Ontem
começaram os treinos oficiais para o Grande Prêmio de Mônaco, o mais charmoso
GP da temporada de F-1, e nas ruas do pequeno Principado, a pergunta que todos
fazem é: teremos um 6º vencedor diferente no domingo, uma nova surpresa no
atual campeonato, ou enfim alguém conseguirá quebrar a escrita vista até agora,
e repetir uma vitória? Mônaco é uma pista onde, tradicionalmente, as corridas
podem ser bem chatas, mas a julgar pelo que anda acontecendo este ano, podem
surgir surpresas, e quando isso acontece, as ruas de Monte Carlo costumam
presenciar disputas eletrizantes.
No
ano passado, a interrupção da corrida a poucas voltas do fim abortou o que
prometia ser um duelo épico pela vitória da prova, quando Sebastian Vettel, com
seus pneus em estado terminal, lutava para resistir ã pressão de Fernando
Alonso e Jenson Button, colados na caixa de câmbio do piloto da Red Bull. A
interrupção permitiu que Vettel largasse para as voltas finais calçado com
pneus novos, e isso matou as chances de Button e Alonso, que não tiveram como
manter a forte pressão que colocavam no jovem campeão alemão. No ano passado,
os pneus da Pirelli, aliados aos recursos da asa móvel traseira e ao kers, já
deram um tempero extra à prova monegasca, e este ano, os pneus italianos estão
se mostrando uma charada mais complicada do que equipes e pilotos imaginavam,
tanto que até agora ninguém conseguiu decifrar direito como os pneus se
comportam, o que tem proporcionado corridas e um campeonato dos mais equilibrados
dos últimos tempos, e talvez, até de toda a história da categoria.
Dos
times que tem andado com consistência entre os primeiros, a Lótus é a candidata
natural a se tornar o 6º time diferente a vencer, o que por tabela, já daria um
6º vencedor diferente. Em 1983, a sexta corrida enfim mostrou um vencedor
repetindo vitória, Alain Prost, da equipe Renault. Curiosamente, será que agora
a escuderia que até o ano passado ostentava o nome da Renault será quem manterá
a escrita de vermos novos vencedores na temporada? É a torcida de muitos, e
tanto Kimmi Raikkonen quanto Romain Grossjean podem aumentar de fato o leque de
vencedores na atual temporada.
Mas,
mesmo que não tenhamos um novo time vencendo, ainda poderemos ver novos pilotos
chegando em primeiro.
Neste caso, a conta aumenta muito pouco: Lewis Hamilton, da
McLaren, é um piloto que pode muito bem vencer nas ruas do Principado, ainda
mais tendo o bom carro da McLaren à mão. O campeão de 2008 vem mantendo uma boa
regularidade este ano, mas anda com a falta de uma vitória entalada na
garganta, ainda mais depois de ver Jenson Button sair na frente na Austrália,
vencendo a primeira prova do ano. A melhora da Ferrari, vista em Barcelona,
credencia Fernando Alonso como um dos mais prováveis pilotos a repetir a vitória,
e o espanhol, tido como melhor piloto da categoria atualmente, pode muito bem
querer aprontar em Monte
Carlo , e do jeito que a competição está equilibrada, Alonso é
o nome que pode fazer a diferença, se o carro permitir.
Mas,
quem também pode surpreender em Mônaco é Pastor Maldonado. O piloto venezuelano
fez aqui nas ruas monegascas uma exibição muito boa no ano passado, e vinha
para um 6º lugar certo até ser colocado fora da corrida por um afoito Lewis
Hamilton. Maldonado, que vem de uma vitória surpreendente em Barcelona, pode
muito bem ser uma nova surpresa em Monte Carlo , e até repetir a vitória. Alguns mais
otimistas até colocam Bruno Senna nesta situação, pois o sobrinho de Ayrton
Senna já conseguiu vencer no Principado, quando correu na GP2, mas Bruno vai
precisar fazer a exibição de sua vida para conseguir repetir tal feito agora na
F-1, ainda mais porque Maldonado está cheio de moral e confiança no time. Por
outro lado, ninguém sabe se incêndio que tomou os boxes do time inglês em
Barcelona prejudicou muito os equipamentos e dados da escuderia, que tentava
providenciar peças de reposição para esta corrida com a máxima urgência.
