sexta-feira, 25 de maio de 2012

UMA NOVA SURPRESA?


            Ontem começaram os treinos oficiais para o Grande Prêmio de Mônaco, o mais charmoso GP da temporada de F-1, e nas ruas do pequeno Principado, a pergunta que todos fazem é: teremos um 6º vencedor diferente no domingo, uma nova surpresa no atual campeonato, ou enfim alguém conseguirá quebrar a escrita vista até agora, e repetir uma vitória? Mônaco é uma pista onde, tradicionalmente, as corridas podem ser bem chatas, mas a julgar pelo que anda acontecendo este ano, podem surgir surpresas, e quando isso acontece, as ruas de Monte Carlo costumam presenciar disputas eletrizantes.
            No ano passado, a interrupção da corrida a poucas voltas do fim abortou o que prometia ser um duelo épico pela vitória da prova, quando Sebastian Vettel, com seus pneus em estado terminal, lutava para resistir ã pressão de Fernando Alonso e Jenson Button, colados na caixa de câmbio do piloto da Red Bull. A interrupção permitiu que Vettel largasse para as voltas finais calçado com pneus novos, e isso matou as chances de Button e Alonso, que não tiveram como manter a forte pressão que colocavam no jovem campeão alemão. No ano passado, os pneus da Pirelli, aliados aos recursos da asa móvel traseira e ao kers, já deram um tempero extra à prova monegasca, e este ano, os pneus italianos estão se mostrando uma charada mais complicada do que equipes e pilotos imaginavam, tanto que até agora ninguém conseguiu decifrar direito como os pneus se comportam, o que tem proporcionado corridas e um campeonato dos mais equilibrados dos últimos tempos, e talvez, até de toda a história da categoria.
            Dos times que tem andado com consistência entre os primeiros, a Lótus é a candidata natural a se tornar o 6º time diferente a vencer, o que por tabela, já daria um 6º vencedor diferente. Em 1983, a sexta corrida enfim mostrou um vencedor repetindo vitória, Alain Prost, da equipe Renault. Curiosamente, será que agora a escuderia que até o ano passado ostentava o nome da Renault será quem manterá a escrita de vermos novos vencedores na temporada? É a torcida de muitos, e tanto Kimmi Raikkonen quanto Romain Grossjean podem aumentar de fato o leque de vencedores na atual temporada.
            Mas, mesmo que não tenhamos um novo time vencendo, ainda poderemos ver novos pilotos chegando em primeiro. Neste caso, a conta aumenta muito pouco: Lewis Hamilton, da McLaren, é um piloto que pode muito bem vencer nas ruas do Principado, ainda mais tendo o bom carro da McLaren à mão. O campeão de 2008 vem mantendo uma boa regularidade este ano, mas anda com a falta de uma vitória entalada na garganta, ainda mais depois de ver Jenson Button sair na frente na Austrália, vencendo a primeira prova do ano. A melhora da Ferrari, vista em Barcelona, credencia Fernando Alonso como um dos mais prováveis pilotos a repetir a vitória, e o espanhol, tido como melhor piloto da categoria atualmente, pode muito bem querer aprontar em Monte Carlo, e do jeito que a competição está equilibrada, Alonso é o nome que pode fazer a diferença, se o carro permitir.
            Mas, quem também pode surpreender em Mônaco é Pastor Maldonado. O piloto venezuelano fez aqui nas ruas monegascas uma exibição muito boa no ano passado, e vinha para um 6º lugar certo até ser colocado fora da corrida por um afoito Lewis Hamilton. Maldonado, que vem de uma vitória surpreendente em Barcelona, pode muito bem ser uma nova surpresa em Monte Carlo, e até repetir a vitória. Alguns mais otimistas até colocam Bruno Senna nesta situação, pois o sobrinho de Ayrton Senna já conseguiu vencer no Principado, quando correu na GP2, mas Bruno vai precisar fazer a exibição de sua vida para conseguir repetir tal feito agora na F-1, ainda mais porque Maldonado está cheio de moral e confiança no time. Por outro lado, ninguém sabe se incêndio que tomou os boxes do time inglês em Barcelona prejudicou muito os equipamentos e dados da escuderia, que tentava providenciar peças de reposição para esta corrida com a máxima urgência.
            Dos times grandes, ainda há dois pilotos que, pelo retrospecto recente, infelizmente não devem dar esperanças de entrarem na luta por uma vitória e ajudar a apimentar o campeonato. Felipe Massa está em queda livre na Ferrari, incapaz de acompanhar o ritmo de seu companheiro de equipe com a regularidade necessária, e precisaria de um tremendo golpe de sorte, ou uma mudança de postura radical, para inverter a situação. Quem também fica meio fora de combate é Michael Schumacher, que embora esteja até andando bem nos treinos, vem enfrentando vários percalços nas corridas, como no GP da Espanha, onde abalroou de maneira grosseira o carro de Bruno Senna em uma disputa de posição no fim do retão do circuito. Considerado culpado pelo acidente, o heptacampeão perderá 5 posições no grid por causa da barbeiragem, e dependendo do resultado disso, pode acabar ficando totalmente de fora da briga pelas primeiras posições, pois largar na frente nas ruas de Monte Carlo continua sendo essencial para se almejar bons resultados.
            Mas o que ninguém pode prever é como os atuais pneus da Pirelli poderão se comportar em Mônaco. Por mais que os times façam previsões do que já viram nas corridas iniciais, as ruas de Monte Carlo são um caso à parte. A velocidade de ponta é baixa, e a necessidade de arrasto aerodinâmico para otimizar a tração nas reacelerações e freadas nas fechadas curvas impõem um desgaste que precisa ser bem calculado. Se no ano passado a corrida já foi interessante, ainda mais que por volta daquela etapa os times começam a pegar o jeito de como lidar com os compostos, mesmo assim houve boas disputas, este ano, onde a situação é mais complicada ainda, tudo aponta para uma corrida a princípio imprevisível. Mais do que nunca, os treinos livres serão cruciais para se tentar descobrir qual a melhor estratégia de uso dos pneus. Como esta coluna foi fechada antes do início dos treinos de ontem, é provável que no momento em que estiver sendo publicada e lida já tenhamos alguma idéia do que esperar para a classificação de amanhã.
            Mas, por outro lado, como até agora em 2012 nem mesmo os treinos livres tem dado indícios exatos do que se esperar na corrida, com algumas exceções, podemos estar diante de um panorama incerto para a corrida. E não podemos esquecer também que Mônaco costuma ser um circuito que não perdoa erros, e que por volta e meia, impõe um desgaste anormal aos carros. Se as disputas se avolumarem durante a corrida, como tem ocorrido nas demais etapas deste ano, podemos ver algumas brigas por posições bem ferrenhas, e com alguns competidores ficando pelo meio do caminho.
            Que venha a corrida então, e possivelmente, uma nova surpresa no atual campeonato...



