O
GP do Brasil da Indy viu finalmente uma corrida sem incidentes anormais, como
havia acontecido nas suas duas primeiras edições. Afinal, tanto em 2010 quanto
em 2011, a
chegada da chuva infelizmente forçou a interrupção da prova, para estragar a
festa de todos, sendo que no ano passado, a corrida teve de ser finalizada na
segunda-feira, uma vez que o aguaceiro de domingo foi tão forte que a prova não
teve mais como ser disputada no domingo. Mas uma coisa não mudou: o vencedor da
corrida: novamente, Will Power levantou o caneco da prova brasileira. Além de
ser a terceira vitória consecutiva de Power no Anhembi, o triunfo na etapa
brasileira também foi a terceira vitória consecutiva do piloto australiano, que
começa a disparar na classificação do campeonato da Indy Racing League, rumo ao
tão sonhado título, que nos dois últimos anos, escapou-lhe na última hora para
Dario Franchiti, da equipe Ganassi.
Mas
este ano, o tradicional rival escocês não está tendo uma boa temporada, e para
melhorar o astral de Power, a Penske vem dominando a temporada. O time de Roger
venceu todas as corridas do ano, sendo que na prova inaugural, em São
Petesburgo, venceu Hélio Castro Neves. E Helinho tem tudo para ser o maior
adversário de Power este ano. Mas será que Hélio consegue deter o australiano?
Teoricamente, sim, mas o brasileiro vai ter de suar o macacão para conseguir o
feito. Desde que chegou ao time da Penske, Will conseguiu a proeza de deixar
seus companheiros de equipe na sobra, se impondo com incrível facilidade sobre
seus parceiros de time, a ponto de ter se tornado a principal peça da Penske na
luta pelo título. Tanto que até Helinho, com mais de uma década de casa, sentiu
o baque, fazendo no ano passado sua pior temporada na escuderia. Estaria o
brasileiro em decadência frente à chegada arrasadora de Power? No início da
década de 1990, Rick Mears, estrela da mesma Penske, ficou meio na sombra com a
chegada de Émerson Fittipaldi ao time. E o brasileiro, campeão da F-Indy em
1989, também meio que ficou na sobra com a chegada de Al Unser Jr. Pouco tempo
depois. Seria a vez de Helinho? O brasileiro jura que não, mas vai ter de
redobrar seus esforços se quiser disputar a sério o título. E sua melhor chance
de diminuir a desvantagem na classificação, que já é de 45 pontos, começa já na
próxima corrida, as 500
Milhas de Indianápolis, onde o brasileiro já venceu 3
vezes. É uma pista oval, um tipo de traçado onde Power até agora não consegue
se impor com a mesma facilidade que vem dominando as provas em pistas de rua ou
mistas.
Contando
com apenas 5 provas em pistas ovais este ano, Power está em franca vantagem
para finalmente conquistar seu primeiro campeonato da IRL. Ainda mais pela má
fase de Franchiti e da Ganassi, que parece estar em situação de leve
inferioridade mecânica do motor Honda frente aos Chevrolet, mais potentes e
econômicos. A Andretti, que vem tendo bons resultados neste início de
temporada, com James Hinchcliffe e Ryan Hunter-Reay, não está no mesmo nível da
Penske. Simon Pagenaud vem surpreendendo com a pequena equipe Sam
Schmidt/Hamilton, mas também não parece páreo para o australiano. E mesmo Scott
Dixon, que havia conseguido um excelente início de temporada, ao contrário de
seu companheiro de equipe na Ganassi, também parece sentir as limitações do
time no atual momento. Então, quem poderá deter Power em sua escalada rumo ao
título? Talvez apenas Hélio Castro Neves mesmo.
Helinho
é o vice-líder do campeonato, mas até agora não tem conseguido enfrentar
diretamente Power na pista, com exceção da primeira corrida da temporada, onde
venceu. Já na corrida seguinte, no Alabama, o brasileiro largou na pole, dando
a entender que iria ser um páreo duro para todos. Mas na corrida, acabou em 3°,
assistindo à distância o duelo que se seguiu nas voltas finais entre Dixon e
Power, sem conseguir se intrometer na briga. Nas duas corridas seguintes, o
brasileiro precisou contar com boas estratégias para conseguir chegar entre os
primeiros, uma vez que teve de largar em péssimas posições no grid. Mas em Long
Beach, um toque em Rubens Barrichello na volta final o fez perder posições
devido a uma punição. Em São Paulo, saiu-se melhor, terminando na 4ª posição,
mas vendo seu companheiro de equipe largar na pole e dominar a prova de ponta a
ponta, praticamente, ganhando por isso pontos extras. E este ano, a estratégia
vem se mostrando um fator decisivo para se vencer as corridas.
