quarta-feira, 16 de maio de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – NOVEMBRO DE 1995 – 09.11.1995


            Trazendo mais uma coluna na seção Arquivo, esta foi escrita logo às vésperas do Grande Prêmio da Austrália, na época disputado na cidade de Adelaide, em uma pista montada nas ruas da cidade. Foi a última corrida disputada ali, e também a última vez que a Austrália encerrava o campeonato. A partir do ano seguinte, a prova mudaria para Melbourne, onde está até hoje, e passaria a ser a primeira, se não uma das primeiras, do campeonato, invertendo de posição na ordem do campeonato.
            A coluna fala um pouco da história da corrida até aquele ano, sendo uma das mais festivas do campeonato. Hoje, continua sendo uma das mais festivas e bem-organizadas, embora o clima de festa tenha diminuído um pouco pelo fato de já começar a disputa feroz na pista, algo que, até 1995, era apenas ocasional, uma vez que raramente os títulos eram decididos ali, ocorrendo apenas duas vezes até então. Uma boa leitura para todos...

 
HISTÓRIAS DA AUSTRÁLIA

Adriano de Avance Moreno
               Enfim, chegamos ao último GP do ano, o da Austrália, que será disputado no belo circuito citadino de Adelaide, cidade situada ao sul de Sidney. O GP da Austrália é sempre um dos mais organizados da temporada. Desde sua estréia no mundial de F-1 há 11 anos, este GP sempre tem sido disputado de maneira descontraída e com boas disputas na pista, salvo raras exceções. O fato de ser a etapa final do campeonato também ajuda a dar a esta prova o clima de fim de ano, numa espécie de etapa “natalina”. Como o campeonato, geralmente, já foi decidido, todos ficam um pouco mais relaxados e correm mais pelo prazer de correr. Lógico que ainda há disputas e algumas são bem acirradas, mas são casos isolados no bloco intermediário, quase sempre.
            O GP da Austrália sempre tem sido marcado por disputas animadas e com boas doses de emoção. A primeira corrida disputada aqui neste circuito foi excelente, não só no nível da organização, como no nível esportivo. Lembro-me das cenas antológicas protagonizadas por Ayrton Sennaao volante do célebre Lótus negro na disputa pela liderança da corrida com o finlandês Keke Rosberg. O piloto da Williams venceu a parada e foi o primeiro vencedor nas ruas de Adelaide. Ayrton abandonou com quebra de motor, mas deu o seu show.
            Dos vários vencedores do GP da Austrália, o destaque maior vai para Ayrton Senna, que conquistou o maior número de poles nesta pista, ocupando a posição de honra em 1985, 1988, 1989, 1990, 1991, e 1993. Nigel Mansell foi o pole em 1986, 1992 e 1994. Gerhard Berger largou na frente em 1987. Berger, Senna, e Alain Prost dividem entre si o fato de serem os únicos a vencerem por 2 vezes a prova australiana. Senna venceu em 91, com McLaren MP4/6 Honda; e em 1993, com McLaren MP4/8 Ford, naquela que foi sua última vitória na F-1. Prost faturou a corrida em 86, com McLaren MP4/2-C TAG-Porshe turbo; e em 88, guiando o McLaren MP4/4 Honda turbo, última corrida com motores turbo. Berger venceu em 87, com a Ferrari f1/87 turbo, e em 92, com McLaren MP4/7 Honda. A Ferrari até hoje só conseguiu 1 vitória na Austrália. A McLaren venceu mais: 5 vitórias no total. Os demais pilotos venceram apenas 1 vez: Rosberg em 1985; Thierrt Boutsen em 1989; Nélson Piquet em 1990; e Nigel Mansell em 1994. A Williams conseguiu 3 vitórias em Adelaide, sendo que em 94, Mansell fez a pole e venceu a corrida. A Benetton também venceu na Austrália, numa corrida magistral de Nélson Piquet em 90.
            Apenas em duas ocasiões o GP da Austrália assistiu à decisão do título mundial de F-1. A primeira foi em 1986, onde Alain Prost, em uma corrida estratégica e inteligente, faturou a corrida, derrubando os demais favoritos ao título, que eram os pilotos da Williams, Nélson Piquet e Nigel Mansell. Foi uma prova onde todos estiveram tensos, cujo resultado final só se decidiu na bandeirada a Alain Prost. Mansell tinha ficado pelo meio da corrida, ao cometer o erro de não trocar os pneus, e abandonou quando um deles estourou em plena reta, dando adeus ao título. Mas o suspense continuou: Piquet ainda estava em prova, e apesar de não cair no mesmo erro de Mansell, acabou ficando em 3º no campeonato, cruzando a linha de chegada apenas 4s depois de Prost ganhar a corrida.
            Em 1994, a disputa chegou a Adelaide depois de vários malabarismos políticos da FIA, que aplicou algumas punições pesadas a Michael Schumacher (suspensão por 2 GPs, e duas desclassificações em outras corridas), e acabou estendendo a disputa do título até Adelaide. Schumacher ganhou, mas numa manobra muito questionável, ao jogar o carro em cima de Damon Hill na curva East Terrace, alegando não ter visto o piloto inglês.