Domingo é dia da edição 2012 das 500 Milhas de Indianápolis, prova válida pelo campeonato da Indy Racing League. No grid, 4 brasileiros tentarão sua sorte na mais prestigiada corrida do automobilismo americano. Hélio Castro Neves é quem tem maiores chances: além de correr por um time de ponta, a Penske, Helinho já faturou 3 vezes a Indy500, e segue em busca da 4ª vitória, o que o igualaria a nomes míticos como A. J. Foyt, Al Unser e Rick Mears, os maiores vencedores da corrida, com 4 triunfos cada um. Tony Kanan larga em 8º, e também busca chegar à vitória, que seria sua primeira no superoval de Indiana. Rubens Barrichello, fazendo enfim sua estréia nas pistas ovais da categoria, larga na 10ª colocação. E Bia Figueiredo parte em 13º. Todos eles tem boas chances de conseguirem fazer bonito. Tradicionalmente, a Indy500 pode ser uma grande loteria, com possibilidades de resultados totalmente inesperados, como se viu ano passado, quando J.R. Hildebrand vinha para vencer a corrida e bateu na última curva na última volta, entregando a vitória a Dan Wheldon. Quem conseguir se manter inteiro durante as 200 voltas, e estiver com o carro rápido na parte final poderá ter boas chances de se tornar mais um vencedor da corrida. A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo (enfim), a partir das 12:30. Fica o receio se vai transmitir até o fim, pois dependendo do andamento da corrida, ela pode demorar a se encerrar, e quero ver quando chegar a hora do futebol...

Um comentário:

Bigode disse...

Ei cara, enfim um sujeito que escreve legal, leve e com imparcialidade. Cara você deveria escrever mais vezes. Queria ler suas analises da 500 milhas e Mônaco.