Continuando
com a seção Arquivo, hoje trago a penúltima coluna escrita em dezembro de 1995,
que abordava na época o futuro do piloto brasileiro Gil de Ferran. Estreante do
ano na então F-Indy, Gil encerrou o ano com uma excelente vitória em Laguna
Seca, e com isso, estava na crista da onda para enfim ter sua chance de
competir na F-1. Seu nome era cogitado principalmente pela Ligier, mas havia
possibilidades até na McLaren, embora fossem remotas. Gil pesou bem as
possibilidades, e no fim acabou ficando na F-Indy, onde desenvolveu uma
carreira de sucesso, sendo bicampeão da categoria, ainda que tenha penado
alguns anos até chegar aos títulos. Mas chegou lá, algo que na F-1, quando não
se está em um time de ponta. É verdade que Gil, na Indy, só se tornou campeão
quando entrou para a Penske, o melhor time da categoria, mas fez por merecer
nas temporadas em que pilotou para a Hall e para a Walker, mostrando sua
capacidade como piloto. Em uma categoria onde as disparidades técnicas não eram
gritantes quanto as vistas na F-1, isso ajudou a valorizar o seu passe. Na F-1,
suas chances de chegar a um time de ponta que lhe permitisse disputar um título
seriam consideravelmente menores.
Fiquem
agora com a coluna, e boa leitura. Em breve, tem mais textos antigos por
aqui...
E GIL FICA NA F-INDY...
Adriano de Avance Moreno
Terminou
no último fim de semana mais uma novela que já estava se desenrolando há pelo
menos 3 meses, envolvendo o piloto brasileiro Gil de Ferran e seu futuro em 96.
Acabou ocorrendo o óbvio: Gil continua na F-Indy, na equipe de Jim Hall, e a
F-1 precisará tentar achar outro piloto. Olivier Panis, que era considerado
descartado, deve voltar ao páreo na disputa por um lugar na categoria.
Muitos
apostaram que Gil iria vir para a F-1. Atraído por uma proposta até
interessante da equipe Ligier, que por intermédio de Flavio Briatore, Tom
Walkinshaw e Bernie Ecclestone, tudo parecia indicar que o sonho de entrar para
a F-1 estava finalmente realizado, mas isso não era tudo para o piloto
brasileiro. Como o próprio Gil diz, não era apenas o convite que contava, mas
tudo o que envolveria a transferência para a F-1. Gil recebeu até apoio da
Mercedes, que o indicou para a McLaren, caso Mika Hakkinen não se recuperasse
para a próxima temporada. O convite era tão tentador que a Ligier se
comprometia até com a multa de rescisão contratual com a equipe Hall Racing,
que beira os cerca de US$ 5 milhões. O que pesou foi o pacote técnico da Ligier
para 96, e as possibilidades de resultados concretos na disputa do campeonato.
A Ligier fez uma boa temporada este ano, conseguindo até um pódio, mas as
perspectivas da escuderia para o próximo ano não são muito animadoras. A equipe
tem um bom motor, e um chassi promissor, mas precisa de maior capacidade
técnica para conseguir desenvolvê-lo. Gil também ponderou sobre a possibilidade
de fazer uma temporada na Ligier, e com os resultados obtidos, conseguir uma
vaga em um time de ponta para 1997, mas a insegurança sobre este fato
específico deve ter pesado mais na decisão de ficar na F-Indy.
De
fato, houve outro fato que influenciou na decisão. A McLaren anunciou a
confirmação de Mika Hakkinen como primeiro piloto do time para 96. Como David
Couthard já tem contrato assinado com o time de Ron Dennis, fica claro que Gil
estava na expectativa de substituir o piloto finlandês, por imposição da
Mercedes, que fornece os motores da escuderia inglesa e desenvolveu um notável
respeito pelo piloto brasileiro nesta sua primeira temporada da Indy. Os
técnicos da Mercedes ficaram impressionados com a exatidão das informações
fornecidas por Gil nos testes de desenvolvimento do motor durante toda a
temporada.