            Em todas as corridas, a emoção e disputa estiveram presentes no GP da Austrália. Pegas disputados e lances emocionantes nunca faltaram. Em 85, foi o show de Senna para tentar acompanhar o ritmo da Williams de Rosberg. Em 86, foi a disputa do título entre 3 pilotos, numa prova empolgante até o final. Em 87, Berger brindou a todos com uma performance magnífica da Ferrari. Em 88, o show ficou por conta novamente do austríaco, que disputou a liderança com Prost, até ficar fora de combate, com a vitória ficando para o francês da McLaren. Em 89, uma vitória competente de Thierry Boutsen numa prova marcada por vários acidentes causados pela chuva torrencial. Em 1990, uma disputa espetacular nas voltas finais entre Mansell e Piquet, com vitória do brasileiro. Em 91, triunfo de Senna, numa corrida marcada por uma chuva sem proporções e inúmeros acidentes. Em 92, Berger venceu no show de Michael Schumacher nas voltas finais. Em 93, uma grande exibição de Ayrton Senna, na última vitória de sua carreira na F-1. Em 94, duas disputas empolgantes: Hill e Schumacher, na primeira metade da corrida; e a de Mansell e Berger na parte final, com vitória apertada de Mansell. Em todos estes anos, muita emoção e disputas.
            Em 1990, o GP da Austrália foi ainda mais festivo. Nesta etapa, a F-1 atingiu a histórica marca de 500 GPs disputados. As comemorações reuniram todos os grandes campeões da história da categoria: Juan Manuel Fangio, Jack Brabham, Jackie Stewart e Niki Lauda (antigos campeões); Ayrton Senna e Nélson Piquet (atuais). Alain Prost não participou das festividades, irritado com o que acontecera em Suzuka, duas semanas antes, onde uma batida entre ele e Senna definiu o título em favor do piloto brasileiro. A disputa na corrida estava boa no início, entre Mansell e Senna. Nigel ficou para trás, e Ayrton acabou batendo numa curva, alegando falha nos freios. Nélson Piquet, que fazia uma prova combativa, assumiu o comando, e nas últimas 4 voltas, deu um show de pilotagem, ao ser pressionado pela Ferrari de Mansell, numa disputa que durou até o fim da última volta, com disputas de freadas que deixaram todos os expectadores da corrida gelados. Uma prova digna de ser o 500º GP da F-1.
            Em 1991, a prova acabou sendo a mais curta da história da categoria. Inundado por uma chuva torrencial, o circuito estava totalmente alagado. A corrida foi iniciada, mas depois de 16 voltas, com inúmeros acidentes, a prova foi declarada encerrada com apenas 14 voltas oficializadas.
            Algumas situações curiosas já aconteceram neste GP. Ayrton Senna, considerado o maior piloto da F-1 em pista molhada, acabou sofrendo um acidente aqui em 1989, ao acertar a traseira da Brabham de Martin Brundle em plena reta do circuito. Senna tinha acabado de ultrapassar um retardatário e acabou não vendo Brundle. Senna chegou ao Box em apenas 3 rodas. Na mesma corrida, Satoru Nakajima, o primeiro piloto japonês da F-1, fez uma exibição espetacular, rodando na primeira volta, caindo para último lugar, e fazendo uma vertiginosa recuperação até o 4º lugar, fazendo inclusive a volta mais rápida da corrida. Nigel Mansell pode ser considerado o piloto mais azarado da história deste circuito. Em 4 corridas (86, 90, 91 e 92) estava com chances reais de vencer e não conseguiu. Só desencanou mesmo em 94.
            Estas são algumas das histórias de Adelaide. Vejamos o que nos reserva esta nova edição da corrida. Com certeza, mais algumas histórias para os anais do automobilismo, esperemos...


Christian Fittipaldi mostrou anteontem o seu novo visual para a temporada de 1996 da F-Indy, agora como piloto da Newmann-Hass. Seu novo Lola/Ford é totalmente vermelho, cor do patrocinador, a cerveja Budweiser. O macacão de Christian também é totalmente vermelho, assim como seu capacete, por imposição do patrocinador, colocando a nova cor no lugar do tradicional amarelo. O sobrinho de Émerson Fittipaldi relutou na mudança, mas no fim reagiu com bom humor: “Esta cor me dá sorte.”, afirmou. E deu mesmo: nos primeiros dias de testes em Homestead, na Flórida, foi o piloto mais rápido, marcando o tempo de 29s6...


Nos mesmos testes da F-Indy, Gil de Ferran foi o segundo mais rápido, testando seu Reynard equipado com motor Honda, fazendo 29s8, mas seu tempo pode ser considerado mais expressivo, porque seu carro já estava com a configuração aerodinâmica para 96, bem mais lenta do que a de 95, com a qual Christian Fittipaldi marcou seu tempo.

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