, mas mostrando que já se tornou um dos
melhores carros do ano. Continua não sendo o melhor, mas já está entre os
melhores, e neste patamar, a diferença fica mesmo por conta de Fernando. O time
só não está melhor nos construtores porque Felipe Massa continua tendo um azar
dos diabos desde que começou a andar bem melhor desde Mônaco.
Jorge
Lorenzo: O piloto espanhol continua dando as cartas no mundial da MotoGP, tendo
aberto 19 pontos de vantagem para Dany Pedrosa, e ampliado a vantagem sobre
Casey Stoner, que vai se aposentar no fim do ano, para 37 pontos. Mas ainda é
cedo para comemorar, faltando 8 provas para fechar o campeonato. Mas que ninguém duvide que o
espanhol vai querer dar tudo para conquistar o título deste ano. Ainda mais
depois das especulações sobre uma possível volta de Valentino Rossi à Yamaha na
próxima temporada, hipótese que ganhou força com o anúncio da saída de Ben
Spies do time ao fim da atual temporada. Quem lembra que a convivência de Rossi
e Lorenzo foi explosiva na equipe japonesa já entende porque Lorenzo vai querer
o título mais do que nunca: se Rossi retornar ao time, Jorge já vai querer
mostrar quem é que manda no pedaço, e não permitir que o italiano comece a ter
“idéias”...
NA MESMA:
Equipe
Mercedes: o time alemão continua mostrando potencial em treinos e desempenhos
apenas medianos nas corridas. A vitória de Nico Rosberg no GP da China tem tudo
para ser apenas um golpe de sorte dos alemães, que de lá para cá só mostraram
as garras nos treinos, mas seus rugidos viram miados nas corridas, sendo
superados por outros times de ponta, e até por algumas escuderias médias, como
Sauber e Force Índia. Não por acaso, o time de Rosberg e Michael Schumacher já
ficou bem para trás da Lótus, e pode ser ameaçado pela Sauber, que está apenas
25 pontos atrás na classificação de construtores. Mesmo assim, tanto Nico
quanto Michael continuam afirmando que o carro deste ano é um grande passo à
frente em relação aos anos anteriores. Só que a concorrência parece estar
andando muito mais do que eles.
Equipe
Williams: Se em 2011 o carro era ruim e os resultados péssimos, este ano a
coisa está o mínimo diferente: o carro parece bom, mas os resultados não tem
sido os esperados. Se Pastor Maldonado venceu na Espanha, encerrado um jejum de
8 anos do time inglês sem vencer, por outro lado o venezuelano só conseguiu
pontuar em duas provas, inclusa Barcelona, e de lá para cá ou não pontua, ou se
mete em alguma confusão na pista. Já Bruno Senna é vítima da própria equipe,
que rifa o primeiro treino do brasileiro em favor de Valtteri Bottas, e o jovem
Senna não consegue largar em boas posições, em parte por culpa própria também.
E com isso, o brasileiro, apesar de ter pontuado em mais corridas que
Maldonado, não tem conseguido igualar as performances do venezuelano. Com isso,
o time de Frank vai vendo os rivais se aproximando (leia-se Force Índia, com 46
pontos) ou indo embora (leia-se Sauber, com 80 pontos). A escuderia ocupa a 7ª
posição no campeonato (47 pontos), e sua maior sorte é a Toro Rosso não estar
nada bem nesta temporada, tendo apenas 6 pontos. Há quem diga que, dentro do
time, tem pessoal que está com saudades de Rubens Barrichello, afirmação que
poderia ser encarada com muita ironia por alguns, e desabafo para outros. E
imagino a reação de certos “fãs” brasileiros ao ouvirem isso...
Equipe
Ganassi: O time do velho Chip não está tendo o campeonato que gostaria este ano
na IRL. A equipe que foi tricampeã consecutiva nos últimos anos com Dario
Franchiti só conseguiu 2 vitórias este ano, uma com cada um de seus pilotos, e
se Scott Dixon ainda teve um início de ano aparentemente bem melhor do que
Franchiti, os resultados despencaram após a prova de Detroit. Dixon é o 4° colocado
no campeonato, com 301 pontos, enquanto Dario ocupa a 8ª colocação, com 258
pontos. Apesar do equilíbrio que gostam de apregoar sobre o certame da Indy, a
verdade é que a Ganassi está praticamente fora de combate na luta pelo título. Ryan
Hunter-Reay é o líder da competição, com 362 pontos. Chip Ganassi pode começar
a pensar mais seriamente no campeonato de 2013 porque pelo andamento de seus
pilotos, apesar de alguns brilhos como a pole do piloto escocês em Edmonton,
não dá para esperar muita coisa do atual campeonato...
