quarta-feira, 9 de maio de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1995 - 02.11.1995


            Volto com a seção arquivo, para trazer a primeira coluna do mês de novembro de 1995. Coluna escrita logo após o Grande Prêmio do Japão daquele ano, disputado apenas uma semana depois do Grande Prêmio do Pacífico, sediado também no Japão, no circuito de Ainda. E os japoneses viram decisões em dobro: se em Ainda Michael Schumacher havia conquistado o bicampeonato mundial, em Suzuka foi seu time, a Benetton, que conquistou o troféu de construtores daquela temporada. Foi o primeiro e último título de construtores da equipe multicolorida, pois como todos sabem, Schumacher e mandou de mala e cuia para a Ferrari no ano seguinte, e a Benetton nunca mais foi a mesma, apesar das falácias de Flavio Briatore de que a saída do alemão não faria a menor diferença.

            Uma boa leitura a todos...

 
BENETTON, A CAMPEÃ DO ANO
 
Adriano de Avance Moreno

            Não há dúvidas: a Benetton, que conquistou em Suzuka o seu primeiro campeonato mundial de construtores, o mereceu este ano. Foi o time que mais venceu, e o que melhor planejou cada uma de suas corridas. Pode até não ser a melhor nas qualificações, mas e daí? O que importa são as corridas, e aí sim, nesta hora, a Benetton mostrou combate, principalmente com seu piloto Nº 1, Michael Schumacher, que igualou no Grande Prêmio do Japão o recorde de 9 vitórias em uma mesma temporada, que era de Nigel Mansell, em 1992. E ele promete bater este recorde em Adelaide, na Austrália, etapa de encerramento do mundial 95.
            A Benetton conquistou 11 vitórias este ano, sendo 9 com Schumacher, e 2 com Johnny Herbert, que praticamente herdou os triunfos em Silverstone, onde uma punição tirou a vitória que seria de David Couthard; e em Monza, onde a quebra de Jean Alesi a poucas voltas do final lhe deu outra vitória. Enquanto Schumacher muda-se para a Ferrari, Herbert ainda está à procura de emprego para 96. Tyrrel e Sauber são suas opções, mas são incertas.
            Flavio Briatore, o grande vitorioso do ano, já lançou o desafio para 96, o de que a Benetton manterá o seu nível vitorioso, agora contando com Jean Alesi e Gerhard Berger. Briatore quer mostrar que as vitórias da Benetton são também resultado do trabalho da equipe, e não apenas de Michael Schumacher.
            A Benetton, porém, vai ter de repensar seus carros. Não é segredo que, desde 1993, o time constrói seus carros direcionados para o estilo de pilotagem de Schumacher, o que sempre acabou prejudicando os outros pilotos do time. Isso seria em parte a razão de Herbert não conseguir acompanhar o alemão na maioria das provas: o carro é “regulado” de nascença para o estilo de pilotagem de Schumacher. Com Berger e Alesi, dois bons pilotos, e de considerável combatividade e competência, a Benetton terá de rever essa sua forma de concepção de seus carros. Será preciso que os monopostos sejam bons com ambos os pilotos, e não apenas com 1 só.
            Fim de prova em Suzuka, uma pergunta no ar no paddock: o que será de Damon Hill na Williams? Apesar de ter contrato para 96, há quem garanta que Hill não fica no time após o encerramento desta temporada, na Austrália. Boato ou certeza, ninguém sabe ao certo. A única verdade é que a Williams entrou em crise com a derrota de Suzuka, uma derrota que começou já no treino de sábado para a formação do grid, quando ambas as Williams foram superadas por Mika Hakkinem, da McLaren, pela primeira vez em 2 anos. A última vez tinha sido na Austrália, em 93, por Ayrton Senna, naquela que foi a última pole da McLaren, e também a última vitória do time até o momento. A boa exibição em Suzuka indica boas perspectivas para a equipe de Ron Dennis em 96.
            Para Rubens Barrichello, foi mais um GP azarado. Nitidamente mais rápido que Eddie Irvinne, ele foi pego pelo azar na tentativa de ultrapassagem sobre seu colega de equipe. Seu carro pegou uma das poucas poças de água existentes no circuito e deu uma chicotadas, perdendo o controle e saindo da pista e da prova. Ele estava confiante em chegar ao pódio, e seu ritmo de corrida mostrava que ele não estava sonhando tão alto assim. Ele vinha mais rápido que Herbert, que terminou em 3º. Irvinne teve toda a sorte que faltou ao brasileiro: foi tocado forte duas vezes, rodou, voltou à corrida e terminou em 4º. Nada mal.
            O desgosto maior foi de Alesi. O francês foi traído pelo motor de sua Ferrari no momento mais emocionante da prova. Esta a menos de 2s de Schumacher, e fazendo muita pressão no alemão. Era incrível o ritmo do francês: Alesi tinha sido punido por queimar a largada com uma parada de 10s no box; depois de ultrapassar um retardatário, saiu da pista, controlou o carro, voltou ao traçado, deu um cavalo de pau, corrigiu o rumo e retomou a corrida, fazendo voltas mais rápidas inúmeras vezes. Não fosse o seu abandono, Schumacher poderia não estar comemorando sua 9ª vitória no campeonato.
            Uma ironia: na Tyrrel e na Ligier, os pilotos nipônicos não conseguiram nada no GP de seu país, ao contrário de seus colegas de equipe europeus. Olivier Panis foi um bom 5º lugar, enquanto Aguri Suzuki bateu forte no treino de sábado, quebrou uma costela e deu adeus à sua participação na corrida; Mika Salo foi o 6º, enquanto Ukyo Katayama também bateu, só que durante a corrida. O último piloto japonês, Taki Inoue, ficou em último na bandeirada. Não foi mesmo o dia dos japoneses...
            Terminado o GP, é hora de se aprontar para a próxima corrida, na Austrália. Para os pilotos, é hora de aproveitar umas pequenas férias de alguns dias apenas. Barrichello, por exemplo, voou para Bangcoc. Todo o pessoal das equipes também curte uns dias de folga. Tudo termina na próxima terça-feira, quando recomeça o trabalho em Adelaide, onde será disputado o último GP do ano. Até lá, então...