Uma
prova é o desempenho da KV Racing, time que até surpreendeu no ano passado, mas
que este ano parece ter se perdido completamente no que se refere a traçar
estratégias de corrida. O que se viu em São Paulo diz tudo: por mais que seus
pilotos lutassem na pista, a estratégia traçada simplesmente tirou todos eles
da luta pelas primeiras posições ao impor reabastecimentos nas últimas voltas.
Rubens Barrichello, que por um breve momento chegou a ser 3° na corrida,
terminou em um mediano 10° lugar, sendo que Ernesto Viso, o melhor piloto
classificado, foi apenas o 9°. E enquanto não se acertar neste quesito, podem
esquecer completamente a KV de qualquer disputa pelo pódio. Disputar o título
seria pedir demais.
Mas
derrotar Power não vai ser fácil. E o australiano está procurando se garantir:
como as provas em ovais podem virar um tremenda loteria, ele já está garantindo
um boa dianteira para poder administrar as corridas neste tipo de pista. E não
se pode culpá-lo, uma vez que foram em ovais as provas decisivas que o fizeram
perder a disputa do título, tanto no ano passado quanto em 2010, para Dario
Franchiti, cuja equipe Ganassi e a maior experiência do piloto escocês
conseguiram virar o jogo na reta final da disputa. Se Hélio conseguir
capitalizar em cima de Power nas pistas ovais, pode conseguir dar uma
equilibrada no jogo, mas continuará tendo de fazer esforço dobrado no restante
das pistas, para evitar que o colega ganhe nova dianteira. A disputa na Penske
é aberta, ainda mais se a concorrência não conseguir se mostrar capaz de entrar
na disputa, mas caberá a Hélio fazer a sua parte.
Power
estreou na Penske em 2009, como um substituto para o piloto brasileiro, que
enfrentava um processo nos tribunais americanos por evasão de divisas. Com a
absolvição de Hélio, o brasileiro reassumiu sua posição de piloto, tendo ficado
de fora da primeira etapa daquele ano. Power ganhou nova chance na escuderia no
mesmo ano, mas uma violento acidente em Sonoma o deixou de fora por vários
meses, retornando apenas em 2010, agora como piloto para todo o campeonato da
Penske. E de lá para cá, o australiano simplesmente não parou mais, já
contabilizando em apenas dois anos e pouco nada menos do que 14 vitórias na
categoria. Ele estreou na antiga F-Indy, pela equipe Walker, que à época
chamava-se Team Australia, em 2005. Foi sua a vitória da última corrida da
categoria, disputada em Long Beach em 2007. Em 2008, pilotou para a KV já no
campeonato da Indy Racing League, e em 2009, estreava na Penske.
Se
conquistar o título deste ano, será o primeiro campeonato que Power vencerá
desde que conquistou a Formula Holden em 2002, ainda competindo em seu país
natal, a Austrália. De lá para cá, ele correu na F-3 australiana, na V8
Supercars, na F-3 inglesa, na World Series by Renault, e na A1GP, antes de
estrear na antiga F-Indy. E ele está seco para acabar com o seu jejum de
título, podem apostar...
Apesar da corrida da Indy no Brasil este ano finalmente ter corrido sem
maiores percalços, graças à chuva não ter vindo na hora da prova, nem por isso
a prova no Anhembi teve seu momento mais complicado: a curva do S do Samba, a
exemplo dos anos anteriores, novamente fez suas vítimas, agora na parte final
da corrida, quando nada menos do que 8 carros ficaram enroscados ali. Pior para
Bia Figueiredo e Tony Kanaan, que foram algumas das vítimas, perdendo voltas
preciosas na corrida até que fossem colocados novamente na pista. Felizmente,
os poucos acidentes que ocorreram durante a prova foram bem leves, e ninguém
saiu ferido no fim de semana. Talvez o maior mico da prova tenha sido a cena do
pódio, onde os pilotos simplesmente não conseguiam abrir suas garrafas para a
tradicional comemoração, por estarem lacradas. Um ponto a se lembrar no ano que
vem...
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