Bruno
Senna: o sobrinho do tricampeão Ayrton Senna continua tendo um ano ainda sem
mostrar totalmente a que veio na equipe Williams. Consciente de seus pontos
fracos, como as classificações, Bruno aparentemente não tem conseguido fazer
progressos aparentes neste quesito, e largando lá atrás, isso sempre o obriga a
fazer corridas de recuperação, que nem sempre apresentam os resultados
esperados. Na Alemanha, o enrosco com Romain Grossjean o lançou lá para trás,
de onde não conseguiu sair, apesar de todo o empenho. A sua sorte é que Pastor
Maldonado vem se metendo em confusões e não pontuando em várias corridas, o que
tem aliviado um pouco a pressão sobre o brasileiro, mas não muito. E crescem os
rumores de que Valtteri Bottas será titular no time em 2013, o que significa
que Bruno precisa melhorar desde já, ou começar no mínimo a conversar com
outros times que possam estar interessados em seus serviços. Tarefas igualmente
complicadas no atual momento da F-1...
Lewis
Hamilton: Piloto da McLaren desde que estreou na F-1, em 2007, já dando um
baile em Fernando Alonso, Hamilton está em negociação para renovar com a
McLaren, mas com sinais de insatisfação: além do carro não estar rendendo o que
esperava, o time quer baixar o valor de seu salário, alegando o momento de
crise econômica da Europa, no que até eles têm certa razão. O problema é que
Hamilton, a cada dia que passa, deve se dar conta que não tem melhor lugar para
ficar do que na McLaren. Na Red Bull, Webber já renovou para 2013; Ferrari, com
Alonso por lá, nem pensar; Mercedes, não vai querer pagar o que ele quer, e até
agora o time alemão não se acertou direito em termos de resultados; Lótus? Pode
até ser, mas não ganhando o que quer ganhar, e o carro, ainda assim, não
oferece as mesmas garantias da McLaren. Deve renovar e ficar onde está, o que
convenhamos, está de bom tamanho, se levarmos em conta o que ele pode ter de
enfrentar em times menores da categoria, se resolvesse sair por despeito...
EM BAIXA:
Regra
ridícula dos pneus de chuva na F-1: As provas da Inglaterra e da Alemanha podem
ter tido treinos bem agitados para equipes e pilotos, mas trouxeram um detalhe
interessante à tona que se mostra uma insensatez no regulamento da F-1, que é a
limitação dos jogos de pneus de chuva disponíveis para o fim de semana por cada
carro, cerca de 4 jogos. Com a perspectiva de enfrentarem um fim de semana
inteiro de chuva, os times praticamente andaram o mínimo possível nos treinos
de sexta na Inglaterra, para economizarem pneu para o sábado e domingo. Se
gastassem todos os compostos, ficariam sem pneu para a corrida, e o regulamento
não permitia a troca do tipo de composto. Felizmente, a corrida foi disputada
sem chuva, e equipes e pilotos puderam usar os demais compostos disponíveis,
todos para seco. Na Alemanha, o dilema voltou a se repetir, embora em menor
dimensão. Está na hora de se dar uma corrigida em alguns itens do regulamento
da categoria.
Punições
na F-1: A regra das punições na categoria máxima do automobilismo está enchendo
o saco para muita gente. Na Inglaterra, Pastor Maldonado acabou esbarrando em
Sérgio Perez e o jogou fora da pista e da corrida, tomando punição. Na
Alemanha, foi o mexicano que tomou punição por conduta “antidesportiva” nos
treinos, enquanto outros pilotos tiveram que ir para trás no grid por trocas de
equipamentos baseados em regra que em tese deveria ser para cortar custos, mas
que na verdade está virando uma palhaçada de tantas que acontecem. Agora,
Sebastian Vettel acabou punido por ultrapassar fora da pista Jenson Button. Vai
chegar uma hora em que ninguém mais vai ter saco para nada na F-1, de tanta
punição para isso, punição para aquilo, e olhe lá. Algumas são coerentes, mas
sua aplicação já não é a mesma coisa para todo mundo, e esse é um problema até
pior, por criar um clima de possível ajuda a certos pilotos. Antigamente, a
categoria não tinha todas as frescuras que apresenta atualmente, e nem por isso
era menos emocionante.