Algumas curiosidades sobre a nova pista oval que está sendo construída no Rio de Janeiro: segundo especulações, os carros da F-Indy serão capazes de atingir 360 Km/h na reta. Com isso, seria o 3º circuito oval mais rápido do campeonato, perdendo apenas para Michigan e Indianápolis. Com cerca de 3 Km de extensão, será também o 3º maior circuito oval, ficando novamente atrás de Indianápolis (4 Km) e Michigan (3,2 Km). A prova brasileira irá se chamar RIO 500, mas serão 500 Km, e não 500 milhas.


 
Émerson Fittipaldi terá um time exclusivo para si no ano que vem. A Penske vai ficar com Al Unser Jr. E Paul Tracy como pilotos “oficiais”. Émerson será o piloto de Carl Hogan, ex-sócio de Bobby Rahal, que resolveu partir para a criação de sua própria escuderia. O seu time será uma filial oficial da Penske. Émerson terá todo o apoio técnico do time de Roger Penske, bem como seus melhores mecânicos. O piloto brasileiro terá à sua disposição chassis Penske oficiais, bem como motores Mercedes de fábrica. A separação foi uma forma de acalmar os ânimos na Penske, que andam ruins pelo fato de a equipe ter apoiado Al Unser Jr. E deixado Émerson em segundo plano a partir de Indianápolis. Mas há que se frisar que, apesar das equipes serem diferentes, na prática, Émerson continua com Roger Penske. A nova equipe será “gerenciada” por Carl Hogan em parceria com Roger Penske.


 
Quem gosta de uma boa piada da F-Indy, eis uma que surgiu há algum tempo atrás sobre Hiro Matsushita: a de que o piloto japonês, famoso pelas barbaridades que comete como retardatário na hora de ser ultrapassado pelos líderes, agora faz parte “oficialmente” dos circuitos da categoria, como “chicane móvel”...


 
Apesar do que dizem que a F-1 está perdendo o interesse, é cada vez maior o número de países pretendentes a sediar um GP da categoria: China, Holanda, Áustria, Rússia, Indonésia, Finlândia, e até a Nova Zelândia. A FIA já estuda há algum tempo o aumento de 16 para 18 GPs por temporada. Este ano, chegamos perto, com 17 corridas...


 
Schumacher já tem data para estrear na Ferrari: 17 de novembro, no circuito de Estoril, em Portugal, onde o time italiano deve fazer os primeiros testes visando já a temporada de 96. E a Benetton avisa: até 6 de janeiro de 96 já coloca o seu novo carro, o B196, na pista para os primeiros testes. Rapidez é a ordem do momento na F-1...

Nenhum comentário: