Volto
com a seção arquivo, para trazer a primeira coluna do mês de novembro de 1995.
Coluna escrita logo após o Grande Prêmio do Japão daquele ano, disputado apenas
uma semana depois do Grande Prêmio do Pacífico, sediado também no Japão, no
circuito de Ainda. E os japoneses viram decisões em dobro: se em Ainda Michael
Schumacher havia conquistado o bicampeonato mundial, em Suzuka foi seu time, a
Benetton, que conquistou o troféu de construtores daquela temporada. Foi o
primeiro e último título de construtores da equipe multicolorida, pois como
todos sabem, Schumacher e mandou de mala e cuia para a Ferrari no ano seguinte,
e a Benetton nunca mais foi a mesma, apesar das falácias de Flavio Briatore de
que a saída do alemão não faria a menor diferença.
Uma
boa leitura a todos...
BENETTON, A CAMPEÃ DO ANO
Adriano de Avance Moreno
Não há dúvidas: a Benetton, que conquistou em Suzuka o seu primeiro
campeonato mundial de construtores, o mereceu este ano. Foi o time que mais
venceu, e o que melhor planejou cada uma de suas corridas. Pode até não ser a
melhor nas qualificações, mas e daí? O que importa são as corridas, e aí sim,
nesta hora, a Benetton mostrou combate, principalmente com seu piloto Nº 1,
Michael Schumacher, que igualou no Grande Prêmio do Japão o recorde de 9
vitórias em uma mesma temporada, que era de Nigel Mansell, em 1992. E ele
promete bater este recorde em Adelaide, na Austrália, etapa de encerramento do
mundial 95.
A
Benetton conquistou 11 vitórias este ano, sendo 9 com Schumacher, e 2 com
Johnny Herbert, que praticamente herdou os triunfos em Silverstone, onde uma
punição tirou a vitória que seria de David Couthard; e em Monza, onde a quebra
de Jean Alesi a poucas voltas do final lhe deu outra vitória. Enquanto
Schumacher muda-se para a Ferrari, Herbert ainda está à procura de emprego para
96. Tyrrel e Sauber são suas opções, mas são incertas.
Flavio
Briatore, o grande vitorioso do ano, já lançou o desafio para 96, o de que a
Benetton manterá o seu nível vitorioso, agora contando com Jean Alesi e Gerhard
Berger. Briatore quer mostrar que as vitórias da Benetton são também resultado
do trabalho da equipe, e não apenas de Michael Schumacher.
A
Benetton, porém, vai ter de repensar seus carros. Não é segredo que, desde
1993, o time constrói seus carros direcionados para o estilo de pilotagem de
Schumacher, o que sempre acabou prejudicando os outros pilotos do time. Isso
seria em parte a razão de Herbert não conseguir acompanhar o alemão na maioria
das provas: o carro é “regulado” de nascença para o estilo de pilotagem de
Schumacher. Com Berger e Alesi, dois bons pilotos, e de considerável
combatividade e competência, a Benetton terá de rever essa sua forma de
concepção de seus carros. Será preciso que os monopostos sejam bons com ambos
os pilotos, e não apenas com 1 só.
Fim
de prova em Suzuka, uma pergunta no ar no paddock: o que será de Damon Hill na
Williams? Apesar de ter contrato para 96, há quem garanta que Hill não fica no
time após o encerramento desta temporada, na Austrália. Boato ou certeza, ninguém
sabe ao certo. A única verdade é que a Williams entrou em crise com a derrota
de Suzuka, uma derrota que começou já no treino de sábado para a formação do
grid, quando ambas as Williams foram superadas por Mika Hakkinem, da McLaren,
pela primeira vez em 2 anos. A última vez tinha sido na Austrália, em 93, por
Ayrton Senna, naquela que foi a última pole da McLaren, e também a última
vitória do time até o momento. A boa exibição em Suzuka indica boas
perspectivas para a equipe de Ron Dennis em 96.
Para
Rubens Barrichello, foi mais um GP azarado. Nitidamente mais rápido que Eddie
Irvinne, ele foi pego pelo azar na tentativa de ultrapassagem sobre seu colega
de equipe. Seu carro pegou uma das poucas poças de água existentes no circuito
e deu uma chicotadas, perdendo o controle e saindo da pista e da prova. Ele
estava confiante em chegar ao pódio, e seu ritmo de corrida mostrava que ele
não estava sonhando tão alto assim. Ele vinha mais rápido que Herbert, que
terminou em 3º. Irvinne teve toda a sorte que faltou ao brasileiro: foi tocado
forte duas vezes, rodou, voltou à corrida e terminou em 4º. Nada mal.