GP
da Alemanha: Hockenhein comemorou 10 anos de seu “renascimento” como uma pista
sem graça e sem personalidade, desde que foi “mutilado” em 2002 e teve suas
longas retas na floresta arrancadas em nome de uma suposta segurança maior para
as competições que ali eram disputadas. A prova deste ano não foi um marasmo,
mas também não foi exatamente uma maravilha, mas os alemães têm outras coisas
para se procuparem: a empresa que administra a pista de Nurburgring, que reveza
com Hockenhein como sede da prova germânica, faliu este mês, e a corrida do ano
que vem está ameaçada. Hockenhein só aceita virar sede permanente, como era até
alguns anos atrás, se a FOM, leia-se Bernie Ecclestone, baixar a gula de suas
taxas exorbitantes para sediar um GP de F-1. O cartola, por sua vez, chegou a
anunciar até que poderia bancar os custos de Nurburgring sediar a prova de F-1,
mas prefiro esperar o ano que vem para ver se isso vai realmente acontecer. Ver
o velho Bernie meter a mão no bolso para não perder uma corrida na Europa,
depois de até demonizar as provas no Velho Continente, em prol de corridas em lugares
exóticos que aceitam pagar fortunas desmedidas que ele tem pedido para terem um
GP, vai ser novidade. Quanto as corridas na Alemanha, que diferença de uns 10
anos atrás, quando o país tinha duas provas, o GP da Alemanha (Hockenhein) e o
GP da Europa (Nurburgring), em virtude da Era Schumacher na categoria...
Autódromo
de Jacarepaguá: Este mês a Stock Car despediu-se do circuito de Jacarepaguá,
que começa, enfim, a ver seu fim, com o início das obras de demolição daquele
que já foi o melhor dos autódromos nacionais, ao lado de Interlagos.
Jacarepaguá sucumbe à especulação imobiliária, à corrupção dos políticos do Rio
de Janeiro e à cartolagem “olímpica” que quis porque quis construir instalações
olímpicas justo onde estava o autódromo, tendo dezenas de outras opções para
isso. E valeram também a contribuição da inoperante CBA, que apesar de
espernear um pouco neste caso, não conseguiu fazer nada que evitasse o fim do
circuito carioca. E para piorar a situação, tão cedo a cidade não verá
autódromo novo nenhum na área de Deodoro, que agora se descobriu estar cheio de
bombas por causa do tempo em que foi usado como área de testes e treinos do
Exército brasileiro, décadas atrás. Nem preciso dizer que muitos fãs do esporte
gostariam de enfiar todas estas bombas em um grupo seleto de políticos e
cartolas cretinos que infestam este país...
A.
J. Allmendinger: O piloto da equipe Penske na Sprint Cup, a principal divisão
da Nascar, foi pego no início do mês em um exame antidoping que havia dado
positivo para uma substância proibida. E agora, para piorar a situação, a
contraprova também deu sinal positivo, o que motivou a direção da Nascar a
suspender por tempo indeterminado o piloto americano, que terá de passar por
uma série de procedimentos, de acordo com os regulamentos da entidade, para
verificação de onde teria vindo a substância em questão, além de um programa de
reabilitação. A Penske não gostou da situação, e já precisou providenciar um
substituto para Allmendinger nas próximas etapas do campeonato. Sam Hornish
Jr., que já pilotou para Roger Penske, irá assumir o carro de A. J. nas etapas
de Indianápolis e Pocono. Por mais que se diga inocente, e que não faz idéia de
como possa ter ingerido a substância encontrada, Allmendinger ficou numa
situação complicada, e vai levar um bom tempo até conseguir que as coisas
voltem ao normal e se conserte o estrago que sua carreira pode sofrer...
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