O
futuro de Gil de Ferran agora fica bem traçado na Indy para a temporada 96, e
as expectativas são muito promissoras. Apesar da equipe Hall não ser uma das
grandes escuderias da categoria, graças à maior competitividade e equilíbrio
que marcam o certame, isso não vai impedir o piloto brasileiro de ser um dos
favoritos ao título de 96, se o time fizer um bom trabalho. A Hall vai usar o
motor Honda no próximo ano, em lugar dos Mercedes adotados este ano. O chassi
vai continuar sendo o Reynard, que Gil já soube acertar com incrível precisão
em várias provas neste ano. E está confiante em conseguir mais vitórias, algo
que ele teria de esperar muito para conseguir, na F-1, e apenas se estivesse em
um time de ponta.
Decidida
a questão de permanecer na F-Indy, Gil não perdeu tempo: já nos dias seguintes
à decisão oficial, fez os primeiros testes com o modelo 961R, que será
utilizado na temporada do ano que vem. A Hall Racing tem um extenso programa de
testes programados até o início da próxima temporada, e já com o destino para
96 traçado, o piloto brasileiro promete não dar folga nos testes. A
concorrência que se prepare no ano que vem...
Mais um piloto brasileiro pode seguir o caminho da F-Indy: Ricardo
Rosset, que disputou este ano o campeonato da F-3000, fez um teste com o
Reynard da equipe Walker, onde Christian Fittipaldi correu este ano. O teste
foi muito positivo, e Derek Walker, dono da escuderia, já ofereceu um contrato
para Rosset disputar a temporada de 96 como segundo piloto da equipe no
campeonato da F-Indy. Robby Gordon continua como primeiro piloto. Rosset ainda
não decidiu, pois ainda mantêm contato com as equipes Sauber, Tyrrel, Arrows e
Minardi, visando uma vaga na F-1. Mas se não conseguir nada, o caminho da Indy
deverá ser seguido...
Enquanto Rosset sentiu o gosto de pilotar um F-Indy, seu compatriota
Tarso Marques acelerou um F-1. Tarso fez um teste com a Minardi, e a impressão
causada pelo jovem foi muito promissora. Não há nada confirmado ainda, mas
Tarso pode vir para a F-1 já em 96, e de cara ele já bateria um recorde na F-1:
seria o piloto mais jovem a estrear na categoria. O recorde até agora é de
Rubens Barrichello, que estreou com 20 anos de idade. Tarso tem 19 anos.
Novos testes coletivos no circuito de Estoril foram feitos nesta semana.
Os destaques maiores vão para os confrontos diretos entre Michael Schumacher e
Eddie Irvinne, Jean Alesi e Gerhard Berger, Damon Hill e Jacques Villeneuve.
Mas as condições estiveram muito adversas em alguns dias, enquanto em outros as
tradicionais falhas mecânicas impediram um esperado duelo. Schumacher,
Villeneuve e Hill andaram rápido, mas os tempos não puderam servir de
parâmetro. Rubens Barrichello iniciou os testes com a Jordan visando a nova
temporada, mas teve muitos altos e baixos. Apesar de tudo, as perspectivas de
uma boa temporada em 96 continuam em alta.
A festa anual da FIA de entrega dos prêmios aos campeões mundiais de
F-1 e algumas outras modalidades teve de ser adiada. O motivo: a greve dos
funcionários públicos franceses transformou as ruas de Paris em um caos urbano!
No próximo fim de semana, Pedro Paulo Diniz faz seus primeiros testes
com o carro da Ligier. O brasileiro avisa que ainda não decidiu correr pelo
time francês, e que só vai fechar o contrato após a escuderia decidir quem vai
ocupar o posto de piloto francês no time. Olivier Panis, que havia sido
descartado com a possibilidade de Gil de Ferran ser contratado, tornou-se o
nome mais cotado, após a negativa do piloto brasileiro em vir para a F-1...
Jos Verstappen acelera de novo num F-1. Desta vez, num Arrows, durante
os testes coletivos no Estoril, em Portugal. Seu time para a temporada de 96? Pode
ser...
A Brahma fez ontem uma festa publicitária de arromba para anunciar o
seu novo projeto de marketing para 96. Foi feita a apresentação oficial do
Brahma Sports Team, novo nome oficial da equipe Green na F-Indy. O carro de
Raul Boesel, já pintado com as cores da cerveja brasileira, foi mostrado no Rio
de Janeiro em frente ao Corcovado. Estão previstas outras aparições do tipo em
outros pontos turísticos do Rio. E estão confirmados alguns testes para efeito
publicitário no autódromo de Jacarepaguá. Como o circuito oval ainda não está
pronto, Raul deve andar no circuito misto.
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