O
desgosto maior foi de Alesi. O francês foi traído pelo motor de sua Ferrari no
momento mais emocionante da prova. Esta a menos de 2s de Schumacher, e fazendo
muita pressão no alemão. Era incrível o ritmo do francês: Alesi tinha sido
punido por queimar a largada com uma parada de 10s no box; depois de
ultrapassar um retardatário, saiu da pista, controlou o carro, voltou ao
traçado, deu um cavalo de pau, corrigiu o rumo e retomou a corrida, fazendo
voltas mais rápidas inúmeras vezes. Não fosse o seu abandono, Schumacher
poderia não estar comemorando sua 9ª vitória no campeonato.
Uma
ironia: na Tyrrel e na Ligier, os pilotos nipônicos não conseguiram nada no GP
de seu país, ao contrário de seus colegas de equipe europeus. Olivier Panis foi
um bom 5º lugar, enquanto Aguri Suzuki bateu forte no treino de sábado, quebrou
uma costela e deu adeus à sua participação na corrida; Mika Salo foi o 6º,
enquanto Ukyo Katayama também bateu, só que durante a corrida. O último piloto
japonês, Taki Inoue, ficou em último na bandeirada. Não foi mesmo o dia dos
japoneses...
Terminado
o GP, é hora de se aprontar para a próxima corrida, na Austrália. Para os
pilotos, é hora de aproveitar umas pequenas férias de alguns dias apenas.
Barrichello, por exemplo, voou para Bangcoc. Todo o pessoal das equipes também
curte uns dias de folga. Tudo termina na próxima terça-feira, quando recomeça o
trabalho em Adelaide, onde será disputado o último GP do ano. Até lá, então...
Algumas curiosidades sobre a nova pista oval que está sendo construída
no Rio de Janeiro: segundo especulações, os carros da F-Indy serão capazes de
atingir 360 Km/h na reta. Com isso, seria o 3º circuito oval mais rápido do
campeonato, perdendo apenas para Michigan e Indianápolis. Com cerca de 3 Km de
extensão, será também o 3º maior circuito oval, ficando novamente atrás de
Indianápolis (4 Km) e Michigan (3,2 Km). A prova brasileira irá se chamar RIO
500, mas serão 500 Km, e não 500 milhas.
Émerson Fittipaldi terá um time exclusivo para si no ano que vem. A
Penske vai ficar com Al Unser Jr. E Paul Tracy como pilotos “oficiais”. Émerson
será o piloto de Carl Hogan, ex-sócio de Bobby Rahal, que resolveu partir para
a criação de sua própria escuderia. O seu time será uma filial oficial da
Penske. Émerson terá todo o apoio técnico do time de Roger Penske, bem como
seus melhores mecânicos. O piloto brasileiro terá à sua disposição chassis
Penske oficiais, bem como motores Mercedes de fábrica. A separação foi uma
forma de acalmar os ânimos na Penske, que andam ruins pelo fato de a equipe ter
apoiado Al Unser Jr. E deixado Émerson em segundo plano a partir de
Indianápolis. Mas há que se frisar que, apesar das equipes serem diferentes, na
prática, Émerson continua com Roger Penske. A nova equipe será “gerenciada” por
Carl Hogan em parceria com Roger Penske.
Quem gosta de uma boa piada da F-Indy, eis uma que surgiu há algum
tempo atrás sobre Hiro Matsushita: a de que o piloto japonês, famoso pelas
barbaridades que comete como retardatário na hora de ser ultrapassado pelos
líderes, agora faz parte “oficialmente” dos circuitos da categoria, como
“chicane móvel”...
Apesar do que dizem que a F-1 está perdendo o interesse, é cada vez
maior o número de países pretendentes a sediar um GP da categoria: China,
Holanda, Áustria, Rússia, Indonésia, Finlândia, e até a Nova Zelândia. A FIA já
estuda há algum tempo o aumento de 16 para 18 GPs por temporada. Este ano,
chegamos perto, com 17 corridas...
Schumacher já tem data para estrear na Ferrari: 17 de novembro, no
circuito de Estoril, em Portugal, onde o time italiano deve fazer os primeiros
testes visando já a temporada de 96. E a Benetton avisa: até 6 de janeiro de 96
já coloca o seu novo carro, o B196, na pista para os primeiros testes. Rapidez
é a ordem do momento na F-1...
Nenhum comentário:
Postar um comentário