Dos
times grandes, ainda há dois pilotos que, pelo retrospecto recente,
infelizmente não devem dar esperanças de entrarem na luta por uma vitória e
ajudar a apimentar o campeonato. Felipe Massa está em queda livre na Ferrari,
incapaz de acompanhar o ritmo de seu companheiro de equipe com a regularidade
necessária, e precisaria de um tremendo golpe de sorte, ou uma mudança de
postura radical, para inverter a situação. Quem também fica meio fora de
combate é Michael Schumacher, que embora esteja até andando bem nos treinos,
vem enfrentando vários percalços nas corridas, como no GP da Espanha, onde
abalroou de maneira grosseira o carro de Bruno Senna em uma disputa de posição
no fim do retão do circuito. Considerado culpado pelo acidente, o heptacampeão
perderá 5 posições no grid por causa da barbeiragem, e dependendo do resultado
disso, pode acabar ficando totalmente de fora da briga pelas primeiras
posições, pois largar na frente nas ruas de Monte Carlo continua sendo
essencial para se almejar bons resultados.
Mas
o que ninguém pode prever é como os atuais pneus da Pirelli poderão se
comportar em Mônaco. Por
mais que os times façam previsões do que já viram nas corridas iniciais, as
ruas de Monte Carlo são um caso à parte. A velocidade de ponta é baixa, e a
necessidade de arrasto aerodinâmico para otimizar a tração nas reacelerações e
freadas nas fechadas curvas impõem um desgaste que precisa ser bem calculado.
Se no ano passado a corrida já foi interessante, ainda mais que por volta
daquela etapa os times começam a pegar o jeito de como lidar com os compostos,
mesmo assim houve boas disputas, este ano, onde a situação é mais complicada
ainda, tudo aponta para uma corrida a princípio imprevisível. Mais do que
nunca, os treinos livres serão cruciais para se tentar descobrir qual a melhor
estratégia de uso dos pneus. Como esta coluna foi fechada antes do início dos
treinos de ontem, é provável que no momento em que estiver sendo publicada e
lida já tenhamos alguma idéia do que esperar para a classificação de amanhã.
Mas,
por outro lado, como até agora em 2012 nem mesmo os treinos livres tem dado
indícios exatos do que se esperar na corrida, com algumas exceções, podemos
estar diante de um panorama incerto para a corrida. E não podemos esquecer
também que Mônaco costuma ser um circuito que não perdoa erros, e que por volta
e meia, impõe um desgaste anormal aos carros. Se as disputas se avolumarem
durante a corrida, como tem ocorrido nas demais etapas deste ano, podemos ver
algumas brigas por posições bem ferrenhas, e com alguns competidores ficando
pelo meio do caminho.
Que
venha a corrida então, e possivelmente, uma nova surpresa no atual
campeonato...
Domingo é dia da edição 2012 das 500 Milhas de Indianápolis, prova
válida pelo campeonato da Indy Racing League. No grid, 4 brasileiros tentarão
sua sorte na mais prestigiada corrida do automobilismo americano. Hélio Castro
Neves é quem tem maiores chances: além de correr por um time de ponta, a
Penske, Helinho já faturou 3 vezes a Indy500, e segue em busca da 4ª vitória, o
que o igualaria a nomes míticos como A. J. Foyt, Al Unser e Rick Mears, os
maiores vencedores da corrida, com 4 triunfos cada um. Tony Kanan larga em 8º,
e também busca chegar à vitória, que seria sua primeira no superoval de
Indiana. Rubens Barrichello, fazendo enfim sua estréia nas pistas ovais da
categoria, larga na 10ª colocação. E Bia Figueiredo parte em 13º. Todos eles
tem boas chances de conseguirem fazer bonito. Tradicionalmente, a Indy500 pode
ser uma grande loteria, com possibilidades de resultados totalmente
inesperados, como se viu ano passado, quando J.R. Hildebrand vinha para vencer
a corrida e bateu na última curva na última volta, entregando a vitória a Dan
Wheldon. Quem conseguir se manter inteiro durante as 200 voltas, e estiver com
o carro rápido na parte final poderá ter boas chances de se tornar mais um
vencedor da corrida. A Bandeirantes transmite a corrida ao vivo (enfim), a
partir das 12:30. Fica o receio se vai transmitir até o fim, pois dependendo do
andamento da corrida, ela pode demorar a se encerrar, e quero ver quando chegar
a hora do futebol...
Um comentário:
Ei cara, enfim um sujeito que escreve legal, leve e com imparcialidade. Cara você deveria escrever mais vezes. Queria ler suas analises da 500 milhas e Mônaco.
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